História Imagine Kai - Capitulo 39

S/N

Acordo com o som de alguém batendo na porta. Murmuro um “entre” e logo a porta é aberta pela vó Edith.

- Meu amor...- ela sussurra.

Apenas suspiro e me aconchego mais sob as cobertas.

Vó Edith se aproxima vagarosamente e se senta na ponta da cama, ao meu lado, com cuidado. Sua mão esquerda se ergue até alcançar meus cabelos e acaricia-los com carinho.

- Sei que seu coração está confuso e machucado, querida, mas você tem que ser forte.- ela dá uma pausa, mas logo volta a falar- Por você e pelo Kai.

- Está doendo tanto.- sussurro.

- Deve estar mesmo, mas por mais que o seu pai tenha feito o que fez, pode ter plena certeza que ele não fez por mal. Marcos é uma pessoa inteligente, mas tem horas que parece que essa inteligência é sugada para outra dimensão.- ela diz e eu abro um mínimo sorriso, quase imperceptível- Nós todos te amamos querida, principalmente seus pais. Marcos jamais faria algo por mal, algo para te machucar.

Fico quieta. Não digo nada. Sei que ele não faria por maldade, mas fez, sendo por maldade ou não.

- Vovó, temos que trazer o Kai de volta.- digo para mudar de assunto.

Vó Edith suspira, talvez por eu ter mudado de assunto e não ter respondido ao seu ponto de vista.

- Sim, temos, mas você não vai se meter nisso, S/n.- olho para ela com um olhar sugestivo, e ela me encara com um olhar bravo- Não pense e nem faça bobagem, S/n!

- Vovó...

- S/n!- ela eleva o tom- Não faça besteira alguma, se você se meter em encrenca eu te coloco em outra!

- Tudo bem.- suspiro- Só não quero ficar parada enquanto Kai está em perigo.

- Não vai ficar, querida.- ela beija a minha testa- E não se magoe tanto com o seu pai, você está sofrendo, mas ele também está.

Vó Edith se levanta da cama e caminha até a porta, saindo e a fechando novamente em seguida.

Eu só queria ele ao meu lado, me abraçando e dizendo que tudo isso vai passar.

KAI

- Conseguimos!

S/N

DIAS DEPOIS...

- S/n!- vó Edith entra no quarto eufórica.

Pulo na cama na esperança de Kai estar de volta, mas eles diminui aos meus ouvidos captarem não totalmente essa mensagem.

- Planejamos um jeito de trazer o Kai de volta!- ela diz sorrindo.

Meu sorriso não se fecha completamente, pois a não ser o que eu esperava, é algo muito bom!

- E o que planejaram?- pergunto me sentando rapidamente na cama, cruzando minhas pernas e esperando que a vó Edith se sente para me explicar e assim é feito.

KAI

Está tudo certo, tudo se encaixando, espero em Deus que dê tudo certo. Não sou mal-tratado aqui, mas só o fato de está longe da minha pequena S/ap já é tortura e dor suficiente.

- Vamos!- diz a Nita entrando no cômodo. Me levanto em um pulo e vou até ela- Preparado?

- Sempre estive!- digo e ela ri.

- Muito bem.

- Nita...Muito obrigado por estar me ajudando e ajudando a S/ap. Serei grato para sempre.- digo sorrindo.

- Não vou negar...Não queria ajuda essa S/ap...Mas é ela que te faz feliz.- ela abaixa a cabeça e olha para as mãos.

- Você também fez.- digo para amenizar o que ela esteja sentindo.

Ela levanta sua cabeça e sorri para mim, me dando um abraço em seguida.

- Nita.- um dos caras da casa entram no quarto e nos separamos- Está na hora.

Assentimos e pegamos as coisas pelas quais iriamos precisar.

- Kai, põe o colete.- ela pede apontando para o colete sobre a cadeira.

Pego o colete pesado e passo por minha cabeça, ajustando nas laterais do meu corpo.

Sigo a Nita para fora do pequeno cômodo em que eu estava e acompanho seus movimentos pelos corredores de sabe-se lá o que seja isso.

Desviamos de muitos homens, aos quais alguns seguranças e outros que devem e me aparentam ser cafetões.

- Kai!- Nita chama minha atenção por continuar andando quando devia ter parado.

Meu corpo trava, assim como meu maxilar. O medo de ser pego e descoberto, ainda mais com essas roupas, que não tem como negar uma fuga, sobem por meu corpo, fazendo-me suar frio.

Devagar tento me afastar da porta errada pela qual quase atravessei. Ando para trás devagar, mas esbarro em algo que faz um barulho alto ao cair no chão.

Droga!! O extintor de incêndio!

Olho para Nita com os olhos arregalados e a mesma evira os olhos.

- Porra, Kai!- ela diz e puxa meus braços.

Saímos correndo pelo corredor que tinha perto de onde estávamos.

- Olha só, não é que chegamos mais rápido?- diz a Nita ao puxar uma porta de ferro que estava no chão, a mesma a que eu tinha tentado fugir da outra vez.

- Deveria me agradecer, então.- brinco.

- Não é hora para suas piadas sem graça, Kai.- ela diz em tom de brincadeira, mas logo seu sorriso lateral se fecha, dando a um ar sério – Agora estou falando sério, cala a boca e corre!

Pulo pela porta, dando para o mesmo túnel escuro da última vez.

Nita pula logo em seguida e admiro seu jeito forte e destemido. Ela fecha a grande porta de ferro e me empurra para que eu corra, não precisa nem fazer novamente, apenas ao toque dos seus dedos em minhas costas ponho-me a correr pelo túnel escuro, iluminado pela mínima luz que Nita segura firmemente em sua mão direita.

- Vamos ser pegos.- digo por ter sido pego em todas as outras vezes em que tentei escapar por aqui.

- Que otimista.- ela diz ofegante- Não seremos pegos, temos outra saída e diferente de você quando tentou fugir...temos aliados.- ela diz e eu elevo minha sobrancelha.

- Joga na minha cara mesmo.- digo balançando meus braços, tentando desviar a minha atenção da queimação que estou sentindo minhas pernas.

- Se precisar jogo de novo. Já está cansado, Kai? Se segura, falta um bocado ainda, vamos sair na fronteira.- ela diz e eu arregalo meus olhos.

- É o que?

- Quer se livrar deles ou não, porra? Vamos sair em um aeroporto desativado na fronteira, temos um jato esperando lá, preparado para fazer milhares de escalas para não sermos pego.- ela diz pausando entre as palavras pela falta de ar- Vem, por aqui.- ela diz apontando para outra abertura.

- Meu, não aguento mais.- digo depois de um tempo- Não sinto mais minhas pernas.

- Pensa que se você não correr para ver o amor da sua vida nunca mais verá a luz do dia. Vai ficar trancado naquele cômodo para sempre.- ela diz e ouvi-la falar da S/ap me dá estimulo.

Sustento o ritmo dos meus passos, mas assim que escuto ela murmurar um “Estamos quase, Kai” acelero ainda mais, querendo chegar logo.

Depois de mais uns dez minutos de corrida vejo uma pequena luz.

- Chegamos!- ela para meio desengonçada, se apoiando na parede- Me ajuda a abrir.- ela diz.

Empurro a grande tampa de metal e a Nita me pede escada. Junto meus dedos e logo o pé esquerdo da Nita está sobre eles e eu dou impulso para que ela consiga subir.

- Ajuda aqui, Nath.- ouço-a dizer.

Levanto as minhas mãos para alcançar o buraco no teto do túnel e assim que acho uma posição boa dou impulso, sendo ajudado por dois caras que não conheço.

O vento bate contra meu corpo, ajudando a secar aos poucos o suor que escorria por meu pescoço.

Vejo o grande pássaro de ferro a minha frente e sorrio. Vejo suas luzes piscando a escuridão da noite e sorrio ainda mais.

- Vamos, Kai. Tenha fé, estamos quase lá.- ela diz com a mão no meu ombro e suspirando com um grande sorriso.

Olho para o céu azul escuro, pintado por estrelas, mas a mais brilhante delas me chama a atenção, fazendo-me lembrar da doce e brilhante estrela que pinta o meu céu.

Tenha calma, minha S/ap, logo estarei de volta.