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História Immortal - Único - Alice Cullen: a sobrevivente;


Escrita por: GuidaCullen

Notas do Autor


↪ OIE, MEUS AMORES E AMORAS MAIS LINDOS DO SPIRIT! 💕
FELIZ ANO NOVO! 💫
. Espero que 2021 vos traga tudo o que há de bom nesse mundo!
E que sejam muito felizes!


↦ Acho que toda a gente sabe do meu amor por Twilight...
E a verdade é que sempre desejei escrever, marcar o mundo com uma estória da Alice Cullen.
Mas eu queria algo incrível, e diferente!
. Nunca achei uma história completa, ou tão focada da Alice...
E sempre sonhei com um outro final da guerra final entre Cullen's e Volturi's.

↠ E pois então, aqui estou eu!
SPIRIT, TOMA ESSA <3

↬ Spirit, se alguma vez você destacar alguma história minha...
[O MEU SONHO desde que aqui estou há quase 4 aninhos, muito feliz!]
...Por favor, que seja escolhido o destaque entre esse ícone!


↪ Espero do fundo do meu coração, conseguir fazer despertar em vocês o mesmo amor, a mesma admiração e o mesmo fascínio que essa personagem incrível, maravilhosa, linda, forte E PERFEITA da Alice Cullen desperta em mim desde a minha infância até agora, aos meus plenos 18 aninhos! >.<


ps. o trecho inicial é da música 'My Immortal de Evanescence.
ps2: um muito obrigada à @JikookUttedd pela capa simplesmente maravilinda <3


⋱💛 BOA LEITURA!

Capítulo 1 - Único - Alice Cullen: a sobrevivente;


 

 

 

   

Estou tão cansada de estar aqui 

Reprimida por todos os meus medos infantis 

E se você tiver que ir, eu desejo que você vá logo 

Pois sua presença ainda permanece aqui 

E isso não vai me deixar em paz... 

Essas feridas parecem não querer cicatrizar 

Essa dor é muito real 

Há simplesmente tantas coisas que o tempo não pode apagar...❞ 

 

 

                                                                                            ❦ 

Era mais uma noite chuvosa...  

E lá estava ela.  

A doce e triste menina, que, muito embora tivesse na adolescência, mais parecia uma bonequinha intocável e imutável de porcelana, possuidora de um corpo pequeno e aparentemente frágil, com pernas e bracinhos finos e esbeltos, cobertos por roupas simples, mas muito bonitas porquanto coloridas, umas mãos delicadas e de pele macia, e um rostinho que mais parecia, e lembrava, um puro anjo – de tão suave e pálida que a pele dela era, apenas rubra, ficando rosinha, nas suas bochechas que quase não se viam, apenas se vendo-as quando a menina corava, ou sorria, e era raro, ela sorrir, um nariz igualmente pequeno e levemente arrebitado, a testa franzina e branca como toda sua cor de pele, contrastando na perfeição com seus lábios carnudinhos e feitos perfeitamente e seus cabelos e olhos negros como carvão.  

Sem sombra de dúvidas, alguma, que aquela menina era inegavelmente linda; a figura mais similar e perfeita que se podia comparar a um anjo, ou, à princesa branca-de-neve, de tanta e de tão rara que era a sua beleza; e, não obstante, inegável – e triste, muito triste – era também que essa mesma menina era infeliz... 

Sentada no parapeito da janela de seu quarto, que se encontrava molhada em pequenas gotículas por causa da chuva de lá de fora, que a abatia, indiscreta, sorrateira, silenciosamente, a bela garota chorava, soluçando baixinho, sempre muito baixinho, para ninguém a ouvir, e sozinha, sempre sozinha, porque ninguém devia ouvi-la chorar, se lamuriar, se vitimizar, porque ninguém a ia ou podia ajudar, e porque ninguém sequer a iria entender e aceitar tal como ela era...  

Com a nuca encostada, quase como que, adormecida, encontrando um ultra mínimo conforto, e carinho naquela janela, imparcial e fria, mas não tão fria como as pessoas que conhecia – e sua própria família –, a baixinha se aliviava chorando, deixando lágrimas quentes e furtivas escorrem por sua face branquinha, queimando as bochechas rosadas da mesma, a afundando num mar de dor e de tristeza.  

Pobre menina... Tão novinha, e já sofrendo tanto... Sofrendo por rejeição. Sofrendo por discriminação. Sofrendo por ser diferente. Sofrendo, enfim, pelas bocas e pelos pensamentos julgadores de toda a gente que a conhecia, que a rodeava, seus colegas da escola, seus vizinhos, a mulher que vendia fruta no mercadinho ao lado de casa, e... sua própria família... Avós que a tratavam de forma estranha, e diferente; sua irmã mais nova, que tinha medo dela; pais que se envergonhavam da filha que tinham, que julgavam-na, assim como todos, de estranha, como uma anomalia no mundo... Uma aberração na terra... 

As lágrimas que saíam por seus olhinhos escuros e brilhantes, insistiam em fazer sua pele pálida ferver, caindo feroz e compulsivamente em suas bochechas rubras, pingando em seu nariz, descendo para seu queixo. E, olhando muito atentamente para o céu, para lá da janela e da paisagem nublosa e turva que agora pairava por detrás daquela película transparente, cobrindo o céu, como se o abraçando, e esmagando num abraço, a baixinha interrogava ao Senhor, Deus pai todo poderoso, ordenador dos céus e da terra, indubitavelmente bom e justo, o porquê de ela ser assim. 

– Porquê, Senhor...? Porque eu sou assim? Porque eu não sou como as outras garotas? – A menina continuava chorando, descontroladamente, com uma das suas pequenas mãos passeando, tateando o parapeito, um pouco húmido, da janela, e a outra, tocando seu peito, no lugar do coração, que batia, pulsava freneticamente, tão rápido, que qualquer pessoa que sentisse, um médico experiente, sobretudo, entraria em aflição, porque aquelas batidas cardíacas eram surreais, preocupantes, e ainda para uma moça tão jovem... Que já sofria de claros e gravíssimos ataques de ansiedade, surtos deploráveis, que a deixavam tão mal, mas tão mal, que seria capaz dessa dor, desse desespero, serem facilmente transponíveis para os nossos queridos leitores... Apertando sua mãozinha no blusão estilo hippie que usava, quentinho e de gola alta, tipicamente para a época em que estava – que por sinal, ela sempre gostara muito –, o inverno, a bonequinha da vida real, soluçou, uma última vez, antes de as suas lágrimas, enfim, se esfumarem, talvez cansando de tentarem, em vão, estragar aquele rostinho lindo. – Ninguém gosta de mim... 

O som da porta de madeira, maciça, rangendo, sendo aberta, fez a menina despertar de seu mundinho só e triste, perturbador e cheio de melancolia, mas que ainda, assim, mantinha bem debaixo de si, uma pitadinha de esperança, porque, mesmo vivendo um pesadelo, ela era mais doce, inocente e sonhadora que qualquer outra pessoa, e a garotinha se levantou, se ajeitando, ficando em pé, mas, não obstante, sem olhar para a pessoa que agora invadia seu quarto, enxugando ligeiramente e depressa com suas mãos seu rosto.  

 Alice... 

Alice tremeu.  

Raras eram as vezes em que sua irmã mais nova, Chyntia, ia até ela. Se aproximava. Nunca... Nunca por nunca elas tinham contacto, seus pais não deixavam, e a bem dizer, a mais velha julgava que a mais nova tinha medo dela... Quando se cruzavam, a mais nova sempre fugia, evitando contacto. À mesa, às refeições, únicos momentos em que os quatro se apresentavam juntos, como uma “família”, ela evitava de olhá-la. Chyntia não era nada parecida com ela, nem fisicamente sequer; ela era absolutamente “normal”, a filha “perfeita” de seus pais. Ao contrário da mais velha, que era sempre lembrada do quão anormal ela era. Sem se virar para encarar a mais nova, a bela jovem apertou suas mãos umas nas outras, controlando sua ansiedade e aniquilando quaisquer resquícios de choro, deixando a sua voz doce e fina sair o mais normal e firme possível.  

– C-Chyntia... Você precisa de alguma coisa? 

Embora não se conhecessem, assim como se duvidasse se alguém conhecia ou perdia seu tempo tentando conhecer a preciosa menina estranha, que tanto era julgada naquele mundo horrível, a mais velha nutria um carinho pela sua irmã mais nova, sempre nutrira. E, do fundo do coração, ficava feliz que ela fosse “normal” e amada. 

– Não... Eu... – A voz da menor saiu gaga, e a mesma que até então se atrevera a entrar uns milímetros depois da porta, agora dava discretos passos para trás, em direção à mesma. – É... Na verdade, eu só vim te dizer que os pais já estão prontos, te esperando lá em baixo, para você ir...  

A linda moça sorriu, um sorriso tão desesperador, que chegava a doer-lhe a face. 

Claro.  

O sanatório...  

Devia ser óbvio já para ela, que sua irmã, depois de tantos anos, não ia ali só para a abraçar, em despedida, e nem seus pais iriam aguentar até o dia seguinte, dia marcado, para a entregarem à tão falada clínica de reabilitação.  

A pobre menina assentiu, e foi a primeira vez naquele dia, e talvez, em tantos anos, que, quando a mais velha se voltou, girando seu corpo pequeno para a encarar, os olhares das duas se chocaram, mergulhando por segundos, preciosos segundos, na imensidade um do outro. Sem esperar, a bonequinha de porcelana foi pegar sua mala, que já se encontrava feita em cima da cama, triste e desesperadora, gritando para ela, e o que seria a única coisa que levaria de sua casa, de sua “família”.  

– Eu já vou...  

Chyntia concordou, toda envergonhada, e, se preparando para voltar para junto de seus pais, a esperando, rodou, já segurando a maçaneta da porta que separava aquela casa e aquela família do quarto da branquinha com cabelos escuros e da mesma, e, por alguma força maior, quem sabe, da natureza, a mesma, tomou coragem, para lhe falar. 

– Sabe... Talvez, você ainda vá a tempo.  

– A tempo do quê? – A maior a olhou fixamente, vendo-a toda tímida e receosa, brincando e apertando suas mãos uma nas outras, as deixando vermelhas, e doloridas. Talvez, essa era a única coisa, o único vício que as ligava, como irmãs. 

– De mudar... De se tornar uma pessoa normal... 

E foi aí que Alice teve que segurar-se ao máximo, para não chorar de novo, não na frente dela, não podia, não podia chorar na frente das pessoas, ela não podia, simplesmente; e se apressou a sair daquele quarto, daquela casa, com apenas uma malinha que ia consigo, sua única amiga no momento, provavelmente, as pessoas do sanatório também iriam odiá-la. Mesmo assim, respirou fundo, e, antes de sair, talvez em despedida, da sua irmã, ditou.  

– Esse é o problema. Eu não consigo mudar, e eu nunca serei uma pessoa normal. Porque eu não consigo controlar minhas visões, elas simplesmente vêm, e torturam a minha cabeça. E por isso, vou sempre prever o futuro. E vou sempre ser diferente e julgada de bruxa, de louca e de aberração, e odiada por tudo e por todos, sem as pessoas nem tentarem me conhecer, e não importa onde quer que eu vá, isso sempre vai acontecer...  

E assim, Alice se foi. 

                                                                                                   * 

– Qual é o nome dela? – Uma velha senhora, de vestimentas muito bem apresentáveis, inquiriu, olhando para a pobre garota, que se encontrava na porta do seu gabinete, acompanhada por um segurança daquele instituto, que a recebera, que, embora estivesse se contendo, se controlando para se manter forte, para não mostrar medo, mesmo que, por dentro, estivesse morrendo, nervosa, tímida, ansiosa e completamente desesperada.  

–  Mary Alice Brandon, senhora. – O homem, ainda jovem, aparentava ser, uma pessoa não tão má e julgadora, na cabecinha da pobre menina. Ele a recebera bem, apesar de não ter sido tão simpático, a bonequinha de porcelana julgava-o já boa pessoa, porque ninguém jamais fora simpático com ela, toda a gente a olhava diferente, com medo, ou com desprezo, como aquela senhora, e como quase toda a gente daquele instituto, funcionários e “doentes” iria fazer; e sim, ela sabia que isso ia acontecer; porque desde o momento em que pisara naquele portão de entrada, daquele sanatório, ela viu isso.  

– E qual a doença dela? – A velha senhora perguntou, nem um pouco interessada, claramente, ela só era mais uma diretora de um instituto reformatório, que ganhava dinheiro à custa das “doenças” mentais de pobres crianças, adultos, idosos, garantindo aos seus familiares a sua salvação.  

– Ela diz que vê coisas... E, segundo os pais, o que ela diz ver, acontece mesmo no futuro... – O homem que escondia a pobre menina parcialmente, que se encontrava atrás de seu corpo grande, forte e musculado, balbuciou, meio tonto, meio descrente, meio estranho; como todo o mundo assim reagia, se não pior; e, surpreendentemente, fez com que toda a atenção e interesse daquela senhora despertasse, deixando a velha curiosa, muito curiosa.  

– Isso... Isso não é possível. – Minerva, a velha e tão rica senhora daquele sanatório, olhou incrédula para Harry, e, de seguida, focou seus olhos na figura pequena, mas muito bonita, que se escondia atrás dele. – Isso é uma brincadeira sua, criança?  

– N-Não, senhora... – A menina murmurou, sem tirar os seus olhinhos cheios de medo do chão, se resguardando atrás do segurança. – Sequer é algo que eu possa controlar... Eu, simplesmente, vejo.  

– Você está louca, querida... – Minerva proferiu, num misto de choque e de desprezo. – Harry, leva essa criança para o último quarto do último piso. Não quero ninguém que seja utente daqui contactando com ela, e quero que todos os funcionários redobrem a sua atenção nela. – Vendo o homem pegar na mão da pequena, pronto para a levar, acatando ordens, a velha senhora fixou suas orbes no teto branco, depois deles saírem de seu escritório, sussurrando, inacreditável: – Essa garota não pode ser normal... 

                                                                                       * 

Os dias foram passando, naquele instituto cheio de pessoas... fora do comum.  

Desde o momento em que chegara ali, e literalmente fora colocada numa mais nova prisão, que se chamava de seu quarto atual, a pequena moça não tivera contacto com ninguém. Antes era assim, porque agora seria diferente? Mesmo os meninos, e meninas, pessoas como ela, que ali estavam também por serem considerados “doentes mentais”, buscando serem curados, pelos familiares, mesmo esses, a odiavam, ou a receavam. Até porque... A doença dela, era diferente da deles também. Na hora das refeições, única hora que a baixinha saía do quarto, e via o resto das pessoas daquele outro mundo, igualmente estranho, ao seu antigo e normal ao qual estava habituada, ela era a única que sempre comia sozinha. Ninguém se atrevia, a ver ou acompanhar. Como sempre, ela estava sozinha...  

Ela começava a pensar seriamente que toda a vida dela ia ser assim, nada mudaria. Esperança... Essa palavra que enchia o coração da pobre menina, para depois ser esmagada, e a dor, a tristeza, a solidão, a preencherem de novo, sem espaço para mais nada. Na sua mente, que, embora ingênua e inocente, tinha de muito inteligência e esperteza, a mesma julgava, começava a repetir a si mesma, para se interiorizar, que nunca ninguém ia ser amigo dela... Nunca ninguém ia gostar dela...  

Mas a coisinha pequena e bonita estava enganada.  

Havia, naquele instituto, um garoto, quase um homem, não, um homem, com seus plenos vinte e três anos – aparentes – que, assim como ela, era diferente, e, assim como ela, era solitário. A diferença, é que as pessoas dali, não odiavam ele; mas sim, o temiam. Esse jovem – e belo – homem, de cabelos absurdamente negros, ainda mais escuros que os dela, e brilhantes, impecavelmente bem cuidados e sempre iguais, olhos azuis, lindos, e intensos, e um corpo puramente grande e forte, estava de olho nela, desde a primeira vez que a vira, há uma semana atrás. Foi esse mesmo homem, e seu interesse extremo nela, que fizeram, que, na verdade, fez ele fazer, todas as pessoas daquele sanatório pararem de a olharem, de falarem dela, de fazerem tudo o que pudesse fazê-la sentir-se mal.   

E, curiosamente, embora ele fosse seu salvador, se declarando protetor daquela menina invulgar, e especial, muito especial, ele sabia, tinha a certeza, desde o primeiro dia em que a viu, desde o momento em que ela entrara ali; só uma semana depois, esse mesmo homem chegava ali, na mesinha vulgar onde ela comia, se aproximando, se sentando em frente dela, e iniciasse, assim, o seu contacto.  

– Olá, anjo. – Alice se assustou, o olhando, em frações de segundos, completamente tímida, corada, envergonhada e temerosa. O jovem sorriu, um sorriso que deixou as pessoas de ali, os curiosos, aqueles que falavam mal da menina estranha, antes do homem aparecer defendendo-a, de boca aberta. Ele nunca sorria ou era simpático, para ninguém. – Não se assusta, meu bem. Eu venho do bem. – A bonequinha de porcelana, o olhou, intrigada, relaxando um pouco com as suas palavras doces, nunca ninguém havia sido doce com ela, mas congelou, sentindo a mão forte e fria, extremamente fria, gelada, dele, tocando a dela. – Sou Stefan, e vou cuidar de você agora.   

Alice, por momentos, sorriu, ainda que confusa, assustada e surpresa.  

Stefan.  

Era o nome dele.  

O nome, não só daquele que viria a ser seu primeiro amigo. 

Mas, sobretudo, era o nome do jovem encantado por ela, primeira pessoa a reconhecer e se interessar por aquela menina preciosa, deveras especial, e, enfim, a estranha pessoa que iria mudar para sempre a vida da pequena Alice.  

                                                                                                * 

Stefan e Alice se tornaram em muito pouco tempo, uma espécie de melhores amigos.  

O belo homem de cabelos negros e de olhos azuis, era louco por aquela menina, e sua proteção para com ela sempre se evidenciava. Graças a esse sentimento tão forte de afeto, que o mais velho nutria pela pequena, todos os utentes daquele sanatório, e, inclusive, os funcionários e a diretora, começaram a tratá-la... Melhor. De forma mais normal. Ou, pelo menos, escondendo a indiferença e o desprezo.  

O lugar favorito de Alice havia tido seu título nascido e quem o apresentara fora Stefan.  

E todas as tardes, de cada dia, os dois iam para ali, conversando, ou simplesmente, com Alice ouvindo histórias magníficas, e estranhas, contadas por Stefan.  

Era um belo jardim, preenchido pelas mais lindas e diversificadas flores que lhe enchiam e davam vida, que existia naquele instituto reformador, escondido de tudo e de todos. Stefan conhecia-o, assim como conhecia tudo, e todos naquele sanatório. Ele não era só temido e respeitado, por todos, ali; ele era diferente, mas bem diferente daquelas pessoas, inclusive, do seu anjo terrestre... Na verdade, ele não tinha qualquer tipo de doença. Ele não precisava de estar ali. Mas ele estava, num ideal de defesa que as pessoas dali não sabiam com o que o haviam de identificar, se como utente, se como um funcionário, e por isso, optavam por o tratar como se ele fosse um funcionário daquela espécie de hospital psiquiátrico, porque aquele lugar de loucos era seu refúgio, seu esconderijo, o falso álibi de sua sem identidade.  

A verdade, era que Stefan não era uma pessoa normal.  

Nem sequer, humana... 

Stefan era um vampiro.  

E, ele, simplesmente não hesitou em salvá-la, em curar sua preciosidade, quando meses depois ela adoeceu. Tudo sucedeu depressa demais, sem explicação alguma. Nem fazendo um ano que a pobre menina se encontrava ali, naquele infernal e louco sanatório, e apenas fazendo cinco meses desde que se conheceram, os médicos dali, que vigiavam e analisavam “a doença” rara da pequena, detetaram nela cancro.  

Leucemia... 

Era certo que Alice sempre tivera uma saúde frágil, sendo vítima de vários e intensos surtos psicóticos, muito devido ao que os mortais em séculos futuros chamariam de depressão, pelos maus tratos psicológicos, e, acima de tudo, muito talvez pela elevada carga emocional e psíquica que a mesma era obrigada a carregar, devido às suas torturosas, insanas e irregulares visões, mas, mesmo assim, ninguém poderia imaginar isso. Esse cancro se apresentou surrealmente como muito avançado. Os médicos foram claros: Alice tinha apenas meses. Meros e escassos meses de vida.  

E, com isso, com essa fatalização, Stefan não esperou muito mais tempo do que o terceiro mês poderia dar, ou não. Ao último dia do segundo mês de tratamentos que não estavam dando quaisquer resquícios de funcionamento, o moreno tomou, enfim, a decisão. A decisão terrível de a curar, de transformá-la, de mudar radicalmente a sua vida, e, por consequência, ter de deixá-la... E isso era o que mais lhe doía, na alma, porque vampiros não têm coração. 

Stefan não queria fazer isso com ela, e muito menos deixar a única pessoa que ele decidira conhecer, depois de tantos anos sofrendo e “vivendo” sozinho naquele mundo, a única pessoa que tocara seu coração, se é que se podia chamar assim, a única pessoa que, em séculos, dera sentido à sua existência e a única pessoa que ele podia pensar que amava. 

Ele não queria, mas precisava fazer isso. Precisava salvar o seu anjo da terra. Ela era tão jovem e tinha tanto para viver, tanto para dar ao mundo com sua raridade... Ela não podia morrer e ele não podia a perder. Porque ela era especial demais para isso... E não havia outra solução naquele mundo de merda, que era o dos humanos. 

Ele iria transformá-la.  

E foi isso mesmo que aconteceu.  

Nessa mesma noite, depois de ter esperado e assegurado que todo o mundo daquele sanatório estava dormindo, ele foi até ao quarto de sua protegida. Alice dormia suave e serenamente, transmitindo sua peculiar doçura e paz como sempre, como o anjo que ela era, e, por momentos, ele se viu sem coragem, para o fazer. Não obstante, foi só lembrar aquela maldita doença e a possibilidade de ela se ir, que, determinado, ele o fez.  

Com seu rosto aproximado do dela perigosamente, e com sua boca agora sedenta e assassina colada no pescoço de pele branquinha e macia de seu anjo, já com seus dentes afiados e saltitantes raspando na carne tenrinha da mesma, Stefan sussurrou, sua respiração fria e agoniante tocando aquele rostinho lindo e inocente, que muito provavelmente nunca mais iria ver, ditando suas últimas palavras, como se despedindo, ou se desculpando, talvez as duas coisas, antes de cravar seus dentes em seu pescoço, a mordendo, e se preparando para a levar para um lugar bem longe dali, bem longe dos humanos, bem longe daquele odioso sanatório, bem longe da sua família de merda, e... bem longe dele. 

– Desculpe-me, anjo. Mas eu não posso te deixar morrer... Você... É demasiado importante... E especial. E tenho certeza que vai ser absurdamente disputada, se suas visões se tornarem seu poder pelo mundo vampiro... – Stefan, depois de o fazer, pegou-a ao colo, cuidadosamente, como se de algo muito valioso e quebrável de tratasse, e, com sua velocidade vampírica, absurda, levou-a para um lugar muito longíquo dali, se preparando para a deixar. Beijando levemente seu pescoço, a tal região que dava marco a toda transformação, e tocando por uma última vez seu lindo rosto, sorriu: – Espero, sinceramente, que encontre finalmente sua felicidade, e que, por favor, se lembrando de mim, entenda o motivo de eu ter de fazer isso... Porque, tenha certeza, minha Alice, que tudo o que fiz por você foi para o seu bem, porque você deu sentido à minha existência... E eu nunca vou te esquecer, querida, e sempre, estarei cuidando de você.  

E, depois, Stefan desapareceu... 

                                                                                       ❦ 

Mas... Não foi bem isso que aconteceu. 

Após a transformação se completar, Alice acordou. 

E, anormalmente, sem se lembrar de nada... 

Ninguém saberia explicar isso. Todos os vampiros se lembravam do seu passado, após serem transformados. E, mais uma vez, a pequena, que agora havia mudado ligeiramente fisicamente, ficando com seus olhos dourados, e sua pele, que já era branca como a neve, havia se tornado ainda mais pálida, como cal, deixando ainda mais um ar mais angelical, de pura perfeição, ser diferente. Era inexplicável que todos os vampiros soubessem do seu passado e ela, simplesmente, não se lembrava de nada... 

Não se lembrava de nada, e estava sozinha. 

Novamente, Alice se encontrava sozinha, e completamente perdida, numa enorme e labiríntica floresta.  

Sentindo-se diferente, com seu corpo estranhado e uma sede enorme na boca, ela quis chorar. Não conhecia aquele lugar. Não sabia onde estava. Não sabia quem era. Não sabia o que fazer e sequer, para onde ir. Não tinha ninguém...  

Se assustou imenso quando, mais tarde, encontrou um vidro partido em formato e utilidade de espelho no chão, e viu, pela primeira vez, sua aparência e quando viu seus dentes afiados... Gritou, e aí, aí chorou. Chorou se vendo, e chorou porque de repente, fora atacada por uma série de imagens em seu cabeça, revelando uma figura pequena feminina, semelhante a uma fada, morder um casal adulto, com uma pequena filha, nessa mesma floresta onde ela se encontrava, os machucando, ouvindo seus gemidos de dor e de desespero enquanto ela bebia seu sangue, como se alimentando-se.  

Agoniada e assustada, consigo mesma, com o que via, Alice se encolheu toda na terra seca e acastanhada, claramente suja e natural, sujando suas roupas estranhas, abraçando seus joelhos, suas pernas, e ali ficou, cheia de medo, cheia de dúvidas, cheia de incertezas.  

E ali ficou. 

Durante seis meses, mais ó menos. 

Vivendo, ou sobrevivendo? Talvez sobrevivendo, talvez nenhum dos dois.  

Vagueando por um lugar desconhecido, sozinha, como se no mundo cheio de segredos em que a mesma parecia viver, se alimentando do que encontrava nessa floresta, se auto controlando, sim, ela se auto controlava sozinha, face a sua sede, e genética nova natural que era beber sangue humano, não mordendo nenhuma pessoa da sua antiga espécie, desde que acordara perdida em sua transformação, era comos se a pequena fada, vampira, fosse uma inofensiva e inocente indígena, perdida num mundo completamente diferente, não sabendo se era o dela, se não era, não sabendo sequer de onde ela era ou viera.  

A única arma que tinha, e sua única certeza, eram suas visões. 

E, mesmo sobre elas, não tinha controlo absoluto; sabia que as tinha, sabia que elas eram a única coisa que ela tinha, e que a distinguia do resto do mundo, o raro resto do mundo com quem ela se encontrava, quando eles iam ao seu encontro, ou melhor, visitar a floresta, que era lindíssima por sinal; mas, mesmo assim, mesmo sobre suas visões Alice não tinha controle total, exatamente porque elas eram incertas; constantes sim, mas sempre irregulares. Elas simplesmente surgiam, com frequência, mas de forma inesperada, sempre diferentes, sempre estranhas, sempre intensas e perturbadoras... 

E assim vivia, assim permaneceu, se adaptando, sempre se adaptando ao incerto; ela mesmo sendo o incerto, sempre se questionando, e sempre esperando melhor; era incrível como aquela fadinha sempre fora otimista e doce, com ou sem o saber. Sempre sobrevivendo e tendo de lidar com suas visões, e os surtos emocionais e psicóticos que com elas surgiam.  

Até um dia. 

Até Alice ver Jasper. 

E esperar para o seu encontro com ele, com aquele homem que não conhecia, ainda, mas que sabia que iria ser muito importante para ela, porque ela assim o via, e aquele tão esperado, por si, encontro com ele, iria fazer sua vida dar um giro de trecentos e sesenta graus.  

                                                                                            * 

Finalmente, chegara a hora. 

Alice estava toda feliz, e saltitante. 

Ela iria conhecer Jasper, ali, naquele tradicional e típico café, com uma decoração tão bonita que deixara a jovem vampira encantada, e os senhores, donos do café, eram tão simpáticos, e gostaram dela! Ela sorria, ela estava sorrindo, verdadeiramente, pela primeira vez, desde sempre. Por fim, ela iria ser feliz. Começar uma vida, ao lado de Jasper, e, juntos, eles iam conhecer os Cullen, e iam todos ser uma família. Ela tinha visto isso recentemente. Ela tinha tido visões deles os dois juntos, encontrando aquele clã, e, desde aí, vendo todos os membros, sete membros, com ela, juntos e unidos, em momentos “familiares”, e, aí, a pequena vampira associou a palavra família a Jasper, aos Cullen, à sua futura felicidade e identidade.  

Despertando de seus devaneios e de seu mundo interior tão intenso em que vivia, a baixinha virou seu rosto para a porta de entrada daquele café, ao escutar o sininho junto da porta, anunciando a sua chegada.  

Sem pensar, Alice se jogou nos braços do jovem homem, loiro e soldado sobrevivente da guerra civil, vampiro como ela, o deixando sem reação, literalmente sem saber o que seus braços fortes e de pele igualmente branca como a dela deviam fazer, face aquele... abraço? Inesperado. Por sorte, a vampirinha se segurava bem no pescoço dele, devidamente agarrado com seus braços finos e pequenos, enquanto ela sorria imensamente. 

Jasper piscava os olhos, atordoado. Mas, vendo que ela não o soltava, e sentindo todos os sentimentos dela, porque, esse era o seu poder, controlar e sentir as emoções de outrens... E... Por Deus! As emoções vindas daquela garota eram tão intensas, tão avassaladoras, e... tão boas. Ele sentia a alegria e a pureza de um sentimento tão bom e forte, vindo dela. E, instantaneamente, ele sentiu-se estranho, um estranho de modo positivo.  

Será que ela estava o confundindo com outro? Um outro alguém que ela estava esperando, á muito tempo, e por quem ela nutria um carinho imenso, ele sentia. Ele sentia e, de repente, sem saber porquê, sentiu um aperto no seu coração congelado. Mesmo sem a conhecer, de lado algum, ele conseguia detetar nela algo de muito especial.  

Ela tinha os sentimentos mais bonitos que Jasper alguma vez sentiu nas pessoas. 

O jovem soldado e cavaleiro natural de Texas, viu-se, instantaneamente a abraçar a cintura fina da pequena garota, rodeando-a e segurando-a no ar com seus braços fortes. E, quando, enfim, a pousou no solo terreno, e pela primeira vez, teve oportunidade de olhar para ela, deparando-se com seu rosto absurdamente angelical, ele se viu preso naquela beleza surreal, e, na profundidade de seus olhos dourados e brilhantes. 

– Até que fim te encontrei, Jasper. – Alice exclamou, mostrando seu lindo e gigante sorriso, dirigido a ele, fazendo o jovem homem, também, recém-nascido no mundo vampiro, desviar a rota de seus olhos vermelhos ardentes e assassinos dos olhos dourados dela, para descerem e focarem-se, agora, em seus lábios carnudos e formadores do sorriso mais bonito, doce e genuíno que ele jamais vira, arfando surpreso. Como ela sabia o seu nome? De onde ela o conhecia? Poderia ele ser o sortudo e tão esperado homem da vida daquela garota que mais parecia um anjo? – Você me fez esperar por muito tempo! 

Jasper a olhou, deveras surpreso.  

Impactado.  

E, de seguida, viu aquela figura pequena e frágil, que havia desgrudado de seu corpo e posto termo aquele abraço de urso, ao único abraço que ele recebera em toda a sua vida desde que se tornara um vampiro, pegar sua mão e o guiar até uma das mesinhas daquele acolhedor café, o fazendo sentar e depois, ela mesmo sentar em sua frente.  

Rapidamente, os donos do café, que até então estavam os dois babando pela sua menina, que acabaram de conhecer, mas por quem nutriram de imediato uma empatia tremenda, se aprontaram a irem preparar dois cafés quentinhos e bolachas de chocolate, para o mais recente casalinho que havia ali no seu estabelecimento, na inocência de que eles iriam gostar, era a especialidade da casa. 

– Não se preocupa, Jasper. – E, ainda sorrindo largamente, numa doçura que estava deixando o loiro extremamente admirado, Alice tocou sua mão, num gesto carinhoso. – Eu vou te contar tudo, antes da gente ir de encontro aos Cullen.   

E assim foi.  

Os senhores queridos do café vieram pouco tempo depois, lhes oferecerem a especialidade da casa, deixando o loiro em pânico, ao ver comida normal, e uma fadinha rindo baixinho.  

– Não precisa de comer isso, também. Eu posso comer sozinha, por mim e por você. – Exclamou ela, sendo adorável. – Eu sei que você ainda tem dificuldades com a vida vegetariana, por culpa de seu passado recente, mas eu sei que daqui a algum tempo, você vai aprender e eu vou estar aqui te ajudando.  

– Como você sabe de tudo isso? – Jasper, enfim, perguntou, permitindo a Alice ouvir sua voz melodiosamente rouca pela primeira vez, enquanto ele penetrava a cada segundo que passava suas orbes vermelhas e escuras nas dela. – E quem são os Cullen.  

– O meu poder é ver o futuro. – Ela sussurrou baixinho, para apenas a supra audição deles ter capacidade de ouvir tal preciosidade, deixando-o ainda mais em estado de choque. – E eu vi você e os Cullen comigo. Eu e você seremos um casal e a nossa família serão eles.  

Face à incredulidade e ao choque do loiro, Alice continuou, agora, estendendo-lhe uma de suas mãos, como que incentivando-o a tocar nela e ver a magia acontecer:  

– Pode tocar em minha mão, e tentar ver... Descobri recentemente, na verdade, vi – ela deu um risinho – que o Edward vai ser a pessoa que mais adorará ver o que eu vejo, tocando minhas mãos. Embora, ele não precise, já que lerá meus pensamentos.  

Ela deu de ombros, sorrindo outra vez.  

– Quem é Edward? – Jasper inquiriu, de sobrancelha franzida, enfim, cedendo ao convite, e tocando, acolhendo as mãos pequenas e de pele macia dela nas suas grandes e frias, relutoso, com medo de a machucar, o que viria a se tornar um de seus maiores medos, Alice sabia porque também já vira.  

– Meu irmão favorito! Mas não conta nada para o Emmett, porque ele vai ser muito ciumento com isso! – Ela soltou uma risada doce, deixando-o mais pensativo ainda, agora concentrado nas mãos frágeis dela, determinado a tentar ver o que ela via. Porque a verdade era que ele precisava desesperadamente de saber, de ver, que tudo aquilo era verdade. 

E ele viu, realmente, e comprovou, com seus próprios olhos, que tudo o que Alice estava falando era a mais pura verdade, e que tudo ia acontecer muito em breve.  

O primeiro passo, estava realizado. Jasper e ela já se tinham acabado de conhecer e ele já sabia toda a verdade, reagindo, relativamente, muito bem por sinal, a ela – tal e qual como suas visões lhe haviam pré-mostrado. Agora, faltava ela ir também conquistar a sua família. E Alice não podia estar mais radiante e ansiosa. 

Estava na hora de conhecer os Cullen.  

                                                                                        * 

A cidade de Forks era tão linda quanto as visões de Alice lhe haviam pré-mostrado.  

Nevava tanto, ali...  

Era algo extremamente incrível aos olhos da jovem vampira dona de um poder precioso. Alice jamais vira aquilo em sua vida. 

Neve. Era muito bonita, realmente.  

Pisando a terra húmida com suas botas de tacão, pretas, mas que brilhavam com aquela clareza temporal, em meio a tanto nevoeiro, a mesma se preparava para se direcionar até à porta daquela casa enorme e de uma arquitetura tão admirável, bela e repleta de matérias-prima naturais, que seria, a partir daí, a sua casa.  

Suspirando e se encostando à porta, com o seu amado atrás dela, esperando seus próximos passos, a seguindo fielmente como se, em horas, já ela conquistasse sua plena confiança, a menina de olhos dourados levou uma de suas mãos até à porta, dando umas três pancadinhas. 

E, do lado interior, surgiu imediatamente uma figura, abrindo a porta, uma figura que era o completo oposto, fisicamente, da fadinha, de tão alto, forte, cheio de músculos, um porte magnificamente robusto, talvez, o próprio descendente de Hulk.  

Emmett.  

Emmett, ao abrir a porta, e se deparando com aquele corpo tão pequeno, aparentemente tão frágil, de uma mera criança, tomou um leve susto. E, ao ouvir ela pronunciando seu nome, enquanto lhe abençoava com um sorriso gigante, e muito bonito, por sinal; arregalou os seus olhos, tão dourados quanto os dela, pelo estilo de vida vegetariano que a sua ‘família’ levava, e soltou um puta que pariu incrédulo.  

E, de seguida, sem pensar, gritou pelo seu, até então, único irmão. 

– Edward! – Seu grito, que mais parecia um rugido, soou tão, mas tão alto, que chamou a atenção não só do seu irmão adotivo, como de seu pai, que até aí, se entretiam conversando na espaçosa e acolhedora sala que o interior daquela mansão possuía.  

Rapidamente, Edward e Carlisle se aposentaram do lado do gigante da família, focando as orbes douradas na pequena figura feminina que agora viam, pela primeira vez em todos os seus anos, séculos, de vida.  

– Essa nanica... – Emmett voltou a tomar a palavra, em choque. – Essa baixinha aí sabe meu nome... Ela sabe de nós. 

– Não só sei, bobão. Eu, e Jasper, faremos parte da vossa, nossa, família. – A bela e pequena vampira estendeu ainda mais seu sorriso, se é que isso era possível, enquanto olhava os membros masculinos de sua futura família. Carlisle, seu pai. Emmett, seu irmão do meio, aquele que iria a atormentar, o mesmo que iria ter como hobby favorito a provocar. E Edward, seu irmão mais velho, e o seu favorito. – Muito prazer, eu sou Alice Cullen! 

Jasper, que até ao momento fora despercibido, não sendo notado por nenhum, agora se via alvo de olhares impactados e curiosos dos tais Cullen que Alice lhe falara há algumas horas apenas quando se conheceram.  

Não obstante, após segundos o checando, os olhos dos três homens mais velhos da casa focaram plenamente na garota. Carlisle, o verdadeiro anfitrião do seu clã, da sua família, a olhava num misto de surpresa, atenção e admiração. Ela parecia tão... adorável. Podia, claramente, ser sua filha, seu instinto paterno dizia-lhe, já afetado pela doçura dela. Já Edward, se perdia em pensamentos... Nos pensamentos dela. Ele conseguia ler. Conseguia, e estava, lendo-os. Lendo os pensamento dela. Ela estava muito certa do que falava...  

Sempre inteligente, mas igualmente sempre cauteloso, Edward não esperou muito tempo, para pedir a Alice suas mãos.  

– Será que eu posso... tentar ver? – Ele perguntou, gentilmente, e, sem nem pensar, ela lhe cedeu o pedido. Ela já tinha visto isso também. E, acima de tudo, mesmo que parecesse um completo absurdo, mesmo sem o conhecer, Alice já confiava completamente em Edward.  

– Ver o quê, porra? – Emmett, resmungou, sem perceber o que estava acontecendo.  

– Porque não entramos para casa? – Carlisle deu um simples sorriso, convidativo, olhando para todos os lados receando alguém os ver. – Estejam à vontade... Alice... E, Jasper.  

E, com isso, os cinco entraram naquela casa.  

Alice olhava tudo, maravilhada. E, enquanto isso, os futuros quatro homens da sua vida apenas a olhavam, deveras surpreendidos. Nisso, estavam em pé de igualdade. Era o primeiro dia, para os quatro, que a viam, e estavam a conhecendo. E, ainda sem saberem quase nada sobre ela, os quatro homens já haviam notado e anotado duas coisas importantes: Alice era um furacão. E Alice tinha algo de muito, mas muito, especial. 

Eles se dirigiram até à grande sala, e Edward pegou as mãos de Alice, a convidando a se sentar com ele no comprido sofá que, curiosamente, era grande o suficiente para sete pessoas, como se estivesse contando com Alice e Jasper, ansioso por ver com os seus próprios olhos o que os pensamentos dela lhe diziam revelarem ver.  

Sentados frente a frente, com Edward tomando para si, as segurando, as mãos pequenas e frias, de pele macia, de Alice, enquanto olhava profundamente para a mesma, foi aí, pois então, que a magia aconteceu.   

 

– Meu nome é Alice Cullen! 

Alice se apresentava, sorrindo docemente, a ele e a Emmett e Carlisle, depois do seu irmão haver gritado seu nome, histericamente, e feito ele e seu pai adotivo verem o que ele via, na porta, lhes presenteando com um sorriso enorme e adorável, se apresentando como o novo membro da sua família, anunciando sua chegada, e a chegada de Jasper, agora eles reparavam no homem loiro, de olhos vermelhos sangue, que se encontrava atrás dela, e que ela apresentava como seu companheiro. 

 

Edward piscou os olhos, atordoado, vendo o que há segundos acontecera... 

Sem ter tempo de raciocinar, fora invadido por outra espécie de visão, vindas da cabeça de Alice que agora fechava os olhos com força, enquanto ele segurava com ainda mais firmeza suas mãos, com medo de as largar, de as deixar fugir, elas eram preciosas demais, o único meio de ele ver o que se passava na cabeça daquela vampira que aos seus olhos mais parecia uma fadinha. 

 

– Quem é ela? – Rosalie, perguntava, enquanto descia agora as escadas, se segurando no corrimão, e lançava uma expressão facial curiosa e tediosa, como uma barbie, uma barbie anti felicidade. Rosalie era assim, Alice tinha visto, fria e quase nunca sorria. Com um passado obscuro e traumatizante que ela nunca contava a ninguém, nem aos Cullen, a sua única família.  

Rosalie encarava seu irmão adotivo segurando as mãos daquela desconhecida, que agora estava sentada no sofá com ele, seriamente. E, depois, olhando para Jasper, franziu o cenho. Quem diabos eram aqueles dois? O que estava acontecendo? 

– Pois... – Emmett, companheiro da loira, se prontificou a responder. – Ela diz que faz parte, ou vai fazer parte, da nossa família, ursinha. E esse... – Continuou, agora olhando de soslaio para o loiro desconhecido, não contendo um riso sarcástico, típico dele: – Ao que parece, é o companheiro dela. Ela que falou. Mas... Pela cara dele, acho que é novidade para ele também.  

A loira ficou ainda mais confusa, e um mar de perguntas rodeou a sua cabeça.  

– Isso tudo é muito estranho... – Rosalie retrucou, com o nariz empinado. – Eles não parecem confiáveis. 

– Você desconfia de todo o mundo, minha filha. – Do nada, Esme apareceu, surgindo pela janela, acabando de chegar, ao que parecia, de uma caça. Se aproximando, e vendo aquele par tão bonito e desconhecido, não conseguiu conter o sorriso. Vendo Alice, seu coração de gelo ganhou vida. – Que coisa mais fofa... – A matriarca da família sorriu, encantada. Completamente enternecida. – Carlisle... Eles são nossos filhos? Você os encontrou? 

– Não, querida. –  Carlisle enfim, quebrou o mistério. – Foi a Alice que nos encontrou. 

Jasper, enfim, também, abriu a boca, pela primeira vez ali, se fazendo notar. 

– A Alice também me encontrou, hoje... – O homem loiro sussurrou, assustando Esme pelos seus olhos vermelhos... Assassino... – E depois... Ela disse que eu era o companheiro dela. E que vocês seriam a nossa família. E tudo isso é verdade. Ela viu, e eu sei que ela viu. Porque ela me mostrou. Assim como ela está mostrando a ele, nesse preciso momento. 

Apontando para Edward, e sem tirar o seu olhar de Alice, Jasper deixou todos os Cullen boquiabertos, cada vez mais curiosos, cada vez mais surpreendidos. Ela viu... ela viu. Todos se interrogavam mas ninguém abria a boca, exceto, Emmett. 

– Mas ela viu o quê, caralho? 

 

Como se acordando de um transe profundo, Edward deixou as mãos de Alice, abrutamente, se livrando, se desligando, daquela mente dela, que o acabara de perturbar imenso, lhe dando a honra de ser o primeiro a se dar conta de uma coisa extraordinária, fora do normal. Preciosidade... Alice era preciosa demais, e o poder dela era tão raro... Alice possuía em si, tinha em suas mãos, o fim e o início de tudo.  

Edward sorriu, absolutamente fascinado. 

– O futuro.  

E, por fim, ditou à família, os deixando igualmente chocados e maravilhados.  

– O poder da Alice é ver o futuro. Ela e Jasper vão fazer parte da nossa família. 

                                                                                            ❦ 

Volterra. 

A terra da última dinastia do século vinte. Onde habitava o vampiro mais poderoso, ou, pelo menos, julgado assim, jamais existente.  

E não era por ele ser o mais poderoso vampiro. Mas sim, porque, era ele o líder, o pai, o dominador dos vampiros mais poderosos daquele mundo sobrenatural. 

O maquiavélico e sem limites rei das crianças, dos adolescentes, enfim, de todos aqueles vampiros recém-criados por ele mesmo, com poderes especiais.  

Com os poderes deles todos juntos, ele dominava o mundo. Ganhava todas as batalhas que ele mesmo provocava.  

Ele não perdia um vampiro especial. Todos fariam parte do seu exército. Todos os bons. Todos os especiais, ficariam do seu lado, sim ou sim. Nem que, para isso, milhares de pessoas morressem, guerras e mais guerras fossem abertas e levadas até à exaustão.  

Seria tão bom algum vampiro do seu clã conseguisse prever os sucedidos na guerra... Conseguintemente, ele ganharia todas as batalhas... Sempre! 

Alguém que tivesse a capacidade de ver o futuro, talvez... Se essa pessoa existisse, Aro jamais a deixaria escapar.  

Era o seu sonho. Ter o mundo, ter o futuro, nas suas mãos.  

Quem era ele? O rei do tão poderoso e temido clã Volturi. 

Aro Volturi. 

                                                                                            * 

Plim, plim, plim. 

A bola de cristal do jovem vampiro brilhava. 

Era um sinal. Um sinal de que algo estava acontecendo de especial, e importante, muito importante, na casa dos Cullen. 

Arthur suspirou.  

Precisava de informar Aro. E depois, ele faria o que quisesse com a informação.  

Apagando com as suas mãos frias a bola de cristal na qual apenas ele conseguia ver, vigiar o mundo à volta daquele castelo enorme e sombrio, cheio de assassinos, como ele, o garoto de olhos vermelhos sangue, alto e de cabelos mais brancos do que a neve, saiu do seu quarto, o último do último andar daquele castelo, com suas vestes pretas cobrindo seu corpo por inteiro, lavando o chão, marcando território, potência.  

Chegando celeremente ao conselho vampiro do seu clã, que evidentemente ficava no topo, na torre principal daquele castelo, centrado ao meio, no meio de tudo e de todos, dominando tudo e a todos. Sem pedir licença, este abriu a porta se encontrando com seu anfitrião e criador, vendo-o acompanhado dos seus fiéis e cachorrentos membros da corte, do estado, uma espécie de líderes, em segundo grau, do maior clã vampírico de sempre, igualmente assombradores, igualmente poderosos, igualmente ridículos: Caius e Marcus.  

Quando Aro pousou seus olhos nos do seu filho favorito, mas que, curiosamente, era seu filho escondido também, ele se levantou de seu trono, sorrindo largamente. Um sorriso sarcástico, frio, sempre falsificado e arrasador. 

–  Arthur! Meu querido. – Aro exclamou, abrindo os braços, e esperando sua vénia. – O que faz por aqui? – A voz saiu autoritária, e curiosa. Arthur era o atípico filho que Aro escondia de tudo e de todos. Ele vivia escondido em sua habitação particular daquele castelo. O seu poder não era o dom da invisibilidade, esse era na verdade, o poder de Mia, curiosamente uma das crianças que o garoto de cabelos brancos gostava, sendo que, ele era mais um coração de gelo, mais um Volturi assassino e sem piedade, e, não obstante, era Arthur o invisível, daquele tão famoso e temido clã.  

– Os Cullen têm dois novos membros no seu clã. – Arthur foi direto, como sempre. – E ao que parece, um desses novos membros é muito especial... – Os olhos do chefe do clã brilharam, expectantes, o obrigando a continuar: – Trata-se de uma garota. Vampira. Ela e mais um homem chegaram hoje mesmo nos Cullen e eu vi todos muito admirados, olhando para ela. Sobretudo o Edward...  

Aro soltou uma espécie de gemido de satisfação, rindo, a ansiedade o corroendo. 

– Não me diga! – E, de entre tantas questões que trataria de responder a si mesmo, inquiriu, com um interesse já nela extremamente interessado. – Você sabe o nome dela? 

– Alice. – Arthur escondeu um sorrisinho, vendo a excitação nos olhos de Aro. Sabia que, se se comprovasse que ela era especial, Aro iria desejar tê-la ao seu lado – só não contava que fosse tanto... E mais uma guerra seria possivelmente declarada. E mais uma vez, Arthur seria dos únicos a assistir de bandeja, sem se machucar, sem matar ninguém, apenas se deliciando com o show e o sangue dos outros. – Ela é Alice Cullen.  

Sem perder tempo, quase que rindo de entusiasmo, de excitação, de sede de a conhecer, Aro se prontificou a chamar um de seus melhores guardas, Demetri, que logo entrou na sede do seu clã, com uma reverência, em cumprimento, aos serviços do seu mestre. 

– Demetri! – Aro profetizou, sorrindo e, de seguida, ditou sua nova ordem, a mais importante a partir daquele momento, ao loiro. – Eu quero que você vá até aos Cullen e fique de olho em Alice. Quero saber tudo sobre ela. Quero saber qual o poder dela! E quero saber quem é ela. Você vai ser meus olhos e ouvidos e, quando voltar, vai me trazer o máximo, o possível e o impossível de informações sobre ela.  

Demetri assentiu, e, sem mais, partiu para sua missão. 

                                                                                          * 

Um dos mais novos e confiáveis guardas de Aro ficou perplexo chegando na sua missão... 

Realmente, era verdade. Os Cullen tinham dois novos membros em sua família. E a jovem vampira que tão fora mencionada em tão pouco tempo, e que despertara um súbito interesse no seu anfitrião, era, estupidamente incrível... 

Os dias foram passando e Demetri cedo reparou em como a casa, a família Cullen ganhara uma nova vida, uma nova dinâmica.  

Enfim, a família Cullen parecia uma real família.  

Todos estavam rendidos a Alice. Carlisle e Esme pareciam que a viam como a luz dos seus olhos, a verdadeira filha deles, como se, enfim, ela tivesse sido feita para saciar o seu tão desejo antigo de serem pais. Rosalie, que até então, só se mostrava minimamente simpática com o seu companheiro, parecia também, ter-lhe nascido uma sensibilidade efetiva para com a mais pequena – fisicamente... Demetri ainda estava tentando entender a relação entre Alice e Edward e a sua absurda ligação telepática. Edward se comportava como se fosse mesmo irmão mais velho dela. Emmett, rendera-se à sua doçura e agora, se via obrigado a ir com Alice duas vezes por semana ao shopping; ao que parecia, Alice fora atingida por um amor: moda. E Demetri podia claramente anuir que ela tinha bom gosto, sempre estava bem bonita. Na verdade, Demetri tinha achado Alice extremamente atraente, e esse era o motivo dele se perder, às vezes, num dilema...  

Contar ao Aro tudo sobre ela? 

Não contar tudo sobre ela, manobrando informações, ao seu rei? 

Isso sequer, estava em hipótese na sua mesa. Um único passo, e ele seria mandado decapitar a sua cabeça. Aro não tinha piedade. E... Ele sabia que Aro ia enlouquecer sabendo da existência de Alice e da sua preciosidade...  

O poder dela é ver o futuro. Repetia, em sua mente.  

O sonho de Aro. O desejo mais intenso do mesmo, era ter um vampiro assim, do seu lado.  

E esse vampiro existia, agora, por fim, depois de séculos e mais séculos de existência do clã Volturi, o maior clã – e mais antigo... – vampírico de sempre. E esse vampiro era uma ela. De corpo pequeno, mas com as curvas perfeitas. Rosto de um anjo. Cheia de vida, como se fosse a encarnação da própria, como se, enfim, não passasse de uma mera e inocente humana. Inteligente, doce e forte – Demetri já tivera a oportunidade de a ver brincando de luta com Emmett e o que parecia ser o seu companheiro, Jasper – um homem loiro, antigo vampiro assassino e soldado num exército em humano, cujo poder era nada mais e nada menos do que controlar os sentimentos dos outros, o homem da vida de Alice, um homem que Demetri invejava – e ela era simplesmente fenomenal...  

Alice era o vampiro perfeito, e possuía, em si, o maior poder de sempre. 

Alice era o início e o fim de tudo. 

E Aro iria tê-la ao seu lado, custasse o que custasse... 

                                                                                            ❦ 

E assim viria a ser. 

Anos mais tarde, depois de inúmeras tentativas de Aro em convidar – e convencer... – Alice a integrar o clã Volturi, se tornando uma, tendo o privilégio, se aceitasse, de se tornar na segunda chefe, do clã, algo como o braço direito e direto de Aro, algo como a filha pródiga e predileta do rei, algo como a sua descendente, algo como a princesa dos Volturi. A segunda a ter o maior poder do clã. A segunda e única pessoa depois de Aro, a ter todos os outros vampiros a obedecendo, a respeitando, a venerando. Exatamente como faziam com Aro... 

Mas Alice recusara todas as vezes, a mesma proposta.  

Sim. Ela tinha a ousadia de enfrentar, desprezar o tão poderoso Aro.  

Aquele que a desejava acima de tudo. Aquele que se excitava com a força e a determinação dela. 

Nesses anos mais tarde, o clã Cullen crescera. Outra vez. Edward se apaixonara, e depois de uma grande bagunça em sua vida, complicações típicas que mortais davam, ele transformara sua companheira humana, Bella, e... Tiveram uma filha. O nome dela era Renesme e ela assustou o mundo vampírico por ser metade humana, metade vampira. Aro ainda tentou fazer disso um crime e se deliciar com mais uma morte, talvez duas, mas não conseguiu. Ela era filha legítima de ambos. Acontecera enquanto Bella era humana...   

E, agora, com a família Cullen completa e sem mais paciência de esperar, Aro havia declarado guerra aos seus maiores inimigos, o segundo clã, depois deles, mais poderoso.  

Chegara o momento de acabar com a concorrência.  

Chegara o momento de, enfim, ficar com a preciosa Alice... 

                                                                                          * 

O castelo dos Volturi estava quase deserto.  

Só cinco por cento dos vampiros do poderoso clã estavam ainda ali. 

Arthur era um deles. Arthur e as criancinhas poderosas de Aro Volturi, Mia, a invisível, Magnus, o controlador dos cinco sentidos das pessoas, Nathaniel, o quebrador de ossos, Izzy, a garota que faz voar as coisas, Gabriel, o teletransportador, e Thomas, o adolescente que se multiplica.  Os sete filhos escondidos de Aro. 

O mais velho deles se encontrava agora, refugiado em sua habitação, no último quarto, do último piso daquele tenebroso e oponente castelo. Sentado e com os braços rodeando a pequena mesa, de madeira antiga e lubrificada, Arthur tinha seus olhos vermelhos sangue presos, vidrados por completo na sua bola de cristal. Estava ansioso. Esperando a guerra mais aguardada e desejada por Aro começar. Estava demorando... Os Volturi e o seu enorme exército haviam partido já há três precisas e exatas horas.  

Impaciente, como costume dele, o garoto de cabelos brancos como a neve tateou seus dedos finos e frios na mesa, a unha raspando nela, os olhos vagueando depressa, todo aquele lugar, quando, de repente, uma luz surgiu.  

A bola de cristal dele brilhava freneticamente. 

De repente, surgiu uma paisagem. Frio. Um vasto terreno aberto, todo branquiçado, coberto por neve. Um enorme grupo, de vampiros, cobertos por capas pretas, com capuz, enfim, apareceu. Era seu clã. Os Volturi. Os Volturi haviam chegado ao local. Caminhando passo a passo, com agilidade e velocidade ultra, vampírica, pararam. Estavam de frente a um, também, enorme, grupo de vampiros.  

Arthur se viu em puro choque. Momentaneamente, seus olhos piscaram uma e outra vez. Impactados. Por essa, nem ele, nem o próprio Aro, esperavam. Os Cullen não estavam sozinhos. Prontos para batalhar do lado deles, como amigos se auxiliando mutuamente, encontravam-se os restantes maiores clãs de vampiros do mundo, além dos lobos.  

Os Denali’s. As Amazonas. Os Egípcios. Os Irlandeses. Os Romenos...  

E, por fim, a tribo quileutes.  

Todos eles estavam do lado dos Cullen, todos eles estavam contra os Volturi.  

O garoto, por um momento, riu. Não era possível que isso estivesse acontecendo... Os mais fortes com os mais fortes. Poder com poder. Apenas um resultado. Morte. Certa e geral. Suspirando, se assustou com o que viu, voltando a focar na bola brilhante em sua frente. Alice...  

Alice, era ela. Vestida como uma boneca guerreira, baixinha mas com um olhar determinado, encontrava-se agora, ali, a imagem mostrava, em frente a Aro. Aro a olhava fascinado, e sorrindo largamente. Ele pareceu dizer-lhe algo, que a mesma retornou, mas que Arthur não conseguiu escutar, seu poder não dava para mais do que ver os ocorridos no presente... Prestando total atenção, ele viu Alice estender suas mãos a Aro, que as pegou de imediato, fascinado e sedento por ver o que ela lhe estava disposta a mostrar.  

Momentos em silêncio, todo o mundo quieto e absorvido naquele clima que com certeza estaria um mar de tensão e medo. Os olhos vermelhos do insano e sádico líder do maior clã vampírico e os olhos dourados da vampira que tinha em mãos o futuro do mundo. Presos um no outro. Se comendo um ao outro.  

E, quando enfim Aro pareceu voltar a falar, e Arthur pensou que a guerra ia começar nesse preciso momento...  

A bola de cristal simplesmente apagou. 

                                                                                         * 

Alice retirou suas mãos bruscamente de Aro. 

– Você não acredita, pois não? – A sua expressão era de indignada, franzindo o nariz pequeno e o olhando com horror. – Não importa o que eu diga... Não importa o que eu mostre para você. Você vai levar essa guerra até ao fim! Como todas as outras. Até todos morrermos!  

Virando a sua carinha de anjo, agora, com um puro medo, a jovem vampira de olhos dourados encarou sua família, focando em Edward e Bella, sua melhor amiga, sussurrando um “agora...”.  

E, depois, tudo aconteceu muito rápido.  

Alice fez seu corpo pequeno dar um giro e acertar em cheio o líder dos Volturi com um valente chute, que o levou para longe, voando sobre a terra cheia de neve molhada.  

Todos os Volturis, sobretudo, os tão famosos guardas, olharam chocados para a sua ousadia. Rapidamente, Alec e Felix voaram nela, a pegando, a aprisionando em seus braços.  

E a segunda gota de água caiu... 

– Não toquem na minha filha! – Carlisle sem pensar duas vezes, se preparou para se jogar neles, protegendo a sua filha. Ele voou, para salvá-la. Aro voltou, voando, no mesmo instante... Para matá-lo. Decapitando a sua cabeça... Com um só movimento.  

Primeira morte.  

Carlisle Cullen.  

Não! O grito de Esme, esposa de Carlisle, mãe de Alice, saiu ensurdedor. Aro sorriu, triunfante. Se deliciando com o desespero da família Cullen e o choque visivelmente afetado nos demais clãs.  

Ridículos... Pensou, antes de ordenar ao seu exército uma matança generalizada.  

Sem perderem mais tempo, os clãs unidos aos Cullen lançaram-se sobre os Volturi. Inicialmente, os Volturi estavam ganhando, claramente em vantagem. Jane atacando a sua dor, em todos os oponentes, rindo da desgraça alheia. Chesea e Heidi batalhando com as Denali, e, quando Heidi assassinou Sasha, a mãe das três irmãs poderosas, Tanya, Kate e Irina perderam a cabeça. Tanya, a mais selvagem, arrancou logo a cabeça a Chesea, enquanto Irina se prontificou a pegar uma Heidi fugitiva. Enquanto isso, as amazonas Zafrina e Senna lançavam-se contra Afton e Renata, cedo os aniquilando. A irmã delas, Kachiri, cedeu morrera, às mãos de Jane Volturi.  

Na verdade, Jane, que estava apenas centrada no terreno firme, junto dos guardas mais importantes e poderosos do clã: Alec, seu irmão gêmeo, Felix e Demetri, salvaguardando os líderes, que apenas assistiam ao espetáculo, Aro, Marcus e Caius, era a responsável pela maioria das mortes já concretizadas.  

Jane era uma vadia sádica. A pior de todas. E Alice, que depois de se conseguir libertar das garras de Alec e de Felix, com a ajuda do seu amor, Jasper, se assumiu a acabar com ela. Alice estava trabalhando junto com Bella, que tentatava a todo o custo proteger a maioria dos seus, inibindo-os da dor de Jane, e com todos os lobos que estavam do seu lado. Ela estava de olho em Jane, e iria pegá-la. 

Mas as coisas estavam se complicando demais...  

Os irlandeses e os romenos, já estavam todos mortos. Dos egípcios, já apenas Benjamin sobrevivia às mãos sujas de sangue dos Volturi, que agora, também se viam aflitos, tendo muitos membros do seu grande exército decapitulados, sobrando apenas os membros mais fortes do conselho...  

Assistindo ao horror, vendo agora Jane matando Bella, e Demetri lutando violentamente com Jasper... Vendo o cansaço e os ferimentos dos lobos... Dos que restavam da grande matilha... Benjamin, cujo poder era exatamente controlar e alterar os elementos naturais, deu-se o seu último golpe, pretendendo ajudar os últimos Cullens vivos, e todos os únicos sobreviventes, quebrando ao meio aquele vasto chão cheio de neve.  

Foi ainda pior...  

Demetri aproveitou a deixa, para jogar Jasper, que estava tentando a todo o custo se agarrar e o atacar de volta, ao grande buraco sem fundo, agora aberto por Benjamin.  

O amor da vida de Alice estava morto... 

Sorrindo, e se preparando para acabar com os restantes, Demetri não viu Edward, que, acabando de assistir à morte de um dos seus irmãos, não pensou duas vezes em pular nas costas dele e o atacar. Os dois começaram a brigar violentamente, Edward estava puto da vida, sua família toda estava morrendo. Não obstante, não logrou matar Demetri. Alec surgiu o atacando, defendendo o Volturi, e os três saíram ilesos.  

A par disso, correndo em velocidade atrás de Jane, Alice se preparava para a atacar. Aquela vaca matara quase todos, sua melhor amiga, a maioria dos lobos, a mãe e uma das filhas Denali e as Amazonas... Jane corria. Jane estava com medo, agora. Ela sabia que também ela iria morrer... Ela sabia. Todos os Volturi estavam sendo decapitulados... Inclusive os líderes e os guardas... Os mais poderosos!  

Seria o fim dela?  

Seria o fim dos Volturi?  

Com certeza. Alice a pegou, de jeito, segurando sua nuca, seu capuz negro escondendo a sua vergonha e os seus olhos cheios de horror, e sem mais, enquanto caminhava com ela arrastada no chão, como a cadela que ela era, Alice jogou o corpo de Jane a Paul, um dos velhos e sobreviventes lobos, que a tratou de devorar, a comendo viva.  

Jane Volturi acabara de morrer, pelas mãos de Alice Cullen.  

Aro entrou em choque.  

Não podia acreditar no que estava vendo...  

Respirando fundo, se lançou ele próprio a contra atacar. Em segundos, matou o restante dos lobos, sobrando apenas Paul, Leah e Jacob – que estava fugindo com Renesme, para a proteger a pedido de Edward e Bella... Em segundos, assassinou igualmente Irina e Safrina... De vampiros, já só sobravam Benjamin, Tanya e o seu homem sedutor... Alec e Demetri Volturi e Esme, Emmett e Edward Cullen...  

Além de Alice e Aro, que agora, voltavam-se a encarar profundamente.  

Caminhando até ela a passos largos, com a capa preta varrendo toda a neve do chão húmido e frio, gelado e com muitos buracos e estragos feitos por todos eles, naquela guerra final, naquela guerra sem fim, e a fitou, próximo dela, demasiado próximo dela.  

– Alice... – Aro pronunciou seu nome com uma voz tão cansativa e desesperadora, sádica,que a fez se segurar para não mostrar sua fragilidade. Ela não podia desistir... Ela não podia se deixar manipular. Ele a olhava de uma forma tão intensa, que, se ela não fosse vampira, seu corpo todo estaria tremendo agora. – Vamos acabar com esta guerra. Venha. Venha comigo. 

– Não. – A voz doce dela, saiu firme.  

Aro suspirou, já impaciente. – Quantas pessoas mais vão ter de morrer na sua família? Venha comigo!  

– Já disse que não vou.  

– Alice... – Aro murmurou, cravando seu olhar nela, como uma estaca. Capaz de rasgar sua alma. Embora... Alice fosse a única pessoa que Aro não ia matar ali. Nem a lado nenhum. Ela era o seu objetivo. Ela era o seu tesouro. – Eu não vou desistir de você, querida. Cedo ou tarde você vai vir para o meu lado. E não é um convite, é uma afirmação.  

Alice riu, com o narizinho empinado. – Que eu saiba, Aro, a vida é minha. As escolhas... Essa escolha é minha.  

– Claro, querida. – Aro sorriu, maldoso. O sorriso dele enojava Alice. – Assim como a escolha de eu matar agora o resto que sobrou de sua família... Também é minha. – A baixinha o olhou com asco. E ele, enfim, suspirou, tocando suas mãos. – É fácil, minha querida Alice. Creio que você é inteligente o bastante para entender. – Alice tentou se livrar do toque do velho, mas ele apenas firmou mais e mais suas mãos nas dela. – Você tem duas opções. Ou você vem comigo agora, e a guerra acaba aqui... Ou a guerra continua, até eu eliminar sua mamãe e seus irmãos antes de partirmos. – Aro se atreveu a tocar nos cabelos curtos e brilhantemente negros da pequena. – Olha tantos que já morrerram... Em meia hora? – Aro soltou uma gargalhada histérica, olhando em volta deles. – Seu pai... Sua irmã... Sua melhor amiga. Seu companheiro... E toda a gente! Já morreu quase toda a gente. – Aro fez as mãos da baixinha brincarem no ar enquanto ele ria. – Você quer mesmo ver Esme, Emmett e Edward morrendo também? E sua sobrinha! Onde está aquela monstrinha? – O grande Volturi suspirou, a olhando. – Faça a sua escolha, Alice. Agora.  

Alice respirou fundo, querendo chorar, mas se conteve.  

Você é forte, Alice... Ela pensou. Você é mais forte do que eles imaginam. Não desista.  

– Aro... – A jovem e linda vampira de olhos dourados o encarou, seriamente. E, imediatamente, se livrou do toque dele, tirando suas mãos das dele bruscamente. – Meu nome é Alice Cullen e por muito que queiram destruir ou quebrar a minha família, ou me usarem, e abusarem do meu poder; eu nunca mais irei me render. Meu poder é meu, só meu, e ninguém vai mais me manipular, ou me tratar como um objeto, ou sequer me machucar. Eu não sou uma aberração; eu sou especial. Descobri isso com a minha família de verdade, os Cullen. Minha vida começou no dia em que eu morri... A partir daí, tudo mudou; eu mudei, e jurei a mim mesma que nunca mais ia deixar que me magoassem, ou machucassem a minha família para me atingir. Com eles, a minha única e verdadeira família, eu aprendi muitas coisas e, embora sejamos todos diferentes, tem uma coisa que todos nós somos: lutadores. Assim que os Volturi e todo o mundo podem vir declarar mil guerras. Porque nós, todos, juntos, estamos prontos e iremos à luta. Nós, todos, juntos, somos capazes de vencer tudo e todos e isso é uma certeza. Porque não somos apenas um clã forte; somos uma família. Então... Aro, por favor, entenda e aceite isso: minha identidade e meu poder não estão à venda e eu nunca irei fazer parte do seu clã, nunca irei ficar do seu lado, e nunca irei ser mais uma Volturi. Porque, eu já sou e sempre serei uma Cullen.  

Aro a olhou, possesso.  

Chega, Alice! Ele rosnou para si mesmo, se preparando para levá-la à força.  

Avançando sobre Alice, pegando com força seu pulso, Aro, se viu, não obstante, sendo jogado inesperadamente contra uma árvore próxima ali. O lance foi grande... Emmett se encontrava em posição de ataque.  

– Fica longe da minha irmã, seu velho! – Emmett se lançou contra ele, golpeando quanto podia. Alice estava em choque. Era a primeira vez que via o grande Aro rolando no chão. Aro encarou o corpo musculoso e alto do irmão de Alice com desprezo.  

Que palhaçada... E, numa fração de segundos, no exato momento em que os dois estavam rolando aos pés de Alice, Aro sorriu, aquele sorriso vitorioso e sombrio, antes de quebrar a cabeça de Emmett com um só braço e erguê-la no rosto da fadinha.  

– Não! – Alice gritou, desesperada, levando involuntariamente as mãos na boca, a cobrindo, e começou a chorar, indo abraçar o corpo do seu irmão do meio. – Emmett... – O choro foi certeiro e compulsivo. A vampira de olhos dourados abraçava o corpo sem a cabeça, jogada depois de lhe ter sido amostrada pelo assassino num canto qualquer, tocando seu peitoral frio e robusto, tão maior que ela...  

Já em pé, Aro ria, lambendo os lábios.  

Ria tanto... Satisfeito com a dor dos outros.  

Um ser completa e absurdamente desprezível. Pensavam todos. Pensava Edward, quando do nada, surgiu, seu corpo fazendo um mortal, voando por cima de Aro e quebrando a sua cabeça ao meio, com as duas mãos, de joelhos firmes no solo húmido e gelado. Como ele fizera com o seu irmão. Como Demetri fizera com seu outro irmão.  

– Seu grande filho de uma puta... – Edward sussurrou, com puro ódio nos seus olhos, ao quebrar a cabeça dele e queimar o corpo com um isqueiro de bolso, fazendo-o arder. – Morra.  

Sem pensar duas vezes, Edward correu a abraçar Alice.  

Alice chorava como ele nunca a tinha visto chorar. Mas a verdade é que também ele, o filho favorito dos pais, antes de Alice chegar, o mais bonito dos Cullen, com aqueles cabelosos sedosos castanhos-mel brilhantes e impecavelmente perfeitos, queria chorar. 

Aquela fora mesmo a guerra final, como Alice vira há meses atrás, interrompendo o momento perfeito em que ele ensinava sua filha a tocar piano... E ela já tocava tão bem... Sua filha... Edward sentira um aperto no peito – se tivesse coração, claro está...  

Renesme.  

Renesme estaria viva?! Será que Jacob a conseguira proteger? Onde eles estariam agora? Para onde haviam fugido? Ele tinha de encontrá-la. Mas... E depois? O que seria dela? O que seria dele? Como contar-lhe que ela nunca mais veria a sua mãe? O seu avô. A tia Rose... O tio Em. O tio Jazz... A sua avó... 

Esme!  

O que havia acontecido com ela? 

                                                                                                     

 – Fuja.  

Demetri silibou, de olhos presos no solo, que ficaria para sempre marcado, como o local da possível maior guerra de vampiros do mundo... Da última guerra dos Volturi.  

A mulher o olhava, incrédula.  

– Não. Agora vá.  

– E porque não? – Esme inquiria, confusa. Não fazia sentido um Volturi, um dos mais poderosos e únicos sobreviventes Volturi, a deixar ir. Ela não valia nada para eles. Eles deviam estar com sede de vingança, de matar qualquer resto de Cullens, os únicos que conseguiram quebrar o seu tão tenebroso exército... 

– E porque sim? Porque eu lhe mataria? – Demetri repostou, cansado de ouvir aquela voz feminina. Pelo amor de Deus, se ela não fugisse logo e parasse de lhe encher o saco, aí sim, ele a mataria. – Vocês já não têm nada a perder, eu já não tenho nada a ganhar. Simples. Agora desapareça.  

E, sem mais, Esme foi inteligente o suficiente para aproveitar sua chance, talvez, a última, e sumir dali, esperando, desejosamente, encontrar pelo menos... seus filhos vivos... O grande amor da vida dela.  

Sozinho, enfim, Demetri suspirou, batendo suas botas pretas no chão com estragos, perdido em pensamentos, perdido em dilemas agora sem sentido, perdido, enfim, no mundo. Perdido. Completamente.  

Só espero que Alice encontre outra vez a felicidade, ela realmente merece... 

Pensou, e pensou em voz alta, sendo desperto de seus devaneios por um valente empurrão, seguido de uma série de chutes e cargas elétricas em seu corpo.  

– Ah! – Gemeu de dor, se encolhendo todo. Sua visão ficou turva, seu corpo dóia em chamas, cobertos pela eletricidade, não obstante, ele conseguiu ver, embora desfocado, na verdade, não precisava de ver... Sabia quem era. Aquele poder... – Alec!  

– Seu porra... – Alec xingou, e ia xingar com todas as forças. Aumentando as cargas, chutou seu parceiro com força, antes de o levantar e o segurar pela borda da capa preta.  – Foi para isso que você traiu o nosso clã? Foi para isso que você me impediu de matar aqueles inúteis? Foi por isso que não defendeu a minha irmã? Para proteger aquela fedelha? Aquela fedelha que nem inteligente o suficiente é para escolher a gente e impedir toda essa matança? – Suspirando e gritando frustado, Alec pegou nele de novo, o jogando longe, fazendo bater contra uma árvore. Mais um choque elétrico forte, e parou, virando costas. – Quer saber? Você que se fodeu. Dos dois jeitos. Você nunca vai ter uma chance com a Alice. Ela te odeia! Você matou o companheiro dela! E você vai ficar aí. Pode queimar essa capa e pode fazer o favor de se foder sozinho, e bem fodido. Você nunca mais vai colocar sua presença nojenta na Volterra. E você está com sorte que eu estou sem vontade de te matar! Aqui e agora.  

E, saindo a passos largos, Alec observou uma última vez seu antigo parceiro de guarda, um olhar de ódio, de desprezo, de raiva, de decepção, de incompreensão. E sussurrou, ditando suas últimas palavras a este, deixando bem claro um dos maiores medos de Demetri: – Você deixou de ser um Volturi.  

.

Ainda abraçando e consolando Alice, em vão, Edward se virou curioso, como sempre, e desconfiado, como sempre também, para trás, ao escutar passos. Entrando em alerta. Ele já estava se preparando para contra atacar, se fosse mais algum Volturi sobrevivente, recarregando energias do nada e em nada, apenas querendo e tendo de proteger a última mulher da sua vida viva, quando, seu queixo caiu. 

E aí... aí Edward sentiu seu rosto ser ameaçado por lágrimas caindo.  

A mil passos de distância, estavam três, contando com Alice do seu lado, mulheres da sua vida. Do lado esquerdo, surgia a figura de sua mãe adotiva, que imediatamente começou a correr em velocidade ultra, em velocidade vampírica, para esmagar Alice num abraço, colocando-a em seu colo, e afagando seus cabelos escuros e curtinhos, como se fosse um bebé, e ela era... Alice era o bebé de Esme. Edward sorriu, um sorriso carregado de medo, dor, tristeza, alívio, vendo sua mãe do seu lado, pronta para ajudá-lo a cuidar de Alice, como seu pai queria e imploraria que eles fizessem. 

Mas o mundo dele desmoronou quando sentiu uma mãozinha familiar, muito familiar, tocando seu rosto. Aquela mãozinha gelada e pequena, lhe mostrando que estava ali. Edward começou a chorar quando ela lhe abraçou as costas e o chamou papai. Renesmee... Ela estava ali. Em seus braços. Novamente. E ele nunca mais a iria deixar. Nem mesmo que fosse necessário para a proteger. Fixando seu olhar no lobo grande e castanho ao seu lado, agradeceu-lhe eternamente, em silêncio.  

E assim ficaram. Os quatro sobreviventes da família Cullen. A princesa e verdadeira Cullen da família com o seu irmão favorito, sua mãe e sua sobrinha, e um cachorro, muito mal-cheiroso do ponto de vista de Alice que, todavia, havia dado sua vida, como toda a sua tribo, por ela, por eles...  

A vida de Alice nunca mais seria a mesma. Perdera seu pai, seu ídolo. Perdera seu irmão mais carinhoso, que embora ganhava o dia a irritando, fazia tudo por ela. Perdera sua irmã... Perdera Bella. E perdera ele... O único amor da sua vida. Jasper. Haveria uma vida antes e uma depois deles.  

Mas Edward cuidaria dela, ele prometia agora, segurando sua filha, abraçando sua mãe e sua irmã e olhando para o céu.  

Eu vou cuidar dela, por você, pelo Jasper e pelo Emmett. É uma promessa, Carlisle.

 

 

 



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