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História Imutável Destino - O grasnar do corvo


Escrita por: Psico_Poetica

Capítulo 19 - O grasnar do corvo


- Sa... su... ke? - Foi tudo o que Hinata conseguiu balbuciar.

O rapaz a olhou com uma expressão confusa que se desfez rapidamente em um sorriso.

- Eu me pareço tanto assim com meu irmão?

Hinata fitou o rapaz á sua frente, tentando assimilar o que acontecia ali. Sua cabeça girava e latejava absurdamente com a quantidade de informações que recebera naquela noite.

Aquele homem era irmão de Sasuke?

- Irmão? - Murmurou ela, mais para si mesma, que para o rapaz.

- Itachi Uchiha. - Se apresentou ele - Mas nós já nos conhecemos, Hinata...

A morena fitou curiosa o homem... Já o conhecia? Uma pontada de dor lhe corroeu os pensamentos, enquanto fleches de memória pareciam cruzar-lhe à frente dos olhos. Lembrou-se da visão que tivera na casa de Kurenai. Hidan estava nela. Sasori também. Assim como o próprio Madara Uchiha. Mas havia mesmo, mais alguém... Um garoto, de cabelos escuros e expressões vazias, que ela deixara passar...

Ele... Era aquele homem a sua frente. Claro! Como pode esquecê-lo?

Ele era um daqueles homens de Madara. Um dos quais, tentara matar Kakashi, tão covardemente e sem piedade. Itachi Uchiha era seu inimigo, tanto quanto o próprio irmão. Concluiu Hinata, amargamente. Dessa vez ela estava ciente do perigo que corria. E o rapaz pareceu notar a mudança na garota.

- Não se preocupe Hinata, eu não quero lhe ferir. - Ele disse. A Hyuuga sorriu irônica com as palavras, mas permaneceu quieta - Talvez eu possa lhe ajudar a recordar quem sou eu.

Itachi respirou profundamente, e fechou os olhos. Ele sabia que a garota era descrente o bastante para tivesse fé somente no que visse com os próprios olhos.

Então, ele mostraria a ela.

Hinata arregalou os olhos quando a figura do homem foi sumindo e dando lugar a uma sombra escura. As mangas do casaco encolheram-se junto aos braços e se transformaram num leque de penas muito negras. Um grasnado alto ecoou pela clareira. E ele encolheu-se até se tornar o mesmo corvo negro que Hinata vira a tantos e tantos dias.

O coração dela parou com um baque e o ar travou-lhe nos pulmões, enquanto encarava a ave negra. Ela ergue as mãos para lançar uma corrente de energia contra ele, na intenção de se defender. Mas o corvo voou para cima da garota batendo asas compridas no rosto da mesma, a fez fechar os olhos para protegê-los, e cambalear alguns passos para trás, onde tropeçou em uma raiz exposta da árvore mais próxima. Mas, ao invés de cair no chão, foi segurada por Itachi que voltara a ser homem tão rapidamente que ela nem pôde acompanhar.

- Nós podemos fazer do jeito difícil também... Já que insiste.

Ele girou o corpo da garota e a arremessou de costas contra o tronco de uma nogueira alta ali perto. Em seguida, mais que rapidamente, a agarrou pelos pulsos e barrou os movimentos de suas pernas com o joelho. A garota se debateu, torceu o corpo e gritou.

- Hinata, escute o que eu tenho a dizer e eu a deixarei ir. Dou minha palavra. - O homem tinha a voz mansa e os olhos inexpressivos.

A garota tentou se soltar novamente, mas o moreno não parecia fazer muito esforço para prendê-la. Ela estava exausta, sua cabeça palpitava e seu coração estava disparado. Era muito pra ela acreditar na palavra de um inimigo, mas decididamente não queria mais lutar, então suspirou intensamente e se aquietou.

- Se você disser algo como: “boa garota”... Juro por Kami-sama que nem mesmo a sua alma será perdoada. – Murmurou ela. O medo que a Hyuuga parecia sentir antes, foi substituído por uma frieza que não alcançava os orbes azuis dela. É como se a garota lutasse para levantar um escudo de gelo ao redor da personalidade tão fraca. O moreno arqueou as sobrancelhas, suavemente impressionado. Hinata era realmente interessante. Ela fixou as orbes azuis no rosto dele, de maneira repentina, chamado-lhe a atenção e perguntou: - O que você quer de mim?

- Quero conversar... - Respondeu o homem, simplesmente.

- E não tinha uma outra pessoa com quem pudesse fazer isso? - Continuou ela. Desafiante.

Mas Itachi não esboçou qualquer reação física. Apenas continuou encarando a menina, com os olhos cor de ônix.

- Não estou aqui para brincadeiras, Hinata. - Falou, ríspido.

- Certo. O que quer me dizer? - Murmurou ela, irritada.

O moreno, sem aviso prévio, a soltou, deixando-a confusa. Ela ficou algum tempo encarando-o, esperando que ele lhe explicasse a razão daquilo, mas o homem meramente virou-lhe as costas e começou a caminhar. Voltando a falar em seguida:

- Aqui não... - Sussurrou ele. - Eu não quero ser interrompido. Seja por Sasuke e Hidan, ou por algum de seus amiguinhos. - Ele lançou um olhar por cima do ombro, para observá-la, mas a garota não parecia convencida a segui-lo. - Há algo que você não entendeu?

- Estamos em lados opostos, Itachi-san. Eu não vou com você. 

O Uchiha suspirou frustrado, e depois balançou a cabeça, em afirmação as palavras da morena. Em seguida, transformou-se em um corvo, rapidamente, sobressaltando a menina. O pássaro bateu as azas de penas escuras, e mergulhou na imensidão da noite.

Hinata ficou olhando a ave sumir na escuridão, sem entender o que acontecera. Sua cabeça estava dolorida. Mas seria muito inocente de sua parte, pensar que aquilo acabara ali.

Ainda meio zonza, ela se esgueirou até a esquina do corredor e olhou para os lados. Não havia qualquer sinal de Hidan, ou de Sasuke. Mas isso não significava que era seguro sair. Ela encheu os pulmões de ar, e deu um passo para fora do beco. Ainda estava viva? Sim. Ótimo! Então apressou os passos e seguiu, na direção do festival.

Mas o ronco poderoso de uma motocicleta lhe alarmou novamente. Ela jogou o corpo para o lado, executando uma acrobacia e se escondendo atrás de uma parede, baixa, próxima. O barulho da moto continuou aumentando, assim como a velocidade dos batimentos cardíacos da morena. E então se aproximou o bastante para parar. Trazendo um silêncio tortuoso, por alguns segundos.

Hinata implorou a Kami, que o veículo fosse embora, já imaginando quem o pilotara. Mas era besteira continuar a pedir. Seja quem fosse, não parecia querer sair dali, obviamente, sem ela.

- Eu estou sem tempo, Hyuuga. Você tem um segundo para sair daí. - Declarou a voz rouca, que Hinata ouvira há pouco.

Ela choramingou, com a cabeça encostada na parede fria. Estava tão exausta... Não só no físico, mas principalmente psicologicamente. Com os joelhos bambos ela se levantou, a contra gosto. Já sabia que ele iria voltar... Apenas não esperava que fosse tão rápido.

Lançando um olhar aborrecido para o veículo barulhento, ela encontrou novamente, o dono dos olhos escuros, que a abordara há pouco. Itachi pilotava uma Suzuki Hayabusa negra, com pneus de aros vermelhos e luminosos, que deixaria o motoqueiro mais másculo, encantado como Sakura com os Kimonos. A maioria de suas peças eram cromadas e brilhantes, e com alforjes em couro escuro e fosco.

Ela pensou em dar meia volta e correr para o lado oposto, mas a chance de escapar era cada vez menor. Uma moto daquelas alcançaria mais de 300 km/h, sem esforço. E ela já havia corrido o suficiente, para se sentir estilhaçada, por aquele dia.

- Monte. - Ordenou o Uchiha.

- Você não pode estar falando sério... - Balbuciou a morena - Quer que eu suba na sua moto?

Itachi simplesmente arqueou as sobrancelhas, fitando-a, e só então foi que a menina percebeu o quão boba havia sido sua pergunta. Mas ela preferiu ignorar o fato, e continuar encarando-o de maneira firme. Afinal, sua única chance era continuar se mostrando forte - coisa que não condizia exatamente com a verdade - para evitar que os olhos gélidos dele despissem-na, de sua coragem

- Se eu quisesse tê-la capturado... Eu já teria feito.

- Você trabalha pro Madara. - Lembrou a menina - Como posso confiar em você?

- Talvez não possa... - Disse, primeiro parecendo pensar a respeito da situação. E em seguida, cravando-lhe o olhar, com intensidade - Mas não estou lhe dando escolhas. - Continuou ele, arrancando um revolver da cintura e apontando-o, muito rapidamente, na direção da cabeça da Hyuuga - Venha comigo, agora.

- Você... - Começou ela, com a garganta seca, sentindo um nó se formar ali - Você não pode me matar. - Falou Hinata, tentando, inutilmente, esconder o nervosismo na voz.

Itachi sorriu debochado, - um sorriso estranho, na opinião da morena, para aquele rosto tão sereno - e semicerrou os olhos. Ainda com a arma de fogo empunhada, ele destravou o mecanismo - chamado popularmente de cão ou martelo - e colocou o dedo no gatilho sem o menor sinal de hesitação.

- Está duvidando do que sou capaz? Eu posso o que quiser, inclusive lhe matar, Hinata. Aliás, seria algo muito fácil de se fazer. Um único tiro seria suficiente para isso. E de brinde, ainda jogaria seu cadáver sobre o colo de Kakashi, só pra ver qual seria a reação dele.

A garota de olhos claros, sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, ao relembrar o desespero de Kakashi em encontrá-la ferida, no dia em que Naruto se revelou um inimigo.

- Isso é bem mais sutil. - Suspirou, ela, ainda trêmula.

Hinata fechou os olhos por um instante, tentando segurar as lágrimas, e a vontade desesperadora de sair correndo daquele lugar. Arrancou o Kanzashi, que Sasuke lhe presenteara, dos cabelos negros, e atirou-o ao chão. Esperando que juntamente á ele, fossem embora todos os sentimentos que ainda possuía pelo moreno. A cascata escura lhe escorregou instantaneamente pelas costas, trazendo-lhe um pequeno e momentâneo alivio.

- Eu não tenho a intenção de te machucar. - Falou Itachi, sinceramente, enquanto a morena montava, hesitante, no veículo - Quero apenas que você tenha a chance de ver o outro lado da história. - Completou, oferecendo-a um capacete preto lustroso.

- Isso não é muito confortante... - Murmurou a menina, olhando extasiada, a motocicleta gigantesca, enquanto colocava o equipamento.

- Segure. - Disse ele, com a voz autoritária. E a Hyuuga olhou em volta.

Mas, estranhamente... Não havia local para segurar.

O que só lhe deixava com uma alternativa obvia.

Seu rosto corou imediatamente, quando se viu obrigada a colocar as mãos sobre o quadril do Uchiha. Era uma situação extremamente constrangedora, da qual a morena não parecia ter o menor controle.

Ela se perguntou, mentalmente, sobre o aparente fato de que o moreno trouxera somente um capacete. Pois ele aqueceu o motor, com a cabeça totalmente descoberta, e não havia qualquer sinal de que tinha a intenção de mudar aquilo. A motocicleta era razoavelmente alta, e provavelmente muito rápida. O que trazia à tona a questão: se ele caísse de um veículo como aqueles, em uma velocidade ainda que pequena, o estrago não seria dos menores.

Itachi então, como se pudesse ouvir os pensamentos da morena, rapidamente acelerou a maquina, fazendo com que ela tivesse de se atracar em suas vestes para não cair. Sem desviar os olhos do caminho, que agora percorria para sair da escola, ele agarrou os pulsos da morena e os puxou com força, fazendo com que ela caísse sobre as suas costas.

- Segure, Hyuuga. - Mandou. E Hinata se viu abraçando o moreno, com o rosto completamente vermelho.

Foram longos segundos até a menina conseguisse voltar a respirar normalmente.

O vento forte causado pela velocidade crescente que o veículo adquiria, sacudia violentamente os cabelos compridos do homem a sua frente. Ele mantinha o pescoço ereto, aparentemente atento a estrada que se estendia sob a motocicleta.

A cada dez metros percorridos, a garota sentia o frio no estomago aumentar. Afinal, onde estava indo? Um turbilhão de sentimentos lhe inundava, enquanto seus pensamentos corriam a mil por hora. Será mesmo que estava a salvo? Bom, uma coisa era certa, se Itachi realmente quisesse fazer-lhe algum mal... Ele já teria feito, como disse. Mas então... Para onde ele a estava levando? E por que a ajudava? Ela não conseguia entender.

As luzes, pinceladas, da cidade, passavam em uma velocidade absurda pela moto. A Hyuuga arriscou uma espiada no velocímetro. Fora uma péssima idéia, visto que marcava 200 km/h. Se aquela velha história sobre almas fosse realmente real, ela poderia dizer naquele momento a sua havia congelado.

Em plena cidade... Há 200 km/h?

Estava errada ao pensar que Itachi não tinha a intenção de matá-la...

Possivelmente iria mesmo morrer, de um jeito ou de outro. 

Para a sorte da Hyuuga, o caminho percorrido pelo Uchiha, não foi dos mais compridos. Em poucos minutos ele virara uma esquina e adentrara numa trilha estreita de terra, que levava até uma pequena praça mal iluminada. Sem muita cerimônia ele parou em um canto mais afastado, e a garota desceu do veiculo, com as pernas muito bambas. 

Ela executou alguns passos desajeitados até um poste de iluminação local, e se encostou ali. Retirou o capacete pesado e respirou profundamente, tentando controlar os batimentos cardíacos. Seu coração estava completamente descompassado.

Itachi não demorou muito a se aproximar dela. Tomou-lhe o capacete das mãos, sem permissão, e passou a encará-la em silêncio. Provavelmente a espera que ela se recuperasse.

- Diga o que tem pra dizer... - Disse a garota, quebrando o silêncio.

- Entregue-se, Hinata. - Proferiu Itachi, sem mais explicações.

A Hyuuga o fitou, incrédula. E aguardou em silêncio, esperando que ele desmentisse a frase. Foram longos segundos, com uma expressão boba no rosto, aguardando que acontecesse, mas o Uchiha apenas continuou parado, olhando-a, como se tudo já houvesse sido dito de maneira compreensível o bastante. A morena aspirou o ar frio da noite, ao mesmo tempo em tentava formar uma frase inteira, sem que a gagueira lhe deixasse constrangida mais uma vez.

- O que? - Questionou a menina, na intenção de conseguir uma explicação para aquilo.

- Você me ouviu claramente. E eu estou falando muito sério.

Hinata continuava perplexa, ao mesmo tempo em que tentava manter o olhar pesado de Itachi, e sua cabeça voltava a palpitar dolorosamente. Sua visão embaçou, por alguns segundos, e ela sentiu uma leve ardência atrás dos olhos. Mas preferiu não dar muita atenção ao acontecimento, pois já estava perturbada o suficiente, com o que o rapaz diante de si, acabara de falar.

- Você... Quer que eu me entregue a você, agora, para que me leve à Madara?

- Se é dessa maneira que você deseja entender...

- Que outra maneira eu poderia interpretar a sua fala? - Perguntou ela, erguendo as mãos, e levando-as até as têmporas. - Quer dizer, isso é alguma espécie de competição? Todos vocês... Fizeram uma aposta pra ver quem me entrega nas mãos do diabo, primeiro?

- Não seja tão infantil, Hinata. Estou avisando como um amigo.

- Um amigo... Certo. - O estômago da menina girou - Então você está dizendo... Que me trouxe até aqui, no meio do nada, há quilômetros de Kakashi... Pra me pedir... Pra desistir? Tipo... Desistir, realmente.

- Você não é ignorante... Sabe que é o certo a se fazer.

- Cara, acho que não. - Ainda boquiaberta, ela deixou os braços caírem ao lado do trono, frustrada. - Mas, obrigada pelo convite.

Ela já havia virado as costas ao homem, quando a voz grave de Itachi atingiu-lhe novamente os ouvidos, com tamanha frieza, que lhe provocou arrepios.

- Então, todos eles vão morrer, Hinata. - Disse o Uchiha - As pessoas que você ama. Cada um deles. Bem diante de você.

- Eu não vou permitir que aconteça. - Respondeu ela, travando seus passos, e parecendo desistir da idéia. Mas continuou de costas para ele, sem encará-lo. 

- Você não pode impedir.

- Eu posso e vou. - Rebateu, suas palavras soaram firmes e decididas, mas não parecerem abalar o Uchiha, por um segundo sequer. - Itachi-san, se era só isso que queria dizer...

- Você acha que tudo isso é um jogo... Mas está errada. - Declarou ele, caminhando sorrateiramente até a menina.

Itachi driblou rapidamente à distância e segurou-lhe o braço, impedindo que ela continuasse em frente. Em seguida puxou-a, forçando-a a fitá-lo. A menina parecia frágil como um bibelô. Não podia evitar de se sentir no controle, em muitos sentidos, por ter maior força física.

- Pensei que sua intenção fosse me contar do outro lado da minha historia. - Murmurou Hinata. Estava com o rosto tão próximo do Uchiha que quase conseguia enxergar o próprio reflexo, em seus olhos negros. Mas havia uma novidade... Ela não sentia, o mínimo rastro de medo, pela primeira vez desde que descobrira sobre Sasuke, àquela noite. Algo que não era muito costumeiro para a mesma. - Foi o que você disse, para me trazer até aqui.

- E é o que estou tentando fazer. Você está prestando atenção, garota? Esse é o outro lado. - Esclareceu - Ainda que não pareça, eu estou mesmo tentando ajudar você. E se vier comigo agora, por vontade própria, eu lhe asseguro que tudo será diferente... Não só irá poupar a vida deles, quanto a você mesma.

- Eu não entendo... Se você quer que eu me entregue...  Porque não me deixou com Sasuke e Hidan? - Questionou ela, puxando o braço e se soltando do homem.

- Porque eles não teriam piedade de você. - Respondeu o moreno - Tenho certeza que você seria arrastada até Madara-sama, contra a sua vontade... E isso...  Iria te trazer um sofrimento desnecessário.

- Isso não faz sentido algum.  

- Hinata, você não é mais uma criança, mas ainda não compreende a dimensão das coisas que estão em jogo aqui. Então, vou tentar lhe explicar outra vez. Escute-me com atenção... - Pediu - Você está fugindo do seu destino há anos. Se você concordar em vir comigo, nesse momento, terá que ser forte para se adequar há certos moldes. Mas sofrerá menos se aceitar o que lhe cabe. E também, não terá o peso de outras vidas sobre suas costas. - Disse Itachi. Seus olhos serenos e estreitos, mal piscavam, ao fitá-la. - Se vier, garanto que ninguém tocará em Kakashi, Kurenai ou qualquer um dos outros.

- E se eu não for?

- Na melhor das hipóteses... Eles vão morrer. - Disse ele, sem cerimônia - E eu não poderei fazer nada para impedir. - Hinata podia jurar que havia acabado de engolir um cubo de gelo, pois algo lhe desceu gelando a garganta até a boca de seu estômago. Na melhor das hipóteses... As pessoas que amava iriam morrer...? Na melhor? Aquela frase lhe deixou completamente sem vontade de imaginar o que poderia acontecer na pior das hipóteses. Tirando-a de seus devaneios, Itachi continuou, fazendo-lhe o convite: - Venha comigo e se torne um membro da organização Akatsuki.

- Desculpe, Akats... O que?

- A Akatsuki é uma organização que a busca a paz global.

- Que interessante... Uma organização de mercenários e homicidas, que busca a paz.

- Você é mesmo perspicaz... - Sorriu-lhe o moreno - É verdade que vestimos ternos e lidamos com política, tanto quanto sujamos nossas mãos, quando necessário. Mas compreenda Hinata... Somos todos dotados de habilidades como as suas. Temos muito em comum com você. A maior parte dos membros foi brutalmente discriminada, por ser incomum, perante a sociedade. E a Akatsuki se tornou um refúgio para eles.

- De que eu seria útil em algo assim? - Perguntou a garota - Aliás, como membro...  Eu serviria ao homem que matou o meu pai, não é?

- Bom, se é esse o caso...  - Começou, ele. Hinata era realmente difícil de se convencer... A essa altura, já deveria ter lhe causado efeito o bastante, para que concordasse com seus termos. Porém, ao contrário do esperado, ela continuava razoavelmente firme aos seus ideais. Mas há sempre um ponto fraco, e ele conhecia o dela. - É um sacrifício que vale a vida de seus amigos, não concorda?

A Hyuuga sentiu uma pontada lancinante no peito, e mordeu o lábio inferior, na tentativa de forçar-se a ser mais forte. Ela faria qualquer coisa para salvar a vida de Kakashi, que tanto já sofrera por sua causa... E jamais permitiria que Kiba, Shino, Sakura e Kurenai, se machucassem em razão dela, outra vez.

Parecia muito simples e até mesmo, confortável, aceitar a proposta de Itachi. Se concordasse em ir com ele... O Hataque e os outros, finalmente estariam seguros. Era tudo o que ela desejara durante toda a vida! Finalmente poderia dormir tranquila, sabendo que as pessoas que lhe importavam, ficariam bem e não correriam mais os mesmos riscos.

- Se eu for...  - Suspirou ela, abaixando os olhos, enquanto tudo dentro de si implorava para que ela não continuasse com o que estava prestes a fazer. - Kakashi estará mesmo fora de perigo?

Itachi observou a garota a sua frente. O rosto dela adquirira uma bonita tonalidade rosada, repentinamente. Kakashi era mesmo alguém tão importante para ela?

- Completamente. - Prometeu ele - Sem você, não existirão razões para continuarmos a incomodá-lo...

- Kurenai, Kiba, Shino e Sakura também?

O moreno deixou escapar um sorriso pequeno, nos lábios finos.

- Todos eles. - Respondeu.

A Hyuuga deixou o corpo cair sobre um banco de madeira próximo. Sua cabeça girava. Itachi observou a menina erguer os olhos azuis, fitando a imensidão estrelada, acima de si. Os fios negros e bagunçados, escorregavam pelo pescoço dela até muito abaixo de sua clavícula. E o Kimono negro, brilhava lustroso, sobre a fraca iluminação do poste, enquanto a brisa se tornava tão gelada, como no inverno.

- E o que acontecerá comigo?

- Não precisará mais temer. - Proferiu, soltando as palavras sem pressa - Eu até diria que irá viver muito melhor do que vive agora. Afinal, eu sei por tudo o que tem de passar, Hinata. Sei dos seus medos... Da sua solidão. Venha comigo, e não precisará se preocupar em esconder seus poderes, ou se sentir desamparada... Nem será responsável pela vida de outras pessoas. Poderá ter tudo o que quiser. Ser quem quiser. Agir como quiser. Poderá frequentar a escola que desejar, ou mesmo nenhuma. Cursar uma universidade. Entre outras coisas, que fora privada até então. Terá de seguir algumas ordens como membro...  Mas terá mais liberdade...

- Em comparação a que? - Perguntou, a ironia palpável em sua doce voz.

- Em comparação a recusar a chance que estou lhe oferecendo agora, e ser capturada por outro membro... Coisa que acontecerá, cedo ou tarde. - Itachi respondeu, em tom monótono, como se explicasse algo simples a uma criança que se recusava a aprender. - Se vier comigo... Posso garantir sua segurança. Ninguém vai lhe ferir, e não ficará presa em uma cela. Do contrário... Só poderei sentir pena de você.

- Itachi-san... Ainda não entendo... Por que se importa tanto? - Questionou, a menina, aos sussurros. E foi a primeira vez, naquela noite, que ela pode ver Itachi demonstrar alguma emoção. Ele arregalou os olhos de orbes negras, e entreabriu os lábios, como se tivesse perdido a fala.

- Não... Importo-me. - Disse ele, depois de alguns segundos em silêncio. - Apenas, sou uma das poucas pessoas, que não deseja seu sangue em uma taça de vidro.

- Muitas pessoas se sacrificaram por mim, Itachi-san... Para que eu ficasse longe de tudo isso. Principalmente de Madara. Eu não posso deixar que isso tenha sido em vão.

- Isso soa como uma desculpa, de garotinha covarde... - Resmungou o Uchiha, tombando suavemente, a cabeça para o lado - Pessoas morreram por você? Oh, que comovente! Quer que eu lhe conforte? Não. Acho que Kakashi já fez isso por tempo de mais... Você se tornou mimada e fraca! - Afirmou ele, com um tom duro, de quem já estava perdendo a paciência. E Hinata abaixou a cabeça, sentindo as lágrimas voltarem a molhar seu rosto. - Então me diga, quantos mais terão de morrer, até que você assuma a responsabilidade sobre seu destino? - Perguntou. Mas como não houve resposta ele, irritado, segurou-lhe o maxilar com firmeza, entre os dedos, e ergueu-lhe, para que fosse obrigada a encará-lo - É a sua última chance de salvá-los, Hinata.

- Eu quero a sua palavra! - Gritou à morena, soltando-se de Itachi e se levantando exasperada. Ela ergue os olhos, banhados em lágrimas e faiscando em obstinação, para ele. - Quero que me prometa, por sua vida, que Kakashi e os outros, ficarão bem!

- Hinata...

- Prometa!

- Eu prometo á você! Confie em mim... Dou minha palavra, que estarão seguros. - E dizendo isso, ergueu a mão direita, em direção a ela. Encarando-lhe os olhos aquosos, sem desviar o por olhar um segundo, esticou os dedos até que as pontas se encostassem de leve, nos dela. - Só precisa vir comigo, agora...

- E estarão seguros... - Repetiu ela, fitando-lhe.

- Sim...

- É um juramento. - Balbuciou, lentamente.

- Como desejar...

Ela tentou engolir o nó em sua garganta, mas de nada adiantou. Os dedos frios e compridos de Itachi, tocavam-lhe de maneira convidativa. Ela não poderia explicar, se lhe perguntassem, mas de algum modo ela sabia... O Uchiha parecia... Sinceramente... Querer protegê-la, de alguma maneira.

Então... Com um alivio no peito, ela tocou-lhe a mão. Pronta, pela primeira vez, para enfrentar seu destino de frente.    

- Hinata! - Um grito angustiante inundou o local, e a morena olhou para trás bruscamente, assustada. Kakashi entrou correndo pela pequena trilha, por onde havia passado. Estava ofegante, e suado. E ao se aproximar, agarrou com rapidez o braço da menina, impedindo-a de tocar no Uchiha, como se o mesmo fosse portador de uma doença altamente contagiosa - Não! Não confie nele, Hinata-sama! - O peito do grisalho, subia e descia rapidamente, tentando mandar oxigênio o bastante para os pulmões, para que ele conseguisse acalmar a adrenalina que circulava convulsa em suas veias. Logo após, cerrou os dentes, enquanto olhava com desprezo o rapaz a sua frente - Não confie nesse homem... Ele é tão cruel quanto Madara.

- Olá, Kakashi-san... - Cumprimentou Itachi, com a voz pacata. - Eu avisei que voltaria para conversar com Hinata, não foi? Que indelicado da sua parte, nos interromper...

Hinata sentiu uma onda estranha, de pensamentos involuntários, cruzar-lhe a mente, deixando-a confusa. A voz de Kakashi ficara abafada por um segundo, até que os olhos escuros dele cravaram-se em suas orbes azuis. E a Hyuuga se forçou a prestar atenção no que ele dizia:

 - Se ao menos você fosse honesto com ela, Itachi. - Rosnou Kakashi, empurrando a garota para trás de si, e se colocando um passo a frente, para protegê-la. Posteriormente, virou-se para a morena, segurando-lhe pelos ombros e continuou: - Hinata-sama... Eu sei que tudo está obscuro, agora... Mas tente ouvir as minhas palavras... Você acha que ele estava tentando ajudar você, mas não é verdade. Sua consciência está afetada, você não está completamente em si. - Disse, mas a garota adquiriu uma expressão confusa e inerte, então ele tentou orientar-lhe: - Hinata-sama? Consegue ouvir o que eu digo? Preciso que seja forte! Foque seus pensamentos em mim!

- Hinata teve uma noite difícil, Kakashi... - Desdenhou o Uchiha - Dê um descanso a ela. O ultimo ano de escola é sempre mais duro, os nossos pensamentos ficam mesmo uma bagunça...

- Cale-se! Hinata não pode enxergar ainda, que tipo de homem você é... Mas, eu sou imune as suas ilusões.  - Foi então, dizendo assim, que o Hataque ergue umas das mãos, que já irradiava uma luz branca, e a posicionou sobre o rosto de Itachi. Por um segundo, Hinata pensou que ele fosse tocar seu nariz... Mas ele parou a milímetros de distancia e fechou os dedos sobre algo. A menina não soube dizer, de inicio, do que se tratava. Já que não parecia haver nada, realmente, ali. Mas Kakashi agarra-se firmemente a alguma coisa, e quando puxou o braço, a morena sentiu os olhos arderem imensamente. Como se apanhasse uma venda de pano invisível, o grisalho retirou algo da frente dos olhos do Uchiha, revelando duas íris escarlates, ao invés de negras.

Hinata prendeu a respiração, coisa que desferiu uma pontada dolorosa sobre sua cabeça.

Itachi estava usando o sharingan...?  Como? Há quanto tempo?

A sua visão ficou turva por algum tempo, até que ela conseguisse voltar a focar os olhos do moreno

- Ele estava tentando te hipnotizar. - Explicou Kakashi. - Não está se sentindo confusa? Ou fora muito fácil, aceitar a proposta dele?  

Um zumbido parecia ecoar no cérebro da garota, tão alto que a impedia de pensar em qualquer outra coisa. Itachi não tirava os olhos rubros de cima dos seus, e isso só tornava ainda mais difícil, entender o que o Hataque tentava lhe dizer. 

- Itachi-san! - Ela ergueu novamente a mão na direção do Uchiha. Não sabia exatamente o porquê daquilo, mas toda a confusão, em sua cabeça se acalmava quando ela o fazia.

- Pare, Hinata-sama! - Exacerbou novamente o grisalho, segurando-lhe o outro braço, com dificuldade. Itachi sorriu, debochado. E Kakashi só não lhe atingiu com um merecido soco, porque estava ocupado o suficiente, tentando convencer Hinata. - Você não é do tipo que se entrega!

- Olhe só para o Kakashi-san... Você vai permitir que ele sofra mais, Hyuuga? - Murmurou o Uchiha, em uma voz macia, que parecia enlaçar os sentidos da morena a cada palavra dita.

- Não! Eu não quero isso... - Respondeu ela, sentindo os olhos marejarem outra vez. Estava desesperada. Era como se não conseguisse pensar por conta própria, já que tudo o que Itachi disse parecia tão correto, que não haveria, aparentemente, o porquê, de se refletir a respeito.

Kakashi agarrou a garota pela cintura, impedindo-a de se aproximar de Itachi. Seus músculos tremiam de tensão, pois além de aguentar os próprios sentimentos, que já estavam perturbados o bastante... Ainda teria de suportar a tumulto dos que vinham de Hinata, enquanto a morena parecia travar uma batalha interna pra se decidir sobre qual caminho seguir.

- Desfaça seu maldito controle sobre ela! - Exigiu o Hataque, furioso.

- Você é uma fraca. - Sussurrou Itachi, ignorando as palavras do homem, sem desviar os olhos da Hyuuga - Pessoas vão morrer pelo seu erro.

- Não! - Choramingou a menina, tentando se soltar. Ela só queria que tudo aquilo tivesse um fim... Era torturante sobreviver daquela maneira. Não queria a morte de mais ninguém... E aquela era sua única chance de impedir. Itachi Uchiha... Era sua ultima oportunidade... - Por favor...

- Hinata! Pare! - Pediu o rapaz, segurando-a de maneira firme, já que a morena não parava de se agitar, buscando liberdade - Kami-sama... O que você fez com ela, Itachi?

- Os poderes de Hinata são movidos por suas emoções... E ela fica terrivelmente vulnerável quando está deprimida. - Começou ele, com um sorriso miúdo, nos lábios - Só precisei esperar pelo momento exato... É simples. Ela fica fraca sobre efeito da tristeza, e fica fácil atingi-la. Assim como pode se tornar uma ameaça, quando é tomada pela raiva ou ódio. - Itachi lançou um olhar rápido a Kakashi, e em seguida voltou os olhos a menina a sua frente, que parecia alheia a conversa - É interessante, como eu a conheço melhor que você, Kakashi-san...     

- Chega! - Declarou o grisalho - Por Kami-sama! Deixe-a em paz! - Grunhiu ele, enquanto pegava, com dificuldade, Hinata em seus braços.

- Se você levá-la vai desperdiçar a única chance que ela terá, de acabar com tudo isso.

- Ela não é como vocês, Itachi. - Argumentou Kakashi, lançando um olhar amargo ao homem, e em seguida dando-lhe as costas.

- Está enganado... - O Hataque ainda pode ouvir as palavras do Uchiha, enquanto se afastava com Hinata em seu colo - Ela é exatamente como nós. Se não cofia em mim, não deveria depositar tão cegamente sua confiança sobre ela, também.  

Ele sentiu o estomago embrulhar ao ouvir aquilo. Mas preferiu ignorar o fato. A Hyuuga ainda se debatia contra si, quando ele se aproximou de um carro preto, de vidros escurecidos. E a porta traseira do Toyota Prius, se abriu repentinamente, revelando duas figuras conhecidas da garota, no banco de trás.

- Kiba, Shino... Segurem a Hinata. - Pediu Kakashi, empurrando a garota, que teimava em tentar escapar, para dentro do veículo. E fechando a porta rapidamente, em meio aos gritos dela. Em seguida, entrou rapidamente pela frente e ligou o veículo, fazendo o motor roncar - Não a deixem sair do carro!

Os garotos arregalaram os olhos assustados com a cena, sem entender o que ocorria. Aquilo parecia um verdadeiro sequestro. Por que Hinata se recusava tão piamente a vir com eles? Mas antes que pudessem pensar muito, sobre o fazer, agarraram um em cada braço da Hyuuga, que parecia transtornada e não parava de implorar:

- Por favor, me soltem! - Disse ela, com voz de choro - Eu não posso permitir que vocês se machuquem por mim! Por favor! Eu não quero ver mais ninguém morrer!

- Hinata! Hinata, se acalme! - Chamou Kiba, tentando capturar a atenção da garota para si, mas ela parecia atordoada de mais - Kakashi... O que houve com ela?

- Está, entorpecida, sobre efeito de hipnose.

- Kakashi-kun, pare o carro! - Implorou a Hyuuga - Eu não posso ficar parada olhando vocês se sacrificarem por mim! Eu não quero! Por favor!

O Hataque passou um dos braços pelo vão entre os bancos, e sem tirar os olhos da estrada, afagou os cabelos da menina.

- Pronto... - Sussurrou ele, deixando escapar um pequeno chiado pelos lábios, enquanto uma incomum luz avermelhada, contornava os seus dedos. E só então, com esse gesto, a menina começou a se acalmar. - Está tudo bem, Hinata-sama...

- Eu não quero... - Murmurou ela. Shino e Kiba ainda seguravam-lhe os pulsos, quando, gradativamente, seus movimentos se tornaram mais lentos e fracos. Sua respiração foi se normalizando, até o ponto em que ela mal se mexia, e suas palavras soavam mais lentas e desconexas.

- Estamos todos bem... - Tranquilizou-lhe Kakashi - Vai ficar tudo bem...

- Ka... Kashi-kun... Por favor... Eu não... Vou suportar... Perder você... - Suspirou, com a voz falha, enquanto uma farta sonolência apossava-se de si.

Em poucos minutos de silêncio no carro, as pálpebras lhe pesaram, em meio à frase e a sua garganta secou. Ela tombou a cabeça para o lado, no ombro de Shino, e aos poucos foi perdendo a consciência. O balançar suave do veículo, só tornava ainda mais difícil, continuar acordada.

A última coisa, a qual se lembrava de ouvir, foi seu nome... Em meio às palavras, abafas e preocupadas de Kakashi, sussurrando algo à Kiba e Shino.

Mas a verdade, é que Hinata só conseguia pensar que junto a Itachi, naquela praça deserta, ficara-lhe a ultima chance de terminar pacificamente com aquela árdua batalha. E que se tivera medo até o momento, fora por tolice.

Chegara finalmente o tempo que deveria temer.

O Hataque virou o carro, na rodovia central, onde uma placa avisara cordialmente que estavam saindo da cidade. Shino cantarolava, baixo, para ela, na tentativa de mantê-la sossegada... E Kiba lhe acariciava, com ternura, uma das mãos.

Alguns quilômetros à frente, antes de a consciência lhe deixar completamente, um último pensamento lhe cruzou a mente, deixando-a com um gosto amargo na boca:

 

Precisava protegê-los.

Todos eles.

Ainda que custasse sua vida.

 

 

...

 

Sasuke se curvou rapidamente, para apanhar algo que brilhava na terra seca. Ele girou o objeto em suas mãos, sentindo um aperto estranho, no peito. Seus dedos se fecharam lentamente, sobre o Kanzashi que presenteara a Hinata. O mesmo ainda abrigava alguns poucos fios de seu cabelo escuro. As asas da borboleta lhe fizeram cócegas na palma e ele teve uma ligeira sensação de que se parecia muito com o toque da Hyuuga.

- Você está completamente fudido! - Riu-se abertamente, Hidan, se aproximando. O Uchiha prontamente escondeu o ornamento no bolso interno do Kimono, e encarou-o. O Albino não notou o que acontecera, por pouco, então continuou a provocação: - Eu pago pra ver, o que vai te acontecer, quando contar a Madara que deixou a garota escapar.  

- Vá à merda, Hidan. - Resmungou Sasuke, e apanhando o celular, discou rapidamente. Mas apesar de detestar Hidan, ele não podia deixar de concordar com o albino, ao menos daquela vez.

Estava mesmo, com sérios problemas...  

Um toque ligeiro indicou que a ligação estava sendo realizada e Uchiha rezou para que qualquer coisa o interrompesse naquele momento. Mas nada aconteceu, para seu azar. Hidan, ao seu lado, não fazia a menor questão de segurar a gargalhada, vendo tamanho pavor no garoto, tornando a situação ainda mais desagradável.

Um arrepio lhe atravessou a espinha, quando a voz de seu tio atendeu do outro lado da linha:

- Boas noticias, eu espero...

Sasuke engoliu em seco.

Estava... Completamente... Ferrado...

 

...

 

 

Hinata... Havia escapado por entre seus dedos, mais uma vez.

Madara apertou a mão sobre o telefone, esmagando-o inteiramente. Os restos quebrados caíram-se ao chão, enquanto o Uchiha se curvou sobre a mesa de trabalho, enfurecido. Imediatamente, os poucos móveis da sala foram revirados e arrastados, de modo brusco, por uma onda de energia invisível, para longe do mesmo. Ficando encurralados contra as paredes. A lâmpada fluorescente, que clareava o local, e a do abajur mais próximo, explodiram, assim como a janela o fundo da sala, espalhando pedaços de vidro por todo o carpete. Diversas folhas de papel entraram em combustão, causando estouros por todo o cômodo, antes mesmo de cair à superfície do piso.

Esticando a mão, ele tocou um botão vermelho no telefone, que repousava sobre a única mesa que não havia saído do lugar, durante a confusão. Em menos de um segundo, um ruído indicou que havia sido atendido na linha oposta. O moreno suspirou, e com a voz rouca pelo nervosismo, murmurou meramente um nome:

- Sasori.

Foi o suficiente para que em instantes, alguém batesse na porta de madeira do escritório. Não houve uma permissão para a entrada, pois naquele momento, não era necessária. Logo em seguida, uma cabeleira vermelha atravessou o portal, e fixou seu olhar sobre Madara. Ele não se surpreendeu pela bagunça do local, já era algo esperado, visto que a noticia da falha de Sasuke já chegara até seus ouvidos.

- Sim? - Anunciou-se Sasori, chamando a atenção do moreno para si.

- Você vai ter a chance que tanto desejava. - Começou ele, o sharingan faiscava por entre os fios negros que lhe escorriam pela face - Estou lhe dando completa liberdade, use quaisquer meios necessários para encontrar Hinata. Não me importa como, ou o que tenha que fazer... Traga a localização dela para mim, agora!

- Sim, senhor. - Obedeceu, o ruivo. Ele virou as costas para Madara, e saiu rapidamente da sala, com um sorriso demente e maldoso nos lábios.

"Finalmente..."

Mal podia esperar para reencontrar sua tão preciosa Hime.

E dessa vez, decididamente, não haveria ninguém para impedi-lo de se divertir... 


Notas Finais


♥ olá, pessoas! Em primeiro lugar: Desculpem a demora :c tive uma semana bem corrida, e esse capítulo custou a sair @-@ não entendo porque.
Enfim, eu tinha feito algumas alterações nele ontem... Mas eu não sei o porque, meu word não as salvou (ಥ﹏ಥ)
Então, eu realmente estou de coração partido T_T porque tinha ficado bem mais interessante e completo, o capítulo, mas eu não me lembro o que tinha escrito!
Desculpem por isso </3
Ah, e novamente, muito obrigada por lerem até aqui ♥‿♥ fiquem á vontade para expor a opinião e dúvida de vocês, por favor
Beijos *3*


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