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História Impasse - Novo Acordo


Escrita por: DanyStan

Notas do Autor


Hi, aqui estou! Com um novo capítulo prontinho pra vocês.As teamzayn de plantão podem comemorar que o capítulo de hoje é nada mais, nada menos do que no ponto de vista do nossa mozão <333Aproveitem :)

Capítulo 18 - Novo Acordo


Fanfic / Fanfiction Impasse - Novo Acordo

Zayn Malik POV’s

— Essa atitude não está ajudando em nada, Zayn.

Rolei os olhos, encarando o belo sol do meio-dia do lado de fora e os arranha-céus que formavam a paisagem metropolitana da cidade. Pude reconhecer quatro das minhas melhores obras por ali, elas eram meu orgulho, lembranças do tempo em que nutria a esperança de liderar uma das maiores empresas de arquitetura do país.

Em uma semana, Ross Roover deixaria de existir para dar lugar à STYLE. Sinto a bile subir a garganta só de pensar nisso.

— Malik, eu estou falando com você. — ouço a voz enfadonha da Dra. Lancel e sou obrigado a parar de ignorar sua existência e voltar os olhos para a mulher de meia-idade com de oculos de grau e terninho, mesmo depois de todos esses anos ela continua a usar as saias acima do joelhos. Ela foi o meu primeiro “amor”, quando vinha aqui quando garoto era vidrado nas pernas dela, Harry e eu faziamos apostas para ver quem conseguiria transar com ela primeiro.

Tinhamos só doze anos e ela quarenta e três, nunca teria dado certo.

Engraçado como a vida às vezes costuma nos trazer de volta ao ponto de partida. Aqui estou, um homem feito tendo de falar sobre meus sentimentos e blá, blá, blá, apenas pela vontade do tio. Como tive de fazer quando criança.

— Sim? — fui cordial como sempre lhe dando um sorriso gentil.

— Não me venha com esse sorrisinho, garoto. Eu quero que fale. — me aborrecia a intimidade com que se referia a mim. Eu não sou nem de longe o garoto de uma década atrás.

— Falar o quê?

— Sobre o seu problema. — rebateu, cruzando as longas pernas e apoiando sua prancheta sobre elas. Reconheci a foto de um menino de cabelos negros fixada na página e meu nome escrito ao lado. Era a minha velha ficha.

— Harry. — apesar da distância consegui ler. Na linha em que se tratava do meu maior problema emocional estava o nome dele — Acha que o Harry tem alguma ligação com as minhas emoções?

A mulher assentiu lentamente.

— Eu não o odeio.

— Sei disso, mas existe um problema latente entre vocês. O mesmo daquela época, eu conversei com seu tio, os dois precisam de terapia conjunta, vocês tem sérios problemas de comunicação que se extendeu a vida adulta e isso é perigoso.

— Perigoso como?

— Zayn. — disse calmamente, unindo as mãos e se inclinando para frente — Você é um homem absurdamente inteligente, é capaz de enxergar a redoma de inveja e ciúmes que circunda vocês dois. É totalmente compreensivel, você veio de um mundo modesto e repleto de dor e sofrimento, é natural que nutrisse certo rancor ao seu primo por ele não ter passado pelo mesmo que você, assim como é natural que ele tenha ciúmes de você com o pai. De uma hora pra outra ele deixou de ser o centro das atenções e teve de dividir os holofotes com vocês.

— Holofotes? — rir era inevitavel — É sério que ainda vai ficar usando metaforas comigo? Ellen, eu já tenho vinte e três anos. Fale direito.

Ellen bufou e pareceu concordar comigo, deixando a ficha de lado e se voltando exclusivamente para mim.

— Tem razão, não adianta tentar guiar essa sessão como nos velhos tempos, você mudou, Zayn. Fiquei sabendo que alcançou um alto cargo na empresa da familia.

— Sim, eu sou o vice-presidente. — passei minhas unhas lentamente pelo braço da poltrona, sentindo-me um pouco ansioso, não gosto de conversas que não são guiadas por mim. Não estar no controle me deixa nervoso.

— Como se sente em relação a isso?

— Bem, foi o que eu sempre quis.

Ela prontamente negou.

— Se bem me lembro, você dizia que queria ser o presidente e não o vice.

— Esse é o cargo do Harry. Vice é mais do que o bastante. — conclui.

— Mas não é o suficiente para você. — ela apontou o dedo em minha direção e o desceu, indicando o local em meu peito onde se encontrava a cicatriz da bala — Ainda guarda o progétil? — compri os lábios, decidindo se devia ou não dizer à ela.

— Uhum.

— Por que faz isso? — dei de ombros, não sei responder — Por curiosidade? — neguei — Talvez pela memória?

— É pra isso que existem as cicatrizes.

— Não digo pela memória do tiro, mas sim por quem o fez. Zayn, você sente vontade de se vingar de seu primo?

— Não. — respondi secamente, evitando ao máximo seu olhar inquisidor.

— Isso é bom, o rancor é algo corrosivo, nutrir  odio contra alguém é como engolir uma granada. Quando explodir levará você junto. — lá vem ela e suas divagações, tinha me esquecido do quanto isso é irritante, puxo a manga e vejo as horas no relógio, ainda tenho meia-hora disso — Ainda mais quando se trata de alguém da familia, vocês são praticamente irmãos.

— Não, nossos pais eram irmãos. — atalhei rapidamente, dando a ela exatamente o que queria. Minha raiva.

— Mesmo crescendo e convivendo com ele por tanto tempo é incapaz de vê-lo como irmão?

— Ele não é meu irmão.

— Mas vocês praticamente....  — prendi o ar em meus pulmões e apertei os olhos com força, afim de me controlar, não acabou dando certo e quando dei por mim estava em pé encarando os olhos arregalados e pasmos da terapeuta.

— Não somos irmãos, Harry sempre adorou deixar isso explicito. Na escola ele fazia questão de contar para todos que eu era o primo pobre dele e que o pai me adotou por pena, mas que era apenas isso. Podiamos ter o mesmo sangue correndo nas veias, mas a porra do sangue dele sempre seria melhor do que o meu, porque enquanto eu comia restos ele estava comendo caviar, enquanto eu dormia no chão ele estava na suite dele adormecido numa cama macia, eu sou o filho de um bêbado e ele é filho de um rei. Me diz você, acha que temos alguma coisa em comum? Que depois de passar uma vida inteira com ele esfregando na minha cara a sua superiordade eu poderia olhar pra aquele filho da puta e o chamar de irmão? Não. Todos olham pro Harry e pensam que ele é um santo. Ele não é, de jeito nenhum.

E eu não vou parar até fazê-lo pagar por tudo o que me fez. A minha vingança está próxima.

— Tem razão. — se levanta, colocando uma mão em meu ombro, me proporcionando uma breve sensação de conforto — Harry foi uma criança cruel, eu lembro dele, era muito arteiro e insensivel quanto aos sentimentos alheios, como eu disse, ele era uma criança, Zayn. Assim como você, ele cresceu e mudou.

— Não posso esquecer tudo o que ele me fez.

— Não digo esquecer, porém perdoar. O que acha de fazermos uma sessão com vocês dois, poderia se abrir, dizer ao seu primo como se sente em relação as atitudes dele. Harry adoraria saber.... — afastei sua mão e tornei a me sentar na poltrona apoiando minha cabeça entre as mãos.

— Não, eu não vou ter terapia de casal com Harry, não vou sentar na frente dele e abrir meu coração dizendo que eu chorava no banheiro toda vez que ele me humilhava no colégio ou que eu rezava todas as noites pedindo a Deus que o meu primo deixasse de ser um babaca. Não, eu não vou fazer isso, você tem razão, eu mudei. Harry não. Meu pai era um bosta, mas ele dizia uma coisa que faz muito sentido “Quando se nasce mau ou você piora, ou morre.” Não tem essa de ficar bonzinho.

— Na sua compreensão, Harry Styles é mau?

— Sim e tudo o que ele faz é pra me prejudicar.

— Isso é mania de perseguição, Zayn. — disse, ainda em pé, me analisando cuidadosamente. Aos olhos dela eu deveria estar parecendo um maluco. Respirei fundo e passei a mão pelos cabelos e escorregando até minha nuca, a coçando num ato de nervossismo.

— Nossa relação não é das melhores, mas isso não afeta em nada a minha vida.

— Zayn, poderia me dizer o que houve no dia 15 de Abril de 2011? — a data não me parecia estranha, no entanto não fazia a menor ideia ao que ela se referia, balancei a cabeça em confusão, ela prosseguiu: — No dia 6 você levou o tiro, alguns depois houve um ‘incidente’ com seu primo.

‘Incidente’, bufei revirando os olhos ao termo escolhido por ela.

— Overdose, você quer dizer, sim, nesse dia Harry estrapolou e quase morreu.

— Foi um epsodio um tanto estranho, não acha? — inquiriu com um olhar sugestivo — Ele trancou todas as portas da garagem, entrou no carro, ligou o motor e começou a beber depois de usar uma alta quantidade de cocaina. Algumas revistas disseram que ele não caiu por droga e sim por asfixia, numa tentativa de suicidio.

Ergui os olhos para ela, com um meio sorriso. Só posso estar ouvindo errado, pensei que estava aqui para uma sessão de terapia e não um interrogatorio.

— Pode ser, quem sabe o que se passa na cabeça do pobre garoto rico.

— Apenas você estava na casa quando aconteceu.

— Pensa que eu deixei o carro ligado e tranquei as portas, que eu tentei matá-lo. Invejoso eu até posso ser, agora assassino... Isso é ridiculo, ele meteu uma bala no meu peito e eu sou o monstro aqui. — rosnei irritado, levantando e seguindo em direção a porta, determinado a sair daquela merda de consultorio.

— Eu não sou uma juiza, apenas terapeuta, meu trabalho não é te julgar e sim ajudar. Você tem um problema, Zayn, não consegue deixar o passado pra trás e é incapaz de aceitar a si próprio, suas fraquezas e defeitos. Você gosta de se sentir como o mocinho de um conto de fadas e como todo bom héroi precisa de um vilão, está criando uma história na qual Harry é o vilão. Mas ele não é, se continuar agindo assim, você é quem pode acabar se tornando um. — a observei dar alguns passos em minha direção, meu olhar de poucos amigos a fez recuar — As pessoas cometem erros, ele cometeu muitos e assim como você ele tem problemas que também estão relacionados a vocês e eu sei bem que Desmond Styles nunca facilitou pra nenhum dos dois, ele gosta de criar rivalidade entre vocês e isso é péssimo, mas vocês são homens feitos agora, deveriam agir como tal e se abrirem. Do meu ponto de vista, vocês dois já se fizeram mal demais, atentaram contra a vida um do outro e quando se chega em tal ponto... — ela deu um longo suspiro — Um dia vocês irão querer a mesma coisa e podem acabar matando um ao outro para conseguir. E o pior é que eu nem imagino quem vai acabar com sangue nas mãos, entre você e Harry, não há um melhor ou pior, estão na mesma balança e eu torço para que esse dia nunca chegue.

Abri a porta com um sorriso sagaz nos lábios ao acenar para Ellen.

— Impressionante, tem uma otima imaginação, deveria deixar o trabalho de lado e se dedicar a escrita, sem duvida eu compraria seu livro. Daria uma otima ficção. Tenha uma boa tarde. Adeus!

 

Eu me perguntava quanto tempo mais Louis Tomlinson aguentaria. Ele nunca foi conhecido como tolerante, na verdade era o oposto, o cara era um encrenqueiro de primeira. Seu rosto estava tão vermelho e o maxilar travado só dava a entender que não seria por muito mais tempo, contudo ele teve a presença de espirito de respirar profundamente e estreitar os olhos para o papel em suas mãos.

— À partir de hoje estão proibidos quaisquer tipos de envolvimento amoroso na empresa. — Louis leu e ouviu-se um alto bufar de Niall Horan do outro lado da longa mesa da sala de reunião, Harry ergueu os olhos ao meu lado e encarou, mandando que eu fizesse algo quanto a tal atitude.

— Algum problema, Horan? — indaguei, sabendo exatamente o que ele diria. Estavamos ali há mais de uma hora justamente pela incapacidade dele de não confrotar cada uma das estúpidas normas que Harry havia trazido. Era uma reunião da diretoria e para minha infelicidade todos os acionistas estavam aqui, assistindo o showzinho de submissão criado por Harry.

— Essa regra é idiota, eu passo a maior parte do tempo aqui, se não pude sair com as minhas colegas de trabalho como vou arranjar uma mãe pra minha filha?

Antes que eu pudesse responder, Louis continuou:

— Sobre isso, também está proibida a entrada de crianças no local de trabalho.

— O que é isso? Estão banindo a Princess? Harry, ela é sua afilhada. — Niall disparou, batendo as duas mãos contra a mesa de vidro e atraindo os olhares chocados dos diretores. Louis balançou a cabeça.

— Está terminantemente proibido à utilização do .... — seu rosto ficou ainda mais vermelho, enfurecido. Vi alguns dias atrás, durante a festa de Rebecca que os dois acabaram discutindo e Louis falou algo sobre ninguém respeitar Harry, ao que parece ele resolveu impôr respeito enquanto esquece do diploma de Harvad de Louis e o faz seu secretário — Está terminantemente proibido à utilização do primeiro nome do presidente, é requerido que se refiram à ele como Sr. Styles.

— Certeza? Não prefere que o chamamos de Majestade, Vossa Alteza, Milorde ou Deus? — usei todas as minhas forças para não começar a rir. Niall era um idiota, mas ele sempre foi muito engraçado e agora que estava ridicularizando Harry na frente dos demais donos da empresa ele se tornara a melhor pessoa do mundo pra mim.

— Não, apenas Sr. Styles está bom. — respondeu friamente me aposentando do cargo de porta-voz.

— Falhas, atrasos e faltas não serão mais tolerados. — Louis prosseguiu com a leitura — Em caso de desrespeito de tais normas, o funcionário será imediatamente desligado da empresa. — e então se calou, entregando a folha a um dos acionistas que passava a diante, deixando sua assinatura indicando estarem de acordo. Quando chegou até Niall, ele cruzou os braços.

— Trabalho aqui há dois anos e nunca precisamos de regras assim.

— Porque você respeitava meu pai, mas eu não, na verdade nenhum de vocês me respeita. — Harry apoiou as mãos na mesa e se levantou, olhei sua bandana atada em seu amontoado de cachos e o moletom da Calvin Klein que vestia, sem falar do all star. Realmente esse é o estilo de um CEO. Por que será que ninguém te respeita, Harry? Sorria comigo mesmo, até perceber que seu olhar se estendia à mim — Essas são as novas regras que irão perdurar na STYLE. Daqui há três dias teremos a reunião final, para fechar a compra e então a Ross Roover deixará de existir e será posse de uma empresa aérea. Caso algum de vocês tenha duvidas, a STYLE será unica e exclusivamente minha, sem relação ou interferência alguma de meu pai, então caso me considerem incapaz ou desagradável e não tenham interesse em trabalhar comigo sugiro que se retirem de imediato, porque da minha parte, eu planejo realizar uma triagem, afinal, nem todos que estão nesse prédio entrarão na minha empresa.

Internamente eu torcia por uma rebelião, por Niall dizendo alguma merda ou Louis mandando Harry se fuder e sair chutando tudo a sua frente, até mesmo por um comportamento de desagrado do meu melhor amigo, mas Liam era contido e reservado demais para isso e se limitou a me olhar preocupado. Eu sabia o que ele pensava, eu pensava o mesmo.

‘Nem todos que estão nesse prédio entrarão na minha empresa.’

Tenho a leve impressão de que essa foi pra mim.

Uma hora depois estamos andando pela cobertura da sede da STYLE em Los Angeles, devo confessar que o prédio é incrivel, tem o dobro do tamanho da Ross e tem uma boa localização no centro da cidade, próximo a outras grandes empresas. Enquanto ando pelo grandioso espaço de paredes e tetos brancos e admiro a vista dos demais prédios monumentais penso no quão genial foi essa ideia. É uma empresa de moda de grande porte e que se bem gerenciada pode lucrar muito mais do que uma focada em arquitetura.

Se ele não quisesse acabar com a Ross, eu poderia perfeitamente apoiá-lo, mas não tem como. O dinheiro da venda de uma empresa é o que vai bancar a outra.

É por sso que a STYLE não podia acontecer.

— O que acha desse? — Harry mostrou mais um de seus desenhos, acho que era algum tipo de blazer florida com uma calça listrada, sei lá, era dificil dizer. Ele sempre foi péssimo com desenhos, ai está uma das poucas coisas nas quais eu o superava.

— Você não pretende ser o estilista, não é? — perguntei, os espalhando pela mesa e examinando os rascunhos, não são de todo o ruim, mas os traços estão péssimos. Pego um lápis e começo a dar alguns retoques.

— Não, de jeito nenhum, Conheci algumas pessoas bem talentosas enquanto viajava e eu estava pensando em convidar a Linda, ela vem se destacando no mundo da moda, em algumas semanas terá o seu desfile. — Harry dizia com cuidado, provavelmente achando que eu teria alguma reação ao ouvir o nome de Linda. Ela foi o meu amor de criança, só isso, o que eu sentia por ela morreu no instante em que escolheu Harry. Nada mais era do que um crime na longa lista com meus motivos para detestar Harry — Wow, você é bom nisso.

Indicou os desenhos que estavam sendo arrumados por mim, dei de ombros largando o lápis e voltando a caminhar pelo espaço.

— Eu sou arquiteto, Harry.

— Ah, é mesmo. Esse foi um dos motivos de abandonar a faculdade, não conseguia desenhar porra nenhuma. Nunca foi minha aptidão. — suspirou dando a volta na mesa e colocando as mãos atrás das costas, como se estivesse desconfortável — Você é talentoso, Zayn. Eu sei que as coisas sempre foram dificeis entre nós, mas eu sempre te admirei muito e se eu pudesse, lhe daria  a Ross, porque você a merece, muito mais do que eu. — girei nos calcanhares, virando para encarar meu primo, eu estava no minimo estupefato. Em treze anos nunca ouvi palavras tão sabias saindo da boca de Harry.

Ele deu um passo a frente, fitando os próprios pés.

— Só que eu não posso fazer isso, sem desistir da STYLE. Talvez se eu tivesse manerado com cartão de crédito as coisas seriam diferentes. Seja como for, o seu talento é inegável, Zayn e eu adoraria ter você ao meu lado, nessa nova fase como meu vice, contudo seria uma atitude egoista da minha parte, porque isso aqui — ele movimentou a cabeça, indicando o lugar — não tem nada haver com você e sei que não é isso o que quer, é por esse motivo que eu estou te liberando.

— Me liberando?

— Sim, Zayn, daqui há três dias quando fecharmos a venda da Ross você estará livre para ingressar em outra empresa.

— Está me demitindo? — eu ri descrente, colocando as mãos na cintura para não encher aquele miserável de socos.

— Não, não. — negou rapidamente — O seu negócio não é moda, Zayn. Eu quero que você tenha a oportunidade de fazer o que gosta. É por isso que eu pensei bem antes de tomar essa decisão, Louis ficará com o cargo de vice-presidente na STYLE.

— Louis Tomlinson não tem a capacidade para exercer essa função. Há um mês atrás ele cuidava do marketing. Gerenciar uma empresa é bem mais complexa do que decidir em qual hotel irão dar a festa de inauguração. Ele é bom, com certeza, mas dar uma responsabilidade assim é exigir demais dele.

— Você não era mais experiente do que Louis quando meu pai te deu o cargo. — rebateu, abandonando a timidez e desconforto de outrora e deixando que a arrogância e altivez voltassem a envolvê-lo.

— Sim, porém eu tinha o seu pai como tutor. Quem vai auxiliá-lo e se ele fizer algo de errado quem vai ajudá-lo a concertar, você? Não me leve a mal, Harry, mas você não sabe fazer a própria cama, quem dirá presidir algo. — desabafei, antes que tivesse noção das palavras que saiam descontroladamente de minha boca.

Harry abriu a boca algumas vezes, sem saber ao certo o que dizer, quando enfim ergueu o queixo e soltou o ar lentamente.

— Você adora fazer isso.

— Fazer o quê?

— Bancar o esperto e me chamar de burro. Não perde a oportunidade de me ridicularizar. Eu fui tão tolerante no dia em que fez aquele discurso de ofensas contra mim na frente de toda a diretoria e depois quando me bateu e não pense que eu não sei que fez a minha caveira pro meu pai ao invés de me ajudar como disse que faria. Eu sinceramente não sei o porquê de toda essa raiva contra mim, tudo o que eu faço é tentar te ajudar.

— Claro, porque você é o Santo Harry Styles. — zombei revirando os olhos.

— Não, eu não sou nenhum santo, eu sei que fui um merda com você no passado, Zayn, porém se não fosse por mim você não estaria aqui. — disse ele, apontando o dedo em minha direção se exaltando.

— É mesmo? — dei um passo a frente, fazendo a minha melhor expressão de surpresa. Eu estava louco pra começar uma briga, poderia jogá-lo da sacada, todos acreditariam que foi um acidente, ou suicidio, como da vez em que tentei matá-lo na garagem. Ellen tinha razão, estavamos em um ponto em que a existência de um incomodava o outro — Como fez isso, an? Por acaso foi você quem matou o meu pai? — o rosto de Harry perdeu toda a cor e ele cambaleou para trás, se apoiando na mesa para não cair.

— Não, obvio que não. — balbuciou entredentes com a respiração acelerada, espalmou a mão no peito e eu começava a me perguntar se a asma tinha voltado. Eu não iria buscar a bombinha de ninguém de qualquer forma. Ele se acalmou — Está decidido, você não fará parte da STYLE, o Louis assumirá o cargo de vice-presidente, tendo o Michael O’Brown como tutor até que ele esteja apto para cumprir com suas funções sozinho e eu posso não saber muita coisa sobre ser o presidente de uma grande empresa, mas eu vou aprender, Zayn. Porque diferente do que você pensa, eu não sou idiota, nunca fui.

Respirei fundo, vagueando os olhos por todo aquele lugar quando um ponto cor de rosa chamou a minha atenção. Aos poucos foi se aproximando e discerni Rebecca correndo até nós, usando um vestido pink — o que era bem esquisito, por ela odiar cores vivas — e os longos fios caiam lisos por suas costas, enquanto ela se equilibrava nos sapatos finos e altos que não a deixavam nem a bater na altura do ombro de Harry. Ela passou reto por mim e o agarrou pela cintura com um sorriso largo em seu rosto.

A raiva borbulhava dentro de mim. Eu me senti um grande perdedor; primeiro a Ross, depois meu cargo e agora Rebecca, não que eu a tivesse perdido, mas ainda assim era ele que a tinha nos braços enquanto eu era obrigado a assistir seus lábios se apossando dos dela.

Tire suas malditas patas dela, Harry. Essa mulher é minha!

— Haz, eu estou apaixonada por Los Angeles, não fazia ideia de quantas lojas de grife haviam por aqui. — dizia ela empolgada, como uma dondoca, bem parecido com o comportamento habitual de Gemma e nada haver com a verdadeira Rebecca — Ah, nós fomos na Gucci e eu acho que acabei exagerando. — Harry lhe lançou um olhar reprovador e ela fez biquinho, ele riu.

Virei o rosto, observando Raul entrar pela porta, trazendo um monte de sacolas com o emblema das grifes estampado.

— Relaxa, amor, eu disse que podia gastar o quanto quisesse. — disse Harry e sorriu de lado para mim, Rebecca se virou, se fazendo de surpresa ao me ver, como se só naquele momento tivesse notado minha presença.

— Olá, Zac. — falou em tom provocativo. Harry a beliscou e sussurrou em seu ouvido — Quer dizer, Zayn. Você é arabe ou o quê? — sorri fraco em resposta. Rebecca e Harry agiam da mesma forma quando estavam aborrecidos com alguém. E isso era o que mais me irritava nos dois.

— Olá, Rebecca e não, eu sou da California mesmo.

— Ah, tá. — suspirou com tédio e então se voltou para Harry — Amor, eu comprei nossas roupas para a festa de inauguração da STYLE, você vai adorar, é bem a sua cara.

— Tem lantejolas?

— Claro e estampas de animais e nada de botões como você gosta, oh, sem falar dos sapatos são mais bizarros do que os da Lady Gaga. — aquilo deveria ser um tipo de piada interna por que eu não estava entendendo nada.

Se bem me lembro, o trabalho dela era não permitir que a STYLE sequer existisse e não ir com ele a uma festa de inauguração. Dei as costas para o casal feliz e caminhei em direção a saída.

— Onde vai? — Harry inquiriu.

— Tomar um ar.

— Ei, Zac, poderia me trazer um milkshake quando voltar? — gritou Rebecca as minhas costas e eu assenti, engolindo toda minha raiva.

Ela vai pagar por isso.

— Não.

— Como assim, não? — contive um gemido frustrado quando ela saiu de cima de mim e voltou a caminhar pelo quarto apenas de lingerie, enquanto revirava meu closet que agora estava entupido com suas roupas desde que a deixei se mudar pra cá — Rebecca Sullivan, eu estou falando com você.

— Jura? Nem percebi. — seu tom debochado só me deixava mais irritado e excitado, por ela fazer questão de deslizar bem lentamente para dentro do vestido cinza marcando cada curva de seu corpo — Foi o que você ouviu, Zayn, nada de sexo.

— Quer uma greve agora? — murmurei, me sentando na cama, começando a fechar os botões da minha camisa. Estranho como há menos de um minuto atrás ela estava prestes a transar comigo.

— Greve não. — corrigiu, puxando seus cabelos para o ombro — Diria que precisamos reafirmar os termos do nosso acordo.

— Que acordo?

— Sobre o seu primo e.... nós.

— Certo, fale.

— Eu acho que você não deveria se meter em como eu ajo ou deixo de agir com o Harry, tipo, por um tris eu não te dei um soco quando você chegou aqui berrando por eu ter dito que iriamos a festa de inauguração da STYLE. Eu sou a namorada legal que o apoia em tudo, é só um personagem. Da onde acha que ele tirou a ideia das normas e de fazer o Louis vice dele? É claro que tudo isso veio de mim, a cada dia ele está mais fácil de manipular. Basta fazer a sua parte e atiçar o Tomlinson, com isso ele vai ficar desnorteado e o Niall ficou bravo com as regras?

— Possesso. — sorri, recordando as obscenidades que sairam da boca do loiro logo após a reunião.

— Viu? A primeira fase está quase concluida, primeiro ele perde os amigos, depois a fortuna e por ultimo euzinha. — disse, deslizando as mãos por seus corpo, terminando de ajeitar o vestido e eu estava salivando com a imagem, queria pular em cima dela.

— Devo admitir que a sua estratégia é tão boa quanto a minha. — confessei.

— É claro que é, você entende de negócios e eu de homens, querido. — suspirou e então ficou subitamente séria — Eu vou fazer isso, te ajudar a acabar com o Harry e quando você for o presidente da Ross, vou querer o meu pagamento.

— Quanto?

— Três milhões.

Suspirei, era uma quantia e tanto, mas nada demais para um presidente de uma empresa multibilionaria.

— Feito.

— Ótimo. — concluiu satisfeita — E depois disso, eu vou embora.

— Você o quê? — saltei da cama, avançando até ela e agarrando sua cintura. Suas mãos se apoiaram em meus braços, mantendo certa distância entre nós.

— Na minha festa a Gemma me disse algo bem desagradável, que vocês vão se casar quando resolver alguns problemas. — eu não esperava que a boca grande de Gemma soltasse uma dessas, já deveria esperar por isso, ela acabou ficando bêbada naquela festa, uma parte de mim estava aliviado por ela não ter dito a Louis, porém disse a Rebecca e agora ela queria me deixar por isso — É verdade?

— Sim. — engoli em seco, sem ousar encarar seus olhos. Senti suas mãos subirem de meus braços até meu rosto e o segurarem com firmeza, me virando para ela.

— Por que ela é uma dama? — assenti lentamente, fitando a tristeza em seu olhar — E o que aconteceria comigo? Seria promovida do posto de ‘nada’ para amante? — fui obrigado a concordar, infelizmente esse era o plano.

Eu a amo, mas não posso cometer a loucura de fazer dela minha esposa. Rebecca tem um passado, um passado sujo que me arruinaria se viesse à tona caso fosse seu marido. Seria arriscado demais. Meu amor por ela é muito forte, mas não vale o risco.

— Sabe que eu não conseguiria conviver com isso, não sou uma pessoa muito paciente e em algum momento eu acabaria fazendo uma grande merda, não é mesmo? — seus olhos brilhavam e ela respirou fundo antes de se desvencilhar de mim e dar as costas — Vamos fazer o seguinte, eu cumpro a minha parte, recebo e vou embora. Nunca mais nos veremos novamente e você poderá viver em paz.

— Rebecca... — comecei sem ter certeza do que dizer. Era o que eu queria, sempre estive receoso com a forma de tocar no assunto, contudo ela estava fazendo isso por mim, tirando o peso dos meus ombros.

— Ficaria comigo se ainda tivessemos a Jess? — sua voz era um sussurro. Odiava a forma como ela se referia a Jess, como se ela estivesse morta. Não era hora de corrigi-la.

— Provavelmente não. — ouvi um soluço abafada vindo de sua direção, entretanto quando ela se voltou para mim seus olhos estavam secos.

— Isso nunca foi saúdavel mesmo, não era bom pra mim, nem pra você. Acho que depois de seis anos chegou a hora de colocar um ponto final. Á partir de agora o nosso relacionamento é estritamente profissional. Você vai se casar com a Gemma e eu serei uma mulher rica, não consigo imaginar um final melhor para nossas histórias. — ela estende a mão e eu aperto, selando nosso acordo.

Eu consigo imaginar um final bem melhor, mas eu nunca irei te dizer isso Rebecca.

Ser sentimental não vai fazer de mim um vencedor.

 



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