História Improvável, o fio vermelho - Primeiro dia - Parte III

Lucy Heartfilia

— Ainda bem que a speedy tava por perto para salvar a gente. — Levy fala, quebrando o silêncio.

— Não me chama assim! — Ela reclama, mas se senta entre nós duas.

— Ah, não fica emburrada. — A azulada puxa a bochecha da albina.

— Me larga! — esbraveja nervosa.

Levy ri, mas para de atormentar a garota, pelo jeito as duas são muito amigas. Reparo na albina tirando a gravata e enrolando na mão machucada. E a forma que ela está enrolando me incomoda de uma jeito que não consigo me conter.

— Deixa eu te ajudar com isso. — Puxo a mão dela antes que pudesse recusar a minha ajuda.

Desenrolo tudo e enrolo novamente, mas diferente dela eu tenho todo o cuidado para fazer as voltas bem alinhadas. Tiro a atenção da mão dela e olho para a albina. Agora mais de perto posso reparar na intensidade dos olhos celestes, reparo nos detalhes do rosto dela. E no meio da testa ela tem uma cicatriz de aproximadamente dois centímetros na diagonal. E deuses, como ela me incomoda, seria perfeito se fosse na vertical, ficaria perfeitamente alinhada com o nariz. Suspiro tentando afastar esses pensamentos. E o flash de uma camera photografica chama a minha atenção, olho para o lado vendo um garoto musculoso, cabelos negros grandes e muitos piercings.

— Hihi, essa foto vai render uma capa no jornal do colégio. — Ele fala olhando para o visor da câmera. — “A novata dando em cima de Lisanna Strauss”. — Ele fazendo um gesto no ar deixando claro que esse será o título da reportagem.

— Gajeel, se você publicar isso eu fico de greve pelo resto do ano! — Levy se levanta furiosa.

— Tá, tá, meu amorzinho, não vou publicar, mas a foto ficou massa. — Ele sorri e vira para mostrar para a gente.

Olho a foto e realmente daria o que falar se fosse colocada no jornal. Ficou bem insinuativa. Acabo ficando com vergonha disso e afasto-me da albina. Ela bufa fechando o semblante para o moreno.

— Calma, já disse que não vou publicar. — Ele fala novamente, a fim de tranquilizar a garota.

— Que seja. — Ela se levanta. — Levy, vou ter que cobrir minha irmã, pode dizer para o Hibiki-sensei que fui embora?

Levy muda o peso de uma perna para a outra e parece não gostar nem um pouco do pedido da albina.

— Mentir de novo para encobrir sua preguiça?

— Não, já disse, vou ajudar a Mira-nee.

As duas se encaram e parece ter uma tensão no ar.

— Tá, mas só dessa vez Lisanna, suas notas em inglês tão feias. — Ela avisa, não parece querer deixar a garota com raiva. Só está sendo uma boa amiga e avisando-a.

— Tá bom, até mais. — Ela sai dando um leve aceno, sigo seus passos até que do nada ela desaparece.

— Nani?! Ela…

— Ela é rápida — explica Levy, com um sorriso no rosto.

Como alguém pode ser rápida assim?

Será que ela usa algum tipo de magia de teletransporte?

Mas magias assim são difíceis de aprender além de ser muito raro, requer muita habilidade. Quão habilidosa aquela garota é?

— Eu preciso ir procurar outra fofoca para minha capa do mês — avisa o moreno, que dá um beijo de leve na bochecha da garota. — Até mais. — Ele fala para nós e sai.

Está claro que os dois têm um relacionamento. O que parece um pouco estranho. Ele deve ser o completo oposto da Levy, é grande e parece ser um bad boy; mas fazer parte do jornal do colégio muda completamente a forma que o vejo. Gajeel é um cara estranho. Essa é a única conclusão na qual consigo chegar.

— Melhor a gente ir para a sala. — Ela me chama.

Levanto e seguimos o caminho para a nossa aula. Queria perguntar a ela sobre aquela garota. Algo nela me deixa intrigada. Algo além do fato de que ela me irrita demais com o jeito desleixado dela. Parece que vou ter um infarto toda vez que a olho. Mas também, algo em mim diz que a conheço. E que eu deveria estar esperando por ela.

— Sim, ela é solteira. — Levy fala do nada, a olho confusa. — A Lisanna, ela é solteira, mas ela não vai ficar com você. Lis não fica com ninguém.

— Não, eu, eu… — Fico sem saber o que dizer, como ela pode pensar algo assim?

— Eu conheço esse olhar, já vi em várias garotas e caras que vem até mim achando que vou ajudá-los a se aproximar dela. — Ela suspira. — Sinceramente, eu até ajudaria, queria que a Lis pudesse amar alguém da forma que amo o Gajeel, mas ela não ama, ela não tem interesse por ninguém — explica. — Não sei se isso é um trauma por causa da morte dos pais ou se ela não confia nas pessoas, não sei o motivo.

Então a amiga de mais cedo que ela falou era a Lisanna.

— Ela parece ser um pouco anti-social — falo, pensando na forma arredia da garota, mas meu comentário fez a azulada rir.

— Lisanna anti-social? Ela é a garota mais popular do colégio. — Ela para de andar, e aponta para um cartaz na porta de um armário. — Vai me dizer que não a reconheceu? — Olho bem o cartaz, é das olimpíadas estudantis mágicas, e nele tem a albina segurando o troféu. — Ela é a campeã das Olimpíadas, isso fez ela ficar ainda mais popular.

Acho que agora entendi melhor. Mas não é daí que conheço a Lisanna. Eu não acompanho essas porcarias de eventos mágicos. Não gosto.

Em pensar que aquela garota é uma maga tão habilidosa. Magos… magia. Odeio tudo isso. Aperto o punho.

— Ainda mais? — questiono, querendo entender melhor.

— As pessoas gostam dela e da irmã, pode não parecer muito, mas Lis é gentil, amiga, uma grande companheira, ela é do tipo que atravessa o país para levar um pote de sorvete e acolher suas lágrimas quando se está na bad. — Ela fala isso com um tom nostálgico, como se já tivesse acontecido com ela. — Você vai gostar dela.

Duvido muito. Ela é irritante. Se pelo menos se arrumasse direito e fosse menos desleixada. E outra que ela parece ser daquelas magas metidas. Odeio pessoas assim.

A chance de eu dar certo com aquela garota bagunceira é zero!