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História Imprevisível - Acho que a gente tem um filho


Escrita por: biagw

Capítulo 1 - Acho que a gente tem um filho


 O silêncio na sala do Hokage era tamanho que dava pra ouvir o som do vento entrando pela janela e chacoalhando as pilhas de papeis largadas na mesa. Naruto e Sasuke engoliam seco, paralisados, numa expressão de total suspense e apreensão. Não uma apreensão de quando se vai ao encontro de um grande inimigo, era mais no estilo um adolescente apaixonado que espera pra se declarar, ou coisa do tipo. Shikamaru os encarava, pensativo.

 A verdade era que não conseguiam colocar mais nenhuma palavra pra fora, era como se qualquer coisa dita pudesse explodir os dois. E era raro ver o nanadaime e seu braço direito com caras tão assustadas e suor frio escorrendo. Tão raro quanto vê-los calados ao invés de trocando as provocações de sempre.

 Mas o relatório que haviam recebido de Yamato pouco antes... Com certeza era algo que podia deixa-los naquele estado de calamidade. Era quase mais assustador que um encontro com vilões. Na verdade, prefeririam se tivessem que enfrentar Orochimaru numa luta direta que descobrir aquilo que tinham descoberto. E, sim, o ninja lendário estava no meio de toda aquela confusão que deixava os ninjas mais poderosos da atualidade prestes a terem um ataque de pânico.

 

“Yamato chegou” – tanto Naruto quanto Sasuke estavam tão imersos em suas próprias crises que mal perceberam quando Shikamaru saiu e entrou na sala outra vez. A expressão do Nara não mudou, não dando nenhuma pista sobre o que eles deveriam esperar.

 Os dois continuaram no mesmo lugar, petrificados, torcendo pra que os danos fossem menores do que esperavam. Se tudo corresse da pior forma, nem seus melhores jutsus poderiam dar um jeito na situação. Fechavam os pulsos e sentiam as mãos geladas, quase numa suplica aos céus pra que o que imaginavam não fosse verdade.

 Quando Yamato finalmente apareceu na porta, puderam confirmar...

 Era pior do que o esperado.

 Shikamaru riria das expressões de susto e descrédito que surgiram no rosto dos dois ninjas, se a situação não fosse tão séria. Até mesmo Yamato não conseguia controlar sua feição de desespero por estar cuidando de tudo. Os olhos de Naruto tinham dobrado de tamanho, enquanto os de Sasuke tremiam sozinhos por causa do nervosismo.

 O capitão Yamato não estava sozinho afinal...

 

“Papá!” – e então uma voz estridente e animada quebrou o silêncio da sala, aumentando ainda mais os olhos já assustados de todos os ninjas por ali.

 E nem parecia que os olhos de Naruto poderiam ficar ainda maiores...

 O dono daquela pequena voz logo surgiu de trás do corpo de Yamato, revelando a visão que todos esperavam não ver. O menino parecia ter uns quatro anos e não estar nem um pouco desconfortável como os adultos, pelo contrário, ele parecia muito feliz quando correu e se agarrou à perna do Uchiha em sua frente. Sasuke empalideceu, sem nem ter coragem de encarar a coisinha agarrada à sua perna.

“Paizinho!”

 E o garotinho nem demorou em sair dali e correr até Naruto, pulando em seus braços como se exigisse colo. O loiro reagiu assustado, tomando a criança com estranheza e totalmente sem palavras.

 Não dava pra negar as semelhanças.

 O garoto tinha os olhos azuis e um sorriso enorme, além dos três pequenos riscos em cada uma das bochechas. Claramente um Uzumaki, parecia-se até um pouco com Himawari, não fosse o cabelo ainda mais escuro que o dela e os traços um tanto mais fortes, feitos os de um Uchiha.

 Era a exata mistura entre Naruto e Sasuke.

 Enquanto a criança sorria sozinha agarrada ao pescoço do atual Hokage, o silêncio pairava na sala outra vez. As palavras gritadas do menino pareciam ecoar pela sala. ‘Papá, paizinho’. E, quando elas pareciam querer cessar, o garotinho fazia questão de repeti-las, como se quisesse relembrar todo mundo do que disse.

 Mas não era possível, era?

 Embora as aparências não negassem, era impossível que Naruto e Sasuke tivessem um filho juntos. Parecia ridículo só pensar nisso. Primeiramente porque nunca nem sequer desejaram algo do tipo, em segundo porque era biologicamente impossível de acontecer. Ou deveria ser.

 Era pra contrariar as leis do mundo que Orochimaru existia afinal.

“Não disse que ele não sabia de nada?” – um Sasuke totalmente inexpressivo conseguiu romper o silêncio instaurado. Seus olhos ainda tremiam.

“Orochimaru não nos deu muitas certezas...” – Yamato respondeu, quase se engasgando com as próprias palavras, sem saber o que pensar da situação – “Ele disse que talvez a criança tivesse alguma lembrança”

 Nem dava pra saber se o lendário renegado estava ou não falando a verdade.

“Ei, criança” – Shikamaru se aproximou, ele era provavelmente o mais racional e calmo dentre todos os presentes. O menino não tinha vergonha de ninguém, nem nenhuma barreira, ele logo exibiu seu sorriso quadrado ao adulto que apareceu do seu lado – “Quem são esses dois mesmo?” – precisava confirmar o que tinham acabado de ouvir

“Papá e paizinho” – e, bem, o tal garoto não hesitou em repetir suas nominações fofas enquanto apontava pra Sasuke e Naruto.

 Por mais que uma tensão existisse, a cena era até um tanto cômica.

“Sasuke” – Naruto franzia o cenho coçava o rosto de leve, pensativo. O Uchiha o encarou, mesmo sem muitas expectativas – “Acho que a gente tem um filho”

“Idiota!” – o moreno retrucou, irritado, tentando se desvencilhar daquela hipótese assustadora

“Isso meio que é a verdade” – Shikamaru os interrompeu, enquanto a criança se chacoalhava no colo de Naruto até que fosse devolvida ao chão – “Se foi tudo como recebemos e ele foi criado da mistura dos genes de vocês dois...”

 A verdade era óbvia, mas constrangedora demais pra se admitir. Mais ainda pensando em dois rivais que jamais dariam o braço a torcer pra concordar ou inventar uma ideia como aquela. Mas agora não tinham mais como concordar ou discordar, a criança já existia afinal – e era bem curiosa. Enquanto adultos se entreolhavam preocupados atrás de uma resposta, o pequeno ligeiramente mexia em todo o escritório.

“Ei, ei, não mexa ai...” – Naruto chegou a perceber o garotinho perto de sua mesa, mas não a tempo de impedir que ele derrubasse uma pilha de papeis no chão e ainda gargalhasse por ter feito isso. Bufou, derrotado.

 E aparentemente a personalidade do menino era mais parecida com a de Naruto quando pequeno, já que ele gostava de fazer suas bagunças e não demorou a escapar do olhar dos adultos, passar por debaixo das pernas de Yamato e sair correndo pelo corredor.

“Então é verdade que vocês dois procriaram” – antes mesmo que um deles fosse atrás do pestinha, ele reapareceu, dessa vez nos braços de Kakashi. A máscara podia esconder seu sorriso debochado, mas era fácil perceber o tom de provocação alegre em sua voz. O rosto de seus antigos pupilos ruborizou de vez – “Uau, ele realmente parece com vocês!”

“Sem gracinhas, Kakashi...” – Sasuke retrucou, sem saber como esconder seu desespero e falta de reação. Ele já não era muito eficiente em demonstrar qualquer emoção, uma situação inesperada como aquela só piorava as coisas – “Temos que decidir logo o que vamos fazer com...”

“E não é algo óbvio?” – o sexto Hokage parecia animado brincando com o menino que mexia em sua bandana, mais do que se poderia imaginar dele. Na verdade Kakashi se dava bem com crianças quando estava afim de fazê-lo – “A criança já existe e ela é de vocês dois. O que mais dá pra fazer?”

 Kakashi fez mais algumas gracinhas pro garotinho antes de estendê-lo de volta na direção de seus alunos. Como nenhum deles saiu do lugar pra pegar o menino, ele mesmo o entregou pra Sasuke, que parecia poder morrer ali mesmo. Kakashi ainda fez questão de puxar Naruto pelo braço e coloca-lo ao lado do Uchiha, dando mais um de seus sorrisos sapecas no final.

“Parabéns, papais” – mal conseguia conter o próprio riso. Levava a situação menos a sério do que qualquer outro e as expressões nos rostos de seus alunos deixava tudo ainda mais engraçado – “Agora me deem licença, preciso trabalhar”

 Kakashi saiu e Yamato deu uma desculpa qualquer sobre Orochimaru e o seguiu. O silêncio voltou.

...

...

 

“Eu...” – Sasuke, que ainda estava mais branco que o normal, logo passou a criança pros braços de Naruto, sem nem fazer qualquer pedido ou pergunta – “Eu também preciso... Trabalhar... Viajar... Procurar os traços do clã” – se engasgava nas próprias hipóteses, incapaz de pensar direito. E quanto mais encarava aquela criança, mais seu cérebro parecia entrar em combustão. Era extremamente estranho encarar alguém que se parecia tanto com ele e com o Uzumaki ao mesmo tempo.

“Ah, Sasuke, nem venha me enrolar!” – Naruto demorou alguns segundos pra perceber que estava sendo enrolado, mas protestou assim que percebeu – “Você nem tem missão nenhuma agora! Está tentando me deixar cuidar disso sozinho, é?”

“Dê seu jeito” – Sasuke ainda não conseguia ver aquela criança como um filho, afinal. E ele nem sabia como explicar aquilo, ele mal sabia como cuidar da filha que já tinha.

“Nem pense que eu vou cuidar disso tudo sozinho, Sasuke! Eu não tive esse filho sozinho, não!” – a conversa se tornou ainda mais constrangedora do que o início. E Naruto se calou assim que percebeu quanto sua última fala tinha soado um tanto esquisita

“Bom, acho que vou deixar os pais ai se decidirem” – Shikamaru aproveitou o momento esquisito pra se esquivar de qualquer obrigação que logo receberia se continuasse ali – “Boa sorte”

...

...

“Sasuke... Dá pra levar ele pra sua casa?”



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