Estamos indo para a escola, são 6h em ponto, nosso ônibus quebrou no meio do caminho e agora temos que ir a pé. Ótimo, lá vai eu acabar com o meu sapato.
O motorista está lá na frente guiando todos, mas eu e Tae resolvemos ficar mais para trás. Hoseok voltou para Busan, amanhã é o aniversário de 16 anos dele, e nem pude me despedir corretamente. Já que ele não está aqui, não tenho a quem contar as coisas estranhas que estão acontecendo com meu corpo. Não posso contar a Tae, até porque ele é o causador dos meus "problemas" noturnos - matinais, às vezes.
Desligado de tudo, paro bruscamente quando o castanho para em minha frente. Percebo que todos os alunos estão mais longe de nós, apenas restando os dois preguiçosos sozinhos. Taehyung não diz nada, apenas analisa meu rosto - detalhadamente.
Um segundo. Dois segundos. Três segundos. Quatro segundos. Cinco segundos. Seis segundos me fitando. Senti como se eu estivesse todo pintado e ele estivesse me admirando.
- o q-que é, Tae?
Ele ri, mexendo em minhas orelhas, uma brincadeira que me deixa corado, sentindo como se fosse um gatinho muito cansado e sonolento, que eu deveria e podia dormir ali.
- você fica tão fofo corado!
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- Tae, por que você ainda não se arrumou?! - pergunto me referindo ao baile que haveria na escola.
- não quero, já disse que não vou.
- mas, Tae, você prometeu!
- não quero, Jungkook! - cruza os braços, tornando sua expressão raivosa. - não quero ir porque Halsey vai estar lá!
- e que que tem? - pergunto realmente confuso.
- não vou pagar de vela humana 'pra vocês dois.. ela..só fica agarrada em você, hn.. Não gosto..
- bobão! - falo dando-lhe a língua. - não vou sair de perto de você, vou dançar todas as músicas com você! Halsey que se ferre com os cachinhos dela.
- j-jura?
- juro, ninguém é mais legal que você!
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- Jungkook, mas que droga é essa?! - pergunta a gritos. Não sei bem o motivo, até porque ele pediu meu notebook para assistir um filme. Comprei o filme do jeito que ele me pedira, então por que ele estava gritando?
Saí do banheiro ainda secando meus cabelos, até que vou ao meu quarto.
- quê?
- por que você tem pornô gay baixado no seu notebook?
- e-e-eu?
- você! olha só. - aponta para a pasta de vídeos. Havia colocado uma senha neles, mas não deixa de mostrar a foto inicial. E bem, que fotos, céus...
São tão.. abertos, tão.. íntimos.. tão.. nossa. As posições que me deixaram com mais vergonha ainda.
- v-você sabe que sempre fui curioso, Tae.
- curioso em sexo gay?
- em sexo, s-só isso! mas pare de ficar remexendo minhas pastas, vai ver seu filme!
Volto para o banheiro, jogando água em meu rosto totalmente ruborizado, ouvindo Tae gritar: - qual é a senha?
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Estamos no carro, eu e Jimin. Os sinais vermelhos aparecem a toda hora, o que me faz gritar de nervoso. Estou extremamente nervoso, acabando com todas minhas unhas e partindo para os dedos. Se demorarmos mais de 30min aqui, pode ser que não chegamos a tempo e o avião já esteja decolando!
Quando o sinal esverdeava, soltava um ar aliviado e voltava a prestar atenção nas ruas. Jimin ria toda hora alegando que eu parecia uma criança atrás do seu herói favorito. Mas era verdade, esse negócio de ser criança e está correndo atrás de Tae, era tudo verdade sim. Jimin abriu meus olhos, talvez - só talvez - Taehyung sinta a mesma coisa que eu! O amor? sim, mas me refiro ao medo também! Ambos têm medo de amar, creio eu.
Mordia meu lábio inferior pelo nervosismo, sentindo o suor pingar de minha testa, vendo o quanto sentia minhas mãos trêmulas. Se nada desse certo, terei meu coração mais tranquilo em relação a tudo isso; o coitado precisava gritar umas verdades. Ele deve ficar em paz, triste por não ser amado por alguém que tanto quer, mas bem por estar tranquilo em acabar com a esperança.
Ouvi uns batuques na janela ao meu lado, quase pulei de susto por causa da distração, o que fez Jimin rir novamente.
- medroso! sai dai, não podemos passar mais tempo! - diz ele abrindo a porta. Saio com as pernas trêmulas, tendo que me escorar no carro. Não é drama, é uma bomba atômica que está prestes a explodir.
Tem idéia de como foi difícil guardar tudo isso para mim? não poder ser eu mesmo para meu melhor amigo? o meu amor? Pois, fique sabendo que é uma dor angustiante. É de tirar o fôlego. Sentir minhas mãos soarem só de ouvir seu nome, vendo um sorriso bobo se formar em meus lábios quando o vejo, sentir as malditas borboletinhas - borboletonas! - se formarem em meu estômago e, não menos importante, sentir as lágrimas descerem por saber que aquele garoto não era meu.
Não há limites para os efeitos que Kim Taehyung pode causar em meu corpo, não há. Não há dedos que possam contar o quanto eu precisei estar ao seu lado, mas tive que ficar na companhia das estrelas, pois, se ele se aproximasse, seria capaz de não deixá-lo sair mais.
Talvez eu tenha sido egoísta; guardei muitos sentimentos que compartilhamos juntos, mas sempre deixei claro que tinha um amor junto. Talvez ele não saiba que tipo é esse amor; Talvez ele me dê as costas quando souber; Talvez percamos o contato por isso; Talvez não nos falamos mais; Talvez não nos vejamos mais;
Talvez, talvez. Cansei de "talvez", vamos logo a prática.
Coloquei meus pés no piso liso do aeroporto, Jimin tinha que achar uma vaga disponível então não veio comigo. Procurei desesperado pela pessoa que tanto conheço, andei perto de cada setor de espera pedindo aos céus que me ajudassem a vê-lo. Corri para o telão de viagens, observei todos os horários de voos. - 19h, 22h e 00h.
Ele ia às 19h, disso tenho certeza. Eram 18:50h, geralmente pedem para entrar com antecedência - se o passageiro desejar e se tudo estiver devidamente pronto. Fui até algumas pessoas que estavam sentadas, logo procurando-o, mas não achava nada mais que rostos diferentes. Passei meus dedos pelo meu cabelo, o deixando bagunçado. Se Taehyung tivesse viajado, eu tinha que aguentar meu coração explodindo por não ter contado nada.
Então fechei meus olhos com força, procurando a paz que tanto desejo e preciso. Preciso de calma também, preciso ter atenção para procura-lo e acha-lo.
- passageiros do vôo 07, por favor, ir até o embarque.
A voz doce ecoou pelo local movimentado. Abri meus olhos, procurando mais uma vez por Taehyung, até que pairo meu olhar em um garoto de sobretudo marrom-claro, se aprontando para entregar a passagem e seus documentos. Ele seria o próximo a fazer isso.
Toda adrenalina passou por minhas veias, deixei de lado o fato de estar correndo num lugar tão público, e corria contra o vento em direção do garoto. Nisso, já ganhava atenção de algumas pessoas. Parei perto do local onde ele estava, apoiando minhas mãos em cada joelho para buscar oxigênio. Com o peito subindo e descendo rapidamente, peguei todo o ar que poderia ser pego, e gritei:
- KIM TAEHYUNG!
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- Kim Taehyung! - gritei. - olha o que você fez! manchou minha camisa! - apontei para o monte se chocolate na mesma, enquanto Taehyung ria.
- aish, não me chama assim, não! parece que está bravo...
- e eu estou bravo! vou acabar com você, seu.. seu.. pivete!
Eu estava extremamente puto. Minha camisa, antes com o desenho do Capitão América, agora estava fazendo um cosplay de lama - só que feito de chocolate.
- vem, Jeon, vem 'pra cima de mim! acaba comigo! - se deitou no sofá, passando seu braço sob sua cabeça, erguendo levemente sua cintura para cima. - sou todo seu.
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- KIM TAEHYUNG!
As pessoas se assustaram com o grito repentino, mas pelo menos com eu tinha a atenção de quem tanto quero.
- JUNGKOOK?!
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