História In Between - Girl's thing

Harry se contorcia de dor na cama, revirando de um lado pro outro sem conseguir dormir. Tinha algo de muito errado com aquele corpo. Tinha a louca esperança de que estava voltando para seu próprio corpo, mas aquela dor insuportável não era normal.

Começou a suar frio e começou a tirar a roupa e se apavorou quando percebeu a cama com uma enorme mancha vermelha, assim como o meio de suas pernas.

O que fazer? Gritar pela mãe?

Não... isso seria embaraçoso demais, então ligou para Alyssa.

__ Harry...são três da manhã! – ela disse sonolenta.

__ Socorro, Alyssa... – ele gemia de dor – estou morrendo.

__ Não acredito que me acordou para fazer piadinhas.

__ Escuta aqui garota... – ele gemeu novamente – estou sentindo minhas entranhas se revirando e estou me esvaindo em sangue...

__ O que? – Alyssa sentou-se, definitivamente acordada agora.

Olhou pela janela do quarto e viu Harry encolhido em seu quarto. Fez algumas contas de cabeça e então entendeu qual era o problema. Por um momento agradeceu por estar fora de seu corpo, mas sabia que Harry ia surtar com a primeira menstruação de sua vida!

__ Fica calmo. Eu já estou indo... – ela disse tentando não rir.

Correu até a cozinha e preparou uma garrafa com chá de camomila. Usou aquele galho que havia se tornado a ponte entre os dois quartos e tentou ser o mais silenciosa possível enquanto entrava sorrateira em seu próprio quarto.

Sentiu pena ao ver Harry gemendo de dor, encolhidinho como uma bolinha na cama. Mas seu coração se aqueceu quando ele sorriu ao vê-la.

__ Eu estou morrendo... – disse manhoso e ela quis mordê-lo.

__ Não faz drama. Levanta daí e vai tomar um banho.

__ O que tem de errado comigo? – ele resmungou enquanto tentava se levantar – e por que todo esse sangue?

__ Eu achei que conhecesse os sintomas. – ela disse brincalhona.

__ O corpo é seu. Como eu poderia saber o que é isso?

__ Calma, tome um banho e vai sentir-se melhor. – Alyssa disse carinhosa – não vai morrer, está apenas menstruada.

__ Eu estou o que? – ele arregalou os olhos como se tivesse acabado de descobrir que tinha uma doença fatal – isso só pode ser um pesadelo. Eu não mereço isso...eu quero a porra do meu corpo de volta!

Alyssa esperou que Harry parasse com o surto e tomasse um banho, que demorou mais do que ela imaginava. O garoto saiu do banheiro enrolado em seu roupão e ainda resmungando de dor. Teve pena dele, mas sua manha era tão fofa.

Foi até uma gaveta do seu closet e pegou um pacote de absorventes e mais uma vez Harry estava com olhos arregalados.

__ Não vou colocar isso. – Se negou com cara de nojo.

__ Ou coloca isso ou vai manchar toda a cama novamente. O que prefere? – disse pacientemente.

__ Eu prefiro morrer! – resmungou emburrado.

__ Essa opção não está disponível. Coloque o absorvente e depois deite-se, que vou cuidar de você.

Mesmo contrariado, foi até o banheiro tentar colocar o absorvente. O tempo passou e ele não saia de lá. Alyssa ficou impaciente.

__ Tudo bem ai? – bateu de leve na porta.

__ Isso depende...não sei como se coloca essa merda! – resmungou.

__ Posso te ajudar? – disse tentando não rir.

__ Isso é embaraçoso demais... – choramingou contrariado.

Alyssa entrou devagar e viu a expressão derrotada no rosto dele, enquanto olhava aquele absorvente como se fosse um bicho que ia morder suas partes intimas. Harry estava sentado no vaso sanitário e com um adorável biquinho nos lábios.

__ Me permite? – Alyssa pegou o absorvente das mãos dele.

Não disse nada, nem sequer a olhou porque parecia realmente envergonhado com aquela situação. A garota tocou as pernas dele e percebeu quando suspirou e fechou os olhos. Com cuidado, introduziu o absorvente interno e vestiu a calcinha que costumava usar nesses dias. Harry fechou o roupão e saiu do banheiro, se encolhendo na cama, com as mãos tampando o rosto.

__ Eu fiz um chá de camomila e tem um analgésico que sempre ajuda a melhorar a dor. – ela disse baixinho, enquanto estendia a caneca com o chá e o comprimido colorido – também posso fazer uma massagem na sua barriga até que melhore.

__ Isso acontece todos os meses? – perguntou num sussurro enquanto bebia o chá – como você aguenta isso?

__ Não acontece sempre, apenas quando estou sob muito stress. – Alyssa abriu o roupão que ele usava e começou a massagear sua barriga – fica quietinho que logo passa, okay?

Harry fechou os olhos e concordou. Aquele deslizar das mãos dela em sua barriga estava ajudando a melhorar, mas estava causando outro tipo de sensações que não pareciam apropriadas naquele momento. Sentiu quando Alyssa sentou-se recostada na cabeceira da cama e o puxou para seu peito, sem parar os movimentos circulares em sua barriga. Aquilo parecia tão estranho, porque ele sentia-se confortável ali, por mais bizarro que isso parecesse, considerando que aquele peito no qual estava recostado era seu próprio corpo. E o corpo de Alyssa se encaixava ali perfeitamente.

__ Eu respeito as mulheres que passam por isso todos os meses...

__ Em três dias terá acabado.

__ TRÊS DIAS!!!! – ele a encarou alarmado – eu achei que ia morrer no primeiro dia, como espera que eu sobreviva a três dias com essa dor insana? E ter que lidar com esse absorvente enfiado dentro de mim?

__ Meu Deus, quanto drama, Harry! – Alyssa gargalhou – o que seria da humanidade se fosse os homens quem tivessem que engravidar! Isso não é nada perto da dor do parto!

__ Se dependesse de mim, a humanidade estaria extinta! Deus sabe o que faz...

__ Você fica fofo quando faz drama desse jeito. – ela disse sem pensar e sentiu que corava quando Harry a olhou com a sobrancelha levantada. – agora que já está medicado, vou voltar a dormir.

__ Fica, por favor. – ele pediu choroso.

__ Harry, eu não posso. – a garota estava quase se rendendo – se minha mãe achar um garoto nesse quarto, ambos estaremos mortos.

__ Pode pelo menos ficar até eu dormir? – tentou mais uma vez – essa massagem está muito gostosa.

__ Ok, vou ficar até você dormir. – ela o ajeitou melhor contra seu peito e beijou seus cabelos – boa noite, Hazz.

Harry não respondeu, mas sorriu pelo simples fato de ter sido chamado pelo seu apelido. Com a cabeça no peito dela e com aqueles carinhos em seu cabelo, em pouco tempo estava profundamente adormecido.

Alyssa buscou forças para sair da cama, mas não as encontrou. Olhou aquela criatura dormindo em seus braços e suspirou. Seria muito estranho desejar seu próprio corpo? Porque ela sentia que o corpo que ela habitava estava se manifestando de maneira nada discreta, quando abraçou aquele pequeno corpo ficando ambos de conchinha. Sentia a pele quente contra a sua e sentia aquele volume se formando entre suas pernas. Aquilo era absolutamente inapropriado. E era assustador saber que o corpo de Harry desejava o seu...ou seria ela que desejava o corpo dele?

Ainda confusa com esses sentimentos, depositou um beijo em seus cabelos e adormeceu, vencida pelo cansaço daquele dia.