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História Iminente Destino - Duas caras


Escrita por: AsgardianSoul

Notas do Autor


Oieeee, pessoal! Como estou de muito bom humor hoje (sábado, seu lindo), estou atualizando minhas duas fanfics duma vez.
No capítulo de hoje veremos certa pessoa tramando pelas costas da Resistência. ¬.¬
A música do capítulo é God and Monsters, da minha diva Lana Del Rey.
Boa leitura!

Capítulo 9 - Duas caras


A base da Resistência foi realocada, como ordenado por Steve Rogers, e não só uma vez durante os meses que se seguiram. Grandes avanços foram conquistados pela equipe. Novos membros se juntaram à luta e houveram poucas deserções. A balança finalmente parecia equilibrada entre os dois grupos antagônicos. Os heróis continuavam combatendo o crime e ao mesmo tempo fugindo das forças tarefas, cada vez mais agressivas, montadas pelo governo para captura-los. Nada podia ser perfeito, afinal de contas.

A visão do sangue na neve foi o começo de mais uma agonia para Lea. Nos últimos tempos ela andou tendo pesadelos aparentemente desconexos, onde ela própria não conseguia concluir nada. Porém, Steve estava sempre atento. A maior parte das realocações da base foi por conta dos pesadelos dela, ao que ele interpretava como presságio de grandes acontecimentos. E, na maior parte das vezes, acertou, inclusive esquivando a equipe de duas armadilhas arquitetadas por Stark, Ross e seus agentes. A presença de Lea tornou-se importante para a equipe. Ainda conhecida como “a garota das visões”, ela passou a receber treinamento, como defesa pessoal e aulas de Yoga para lidar com as crises de ansiedade.

Contudo, mesmo as coisas parecendo calmas, Lea continuava sendo perseguida pelas visões. Numa concepção desenvolvida por si mesma, tentava manter Steve focado na luta contra o Acordo, pois assim continuaria lutando a favor do ideal de liberdade que acreditava, desse modo, permaneceria afastado de más influências. Fazer o bem gera o bem, já dizia seu pai. O relacionamento entre os dois concretizou-se com o tempo de convivência. Às vezes, quando ele não conseguia dormir e, vendo que ela também não, passavam a noite conversando sobre qualquer assunto que viesse à cabeça. Ela adorava ouvi-lo falar sobre os anos 40 e em como o mundo parecia simples.

Além de treinamento e suporte dos heróis, Lea também ganhou uma função no grupo: comandar a sala de comunicações. Nesta sala continha comunicadores, escutas que operavam na mesma frequência que os rádios da polícia, entre outros recursos. O papel dela era ouvir as informações obtidas via rádio e transmitir aos heróis na superfície para que eles pudessem se deslocar ou organizar-se para atender a situação mais próxima. Surpreendentemente, ela se saiu muito bem. Nos primeiros dias apresentou uma organização excelente, o que fez com que os outros concordassem com sua permanência no posto. Então, em pouco tempo conquistou um espaço quase insubstituível entre os membros da Resistência.

— Alguma missão para mim, senhorita Hunter? — brincou Sam, ocupando o assento ao lado dela.

— Não, acho que por hoje é só, agente Wilson — devolveu ela, no mesmo tom bem-humorado. Retirou os gigantescos headphones e bocejou.

— Por que não tira um cochilo? Eu fico aqui, caso surja algo de importante — recomendou. — Depois de tudo que tem feito, você merece um bom descanso.

Lea apertou os olhos com força, tentando afastar o sono.

— Onde está Steve?

— Relaxa, ele e Cage estão cuidando de uma ocorrência no Harlem — informou ele. Sorriu de canto para ela. — Vocês estão muito ligados ultimamente. Steve a considera muito.

— Verdade, ele tem sido um ótimo amigo e me considera mais do que eu acho que mereço — confessou. Nada do que fizesse parecia suficiente para expressar o quanto estava grata por ter sido acolhida por ele. Encarou o companheiro: — Sam, eu daria minha vida por ele.

— Todos nós daríamos, Lea — retrucou, pondo a mão no ombro dela. — Desde que o conheci, ele sempre teve essa coisa de inspirar as pessoas. Eu já te contei em como ele me fez voltar à ativa?

— Sim, umas mil vezes. — Eles riram. — Dando ênfase na parte em que você saltou sem paraquedas de um prédio direto para um helicóptero em pleno voo.

— Mas esta é a melhor parte! — justificou-se, ainda rindo. Ficou sério e deu tapinhas nas costas dela. — Vá descansar, antes que eu tenha que chamar o Cage para te dar uns “conselhos amigáveis”.

— Não, tudo menos isso! — exclamou, levantando-se depressa. — Da última vez que conversamos ele me disse que Yoga era para os fracos, os fortes quebravam os ossos de delinquentes para espairecer. — Riram novamente. — Obrigada, Sam.

O companheiro apenas acenou positivamente com a cabeça e virou-se, pondo os headphones. Exausta e sem dormir por dias à fio, ela dirigiu-se para o compartimento onde ficavam os dormitórios. A base onde estavam era a menor de todas e os quartos não passavam de cubículos. Ao chegar no corredor, uma presença ranzinza vinha na direção contrária.

— Boa noite, Clint — saudou ela, em tom formal.

De todos, ele era o que se mostrava mais avesso a ela. Talvez o exímio arqueiro fosse como Kate o descrevia: orgulhoso e cabeça dura. Ou só não gostava dela. Considerava a última opção com mais ardor.

— Boa noite, senhorita Hunter — saudou de volta, sem fazer contato visual.

O clima pesado pareceu ocupar o corredor enquanto os dois respiravam o mesmo ar. Lea sentiu-se mais do que aliviada ao fechar a porta de seu dormitório e espalhar-se pelo colchonete que, naquela noite, parecia confortável como nunca. Para sua satisfação, logo pegou no sono e não teve nenhum pesadelo ou despertou sobressaltada por alguma visão. Dormiu o sono dos anjos.

* * *

O ar da casa de Thaddeus Ross estava carregado pelo odor de nicotina e álcool. A pressão de exercer o cargo de Secretário de Estado e a falta de resultado em reprimir os que lutavam contra o Acordo o tornava ainda mais dependente do vício. Estava sentado há horas na mesma posição, no sofá de sua sala, mexendo-se apenas para acender outro charuto. Em seu tempo de general, teria respondido com fogo a todos os rebeldes, só que os tempos mudaram. Tudo agora tornou-se mais sensivelmente moral. Apesar dos protestos das ONGs de direitos humanos, deu permissão aos seus agentes de usarem poder letal para caçar os rebeldes. A mídia passou a chamar a força tarefa de “Caça-Capas”.

A campainha ecoou pela enorme sala. Com a calma das eras, ele levantou-se e foi atender a porta. Havia dispensado os empregados naquela noite morna. Quem estava do outro lado o deixou surpreso como em poucas vezes nos últimos anos. A visita não tinha fins terroristas, pois veio sem qualquer arma. Pelo visto, teriam uma conversa face a face pela frente.

— Entre, por favor — pediu e assim foi feito. — Confesso que estou surpreso. Não tem medo de que eu chame minha força tarefa? Quando digo força tarefa, não são os inúteis da equipe do agente Ross.

— Você não me assusta, Secretário — retrucou a sombra, seguindo-o até o sofá. Ambos se sentaram em lados apostos. — Estou aqui conversando diretamente com você porque sei quem é o verdadeiro rosto por trás do Acordo.

— Concluiu isso sozinho? — ironizou Ross, acendendo outro charuto. — Diga de uma vez o que quer. Se estiver me pregando uma peça, escolheu o homem errado.

— O que quero não é óbvio? — devolveu com o mesmo tom irônico. Ross soltou uma baforada impaciente. — Quero me aliar a vocês. O bando do Capitão América deixou de ser o que era.

— Você sabe que isso implicaria em prisão, não é? Não pense que é só chegar aqui e pedir para entrar — lembrou severamente.

— Pois é, pensei nisso também, por isso quero anistia.

O Secretário gargalhou um riso sem entusiasmo.

— Pode me explicar por que raios eu te daria esse privilégio?

— Porque tenho informações sobre tudo que acontece do outro lado, afinal, sou peça grande no tabuleiro.

— E quem me garante que você não está bancando o agente duplo?

— Eu seria uma pessoa morta se fizesse isso, afinal, você acabaria comigo com sua “força tarefa diferenciada” — explicou. Ross pareceu engolir a ideia. — Não quer saber qual a nova carta na manga do Rogers?

A visita conseguiu atingir o ponto fraco dele. Tentar adivinhar como a Resistência estava tendo tanto êxito em se esquivar de seus homens tornou-se uma dor de cabeça recorrente, apensar de estarem empenhando esforços inimagináveis.

— Vejo que chegamos em um ponto do seu interesse, Secretário — alfinetou. — Você não vai acreditar no trunfo que o Rogers tem nas mãos.

Silêncio. Podia-se ouvir o som das engrenagens mentais de Ross ecoar pela sala. Descartou o charuto pela metade e endireitou a postura.

— Continue.

* * *

O frio penetrava a pele de Bob e sentia que iria congelar até os ossos. Apesar de estar vivendo há um tempo em Moscou, a sensação de geladeira a céu aberto nunca passava. O vento congelante parecia disposto a sugar sua concentração naquele começo de manhã. Cruzou os braços sobre o peito, envolto em um grosso traje composto de várias camadas de fibra térmica, ao contrário de sua companheira, que se sentia à vontade em seu colante negro sobreposto por um sobretudo branco com capuz.

Natasha se escondia atrás do tronco de uma árvore, espionando com um binóculo a instalação à frente. Parecia abandonada. Segundo os dados levantados por Bob, o ponto escuro no meio da imensidão branca tratava-se de uma antiga instalação usada pelo Leviatã. O que ele não pôde afirmar era se estava realmente abandonada. De acordo com as informações que a russa apurou através de contatos no submundo, a instalação foi usada como base de operações táticas durante a Guerra Fria. Apesar do tempo decorrido, não descartava a hipótese de ainda estar operacional e sendo usada para outros fins, além do mais depois da promessa de retorno da organização, que mais tarde ela apurou ser verdadeira.

— É melhor entrarmos enquanto ainda sentimos nossos membros — aconselhou Bob. Ela abaixou os binóculos e olhou para trás.

— Fale por si só, eu estou ótima — retrucou, com uma ponta de bom humor. — São três metros de terreno aberto até a tela de proteção e a neve pode chegar a dez centímetros. Teremos que ser rápidos.

— Por que não irmos voando? — sugeriu, sorrindo enviesado.

— Muito arriscado. Eles podem nos receber com artilharia pesada.

— Falou a mulher portando uma AK-47 — ironizou. — Melhor sermos atacados no ar, onde pelo menos teremos a chance de desviar. Com a neve do jeito que está, não teremos mobilidade suficiente.

— E você falou como um estrategista agora. — Cerrou o olhar, calculando em quanto tempo passariam pela tela, depois vislumbrou o solo coberto pela grossa camada de neve.

— Aprendi com a melhor. — Piscou, ao que ela respondeu com um sorriso de lado. — Então, pelo ar ou pelo solo?

— É melhor você ter aprendido a pilotar direito essa coisa... — resmungou, suspirando.

A ruiva foi até ele e laçou seu próprio corpo próximo ao dele usando o cinto expansível do jetpack, que Bob modificou justamente pensando em situações como aquela. Ela ficou de costas e ativou as travas de segurança, em seguida empunhou a arma, pronta para atirar. Nunca tinham feito aquilo, mas o jovem estudou bem as especificações técnicas da tecnologia Stark para saber que aguentaria. Os dois sincronizaram os movimentos, dobrando os joelhos e tomando impulso para cima, como se fossem pular. O sensor do equipamento detectou o movimento e acionou os propulsores.

O início da subida foi o ponto mais crítico, pois, além de estarem ganhando altura devagar, o jetpack pareceu falhar. Eles forçaram seus corpos a ficarem o mais ereto possível, o que funcionou. Já em altura considerável, se inclinaram e começaram a voar horizontalmente em direção a tela. Os olhos de Natasha buscavam por qualquer movimento, sempre em alerta. Quando estavam quase passando pela tela, um tiro passou raspando a cabeça da russa, fazendo com que diminuíssem a velocidade e executassem manobras evasivas. Ela revidou com sua AK-47, enquanto Bob sacou duas pistolas de seu coldre e se juntou a ela.

— Vamos forçar a entrada — ordenou Natasha.

Os dois voltaram a se movimentar com velocidade até cruzarem a tela de proteção. Próximo do chão, Natasha desativou as travas de segurança e saltou, enquanto Bob, agora mais leve, pôde voar com mais agilidade. Agindo como isca para atrair a atenção dos atiradores, sua companheira teve mais liberdade para eliminar os alvos. Quando atingiu o último homem, o silêncio voltou a reinar. Parece que aqueles eram os únicos encarregados de proteger a base.

Poucos homens e sem muito treinamento, percebeu Natasha. Não deveriam guardar algo de muita importância. Todavia, não custava nada inspecionar. Olhou para Bob e ele fez sinal de positivo, pousando. Ela ainda se impressionava em quanto o hacker se adaptou àquela vida, a seguindo em quase todas as missões. Só esperava que ele não se empolgasse demais e ultrapassasse os limites. Durante sua trajetória tinha visto casos suficientes de homens bons se tornarem monstros. Não iria deixar isso acontecer a ele.

— Vamos entrar — falou a russa, tomando a frente. Bob veio logo em seguida.

A porta lateral foi deixada entreaberta na urgência de abater os visitantes inesperados. Natasha tinha pressa, pois eles poderiam ter pedido reforços. A base estava envelhecida e suja, além do interior estar quase tão frio quanto o exterior. Os aquecedores emitiam um barulho entrecortado de exaustão. A primeira sala estava vazia, então partiram para a segunda, depois de terem percorrido um curto corredor. Nesta, haviam papéis espalhados pelo chão, como que espalhados por uma ventania, outros rasgados ou amassados. As gavetas das escrivaninhas jaziam em sua maioria escancaradas. O lugar estava de ponta-cabeça.

— Há mais salas no lado oposto do corredor — informou Bob.

— Pode ir. Chame, caso encontre algo, e não toque em nada — salientou a última parte. Ele concordou com a cabeça e partiu.

Natasha continuou vasculhando os móveis desorganizados na pequena sala. Os papéis deixados para trás não traziam nenhuma informação relevante, apenas relatórios de missões durante a Guerra Fria, locações datadas da época da União Soviética e rascunhos do símbolo do Leviatã: um coração transpassado por um laço. A ruiva pegou o papel desgastado pela ação do tempo e o olhou de perto, analisando cada detalhe. Tiros ecoaram através do corredor, seguidos de objetos sendo quebrados. Mas que droga, Huggins!

O corredor foi tomado por uma saraivada de tiros. Natasha espiou e viu Bob voando como um foguete em sua direção, apavorado. Num movimento de agilidade e desespero, contorceu-se a tempo de fazer a curva e cair dentro da sala. Atrás dele caminhava um robô de mais de dois metros de altura, usando armadura vermelha e empunhando no peito o símbolo que havia visto há pouco.

— Eu juro que não liguei essa coisa — defendeu-se Bob.

— Revide com tudo que tem — exclamou ela.

Os tiros disparados por eles ricocheteavam na armadura resistente do robô sem causar nenhum dano. Conforme ia se aproximando, parecia que o chão tremia com mais intensidade. Com a munição que portavam, não teriam chance. Foi com terror que Bob viu o monstro metálico expandir um dos braços para um lançador de granadas. Em poucos segundos estaria pronto para disparar. Não havia tempo para pensar em mais nada. Bob virou-se para o lado, passou a mão pela cintura de sua companheira e correram rumo à única janela. Os propulsores se acionaram milésimos antes de estilhaçarem a embaçada vidraça. O ar gélido envolveu o corpo deles enquanto subiam até uma altura minimamente segura, depois voaram em linha reta, quase tocando o cume das árvores cobertas pelos flocos brancos.

O robô foi até a janela pronto para mirar no alvo voador que ainda ganhava altura. A mira estava quase travada quando uma voz feminina soou atrás dele:

krasnyy, okhotnik, vdova

A sequência de palavras fez o robô se desativar. A mulher de cabeleira loira presa em um coque apertado aproximou-se dele e alisou o corpo metálico, com seus olhos azuis cristalinos maravilhados. Na época em que esteve ativa não havia esse tipo de tecnologia. O máximo que as pessoas conseguiam pensar em avanço eram carros voadores. Maneou a cabeça, marcando seu rosto triangular com um sorriso presunçoso. Mas agora tudo estava diferente, mais moderno e mortal. Aqueles sim eram tempos bons para se viver.


Notas Finais


¹ Vermelho, caçador, viúva.
Quem será o/a duas caras? Isso é um trabalho para os melhores investigadores: vocês, leitores!
Tivemos também um retorno. Dica: essa pessoa tem a ver com o passado da Viúva Negra. Façam suas apostas!
Beijinhos invernais!


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