– Não! Eu não quero ir. – me contorcia na cama, gritando para que mamãe me escutasse.
– Não vai ser a coisa mais legal do mundo mas pelo menos o Shawn vai.
– Ele vai? – levantei sorrindo e desci as escadas correndo.
– Vai. A família do Gilinsky também. Ah, e a do Matthew.
– Não quero mais ir. – resmunguei e Chad riu, ele estava sentado na bancada, tomando seu café da manhã.
– Sinto muito mas vai.
– Me recuso, não estou me sentindo bem, acho que vou morrer. – me joguei no chão, numa tentativa falha de um desmaio que só fez os dois rirem.
– Levanta e vai arrumar suas roupas. Quero tudo arrumado para amanhã!
– Chad. – choraminguei. – Me ajuda!
– Foi mal, eu quero ir.
– Traidor!
Ambos saíram rindo. Ok, terei que ir à um casamento no qual não tenho a menor vontade de ir, ainda por cima Matthew e Gilinsky irão, não podia ser melhor.
Sábado, 3:00 am.
– Madi, acorda, nós vamos agora! – mamãe me sacudia.
– Às três da manhã?
– São três horas até lá, chegaremos a tempo do café da manhã.
– Que diferença isso faz, ué?
– Anda, Madison. Levanta essa bunda dai.
– Fofa. – esfreguei meus olhos e rastejei até o banheiro.
Mesmo dia, 6:59 am.
– Eu não entendo, já deveríamos estar lá. – mamãe falou girando um mapa de um lado para o outro.
– Vou perguntar à alguém. – Chad foi até um posto e logo voltou. – Nós passamos da rua.
– Ai que ótimo!
8:00 am.
Narrador
A família Sage finalmente havia conseguido chegar em seu destino, o chalé que ficariam até segunda, após o casamento que seria no domingo.
Para a infelicidade e felicidade simultaneamente de Madison, o local havia sido indicado pela noiva, ou seja, ficaria três dias rodeada por Matthew, Gilinsky e Shawn.
Os três estavam desfrutando de um bom tempo na piscina, com suas respectivas famílias, enquanto Madison e sua família pegavam a chave do quarto.
Madison já estava tão esgotada que não conseguiu demonstrar sua irritação ao descobrir que teriam que cruzar toda a área do chalé para chegar em seu quarto, já que foram postos no último de uma trilha de quartos.
Além da frustração de ser tão longe o quarto, ainda teriam que passar pela área de lazer, vulgo piscina. E Madison não estava com paciência para aturar alguns olhares que poderiam se voltar para ela.
Ao notar tal fato, procurou um buraco no chão para se esconder.
– Neste momento, queria estar morta. – disse chamando a atenção de Chad e sua mãe, que de primeira não entenderam e ela apontou para a piscina.
– Você sobrevive. – sua mãe disse entre risadas, acompanhada por Chad.
– Eu só quero deitar e dormir, é pedir muito? – Madison resmungou tentando ao máximo demonstrar sua frustração.
– Sobe. – Chad agachou em sua frente.
– Certeza? – ela riu e ele assentiu. – Você é o melhor!
Sobrou para a Valentine – mãe de Madison – levar algumas das bagagens, porém não se mostrou incomodada, porque notou que realmente sua filha estava muito cansada. Chegou a estranhar esse excesso de cansaço, diante da situação da filha em relação à saúde, se sente extremamente insegura, e sente muito medo ao pensar que tudo isso poderia se transformar em algo com proporções maiores, como uma doença séria, e não saberia lidar com mais uma perda.
A primeira a notar a família foi a mãe de Shawn, que deu um gritinho para eles, sendo correspondida e logo depois os meninos também falaram algo, mas Madison apenas deu um aceno e voltou a deitar a cabeça sobre o ombro do meio irmão. Acharam estranho a reação da garota, já que é sempre animada e feliz, não que estivesse triste no momento.
Chegando ao quarto, Chad deitou Madison em uma cama de casal e arrumaram as bagagens no canto de uma das paredes. Valentine escreveu um bilhete e deixou na porta para a filha, que já dormia pesadamente. Chad e Val trocaram suas roupas por uma de banho, seguindo para a piscina.
– E a Madi? – Shawn foi o primeiro a se pronunciar.
– Oi, tudo bem? Tudo ótimo e você? – brincou Chad e todos riram. – Ela estava muito cansada e ficou dormindo.
– Ah, ok. – respondeu Shawn, demonstrando um pouco de decepção na entonação da voz.
– Bom te ver novamente, Chad. – a mãe de Shawn disse simpática e ele retribuiu o comentário agradável.
Matthew insistia em ficar fora dos assuntos que as famílias interagiam para encarar Gilinsky, que já havia notado o fato.
– O que acham de todos sairmos juntos à noite? – a mãe do Gilinsky disse animada e todos adoraram a ideia.
– Às seis então?
– Acho ótimo.
– A menos que tenham uma resposta muito boa, eu não ficarei com raiva por terem me deixado lá no fim do mundo sozinha.
Madison prendeu a atenção de todos, encostada em um parapeito.
Shawn sem pensar duas vezes saiu da piscina para abraçá-la, assim o fez e a molhou por completo. Todos – exceto Matthew – caíram na gargalhada quando ela começou a diferir tapas nele.
– Você vai entrar na piscina, Doll? – a mãe de Shawn se manifestou.
– Adoraria, mas dessa vez eu passo. – se ajoelhou na borda da piscina e deu um beijo em sua bochecha.
Continuou ajoelhada na borda e abraçou o Gilinsky por trás, que ficou com um sorriso mais largo ainda e Matthew estreitou os olhos para ela, que nem notou.
– Nós todos vamos sair juntos à noite, ok? – Valentine falou para a filha.
– Ahn, tudo bem.
– Pessoal, nós vamos tomar um banho porque daqui a pouco o almoço começará a ser servido. – a família de Matthew começou a sair e todos resolveram ir também.
Cada um se direcionou para seus respectivos quartos. Matthew correu para o banheiro antes de seus pais, e durante o banho seus pensamentos estavam mais confusos do que antes. Um turbilhão de sensações pareciam se misturar enquanto deixava a água escorrer pelo seu corpo.
Jack se mostrava muito feliz por Madison não erguer uma barreira entre eles – o quê ele mais temia – e o abraçar na frente de todos, inclusive do próprio Matthew.
E Shawn, bom, ele não tinha muito com o quê se preocupar mas tinha certo que esse final de semana poderia ser o sinônimo de desastre.
– E então, não foi tão ruim. – Chad deitou-se ao lado de sua meia irmã na cama de casal.
– É, mas porque estávamos com todos ao nosso redor.
– Vai ser a mesma coisa no casamento.
– Estou torcendo para isso.
– E eu também vou estar lá, Matthew não falará nenhuma grosseria com você.
– Você é o melhor irmão que existe!
– Você só tem um. – gargalharam e ela sentiu a necessidade de abraçá-lo.
– É muito bom te ter aqui. – disse com a cabeça encostada em seu peito.
– Você também, melhor irmã.
– Você também só tem uma!
– Detalhes. – riram e foram trocar de roupa.
Ao meio dia já estavam todos em direção ao restaurante do chalé. Juntaram duas mesas, já que elas eram grandes, alguns se serviram mas Madison não saiu do lugar, preferiu ficar lendo um livro na mesa.
– Madison, vamos. – Valentine a chamou.
– O quê?
– Comer, não adianta dizer que não.
Madison revirou os olhos e bufou, não queria começar algum tipo de discussão fútil então deu um sorriso forçado e apenas a seguiu, afinal podia ter camarão.
– Tem algo errado? – Valentine entregou um prato para ela.
– O quê? Por quê?
– Veio sem nem reclamar.
– Apenas sem paciência. – sorriu forçado novamente.
– Quem dera estivesse sem paciência sempre. – Valentine comentou alto demais e Madison revirou os olhos.
Não foi um prato cheio, mas razoavelmente mais que o normal que Madison comeria.
– Que milagre é esse? – Shawn direcionou a pergunta para a mesma.
– Preciso estar forte para aguentar esses dias de tormenta.
– Oh, boa resposta. Madi, vem cá. – Shawn a chamou mais perto para poder cochichar um "segredo". – Eu escrevi uma música nova.
– Sério? Eu quero ver, onde está?
– No quarto, eu estava dormindo no caminho para cá e do nada começou a surgir alguns trechos.
– Mas e o nome?
– Não sei ainda.
– Shawn! Como você pode me contar isso agora que não está com ela e me deixar curiosa? – ele riu e ajeitaram-se nas cadeiras para comer.
Foi um almoço aparentemente agradável para todos, internamente Madison queria falar poucas e boas para Matthew que a olhava com uma cara de poucos amigos toda hora mas se controlou.
•••
Todos estavam muito bem arrumados para sairem juntos, estavam na recepção esperando por Madison, atrasada mais de quinze minutos.
– Desculpa por atrasá-los. – adentrou a recepção e todos inalaram o cheiro de seu perfume, em excesso digamos.
– Nós que chegamos cedo. – Maureen disse.
– Me sinto menos culpada, mesmo sendo mentira, baixinha. – Madison riu e passou o braço por cima dos ombros de sua amiga.
Foram em carros diferentes mas chegaram quase todos igualmente ao local desejado, um restaurante no centro da cidade.
Todos se ajeitaram nas mesas juntas e fizeram o pedido. Shawn cutucou Madison, que estava ao seu lado, com o polegar e entregou uma folha dobrada em quatro pedaços.
you're the only one
(você é a única)
my eyes, now they shine so bright
(meus olhos, agora eles brilham tanto)
only one, like my love for you
(únicos, como o meu amor por você)
It did not take long
(não precisei de muito tempo)
to know that you are not only what I want
(para saber que você não é só o quê eu quero)
but what I ever needed
(mas o quê eu sempre precisei)
– Shawn, que lindo! – Madison disse admirada com o pequeno trecho.
– É, deve ser.
– Posso saber de onde veio a inspiração? – disse com um sorriso nos lábios.
– É, eu não sei.
– Mentiroso! Você se inspirou na Lauren!
– Talvez, talvez. – ele cochichou, fazendo sinal para que ela falasse mais baixo.
– Você vai cantar?
– Não! Quer dizer, acho que não.
– Ah, ta. – Madison tentou convencer, mas algo no tom da voz dela o deixou com uma desconfiança.
Na verdade, ela já estava tramando mil maneiras para que ele conseguisse cantar a música completa e que de quebra, Lauren se tocasse que era a "musa" inspiradora.
Matthew queria mais que tudo acreditar que a história e a foto eram ambas falsas, pedir desculpa e ficar bem com Madi, mas o orgulho parecia ser maior no momento.
– Ela vai acabar percebendo. – Chad direcionou a observação para Matthew.
– O quê? – ele disse com a expressão neutra.
– Isso, você encarando ela e o Gilinsky.
– Mas eu não estou. – mentiu.
– Qual é, cara. É obvio que está. Convenhamos.
– Tudo bem, mas diante dos fatos é o mínimo.
– Você acredita mesmo naquilo? Nossa, você é um babaca completo então.
– Ei! Não é porque você é irmão dela que pode me xingar. – Matthew acabou fazendo uma voz engraçada que tirou umas gargalhadas do Chad.
– Tudo bem, dude. Mas se eu fosse você, abria meus olhos porque se uma garota incrível como ela gostasse de mim, não teria nada que me tirasse dela.
– Só pra constar, você é irmão dela, né?
– Meio irmão. – Chad corrigiu e Matthew arregalou os olhos. – Isso é pecado, cara.
•••
– Gostou do jantar? – Gilinsky a abraçou de lado.
– Sim, digo foi bom. – Madison sorriu.
Já estava tarde e quase todos esgotados, Madison dormiu tanto durante o dia que não estava muito cansada.
A maioria já estava em seus quartos, se arrumando para deitar e dormir. Matthew, Shawn, Jack e Madison ainda estavam na recepção, indo para os seus devidos quartos.
– Boa noite, pessoal. – Shawn deu um meio abraços nos meninos e um beijo estalado na bochecha da Madi.
– Boa noite. – Matthew disse para os dois, com o tom de voz parcialmente seco.
– Aonde é o seu quarto?
– Lá no final. – Madison fez um gesto engraçado e os dois riram.
– Vamos, eu te deixo lá.
– Mas o seu já é bem aqui, não precisa.
– Qual é, Madi? Você não vai sozinha, vamos.
Madison bufou e o seguiu, ele já estava um pouco à frente dela.
– Como está a situação com o Matt?
– Quer saber? Eu cansei. – deu de ombros. – Cansei de todo esse drama e de toda essa situação, parece rotina, sempre a mesma coisa. Brigamos, um dos dois faz um discurso meloso, voltamos e algo acontece, já chega! Eu preciso de alguém que confie em mim e não que desconfie.
– Eu confio. – Jack disse tranquilo.
– Eu sei, você é um dos meus melhores amigo, huh.
– É, isso ai. Posso fazer uma pergunta? – Jack disse andando normalmente, sem olhá-la.
– Claro, babe.
– Seria tão ruim assim?
– O quê?
– O beijo, a foto... seria tão ruim assim?
– Por que essa pergunta agora?
– Seria ou não?
– Você era/é o namorado de uma amiga minha, então seria.
– E se eu não a namorasse, continuaria sendo ruim?
– Jack, onde você quer chegar?
– Você me beijaria? – dessa vez, virou-se para olhar bem nos olhos dela.
– Oh, direto demais. – ela não sabia o quê dizer para uma resposta tão estranha. – O meu quarto já está ali. – agradeceu mentalmente por já estarem perto.
– Desculpa pela pergunta, ta bom? – ele deu alguns passos na direção dela e instintivamente ela deu um pra trás, Jack percebeu e a olhou com desdém.
– É, desculpa, foi sem querer.
– Tudo bem, então qual é o quarto?
– O 432. – apontou.
– Te deixo na porta, sabe é mais seguro. – ela riu e foram até a porta.
– Se sente melhor agora? – ela brincou.
– É, vou me sentir melhor quando você estiver dentro e com a porta fechada. – ela gargalhou.
– Tem algum maníaco por aqui que eu não saiba?
– Bom... – ele fez uma careta e ela arregalou os olhos. – Não, é brincadeira, não tem.
– Ahn, ta bom. – ela torceu o nariz e ele sorriu.
– Até amanhã. – ele passou seus braços em volta da cintura dela com força e ela o abraçou pelo pescoço.
– Obrigada por vir até aqui. – deu um beijo em sua bochecha e se separaram.
Ela colocou a chave na fechadura e ele foi se distanciando, ele já estava um pouco longe quando escutou seu nome sendo chamado.
– Jack! – se virou novamente. – Você sabe que eu te amo, não é?
Por mais que ele quisesse acreditar que era algo mais que amizade, ele sabia que era um sentimento genuíno que talvez se misturado com algo mais, estragasse tudo.
Ele sabia que já era muito feliz de poder tê-la, mesmo como melhor amiga, um "eu te amo" dela já era o suficiente para que qualquer mágoa que houvesse em sua vida, fosse embora.
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