História Improvável, o fio vermelho - A maga que odeia magia!

Lucy Heartfilia

X2021

Reino de Fiore

 Magnólia

Olho através da janela do carro, os grandes prédios da cidade de Magnólia, conhecida por ter os magos mais fortes do reino. Esta é a cidade da magia.

Séculos atrás o magismo era algo extremamente importante e comum, pelo menos é isso que os historiadores teorizam, pois após a segunda guerra mundial, há mais de oitos séculos atrás, foram poucas as informações que sobraram sobre a era dos magos, ou era mágica, como muitos chamam.

Atualmente não é tão fácil achar magos talentosos por aí. E quase ninguém liga para isso mais, a magia é mais vista como um esporte assim como qualquer outro.

Aperto com força a chave dourada na minha mão.

"Lucy… Por favor cuida dela"

Quem se importa com magos? Magia é a coisa mais estúpida que conheço. E aqui estou eu, na cidade que tem mais magos em todo o reino, onde a magia está em cada canto.

Suspiro e percebo que a tia Anna está me observando pelo retrovisor central.

— Tudo bem, Lucy?

— Hum… Só cansada da viagem — digo forçando um sorriso.

Eu gosto muito da tia Anna, mas tudo que aconteceu foi inesperado. Meu pai morreu quando eu era bem nova, nem consigo me lembrar dele, e a morte da minha mãe me pegou de surpresa. Se não bastasse perdê-la, tive que me mudar de cidade para morar com a minha tia. E o pior de tudo, ela é professora de magia em um colégio. Tenho certeza que vai me obrigar a entrar nas aulas de magia.

Assim que chegamos à casa dela, ela me ajudou a levar as malas para o meu quarto. Era uma casa pequena e simples. Como professora ela não ganha muito bem e o fato de ela agora ter uma adolescente de dezesseis anos para criar só piora tudo. Com certeza ela não esperava que eu fizesse parte do seu orçamento.

Organizo minhas roupas no armário do meu quarto. Acho que consigo deixar esse lugar com a minha cara. Tiro as cortinas da janela, estão velhas e desgastadas. Coloco o violino no suporte que montei ao lado da janela. Limpo a poeira do criado-mudo, coloco uma foto minha com a minha mãe. E em uma caixinha almofadada coloco a chave dourada.

De todas as chaves que minha mãe tinha, ela deixou essa especificamente para mim. Entendo como esse espírito é importante para ela. Mas não precisava ter deixado comigo, ela sabia que eu não gostava dessas coisas. As outras chaves ficaram para minha tia que também é maga celestial e já tinha outras chaves. Após terminar toda a arrumação, me sento na beirada da cama cansada.

— Lucy... — Olho para a loira entrando no quarto, ela trás o uniforme do colégio. — Aqui, lamento que já tenha que começar amanhã… — Ela se senta ao meu lado entregando o uniforme —, mas a diretora disse que não seria bom faltar.

— Hum, eu sei, e prefiro ir para aula do que ficar aqui sozinha. — Dou um pequeno sorriso para ela. — E já vou ser a estranha que veio de outra cidade. — Dou de ombros.

— Tenho certeza que fará amigos rápido. — Ela faz uma leve carícia na minha cabeça. — Quero te ver na minha aula amanhã... —  Ela abre um grande sorriso —, afinal, você é a única herdeira do clã. — Ela se levanta saindo do quarto.

Bufo e me deito na cama.

Porque maldição alguém como eu tinha que nascer em uma família de magos? Devo ter jogado pedra no Olímpio na encarnação passada! Como será que é esse colégio? Será que vou me dar bem lá?

Pego a camisa do uniforme olhando o emblema em formato de uma fada e suspiro ao reparar no nome logo embaixo: Colégio Fairy.

Fada? Que tipo de colégio tem como nome "fada"? Deuses, onde fui me meter?!

Lisanna Strauss

Entro no centro de treinamento de magia do colégio e o simples fato de ver minha melhor amiga aqui me faz sorrir. Não pensei que ela iria vir me ajudar, afinal, já está tarde demais e amanhã temos aula. Mas, infelizmente, desde as Olimpíadas Estudantis Mágicas, eu não tenho mais paz para treinar, por isso espero até que todos os alunos tenham ido embora.

— Boa noite, famosinha! — Ela provoca.

— Não me chame assim, Levy — repreendo-a séria, deixando a alça da minha bolsa escorregar pelo meu ombro, caindo no chão.

— Que seja, vamos começar esse treinamento logo. Solid script steel! — Ela faz um movimento tranquilo com a mão, realizando sua magia, e assim surge um grande letreiro de aço. — Arrebente-o!

Sorrio, concentrando minha magia na mão esquerda e fazendo uma esfera de pura magia, focando-me na rotação dela, e ataco o aço. Meu ataque consegue fazer um buraco nele, mas não passa disso. Aperto os punhos com raiva.

— Droga, ainda não é suficiente! — falo frustrada por não conseguir fazer isso bem.

— Você precisa parar e analisar seu erro, se continuar tentando assim, não vai chegar a lugar nenhum.

Levy tem razão, preciso analisar bem e descobrir como posso melhorar isso. Essa técnica era para minha mãe ter me ensinado, mas ela não ficou viva por tempo suficiente para passar o legado do nosso clã para a minha geração.

Pensar nisso agora não vai me ajudar em nada. Olho para minha mão direita.

— Essa técnica consiste em fazer uma esfera de pura magia, mas esse poder mágico tem que rodar dentro da esfera em várias direções diferentes, isso que causa a potência. Porém não consigo manter por muito tempo, quando eu faço a técnica tudo sai da devida forma, mas quando eu vou atacar meu foco fica dividido e a rotação diminui — explico para a outra maga.

— Então você tem que aprender uma forma de manter sua concentração na magia.

Respiro fundo e olho para a mão esquerda. Concentro a magia, a fazendo se transformar em raios roxos, mas logo os raios se rebelam contra mim e um acerta meu rosto fazendo um pequeno corte.

— E essa magia, o shiden, eu não consigo fazer a mudança para raios com perfeição, por isso eu perco o controle e se torna uma técnica instável, em outras palavras é um risco para mim e para meu adversário, poderia acabar matando alguém. — Suspiro pesadamente. — Eu preciso aperfeiçoar! Eu só consegui duas técnicas com perfeição. — Olho para ela. Como minha melhor amiga, Levy entende como tudo isso é importante para mim. — Eu preciso ser perfeita para passar o legado para frente, por mais de mil anos essas técnicas são passadas de geração em geração… Se eu falhar… Todos esses anos serão em vão. — Aperto os punhos.

Toda essa responsabilidade caiu sobre os meus ombros. Mirajane é ocupada demais para treinar essas técnicas e mesmo quando ela tentou não se saiu muito bem, o mesmo vale para o meu irmão, Elfman, só que ele é um folgado, um playboyzinho que só sabe viajar pelo mundo fazendo sabe se lá Deus o que. Eu fui a única de nós três que teve mais facilidade para aprender essas técnicas, e mesmo assim não é o suficiente. Sinto a mão da azulada repousando sobre o meu ombro.

— Não se cobre tanto, você ainda tem muito tempo para aprender tudo isso. — Ela sorri — Vamos pra casa, você está mentalmente exausta.

Ela tem razão nisso. Suspiro e pego minha mochila.

— Arigato, Lê-chan.

— Sou sua melhor amiga, não sou? Lis.

Apenas anui com a cabeça, essa não era uma pergunta da qual a Levy precise de resposta, ela sabe muito bem que é minha melhor amiga desde a infância. Ela esteve do meu lado nos piores momentos da minha vida, e não importa quantas vezes eu tentei afastá-la, ela nunca me deixou sozinha. Além da minha irmã, não consigo imaginar outra pessoa que seja tão próxima de mim como a Levy.