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História Imagine Kim Taehyung(V-BTS)-I hate you, but I love you. - Dúvidas Duvidosas E Gente Que Não Sabe Amar


Escrita por: Spr1ng_leaves

Notas do Autor


Tá, que emoção...!
Oi, armyzinhas! Que saudade!!! Eu não morri, tô aqui saudável (talvez nem tanto, rs).

Aqui é um presente que tem muuuito amor envolvido. Eu o escrevi realmente com muito coração e espero que não sintam taaanta diferença na escrita. Obrigada por não desistirem da história e persistirem até que ela tivesse vida novamente, mesmo que só por agora, isso tá saindo por causa de vocês!

Obs.: Tô nervosa porque eu tenho certezas que deve ter erro por esse negócio estar gigante, mas perdoem.

Capítulo 62 - Dúvidas Duvidosas E Gente Que Não Sabe Amar


— Hoseok, me ajuda merda! — Bato os pés no chão sem paciência pras gracinhas dele.

— Ah, que estresse! Eu não posso fazer nada pra ajudar, não dá pra eu fingir que não quero vocês dois juntos. — Estoura a bolha de chiclete que tinha formado na boca.

— Eu não posso gostar dele! — Sento ao seu lado no chão puxando meus cabelos. Estávamos esperando o sinal bater para entrarmos na escola.

— Que complicação vocês, hein! Se os dois se gostam, se peguem escondido, pronto! Resolvi, posso ir lá conversar com as gatinhas agora?

— Eu não vou nem te responder.

— Ai! Eu sei que tem esse negócio todo da sua mãe com o pai dele, mas você tem que pensar em você também.

— Se eu fizer isso, vou estar sendo egoísta.

— Aaaaaah! — Grita estralando os dedos como se tivesse lembrado de algo.

E eu não me assustei.

— Tenho informações, tenho informações, tenho informações! — Cantarola. — É do trouxa do Taehyung.

— Conta, conta tudo, vai! — Bato em seu joelho me sentando ao seu lado no chão.

— Nossa, você tem que me amar muito! Eu sou tão legal pra você, olha, tô dando informações de graça. — Faz careta.

— Fala logo!

— Tá! Tá! Oh, lembra do casamento ridículo que o pai do Tae tinha falado? Aquele com a vaca?

— Uhn, sei.

— Então, ele realmente não vai mais casar.

Faço cara de tédio.

— Nossa, mas isso eu já sabia.

— Você pode calar a boca? São informações sobre isso, sua horrorosa, por isso ninguém gosta de você mesmo, fica interrompendo. Não falo mais também.

— Ai, para de drama! Fala logo.

— Então fica quieta que eu tô tentando te ajudar, lixo!

— Lixo é você, seu réptil.

— Os répteis são ótimos, tá?!

— Não desvia do assunto!

Não dá pra conversar normalmente com ele não.

— Você tira minha concentração com essa sua feiúra.

— Hoseok!

— Tá! Tá! Então — Suspira — Parece que depois que o pai dele ficou sabendo desse afastamento de vocês, ele facilitou e praticamente chutou a vaca da vida do Taehyung.

É, disso eu não sabia.

— E me parece que ele 'tá bem mais amigável com o Taehyung, tipo pai perfeito sabe? O que é bem estranho. — Coloca a mão no queixo pensativo. — Mas o Tae disse que não dá pra confiar, e se o próprio filho diz isso, o velho é ruim mesmo.

— Mas por que raios aquela garota ainda fica grudada no Taehyung?

— Porque ele é trouxa, meu amor! Não percebeu isso ainda? Taehyung só parece espertão, o gostosão, mas o coração é uma manteiga! Ele é cego, ele acredita que ela mudou e quer ajudar.

— Ela 'tá se aproveitando dele, Hobi, escuta o que eu tô falando. — O encaro.

— Não adianta falar isso pra ele, pra ele não existe pessoa de coração ruim.

— Para de me falar essas qualidades do Taehyung! Para de falar essas coisas boazinhas que ele faz! Eu fico mais nervosa porque eu gosto mais dele.

— Não me faz rir. — Tampa a boca com a mão.

Mas era verdade.

Que merda! O Taehyung era tão apaixonante.


[...]


Na aula de geografia, acabei por perceber Kyung-so muito interessado ao que acontecia fora da sala, porque ele não parava de olhar pro corredor, estava passando a me irritar. Mas o que me surpreendeu foi ver Lee entrando a sala depois de pedir licença pro professor.

Ah, não! Era só o que me faltava, Kyung-so interessado na cabeçuda. Ah, para cara!

E não pude não perceber o olhar de Mingyu em Kyung-so, ele tinha estranhado também.

— Você entrou na sala direto, não? — Kyung-so vira sua cabeça para o lado olhando pra mim pelo canto dos olhos.

— Entrei. — Sussurro. — Por quê?

— Nada.

Estranhei, é claro. Não fazia sentido algum. Me dá até nervoso só de pensar naquela cobra, graças aos céus eu não falo com ela há algum tempo e espero nunca mais ouvir aquela voz. E sem perceber, eu estava encarando aquela cabeça gigante dela, e ela ainda era grudada no Taehyung até no lugar onde sentava. Incrível!

Nossa, mas eu peguei um nojo tão grande dela.

Ao virar o rosto, ela percebe que eu estava olhando e faz um bico ridículo me mandando um beijo mais irônico do que o Hoseok falando que eu sou bonita. Respirei fundo e virei para frente. Eu sou da paz, eu sou da paz.

Pego meu celular escondido ao sentí-lo vibrar.


"Não liga, ela quer provocar só porque o Taehyung-hyung não tá vendo"


Jungkook is an angel. Tururu.


Depois de aulas produtivas, graças a Deus, o sinal do intervalo é tocado fazendo o silêncio virar conversas paralelas e alunos saindo da sala.

— Bom dia. — Ergo meu rosto ao ouvir alguém falando comigo.

Sorrio.

— Bom dia, Mingyu. — Sento de lado na cadeira.

— E aí, cara, tudo na boa? — Pergunta Yang atrás de mim. Rio.

— Tudo sim. — Responde. — Eu acho. — Ri.

— Vamos, Mingyu! — Grita Sofia aparecendo na porta do nada.

— Calma, tô indo — Mingyu acena.

— Oi, Taehyung! — Sofia acena para Taehyung da porta, recebendo outro aceno dele. — Oi, meninas! — Acena para nós sorrindo.

— Oi! — Grita Lee.

— Ahn... oi. — Abre um sorriso sem graça. Pensa na força que eu fiz pra não soltar aquela risada. Mas como Yang não faz questão de esconder nada, praticamente cuspiu na minha cara.

— Você é louca. — Ouço Jungkook que até agora estava quieto atrás de Yang sussurrar para ela.

— Vocês são amigos? — Pergunto depois de tampar a boca de Yang com a mão encarando Mingyu.

— Posso dizer que sim. Nossas famílias são próximas.

— Ahn, entendi — Assinto comprimindo os lábios. — Vai lá então. — Olho para a porta sugestiva.

— Eu não entendi esse seu tom, gracinha — Mingyu deu risada. — Mas vou fingir que você não foi irônica. E nós somos só amigos mesmo, tá?

— Que absurdo, ficar me acusando. Isso é calúnia sabia, gracinha? — Digo. — Eu não disse nada.

— E nem precisa né?! — Disse Yang. — Vai lá, Mingyu, liga pra ela não. Sofia é uma ótima menina e eu faço muito gosto!

— Ah, não dá pra conversar com vocês. — Sai da sala rindo e negando com a cabeça.

— Manda um beijo pra ela por mim. — Digo antes que ele passe pela porta. Ele concorda com a cabeça. — Mas o lugar você pode escolher! — Grito quando ele já não estava mais na sala.

— Cala a boca! — Grita de volta com um tom risonho.

— Jungkook. — Ouço Taehyung o chamar do outro lado da sala. Jungkook olha em sua direção. — Vem aqui.

Jungkook se levanta e caminha até Taehyung e Jimin que conversavam em seus lugares.

Saio da sala com Yang ao perceber que os três queriam privacidade para conversar já que não tinha mais ninguém na sala e eles ficaram quietos esperando que nós duas saíssemos. Fomos para o pátio e adivinha? Me aparece um Jung Hoseok puto da vida me olhando com duas facas nos olhos prontas pra cortarem a minha cabeça.

— O que é aquilo? É sério que você é tão rápida assim? — Aponta para uma mesa em que estavam Mingyu e Sofia conversando tranquilamente.

— Ah, para! Você disse que nem gosta dela! — O olho com preguiça. — E eu não fiz nada, eles já se conheciam.

— Fala sério que você gosta dela? — Yang abre a boca surpresa.

— Não gosto mas não desgosto, entende? — Coça a nuca confuso.

Pior que entendo. — Suspira Yang parecendo ter se lembrado de alguém.

Faço careta pros dois.

— Vocês são muito estranhos. Por que não vão pra uma mesa e lamentam juntos suas decepções amorosas?

— Vamos? — Pergunta Hobi estendendo o braço para Yang. Ela assente e os dois vão de braços dados pra mesa mais próxima

Ah, fala sério?

Tá, eu não consegui não rir de como eles são ridículos.

Eu pensei em ir comprar alguma coisa pra comer mas acabei por lembrar de uma barrinha de chocolate que eu achei na cozinha e coloquei na mochila antes de vir pra escola. E quando a mãe não está por perto e você pode escolher o que comer, o que a gente faz? Almoço ou chocolate?

A minha resposta é a mesma que a de uma criança de 8 anos, até porque o que nos difere é só a idade mesmo.

Chegando em meu armário, olho pros dois lados do corredor vendo que eu estava sozinha. E não vou mentir, fiquei bem feliz por não ter ninguém por perto, não queria dividir o chocolate. Pego o doce rapidamente e fecho o armário ansiosa pra abrir essa belezura. Me encosto no armário abrindo a embalagem. Puta merda, tinha pedaços de chocolate branco. Mordo lentamente suspirando pelo gosto.

Ainda comendo o chocolate, meus olhos vagam pelos armários daquele corredor, eram bem cuidados eaté bonitos eu diria. E ainda distraída nos armários, no final do corredor, um pouco antes dele acabar e dar início a outro virando à esquerda, eu vejo um armário pouco arreganhado. E o pior é que eu sabia de quem era.

Você não é curiosa, S/N! Você não é curiosa! Você não é curiosa!

Tá, eu não vou mexer, daqui a pouco eu tenho aula, melhor eu voltar pra sala, isso.

Merda, eu já tava com a mão na pequena brecha do armário puxando e abrindo mais. Tá, nada de muito suspeito, só coisa tosca mesmo. Ok, tem uma camisinha avulsa aqui, mas 'tá tudo bem, nem faz tanto tempo que eu não vejo esse tipo de coisa, então eu nem estranhei, rs!

TÁ, A ÚLTIMA E PRIMEIRA VEZ QUE EU TRANSEI FAZ TEMPO SIM! Mas ninguém precisa saber... se bem que o Taehyung sabe, mas isso a gente ignora, beleza?

Tinha livros amontoados um em em cima do outro e eu realmente achei que poderiam cair em cima de mim à qualquer momento, mas no cantinho do armário, em um vão bem pequeno e apertado pelas apostilas, tinha uma bolsinha preta pequena e toda amassada. E eu nem abri.

Um celular. Tinha um celular ali dentro, e você deve ter imaginada aquele negócio caro e do tamanho de um tablet, mas nem tela touch tinha, era tudo por botõezinhos. Pra falar a verdade eu não conseguia nem enxergar direito as letras ali. Eu não devia mexer. Eu não queria ter que mexer...

É... mas é como dizem: querer não é poder.

O papel de parede era um fundo preto e esquisito, as letras eram diferentes e parecia não ser igual os outros celulares, mas com muita calma, atenção no corredor pra ver se vinha gente e chocolate na boca, eu consegui entrar na aba de menssagens.

O quê? Eu queria ver as conversas, ver se tinha coisa ou era só minha imaginação. Mas por incrível que pareça, só tinha um número ali, e nem salvo estava.

"Ela ta aqui"

"Com quem? Sozinha?"

"Não, mas eu tô de olho"

"Alguma coisa importante? Me mantém informado"

"Eu tentei, não dá"

"Não é pra machucar, idiota! É só pra dar um susto!"

Não dá o que? Que merda é essa?

"Ela tá com o Taehyung"

Nem vale à pena vocês verem o resto, eu... era eu! Essa porra era eu. Mas que... que porcaria!

Era ela! Essa piranha!

Eu não acredito... eu não acredito.

Que desgraç-

O que você 'tá fazendo aí?

O celular cai da minha mão com a fala repentina de alguém atrás de mim. Com o pulo que eu dei, acabei por bater as costas na pessoa.

E pela voz eu sabia quem era, o que fez uma careta nascer em meu rosto por ser pega no flagra.

— Anda, responde. Que eu saiba esse armário não é seu.

Me viro para frente apertando a barra de chocolate na palma da mão.

— Olha, Taehyung, eu não te devo explicações de nada, ok? — Tentei fingir que não estava tremendo e suando frio, mas só tentei mesmo.

Ele olha para baixo ignorando totalmente minha fala. Ele é ótimo mesmo em me ignorar. Mas é tão lindo. E 'tá tão perto.

— O que é isso? — Se abaixa tendo o pequeno celular em mãos. — Você pegou dela? — Me olha bravo.

— Para de brigar comigo! — Bato o pé no chão.

— E se fosse o contrário? Você gostaria que mexessem no seu? Uhn? — Fala grosso.

— Não, mas...

— Mas você me surpreende a cada dia. — Ri soprado. — Incrível!

— Me deixa falar!

— Não dá, você já 'ta passando de todos os limites!

Mas é incrível como ele defende, eu sinto até que ele piora quando é comigo, porque é aí que ele defende mais. Ele sabe que me afeta.

— Taehyung! Me escuta! — Respiro fundo tentando parar de tremer. Eu estava nervosa pra caramba. — É ela.

— Pra você sempre é ela, não é novidade!

— Taehyung, acorda! É ela que 'tá vigiando a gente, e ela que não gosta de mim, ela 'tá com a merda do seu pai! — Pego o celular de sua mão tremendo igual despertador e lhe mostrando as mensagens.

A cara de bobo dele me fez pensar se eu não fiz uma cara igual a essa quando eu vi. Ele demora alguns segundos olhando pra tela do aparelho pra depois respirar fundo massageando a testa.

— Viu! Viu! Para de ficar me acusando! — Não consegui não gritar. — Você fica sempre do lado dela, e ela é uma vagabunda dedo duro, você sempre 'tá com ela e que eu me exploda, não é? — Mais tremedeira na voz.

— Foi você que quis assim — Fala calmo e baixo, bem diferente de mim. — Eu sempre ficava do seu lado, até quando eu estava do lado dela, eu estava do seu! Foi você que me chutou.

Mas agora eu não quero mais! — Grito em sua frente puxando meus cabelos.

Ele simplesmente ri.

— E você acha que tudo é como e quando você quer? — Me olha. — Desculpa, mas essa não é a realidade.

— Taehyung, se for por causa dela... cara, acorda, ela 'tá se aproveitando de você! 'Tá na cara! Como você pode ser tão cego? Ela tentou me matar! — Bagunço todo o meu cabelo.

Ele suspira novamente.

— Olha, sobre isso, ela já me explicou...

Você sabia? — Abro a boca desacreditada e abaixando meu tom de voz.

— Você vai entender que...

— Você sabia... — Rio soprado querendo chorar de raiva.

Silêncio por longos segundos.

Sabia.

Eu não conseguia dizer mais nada depois disso.

— Olha, ela pode te explicar, ela tem uma razão forte pra...

— Você não me contou...

— Você vai entender quando...

— Você sabia que era ela e não falou nada?

Ele fica quieto, parecendo desistir de tentar me explicar.

— Os meninos sabem? — Pergunto com um medo do tamanho do aceano da resposta.

— Não, só eu.

E aí eu me dei conta de algo...

— Taehyung... — O olho desacreditada pensando o quanto eu tinha errado em ter deixado ele com ela. — Você 'tá com ela... você 'tá do lado dela!

— Olha o que você 'tá falando!

— Olha o que você 'tá falando! Olha o que você 'tá fazendo! O que vai fazer agora? Tentar me matar também? Vai tirar uma faca do bolso?

— Não dá pra conversar com você.

— Você fala essas coisas porque sabe que eu tô certa! — Aponto meu dedo pro seu rosto. — Eu não consigo confiar em você...

— Eu sei que ela errou, eu não tô justificando!

— 'Tá sim! — Grito de novo angustiada com a manipulação na mente dele.

— Ela parou com isso! Faz tempo! — Explode comigo.

— E por que isso estava no armário dela? De enfeite?! Ela queria uma nova decoração?!

— Olha a data das mensagens! — Tenta me mostrar.

— Não! O que você vai fazer é contar pros meninos!

— Eu não vou fazer isso!

— Vai continuar mentindo? Porque se não for você, vou eu, aí é pior — Ameaço.

— É sério isso?

— Eles são seus amigos! — Não aguentei e com meus próprios dedos eu abri seus olhos sendo levemente empurrada. — Acorda! Vocês não escondem nada uns dos outros, lembra?

— Eu sei... — Lamenta. — Você acha que eu não me sinto mal? Mas ela tem um motivo.

— E que porcaria de motivo é esse?

— Ela precisava do dinheiro!

Rio alto dessa vez.

— Que trabalhasse! Que desse um jeito digno! A família dela é rica!

— Não é rica! Ela tem que ajudar a mãe, o irmão tem uma doença rara e precisa de remédios caros.

— Ela te disse isso? — Pergunto incrédula e ele concorda. — E você acreditou?

Não consegui não rir da cara dele. Mas rir de nervoso. E deixou ele mais nervoso.

— Ela me mostrou os recibos, ela me mostrou foto do irmão, ela me prometeu...

— E você acreditou?! — Choramingo não acreditando no que ele falava. — Que desculpa mais ridícula!

— Uma doença é ridícula? — Me olha bravo novamente. — E se fosse a sua mãe?

— É mentira, criaturaaa! — Pego seu rosto com minhas duas mãos. Meu Deus, eu tô quase batendo nele!

— Não é mentira! — Se afasta do meu toque.

Respiro fundo vendo no meu relógio de pulso que faltavam 5 minutos pro sinal bater e o corredor encher de aluno. E eu aqui quase tendo um ataque cardíaco.

— Olha, você vai ter que escolher, ou é ela e a mentira estúpida que ela inventou, ou são os seus irmãos de coração que te amam e confiam em você. — Viro de costas jogando o celular no chão com força o quebrando e começando a andar, e ao virar o corredor eu só pude ouvir o barulho de algo batendo no armário.

Eu vou matar essa vagabunda cabeçuda!

Corro com os nervos à flor da pele sem olhar a direção. Nossa, mas eu estava com tanta raiva! É tudo ao mesmo tempo, entende?

— Opa! — Braços me seguram e segundos depois eu fui perceber que tinha esbarrado em alguém. — Tudo bem? — Observo Mingyu segurar meu rosto me fazendo olhar em seus olhos já lacrimejados pela raiva que sentia. — O que aconteceu? — Pergunta preocupado. Ele queria saber o porque de eu estar naquele estado.

E eu só queria gritar.

Mas sempre foi assim. Meio triste. Você era um misto de melodias tristes com o mais belo pôr do sol, que mesmo com as brigas, você continuava aqui, no meu coração. E eu não ligava pras essas discussões, porque era uma forma de manter próximo, e se isso o fizesse, eu não cansaria nunca. O mundo era um livro velho com páginas amarelas e mal cheirosas, mas com belas palavras e significados, onde nos engolia a cada verso. Página por página. Pode parecer exagero, mas o que seria do mundo sem um exagerado? Sei que o mundo é louco e ninguém mais sabe amar. Mas eu quero. Quero amar com força máxima. Você era como deitar na areia molhada com um sol ardente sobre nós, sentindo a maresia entrar pelas narinas como paz e juventude. É isso. Eu via juventude em você. Com todos os erros e confianças depositadas nas mais estúpidas almas.

S/N? — Outra voz aparece atrás de mim e eu me amaldiçoei pelo tamanho azar na minha vida das pessoas começarem a aparecer justo quando minha imagem está péssima e eu só queria ficar sozinha.

— E aí, Jimin! — Mingyu cumprimentou comigo ainda em seus braços totalmente desolada.

Jimin me encara profundamente, e eu tinha certeza que a minha raiva era bem perceptível, eu não conseguia nem esconder o quão puta eu estava.

— Pode deixar ela comigo. — Jimin segura em meu braço.

— Tem certeza? Ela me parece um pouco-

Graças a Deus o sinal!

Vão pra sala e me deixem sozinha, pelo amor de Deus!

— Vem. — Jimin me puxa pelo braço depois de acenar para o nosso colega de classe que começava a se perder dentre a aglomeração de alunos no corredor.

— Você tem aula. — Falo sem animação sendo puxada por ele.

— Você também. — Me olha pelo canto dos olhos. — Você vai?

— Não.

— Então eu também não.

E sem perceber já estávamos no corredor mais distante da nossa sala em frente à sala infantil que no momento estava vazia por estarmos no período do ensino médio. Jimin abre a porta que estava encostada e a fecha com cuidado após nos colocar para dentro. 'Tá, a sala era bem divertida e bem que eu brincaria com aquelas massinhas se não estivesse em um estado tão deplorável. Ele caminha calmamente até um pequeno tapete colorido e ali se acomoda de pernas cruzadas passando a me encarar fazendo uma carta estranha: sua testa estava enrugada e suas sobrancelhas bem próximas. Eu realmente não fazia ideia sobre o que ele estaria se perguntando.

— Garota, às vezes eu acho o Taehyung estranho, mas aí você vem e muda meu pensamento. 'Ta esperando o que pra sentar? Um convite com assinatura?

Eu quase ri. Me sentei em sua frente no tapetinho amarelo.

Eu que não iria falar nada, já estava bravíssima com a situação com a Lee, e ainda estava me controlando pra não sair gritando igual louca.

Encosta o cotovelo no joelho apoiando sua cabeça na palma da mão.

— O que eu faço com você? — Faz um bico pensativo.

— Olha, Jimin...

— Jimin? — Faz careta de novo.

— É o seu nome. — Falo óbvia.

— Desde quando você me chama de Jimin?

— Desde que... — Eu quaaaase falei merda e falei de mais. — Eu perdi o costume.

— Então volta no costume. Vai, recomeça o que você ia falar.

— Olha, ChimChim, eu agradeço você se preocupar, mas você não pode ajudar, foque só em você que eu já fico feliz.

— Só que tem um problema: eu não consigo fazer isso. Vai, fala logo porque a gente já perdeu a aula mesmo.

Suspiro.

— Ai, Jimin... não é nada. — Massageio minha testa. Ele me olha estranho de novo. — ChimChim. Eu disse ChimChim.

— Fala pra mim... — Pede calmo.

Eu fico quieta.

— Olha, eu tô tentando me encaixar de volta no grupo, então eu quero voltar a ajudar vocês.

— Eu quero te ajudar, eu quero muito, mas isso é diferente, ChimChim. Eu posso fazer qualquer outra coisa pra você se sentir bem.

— Se me contar, eu ficarei muito feliz. Eu quero ter sua confiança de volta.

— Você nunca perdeu ela. — Minha vez de fazer careta.

— Mas não é o que parece. É com o Taehyung?

— Eu não vou dizer.

— Eu não vou contar pra ele se é o que você está pensando.

— Você vive grudado com ele, Jimin. Só conversa com ele, e eu entendo super você contar as coisas pra ele, mas eu não vou falar nada.

— Eu não vou contar nada! Do mesmo jeito que não falaria nada pra você do que ele me conta. Eu só quero ajudar.

Jimin, você me trocou pelo Taehyung!

Pronto, soltei o que estava entalado. Park Jimin era um grude com Kim Taehyung e isso me incomodava sim quando nem na minha cara ele olhava.

Ele riu.

— E você acha que ninguém percebeu que você o Hoseok-hyung estão como unha e carne? E mesmo assim eu não tô falando nada!

— Jimin! — Falo um pouco brava. — O Hoseok se tornou praticamente a minha válvula de escape pra tudo da minha vida. Sem ele eu acho que eu explodiria de vez.

— Eu sei que eu me afastei por muito tempo, e eu sou muito grato pelo apoio que o hyung deu pra você durante esse tempo, mas eu quero que você veja que eu estou aqui de novo.

— Jimin...

— Fala pra mim o que aconteceu pra você ficar daquele jeito no corredor.

— O Taehyung...

— Mas você dispensou ele, não?

— Mas não é por isso que a gente brigou.

— Me conta a sua versão, porque eu já sei a do Taehyung, quero saber a sua.

E eu quase pensei em trancar aquela porta e ameaçá-lo ou suborná-lo de todas as formas possíveis para que ele me contasse tudo o que Taehyung tinha dito pra ele. Mas foi só um pouco.

— Eu não posso contar... — Lamento. Pra esse assunto eu realmente só confiava no Hobi.

— Não dá pra entender vocês. A maioria dos casais não são fáceis de se entender mas vocês é o cúmulo do negócio, não dá pra ter a mínima ideia do que acontece.

Não somos um casal... — Murmuro encarando meu joelho. 

— 'Tá na caruda que você gosta dele, mas não tem sentido isso que você 'tá fazendo com o garoto.

Eu não gosto dele... — Murmuro novamente. Eu já tinha admitido pro Hoseok, foi a minha cota de hoje.

— Se você não quer falar, não fala, e eu finjo que acredito.

— Jimin, quer parar?!

— Eu quero saber o que 'tá acontecendo! — Choraminga. — Eu tô tendo voltar a ser como eu era antes. Eu tô fazendo um esforço que você não ideia pra que isso aconteça. — Me olha de um jeito de dar pena.

— Eu juro que quero que isso aconteça, mas é que agora eu não consigo...

— Eu... eu quero ajuda! Eu quero que vocês me ajudem! Não me exclua das coisas. Me faz sentir mal...

Aquela carinha. Aquela vozinha. Olha como eu sou fraca!

— O Taehyung escondeu uma coisa muito importante de mim...

— O quê? — Fica atento.

— Eu acho melhor ele contar pra você e pros meninos, mas é muito importante. E eu tô muito brava.

— É tão importante assim?

— Eu não acredito que ele não falou pra ninguém! Ele poderia ter colocado alguém em perigo, talvez os meninos... Jimin, eu não acredito! — Esfrego o rosto relembrando toda a situação.

— Mas ele tinha um motivo? — O motivo mais falso que você que pode imaginar! — Envolve outra pessoa?

— Infelizmente...

— Olha, eu não sei o que aconteceu, não sei a gravidade da coisa, mas eu te garanto que ele não fez por mal. Taehyungie é um ser de outro mundo, ele sempre faz a merda de pensar nos outros do que em si mesmo. Ele pode ter errado, mas eu tenho certeza que ele tinha boa intenção.

— Boa intenção com quem não merece, Chim... — Suspiro.

— Fala isso pro coração mole idiota dele. Taehyung não se aguenta, ele quer ajudar se ele puder, e sendo sincero, é por isso que ele é tão especial. Ele tem essa virtude que menos da metade das pessoas tem.

Merda, já disse que o Taehyung é muito apaixonante?

Ele deixou claro que fazia aquilo pela cabeçuda, que queria ajudar e pensar no melhor para os envolvidos. Pensou certo? Não, mas a intenção era boa e ele queria o melhor. Ele fez certo? Não, fez do jeito dele que na cabeça — coração — dele era o certo. Assim não dá nem pra ter raiva.

Ah, espera... dá sim.

Aquela desgraçada, aproveitadora...

— Pelo amor, não fala pra ele que eu te conto essas coisas. Ele vai me zoar pro resto da vida, deixa ele achar que eu falo mal dele.

Rimos.

Às vezes eu tenho a sensação que o mundo vai explodir de tanta coisa ao mesmo tempo.

— Eu queria sumir por um tempo. — Solto totalmente aleatória. — Às vezes dormir e não acordar mais.

Ele fecha totalmente a cara.

Oh, a merda da minha boca!

— Desculpa! Meu Deus, desculpa! — Seguro sua mão agoniada. E pro meu consolo, ele segura minha mão ainda mais forte.

— Não diga isso... — Me olha cabisbaixo. — Você é o maior tesouro da sua vida.

— É que... — Um nó se forma em minha garganta e eu já me sentia frágil. — É muita coisa pra mim. Eu só tenho 17 anos. Só 17 anos...

— E com 17 anos você conseguiu superar muita coisa que mais ninguém conseguiria. Você é uma pessoa admirável!

Me segurei pra não soltar aquele sorriso.

— Eu só queria que tudo acabasse.

— Posso te falar uma coisa? — Pergunta Jimin. Assinto. — A nossa pior derrota, é quando desistimos de nós mesmos.

E por um segundo, eu senti um arrepio gigantesco por saber que aquela frase tinha um significado muito maior por trás.

E ali eu tinha percebido, o quanto Jimin era forte, e que a pessoa admirável ali, não era eu.


[...]


— Sua mãe chega que horas? — Pergunta Hobi ao entrar em casa desconfiado olhando pra todo lado.

— Ela não 'tá aqui, fica tranquilo. — Jogo minha mochila no sofá incentivando Hoseok a fazer o mesmo.

Ele tinha vindo embora da escola comigo, depois de muita insistência minha, é claro. Eu não queria ficar sozinha hoje e queria alguém que eu não precisasse esconder algo. Essa merda sabe tudo da minha vida mesmo.

— Eu tô com fome, me dá comida. — Pede se jogando no sofá e ligando a tv da sala.

— Quem perguntou?

Se vira me olhando.

— Eu sou visita, era pra você perguntar se eu queria alguma coisa, e já que não fez isso, eu me pronuncio — Se volta para a tv com a cara de enjoado que só ele sabia fazer.

Reviro os olhos indo pra cozinha para fazer alguma coisa pra comer, eu estava com fome também. Acabei por fazer dois sanduíches e uma jarra de suco de morango. E para a surpresa de 0 pessoas, eu tive que levar pra sala sozinha porque Hoseok é um puta de um preguiçoso do caramba que quando eu o chamei pra me ajudar ele fingiu não me ouvir e começou a cantarolar.

— Essa garota me dá medo. — Aponta para a atriz do filme de suspense que passava na tv.

— O cara me lembra o Taehyung. — Comento quando o personagem principal apareceu.

— É, parece mesmo, mas o Taehyung é mais alto.

— É. Mais alto... mais bonito. — Sussurro encarando nossos pés em cima da mesinha do centro.

— Quê? — Vira a cabeça me olhando.

— Nada. — Dou de ombros.

— Isso foi porque teve o nome do Taehyung no meio? Nossa, mas gente apaixonada é um nojo, credo.

— Ai, Hobi, me deixa, é mais forte que eu. — Lamento. — Parece que quanto mais ele me odeia, quanto mais brigamos, mais ele fica apaixonante.

— Já falei que é só se pegarem escondido.

— Não é fácil assim...

— Lógico, você complica tudo. Que você não me ouça, mas coitado do Taehyung.

Franzo o cenho com a maluquice do garoto.

— Mas é tudo difícil.

— Vou mandar a real: você que faz ficar difícil. Sua mãe ficaria muito brava se vocês se pegassem escondido?

— Ah, ela disse que aceitaria ele...

— Você liga pro que o babaca do pai do Taehyung acha?

— Não. Ah, depende...

— Enfim... — Ignora minha resposta. — E o mais importante: você vai estar feliz se estiver perto do idiota do Taehyung?

Vou... — Choramingo baixo não querendo aceitar essa resposta. Mas era pura verdade.

— Então! Fala com ele, aí vocês dão uns beijos e pronto, todo mundo feliz.

— E se o pai dele souber? — Pergunto ainda com medo disso tudo.

— É só fingir na frente dos outros, e também não é pra dar pala, né! Ai, não é difícil.

— O que eu faço? — Pergunto um pouco imteressada.

— Fala com ele.

— Ele não quer olhar na minha cara.

— É, você pegou um pouco pesado com o garoto...

— Viu! Ele não vai me perdoar nunca... e ainda tem a cabeçuda...

— O que tem ela?

— Ah, você sabe... eles são próximos, o Taehyung defende muito ela, vai que ele 'tá gostando dela e não quer que vocês saibam?

Ele revira os olhos.

— Não querendo alimentar o seu ego até porque eu te acho horrível, mas olha pra ela e olha pra você.

— Eu não me acho tão bonita assim não. — Confesso.

— Olha, não querendo te elogiar e nem nada, eu não te acho ruim não... — Desvia o olhar.

Seguro o riso.

— Não fica brava, esse é meu jeito indireto de falar que te acho bonita.

— Ridículo! — Rio achando fofo sua explicação.

— Eu acho que se você persistir, Taehyung não resiste por muito tempo. É claro que ele não vai aceitar de primeira...

— Se eu for falar com ele, ele não vai querer escutar.

— Faça ele escutar. — Solta um riso maléfico. — Eu tenho uma ideia.


[...]


Outro dia. Outros desafios.

E sobre a senhora Lee cabeçuda... se vocês acham que eu desisti de contar pros meninos, vocês estão muito enganados. Se o Taehyung não falar hoje, eu falo.

— S/N! — Uma mão é abanada na minha frente. Era Jimin. Eu já estava na sala em meu lugar.

— Oi! — Chacoalho a cabeça. 

— Você me dá medo às vezes. — Ri.

— A aula vai começar. — Falo vendo alunos entrarem.

— Só vim ver se estava tudo bem. Sua cara estava estranha.

— 'Tá tudo bem sim.

— Ah, eu estou fazendo academia com o Jungkook há algumas semanas. Se você quiser vir... eu vi você correr um dia pra cantina... foi meio deplorável. — Segura o riso.

E eu segurei minha mão pra não voar naquela cara de sonso dele.

— Você não presta, Park Jimin. — Rio. — Mas vou dispensar, eu gosto de ser sedentária.

— Você que sabe. — Dá de ombros. — Você não tem noção do que essa bundinha faz com as menininhas. — Se vira dando um tapa em sua própria bunda. Até eu fiquei meio hipnotizada.

Rio alto pelo comentário idiota.

— Você rindo é bem melhor. — Jimin sorri satisfeito. — Vou me sentar. Boa aula!

— Boa aula, Chim. — Sorri pelo apelido. Ele se vira para andar e é óbvio que eu não perdi a oportunidade. Abri minha mão e acertei em cheio sua nádega direita com vontade.

Ele dá um pulo pra frente com a mão no local do tapa.

Eu vi Deus ali, era Deus! 


[...]


O sinal pro intervalo tinha batido. Mingyu e Sofia até pediram pra sentar com a gente, mas eu tinha pedido que hoje não porque eu precisava conversar com os meninos. Eu deixei até Yang ficar, ela ficaria com dúvidas, mas eu estava disposta a contar pra ela o que os meninos sabem. Eu confio nela, e sou uma tola por não ter percebido isso antes.

— Então, meus bebezinhos. — Faço graça chamando a atenção de todos na mesa.

— Ah, não, cara! Bebezinho não! Eu não te dei minhas bolachas pra você fazer isso. — Bufa Yoongi.

— Eu te agradeço pelas bolachas, bebezinho! Foi muito especial pra mim. — Sorrio.

— Aquelas bolachas que vocês brigaram outro dia? — Pergunta Jin.

— É sim. — Assinto sorridente — Ele colocou na minha mochila.

Min Yoongi tinha corado.

Min Yoongi tinha abaixado a cabeça envergonhado.

— Eu não acredito. — Hoseok ri exageradamente.

— E não é que ele tem um coração, galera! — Namjoon ri com Hosoek.

— Não era pra você ter contado. — O albino sussurra para mim.

Olho para o lado vendo a cara de besta que Yang fazia enquanto ria olhando Yoongi. Eu não ficava assim olhando pro Taehyung. Sem chances. Que coisa estranha, cara!

Olho Hosoek me dando conta de que ele percebia o que eu pensava, e o desgraçado concordou com a cabeça com uma cara cínica querendo dizer que eu fazia aquela cara sim enquanto olhava o Kim.

— Vocês querem alguma coisa? Eu vou comprar bolo na cantina agora. — Diz Taehyung quase levantando da mesa.

Esperto.

— Espera! — Peço em sua direção vendo que ele me olhava apreensivo e negando o cabeça. — Senta, é rápido.

— Diga o que você quer, florzinha do meu jardim. — Ri pelo nome estranho que Namjoon tinha falado se referindo a mim.

— Eu vou falar primeiro, posso? — Pergunta Taehyung me olhando derrotado. Agora bateu um pequeno arrependimento.

Assinto.

— Eu vou ser direto. Não fiquem bravos comigo, espero que me entendam e que sejam flexíveis com esse assunto. — Respira fundo se ajeitando na mesa. — É a Lee que vem vigiando a gente e é por ela que meu pai sabia das coisas que aconteciam aqui.

O quê? — Pergunta Yoongi parecendo não ter processado a informação.

— É sério isso, Taehyung? — Pergunta Jin temendo que fosse verdade. Taehyung assente cabisbaixo.

— Mas... — Yoongi fica sem palavras.

— Eu vou rir! — Hoseok o olha incrédulo.

— Mas ela... — Jungkook se perde nas palavras mas continuava calmo.

Yang não disse nada. E eu tive medo disso, porque eu tinha certeza que ela perguntaria algo.

— Desde quando você sabe? Como você sabe? — Pergunta Namjoon sério.

— Ela me contou faz um tempo... — Abaixa a cabeça envergonhado.

— Ela te contou? — Pergunta Jimin calmamente. 

— Bom... eu meio que ouvi uma conversa e ela foi obrigada a me contar.

Dessa vez eu ri e olhei desacreditada para Taehyung novamente.

— Mas, hyung... porque não nos contou? — Kookie pergunta pasmo.

— Ela me pediu.

— Se eu pedir pra você limpar minha bunda, você limpa, Taehyung?! Hum?! — Pergunta Yoongi um pouco exaltado.

— Yoongi. Para. — Pede Jin sendo racional. — Isso não vai ajudar.

— Você vai defender? — Pergunta o albino.

— Não. Mas eu acho que Taehyung sabe o quanto estamos decepcionados com ele, e o importante é que ele decidiu nos contar agora do que ficar escondendo.

Eu não iria dizer que eu quase obriguei ele.

— Eu não estou nem surpreso por ela ter feito isso, eu até já esperava, ela era uma suspeita fortíssima. Mas você, Taehyung... — Namjoon suspira.

— Você podia ter confiado em nós, hyung... iríamos achar algum jeito de consertar as coisas juntos. — Disse Jungkook.

— Tae, o que ela falou pra você? — Pergunta Jimin.

— E eu ainda te defendendo no meio de todo mundo! Quando a S/N te tratava mal e você saía todo nervosinho eu ia atrás de você! Parei até de ir na casa do Hoseok quando soube que você não ia mais! — Yoongi solta incrédulo.

— Deixa ele responder, hyung. — Pede Hobi.

Taehyung explicou novamente aquela história ridícula da família da Lee. E é claro que Hoseok e Yoongi riram como eu quando ouviram.

— Taehyung, você precisa parar de ser tão inocente. Essa menina te faz mal. — Diz Jin após ouvir tudo.

— Vai continuar falando com ela? — Pergunta Hobi ainda rindo sarcástico.

— Eu posso mostrar os recibos do remédios!

Vendo ele falar assim dá até dó. Parece uma criança inocente que chora sob pressão.

— Não quero ver porcaria nenhuma! Vai continuar com essa garota?! — Pergunta Hoseok bravo.

— Não me pergunte isso... — Lamenta baixo.

— Vai, Taehyung! Você escolhe, ou a sua amiguinha, ou os seus irmãos que se preocupam com você! — Hoseok dita firme.

— É sério, hyung? — Taehyung pergunta incrédulo. — Eu tenho que escolher entre vocês e ajudar uma pessoa?

— É, vai, escolhe, agora!

Taehyung encara o mais velho ainda parecendo não acreditar no que ele estava sendo submetido a escolher.

Hoseok ri pasmo.

— É sério que você está pensando? — Gargalha ironicamente. — Você está realmente pensando no que escolher. Eu não acredito nisso!

— Calma, Hoseok... — Disse Jin.

— Se fosse comigo, eu não pensaria nem um segundo antes de escolher os meus irmãos que só querem o meu bem! Pelo visto você não tem a mesma consideração que temos por você! — Hoseok fala olhando bem no fundo dos olhos do mais novo.

— Não é isso, hyung! Você sabe que eu nunca deixaria vocês, pare de dizer essas coisas na frente deles. — Taehyung já tinha os olhos brilhantes.

— Você não vai falar nada, Yoongi? — Jin pergunta ao ver que o mais falante quando tem discussões estava somente assistindo.

— Falar o que? Eu concordo! — Dá de ombros.

— Eu não tô acreditando nisso, Taehyung! — Hobi fala esfregando o rosto.

— E se fosse você? — Taehyung limpa o rosto molhado fungando. — E se você tivesse que escolher entre nós e a S/N? Uhn? O que você faria?

E pronto, eu já estava dentro da discussão sem mesmo ter falado algo.

Hoseok não precisava responder aquilo, eu o entenderia qualquer que fosse a sua resposta, Taehyung não tinha direito algum de fazer aquela pergunta.

Todos se encaram em silêncio.

Hoseok analisa o rosto do mais novo novamente em silêncio.

— Viu! Eu quero ver quem você escolhe! Vamos, hyung, me diga! Nós ou a S/N?!

— Você não entendeu... — Hobi faz uma pausa olhando para baixo. — Você ainda não entendeu, Tae, que S/N faz parte do "nós"? Não existe ela e os meninos, eu não poderia escolher entre os meus irmãos e ela, porque ela faz parte da nossa irmandade. — Seu olhar se fixa em Taehyung. — O que não acontece com aquela garota que só te faz mal, Taehyung.

Todos ficam em silêncio.

Taehyung ainda tinha os olhos marejados e parecia confuso com tudo. Acho que ele não sabia em quem acreditar, Lee conseguia ser bem convincente quando queria.

— Taehyung. — Hoseok suspira após alguns minutos em silêncio. — Não falamos isso pra implicar com você.

— Eu sei.

— Nós queremos que você... nossa! Seja a pessoa mais feliz desse mundo. De verdade.

— Eu sei, hyung.

— Você não pode pelo menos pensar no que falamos? — Hoseok o olha com piedade. Hoseok mesmo com raiva era um babão pelo Taehyung e ninguém podia negar.

Taehyung fica quieto novamente encarando a mesa.

— Essa menina está mentindo pra você. — Fala Jin.

— Eu... talvez vocês tenham razão. — Funga o nariz cabisbaixo. — Eu vou me afastar. Me perdoem por colocá-los em perigo. Eu sinto muito mesmo.

Suspiro satisfeita pelo rumo da conversa. Eu sabia que eles dariam um jeito, eles sempre dão.

— Obrigada por contar. — Falo sincera encarando Taehyung que somente assente.

— Você é um otário, moleque! — Yoongi ri negando com a cabeça. — Como pode ser tão lento?

Taehyung ri discretamente tendo os cabelos bagunçados por Jimin.

— Acredite, você fez o certo em nos contar, Taehyung! — Disse Namjoon.


[...]


Enquanto o intervalo passava, eu percebia o clima melhor, mas foi depois disso tudo que eu pude perceber que precisava falar com Yang o quanto antes. Talvez ela estivesse brava comigo, e ela nem sabe o porquê, certeza. Ela dá uma dessas às vezes.

— Que foi? — Pergunto enquanto Yang e eu voltávamos para a sala em silêncio. Sim, por incrível que pareça ela estava quieta. 

— O quê? — Pergunta olhando para frente.

— Eu te conheço, filha. — Seguro seu braço a parando.

— O sinal vai bater.

— Tem tempo ainda.

— 'Tá, então tô esperando. — Cruza os braços.

Franzo o cenho. Esperando? Aaaaaah, entendi!

— Pergunta logo. — Rio sabendo que ela se coçava de curiosidade.

— Eu não, você me conta. — Me olha brava suspirando sem me deixar responder. — Incrível que eu sei como você chegou aqui, sei da sua família, sei da porcaria do seu primeiro beijo, da sua primeira vez, sei da merda da sua primeira vez bebendo mas mesmo assim... — Suspira. — Parece que eu não conheço você.

— É claro que conhece! Só você sabe essas coisas da minha vida!

— Parece que são só essas coisas mesmo...

— Você vai entender quando eu te contar.

— Pra falar a verdade eu nem sei se quero saber. — Diz baixo.

— Vem comigo. — Peguei em seu braço e a puxei para a pequena sala de limpeza no fim do corredor enquanto ouvia o sinal sendo tocado indicando o começo da aula de álgebra. A salinha normalmente ficava trancada mas por um motivo desconhecido por mim estava aberta

— Me desculpa. — Falo sincera.

— Olha, eu quero mesmo ficar... sozinha um pouco sabe? — Me olha cabisbaixa.

— Sozinha?

— É... eu quero pensar mais nas coisas.

— É por causa dos meninos? — Pergunto.

Ela sabia a quem eu me referia.

— O quê? não! Eu só me sinto um pouco de lado. E você sabe que não é exagero.

Eu entendia. Eu a tinha como minha irmã, uma irmã de outras vidas. Quem sabe? Ela confiava em mim e me contava tudo, eu errei feio escondendo essa outra parte da minha vida dela. Ela merecia isso. Era o mínimo. Eu estava me sentindo decepcionada comigo mesma por esconder se me colocasse no lugar dela. Ela merecia saber por tudo que já fez e passou por mim. Não falo nem só por consideração. É mérito mesmo. Ela merece.

E foi o que eu fiz. Contei. Tudo.

E a expressão de decepção, preocupação, angústia e medo no rosto dela me perfurou por inteira. Eu sabia que ela ficaria chateada. E com todo o direito. Agora essa informação era dela também, e assim como os meninos, ela poderia fazer o que quisesse com ela. Mas eu confiava. Ela faria a coisa certa. Agora o que me resta é esperar. Ela ficaria chateada, e eu só esperava que ela não demorasse tanto a me perdoar.


[...]


Voltando para a sala — agora sozinha —, acabo passando em frente ao laboratório de química cuja sala tinha um enorme e amplo vidro que possibilitava a visão de quase todo o ambiente. E quando eu estava começando a passar, reconheço dois rostos ali dentro conversando. Volto dois passos rapidamente ficando atrás da parede abaixada com medo de me verem. Respiro aliviada por ter ficado despercebida ali. Dali eu só ouvia murmúrios pela porta estar encostada. As vozes estavam baixas.

E eu teria ido embora. Teria mesmo. Se não tivesse entendido uma única palavra no meio daquela mistura de vozes.

Sexo.

Ah, fala sério! Não, fala sério mesmo!

Dois idiotas.

Agora eu não ia embora nem ferrando, agora eu ia ficar.

Dou mais um passo para trás chegando até a porta e a empurrando vagarosamente a deixando pouca coisa mais aberta. Mas deu diferença nas vozes. Era tudo o que eu precisava.

O corredor estava vazio, só nós três aqui. Tudo lindo.

Volto para perto do vidro e olho pelo canto os dois idiotas lá dentro.

— Você acha mesmo, hyung? — Pergunta Taehyung com um ar de relutância.

— Claro! É por isso que você está todo esquentadinho esses últimos dias. — Exclama Hoseok sentado em uma das mesas.

— Eu acho que não é isso... — Taehyung anda para o lado coçando a nuca confuso.

Há quanto tempo você não transa?

Meu. Deus.

— Ah, eu nunca parei para contar. — Suspira alto.

Você precisa deixar o menino respirar um pouco, Taehyung! Daqui a pouco ele morre e aí eu quero ver.

Jung Hoseok é a pessoa mais idiota que eu conheço. E é meu amigo. Eu mereço?

Faço cara de vômito pelo último comentário. É sério que eles conversam sobre isso?

Eu acho que você tem razão.

Ah não!

— Ah sim! Isso aí! Ficamos de mal humor sem sexo, você sabe do que eu estou falando. É comprovado. Eu li sobre isso uma vez. — Hoseok olha para cima parecendo se lembrar dessa tal pesquisa ridícula.

Cara! Pelo amor de Deus!

Coloco a mão na boca segurando fortemente a risada. Puta merda, como são ridículos. Sério.

Faz um tempinho que eu não me solto mesmo...

Hoseok sorri incentivando.

— Você tem razão, hyung! — Hobi faz um jóia com o dedo com um baita sorriso no rosto. — Eu vou sair! — Exclama Tae determinado.

Hoseok que até meio segundo atrás concordava com tudo que o mais novo falava, para de balançar a cabeça rapidamente e olha assustado para Taehyung.

Viu que falou merda, né, embuste?!

— Eu preciso sair, hyung! Conhecer pessoas novas. Eu preciso transar. Preciso de mulheres. Não garotas. Mulheres.Sorri com um brilho de... talvez malícia no olhar.

Mulheres?! Não faça-me rir, Taehyung.

O quê?! Não! Eu não disse isso! — Hobi se levanta da mesa rapidamente pegando nos ombros do amigo com os olhos esbugalhados.

Disse.

— Disse sim... — Tae o olha confuso.

— Não falei para você sair com meio mundo, Taehyung! Eu disse pra você transar! — Hobi aumenta o tom de voz nervoso apertando as mãos nos seus próprios cabelos

— Então!

— Eu disse que você precisava transar! Mas eu estava me refer... — Se embola nas palavras bagunçando completamente os cabelos.

Taehyung ficou sério na hora. E eu também.

Hoseok se referia a que? A alguém? Ele sabia de quem Hobi falava. E porra, eu também sabia.

EU VOU MATAAAAR O HOSEOOOOOK! SEU DESGRAÇADOOO!

— A quem você se referia?

— Hum? A quem eu me referia? Puff! Eu me referia a mim, claro. Haha.  — Se encosta na mesa passando a mão pela testa parecendo secar o suor. — Eu sempre quis transar com você, Taehyung.

Oi?

— Oi? — Tae lê minha mente.

Não! — Balança a cabeça gaguejando. — Ela sempre quis!

Eu vou chorar!

Me jogo no chão começando a rolar de vergonha.

— Taehyung! Esquece o que eu disse! — Hoseok resmunga com voz de choro.

— Hyung, nós não temos mais nada a...

E eu saí correndo.

Despercebida, claro.

Paro em um corredor aleatório e encosto na parede ofegante. Mas que dois idiotas. Me sinto surpresa pelo flagra dessa conversa estranha. Taehyung querendo transar com o primeiro poste que aparecer em sua frente e o pior, por influência do piranhão do Hoseok. Amigo é Deus no céu, viu, gente?!

Certeza que foi vingança por ele achar que eu joguei a Sofia pro Mingyu.

Um misto de sentimentos estranhos brotou no meu peito por ter ouvido essa conversa. Sexo era mesmo tão importante assim pros garotos? Mexia tanto assim com o humor deles? Uma coisa tão carnal. Satisfação por meros segundos, e colocam isso na frente de tanto sentimento bom que pode durar anos. Eles não são assim. Pelo menos os meus meninos não.

Orra, Hoseok! Logo agora que eu contava com tudo do meu lado.

Mas calma que a esperança é a última que morre. E agora, esperança é o que eu mais tenho, então isso não vai acabar tão cedo.


[...]


Na quarta-feira, bendita quarta-feira decidi colocar o plano totalmente infantil do Hobi em ação, e acredite, eu não achei a melhor ideia do mundo, mas eu não tinha nada melhor, então foi isso mesmo.

E por mais que o Taehyung me irrite profundamente protegendo aquela cabeçuda dedo duro, eu ainda estou disposta a conseguir o perdão dele. Eu vou tentar deixar ela e tudo que envolve ela de lado.

Persistência. Persistência. Sem força de vontade não se chega a lugar nenhum.

Acordar cedo é sempre um saco e eu nunca vou me acostumar. É assim com vocês também? É ruim de manhã e dor de cabeça a tarde. Talvez eu precise se férias. Sem escola, sem milhões de trabalhos todos os dias. Isso. Mas não hoje. Hoje é um dia importante particularmente.

Ao passar pelo corredor após o sinal bater para a primeira aula, me escondo atrás da parede espiando o corredor vazio esperando que aconteça. Eu só tinha que esperar agora. Essa poderia ser minha última chance.

E em poucos segundos lá estava ele. Kim Taehyung estava andando tranquilamente em direção ao seu armário como sempre fazia para pegar os seus livros. E abrindo seu armário, um pequeno papel num tom azul bebê cai de dentro direto para o chão.

E o desgraçado só foi ver depois de pegar o bendito livro. Ele abaixou e pegou o papel em suas mãos desconfiado. E o pior, demorou bons minutos lendo aquilo sem expressão. Nem tinha tanta coisa pra ler! Eu lia em 2 segundos!


"Eu errei em não acreditar naquele bizarro infinito que criamos, mas será sempre um infinito nosso, que eu quero acreditar que não acabou de verdade. Acabou?"

OBS.: fazer letra bonita deu trabalho, não joga fora."


Bendito seja Jung Hoseok.

Cafona? Depende do ponto de vista. Por mim... completamente cafona, mas pelo meu coração e amor idiota... a coisa mais certo que fiz em um mês inteiro. E como ultimamente estou sendo 98% coração, 'tá aí.

Ah não, por que parece que ele vai amassar?

Ele para um segundo parecendo pensar duas vezes sobre o que faria com aquele papel, olha para o nada antes de dar um soco no ar fazendo uma sutil careta. Franzo a testa. Acabo rindo ao perceber que essa era uma das coisas que eu mais gostava nele. O diferente e totalmente aleatório. As caretas, os comentários toscos e as piadas ruins. É, era um conjunto inteiro, não uma só coisa, mas o conjunto dele. Talvez a juventude que ele exala, ou a tênue linha de independência e força quando ele fala. Com aquela voz.

Ele vira de costas puxando os cabelos para trás me dando a visão de uma bunda bonita pela falta da farda escolar que normalmente ia até um pouco mais do seu quadril. Nossa, que coxas.

Acabo por me abraçar a lateral do armário em minha frente tentando focar mais na pequena parte de pele descoberta quando ele levanta os braços. E eu estava tão focada que não percebi que justamente aquele armário estava aberto e meus dedos estavam na pequena abertura ali, tontos e tolos por não perceberem o perigo.

Ao abraçar um pouco mais forte o armário quando ele bagunçou seus cabelos os fazendo mexer suavemente de tão lisos, acabo fechando o armário deixando meus dedos presos. Ele vira assustado com o barulho. Sai que a burra tá passaaando!

Ai! — Me afasto do armário rapidamente apertando meus dedos sentindo meus olhos marejarem e pisando forte.

Ah, mas era o que me faltava. — Taehyung me olha desacreditado.

Continuo apertando meus dedos enquanto sentia uma pequena ardência no local. Fecho os olhos com força sentindo a primeira lágrima descer.

Para de fingir, você nem machucou de verdade. — Se aproxima olhando por cima.

— Para! Não vem aqui! — Falo com a voz chorosa me virando de lado quando via que ele se aproximava.

Ele me analisa soltando um murmúrio baixo que parecia um xingamento.

Tá doendo muito?Se aproxima mais para olhar o que eu escondia. — Me deixa ver... — Chega até mim estendendo a mão.

Aceno que não fungando o nariz.

— Me deixa ver, o barulho foi alto. — Fala calmo me olhando gentilmente. Ah não, oh eu me apaixonando de novo.

Estendo a mão relutante levantando o rosto e vendo o seu mais de perto que estava focado no local machucado. Cabelo bonito. Cheiroso. Eu gostava do cheiro do cabelo dele, e do jeito que ele caía em seus olhos quando ele se curvava um pouco tendo minha mão na sua. Ah, de novo!

Olho minha mão pela primeira vez percebendo que meus dedos pegavam uma coloração mais avermelhada que o normal, e que na ponta do meu dedo indicador tinha uma unha quebrada e um pouco de sangue. Oh a burra passando de nooovo!

Por favor que a unha não tenha saído. Por favor!

Taehyung passa sua mão sutilmente pela minha enquanto a tinha na palma de sua outra mão. Arrepio e sinto vergonha quando por alguns segundos sua atenção vai para os finos pelos erguidos do meu braço.

— Acho que só quebrou a unha mesmo, descolou um pouco o canto mas não saiu por completa. — Me olha após analisar o local. Fungo mais uma vez acenando positivamente. — Aish, não precisa me olhar assim, seus olhos estão vermelhos!

Fungo de novo começando a mexer os dedos da mão e sentindo um pouco de dor pelos movimentos.

— Tá doendo? — Volta sua atenção até a minha mão.

— Um pouco. — Falo baixo gostando da textura da sua palma sob a minha.

— Você tem que prestar mais atenção.

— Eu não bati porque quis, Tae. — Continuo mexendo meus dedos sentindo mais da sua pele sob meus dedos. — Hyung, Taehyung!

— Mas o que você estava fazendo ali? Estava me espionando?! — Acusa afastando cuidadosamente nossas mãos. Ah não, volta aqui!

O olho incrédula.

— Nossa, mas você acha mesmo que o mundo gira ao seu redor! — Me apresso a me defender, mesmo sendo verdadeira a acusação.

— O quê? Estava te dando um conselho, sua maluca! — Se afasta um passo.

— E me acusando! Eu não tenho saco pra essas suas acusações sem fundamentos! E não me chama de maluca! — Bufo nervosa.

Não bufa! Bem que mereceu então. Ficar espiando os outros! Queria ver se eu leria o seu bilhetinho idiota, não é?!

O quê?!

Idiota?! — O olho brava. — Não te mandei nada e nunca mandaria pra um ridículo como você! — Aponto para o seu rosto

— Das suas ofensas eu não sofro mais!

— Por isso é um bebezão que fica socando o nada como um completo malucão!

— Você que é maluca! — Se aproxima um passo. — Com esses cabelos bagunçados e rosto inchado!

Você é um idiota! Isso sim! — Me aproximo apontando o dedo em seu peito.

— Não me chama de idiota! — Me olha de cima aproximando seu rosto.

Grosso!

— Barraqueira!

— Imbecil!

— Sedentária!

— Ah! Você é um monstro! — Encaro seus olhos de perto sentida com as suas palavras.

E você é-

Em uma fração de segundo eu posso jurar que vi o brilho em seus olhos. Aquele brilho. O brilho dele. Do Taehyung de sempre. Com todas as suas estrelas e meteoros feitos de pintinhas. Completamente perfeito, do jeito dele. Como se tudo o que a Terra estragou, a sua galáxia pudesse vir e consertar. Curando qualquer alma ou sentimento ferido. E é lindo. Lindo de verdade. E pude ver mais com seu olhos tão próximos encarando meu rosto vermelho pelo choro anterior e pela raiva. Seus olhos com dúvidas e medos, que analisavam sem vergonha e julgavam com o coração. Porque eles sim não mentem. Os olhos nunca mentem. É como se eu pudesse ouvir as pulsações dos corações e o sangue correndo rápido pelas veias com pura adrenalina. E era um lugar que eu me arrependo de ter abandonado.

Linda. — Sussurra baixinho com seu nariz quase tocando no meu. Aproveito um pouco do momento em que respiramos o mesmo ar tão pertos, antes de ter uma reação digna.

O quê?! — Sussurro surpresa me afastando involuntariamente.

Fria! Eu disse fria! Sua doida! — Sua voz é um pouco perdida mas não mais que seus olhos, os quais não sabiam pra qual canto do meu rosto olhavam. Mas olhavam. Descaradamente.

— Quer saber? Eu vou embora! Respiro fundo.

Mas se minha decisão era ir embora, eu precisava repensar, porque o que fiz foi dar um passo para trás. Mas embora não.

Ele me olhava esperando que eu o fizesse. Me olhava meio bobo, com o ar que eu mais gostava: de inocência e relutância. Porque era aí que eu me iludia. Sempre. Em qualquer situação. Eram os benditos olhos. Que naquele momento estavam diferentes pra mim, abertos e esperançosos, esperando receber um pouco mais de energia de uma outra pessoa, de outros olhos. Mas nunca podia ser eu.

Avanço em sua direção batendo nossos corpos voltando a sentir a estranha sensação de respirar o mesmo ar que saía dele. E era fodidamente bom. Meus lábios esbarram nos seus lentamente, e eu fecho os olhos querendo sentir com máxima vontade. Me surpreendo quando suas mãos tocam minhas orelhas me retribuindo de uma forma que eu não esperava, me beijando de um jeito que eu achava que nunca mais beijaria. E ali eu queria chorar. Os movimentos pareciam que criavam vida própria pela imensa satisfação que eu sentia. Quando sua língua se encontrava com a minha e seus lábios se mexiam com vontade, eu sabia que não era só isso. Não era só um beijo, não era esse o sentimento, isso no meu coração não são somente batidas. E quando ele aperta minhas bochechas ansiando um beijo prolongado e mais profundo, eu sei que no dele também não eram. Em cada corte de espaço dentro de nossas bocas, eu sentia um sentimento diferente, em cada parte, em cada ato. Molhado mas gostoso. Porque era ele.

Retorno à minha consciência quando nos separamos bruscamente e consigo ver ainda um resquício de bico em seus lábios. Caramba, nunca achei que a expressão "coração quase saindo pela boca" fosse tão verdadeira. Sentia meu coração bater nos ouvidos, na garganta... menos no peito.

Fico sem saber o que fazer mas só sei que não queria ir pra longe. Nunca mais. Mas naquele momento eu só consegui dar meia volta e sair do seu campo de visão. Rápido, quase correndo.

Maluca... — O ouço sussurrar de longe. — Cuidado com a mão! — Ouço seu último grito do meio do corredor parecendo prever o que aconteceria.

Quando vou virar o corredor acabo batendo o braço na quina da parede e só aí eu lembrei que estava com a mão machucada. A ardência já falava por tudo. Dá licença pra burra de nooooovo!

Eu sabia que não fazia sentido eu ter saído correndo, mas estou descobrindo meus comportamentos quando ele está por perto. E agora que aceito o sentimento que tenho por ele, é ainda mais intenso. Porque eu tenho certeza que eu amo. E eu sei que a decepção pode ser ainda pior.

Mas ali, ele me deu o 1% de esperança que eu queria e precisava, mas que talvez não existisse.

 


Notas Finais


Caraaaa, que treco grande! Você que tá lendo isso: você é uma guerreira perfeita e eu valorizo muito a hora que passou lendo isso aqui. Obrigada por ler tudo!

É o seguinte, eu juntei tudo o que eu tinha aqui, porque eu sabia que demoraria um século pra postar de novo. E vocês não merecem esperar mais, então tudo o que eu tinha dessa história, acaba de ficar disponível pra vocês. E eu decidi não apagá-la. Me sentiria péssima em deletar algo que fez bem pras outras pessoas, e também vai que eu consigo escrever alguma coisa aqui e outra ali e posto pra vocês? Eu só não posso prometer. Tudo bem pra vocês?

Mas não fique triste, porque nossos corações estão conectados. E se você ficar triste, eu e mais um monte de leitoras da família ficarão também.
Estamos conectados sempre, afinal, o que BTS une, ninguém separa. Família ARMY é pra sempre.

Eu amo inteiramente e preciosamente vocês, vocês fizeram e fazem parte de um momento belíssimo da minha vida e eu guardo isso em um lugar precioso no meu coração!❤️


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