História In love speed - A última corrida

Narrador     

Olivia abriu apenas um dos olhos quando o som de batidas na porta chamou sua atenção. Ela tentou erguer um pouco o corpo, a fim de deixar a cama e ver quem era o inconveniente que fazia aquilo tão tarde da noite, mas foi impedida pelo braço do namorado que rodeava sua cintura. Ela bufou baixo antes de empurrar o garoto sem nenhuma delicadeza.

    Bieber resmungou algo incompreensível aos ouvidos de Prescot. Ele puxou o travesseiro sobre o rosto cobrindo-o a fim de sufocar o som, o que foi inútil. Gritou para que Olivia atendesse quando as batidas não cessaram e ela o fez, logo depois de sorrir vendo o descontentamento do namorado.

Levantou-se e arrastou-se preguiçosamente até a porta. Virou a chave e abriu uma pequena fresta espiando o lado de fora, vendo Tereza batendo o pé no chão impacientemente.

    — Que demora!

    — Você não ia dormir com o Matt?

    — Eu tentei, mas estou muito preocupada para conseguir. — ela suspirou baixo, olhando para as botas nos pés. — E agora eu realmente tenho um motivo para estar preocupada.

    — Entra. — deu-se por vencida abrindo a porta. Olivia arregalou os olhos levemente  de susto quando notou a presença de Caitlin ao lado da amiga. — O que ela faz aqui?

    — Esse é nosso problema.

    As duas garotas adentraram o quarto, permitindo a outra fechar a porta depois. Tess foi diretamente até Justin jogando em seus braços deixando uma lágrima solitária escorrer pela pele levemente morena. Antes que qualquer um pudesse notar ela secou, levantando os olhos tristes para o amigo. Aquele gesto foi o bastante para Bieber entender. Ele circulou o corpo da amiga com os braços fortes, apertando-a contra si, enquanto uma das mãos acariciava os cabelos ondulados dela.

    — O que houve com os caras, Beadles?

    — É algo complicado. — ela sorriu sem graça, mas logo parou quando viu o semblante extremamente duro de Justin. — Ryan e Chaz estão com Jack.

    — O quê? — Bieber vociferou. — Está ficando maluca, Caitlin?! Como você mete os caras nas suas roubadas assim?

    — Não foi minha culpa, Justin. Foram Ryan e Chaz que o provocaram dizendo que ele nunca seria tão bom quanto quanto o Doyle e...

    — Foi você quem os levou até lá!. — Tereza sentou-se na beirada da cama permitindo que o amigo levantasse, revelando a boxer preta que vestia. — Eu sabia que não podíamos confiar em você, mas passou de todos os limites agora! Você está ferrada, Caitlin!

    Antes que o namorado pudesse dar um passo sequer, Olivia se colocou em sua frente, espalmando ambas as mãos em seu peito. Murmurou algumas palavras tentando acalmá-lo, mas naquele momento seria quase impossível. Nunca tinha visto Bieber daquela maneira. A pele estava vermelha e os olhos mais escuros do que de costume. Ele tentava resistir a barreira da namorada, todavia, ela se fazia forte e determinada a contê-lo.

    — DREW! — Tess gritou fazendo sua voz soar mais aguda do que de costume, chamando por fim a atenção do amigo. Levantou-se e segurou em sua mão direita que estava em punho, forçando-o a soltar os dedos. — Eu preciso que você se mantenha são agora. Eu preciso de você, Jus.

Bieber correu os olhos pelas três meninas na sala e, pousando-os sobre a que mais amava, respirou fundo e parou fitando-a.

— Não importa o que tenha acontecido ou o que eu precise fazer; trarei o Chaz de volta pra você, Tess.

— Eu não preciso mais um de vocês correndo risco.

— Você é a pessoa que eu mais amo dentro todas as importantes pra mim. Eu faria o impossível para te manter segura e te ver feliz.

Ouvir aquelas palavras doeram fundo em Olivia. Por mais que quisesse evitar sentia ciúmes da relação de Justin e Tereza. Nas poucas semanas que mantiveram o relacionamento, o vira falar deslumbrado da amiga e deixá-la plantada algumas vezes por ela. O amor entre eles era real e mais forte do que qualquer sentimento que Justin alimentava por Olivia. Ela temia que um dia a relação dos ditos irmãos evoluísse e ela fosse deixada para trás. Em sua cabeça aquela era uma possibilidade existente. E ouvir aquelas palavras que saiam tão doces dos lábios do namorado, e soavam tão amargas em seus ouvidos, confirmavam suas suspeitas. Ele sempre preferiria Tereza, não importasse o quanto se esforçasse para conquistá-lo. Aquilo a corroía, e naquele momento, compreendia o que Caitlin sentira e porque fizera tudo o que fizera.

— Onde está Chris? — Liv tentou afastar aqueles pensamentos perversos de sua cabeça.

— Eu consegui convencer Farley de que não precisaria do meu irmão.

— Precisaria para quê? — a mais nova tornou a enfrentar o ex-affair do namorado. — O que não está nos contando, Caitlin?

— Farley exige um resgate pelos dois. — ela pronunciou cuidadosamente cuidando para não olhar diretamente para Bieber. — Mas não devem envolver a polícia.

— É tipo um sequestro. —Olivia pensou alto. — Quanto ele quer?

— Trezentos mil.

— Wow! — Justin riu nervosamente. — Eu tenho esse dinheiro, mas se eu fizer uma retirada tão grande meu pai vai me encher de perguntas e já era nosso esquema.

— Digo o mesmo. — Tereza balançou a cabeça tornando a se sentar.

— Ele não quer o dinheiro de vocês. — Olivia concluiu depois de dois ou três minutos pensando em silêncio. — Ele sabe que temos grandes chances de vencer a Street qualquer coisa. Ele quer o prêmio.

— Você está certa, marrentinha. — Justin agitou o indicador em direção a namorada. — Mas como iremos vencer sem dois dos nossos corredores? Estamos desclassificados.

— Isso é fácil. — a voz de Mattew soou, quando novamente, ele invadiu o quarto batendo a porta atrás de si. — Eu assumo o lugar do Butler e a Tess, de Somers.

— Ela não pode por dois motivos: primeiro é mulher, e segundo está com machucada.

— São os nossos amigos, Bieber. — ela sorriu fracamente. — Eu posso derrotar alguns paspalhos.

— Eu já falei com o coronel e ele liberou a troca nas inscrições. Só me disse que não queria se meter nos problemas que arranjamos sozinhos, não é, Caitlin?

— Tudo bem! — ela jogou os braços para cima exaltada. — Me culpem pela idiotice daqueles dois, mas eu chamei o Chris, porque sabia que Farley não tocaria em um Beadles. Eu precisava do meu irmão, e não dos amiguinhos de vocês.

— Precisava pra que?

— Não é da sua conta, Prescotizinha.

— Tudo bem. — Tereza suspirou pesadamente antes que as duas garotas pudessem tornar a pronunciar alguma bobagem. — Vamos vencer essa coisa e mostrar pro Farley porque somos os melhores de Vancouver.

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    Olivia olhou mais uma vez para o placar na grande tela improvisada pelas forças organizadoras da corrida. Até então estavam em primeiro lugar e logo depois a equipe de Jack Farley. Na pista Tereza defendia mais alguns pontos no carro do namorado. Ela sofrerá um pouco a princípio para acostumar-se com ele. Christian não pudera adaptá-lo para a garota, já que havia entrado em estado de choque depois do ocorrido na noite anterior.

    Tess era realmente muito boa no que fazia. Mantera a dianteira durante todo o percurso e vencera aquela corrida com graça. Depois de estacionar, desceu do carro com dificuldade para apoiar o pé no chão. Caminhou mancando em direção a amiga ignorando o público que a ovacionava.

    — Parece que você perdeu pra uma saia, Thor. — Mattew riu quando um cara extremamente alto e forte passava por eles, logo depois de sair do carro que chegara em segundo lugar.

    — Na próxima eu esmago sua vadia como um inseto.

    — Estarei aguardando ansiosamente. — Tereza riu dando de ombros para o cara que bufava enquanto se afastava. — Matt. — la voltou-se para o líder contorcendo o rosto de dor. — Eu preciso urgentemente de analgésicos fortes. Não sei se aguentarei até as finais.

    — Você não precisa, Tess. — ele abaixou os olhos para a amiga. — Eu e Bieber damos conta. Vocês duas já fizeram mais do que o suficiente.

    — Por falar em Bieber, onde ele está?

    — Foi falar com Trant para ver se conseguimos um carro melhor pra você não ter que forçar tanto seu pé.

    — Sou grata por isso.

    Enquanto os dois conversavam sobre suas bobagens. Olivia preparava-se mentalmente para a próxima corrida. Os planos haviam mudado na noite anterior. Os organizadores descobriram um federal os espionando o que resultara na polícia descobrir parte das rotas. A fim de acelerar o “campeonato”, separaramboutras pistas, assim com mais de uma corrida o mesmo tempo a competição seria mais breve. Diminuindo as chances de perseguições policiais.

    — Olhe só aquilo. — a voz rouca de Justin chamou a atenção de olivia. Ele aproximava-se em passos largos, apontando para a tela. — Parece que nosso velho amigo nos passou.

    — São só dois pontos. — Tess murmurou calmamente. — Se vencermos a próxima ganhamos a dianteira novamente.

    — Estou me sentindo pressionada. — Liv comentou tirando uma mecha do cabelo claro da frente dos olhos.

    — É a última corrida da primeira fase, depois se você ganhar ou perder não vai nos atingir de uma maneira global. — o irmão a explicou.

    — Eu só preciso vencer mais essa?

    — Exato.

    — Eu posso fazer isso.

    — Não se esqueça, vai correr com Deborah Song dessa vez. — Tereza comentou brevemente. — Ela é extremamente talentosa ao volante, mas não sabe pensar rápido o bastante. Supreenda-a.

    — Não fique preocupada, marrentinha. Só vá até lá e dê o seu melhor.

    — Isso você pode ter certeza que farei.

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    Olivia abaixou os olhos para o volante e mais uma vez o apertou entre os dedos. Deu dois socos contra a mesma região enquanto via as pessoa ali presentes parabenizando Deborah Song. Havia experimentado, pela primeira vez, o gostinho de perder uma corrida e estava com vergonha de encarar os amigos, ainda mais sabendo que a vida de dois deles dependiam daquele resultado.

Antes que pudesse pensar em fazer algo,a porta de seu carro foi aberta rapidamente. Relutante, ergueu os olhos vendo os castanhos do namorado encarando-a. Ela abaixou o rosto sem ter coragem para fita-lo por mais tempo. Estava esperando as palavras desanimadas dele, contudo, surpreendeu-se quando o viu agachar e tomar seu queixo na mão,obrigando-a a colocar seus olhos nos dele mais uma vez.

    — Você foi muito bem lá, Liv.

    — Eu perdi, Justin.

    — Faz parte do processo de aprendizagem.

    — Tudo bem. — ela deu-se por vencida ao vê-lo erguer o corpo. Desceu do veículo colocando-se em frente a ele. — Você deveria ir lá ficar com a Tereza.

    — Por causa do Chaz?

    — Não. — ela balançou a cabeça de um lado para o outro. — Deveria ir até lá porque, ao contrário de mim, ela nunca te decepciona.

A garota forçou um sorriso cínico antes de começar a trilhar seu caminho para longe do namorado. Ela jogou as chaves para Christian quando passou por ele e o restante do grupo, seguindo sem rumo por entre as pessoas que dançavam ao som de uma musica eletronica qualquer.

    — Espera aí, Prescot! — Bieber gritou caminhando com passos largos atrás da garota. — Eu não estou entendo esse tom frio que usou comigo o dia todo.

    — É o único tom que sei usar. — Olívia continuava caminhando, afastando-se cada vez mais de tudo, sempre sendo seguida por Bieber, e indo cada vez mais rápido para não permitir que ele a alcançasse.

    — Não. — a garota sentiu um tranco no corpo quando seu braço foi puxado firmemente, obrigando-a a parar e virar-se. — Tem algo de errado e vai me dizer o que é agora.

    — Quer mesmo saber o que tem de errado? — ela encarou o namorado sem fazer questão de esconder a ira. — Você e esse amor todo pela Tereza!

— O quê? — riu sem humor. — Você não pode estar falando sério.

— Estou.

— A Tessa é praticamente minha irmã. Não venha dar uma de Chaz agora. Você viu o desastre que foi a última vez que alguém deu chilique por causa da minha relação com ela.

— Será que você não vê? — ela disse puxando o braço afastando o corpo do da namorada. — Se todo mundo diz que há algo estranho entre vocês é porque provavelmente haja!

— É ignorância da sua parte e de todos eles achar que eu não possa ter uma amiga.

— Você é obcecado por aquela garota, Bieber!

— Ela é só minha amiga!

— Ela é o centro do seu mundo. — gritou contra ele. Agradeceu mentalmente por estar a uma boa distância das pessoas que festejavam. — Isso não pode ser saudável para nenhum de vocês dois.

— O que você quer que eu faça? — Justin olhou para o céu escuro antes de abaixar os olhos para a garota. — Quer que eu escolha entre você ou ela?

— Eu sei que eu não sou sua primeira opção e seria uma infantilidade minha te pedir algo do tipo.

— O que vai ser então?

— Eu acho que nós dois precisamos de um tempo para rever nossas prioridades.

— Você não pode esperar que eu mude quem eu sou por você, garota.

— Não é o que eu quero. — ela suspirou baixo. — Só gostaria de ter um espaço aí dentro. — ela apoiou o dedo indicador direito sobre o lado esquerdo do peito do garoto. — Por mais que você diga que eu tenha, sei que só existe uma garota nesse mundo que foi capaz de se instalar aí.

— Você está sendo uma vadia egoísta, Prescot.

— Eu espero que em algum momento você veja que meu erro é exatamente pensar pouco em mim e demais em você.

Olivia o deu as costas e continuou caminhando alguns passos pelas estrada durante poucos minutos, mas dessa vez sem ser seguida por ninguém. Quando já estava ficando longe demais para ouvir a música e o escuro estava sendo cada vez maior, permitiu-se derramar algumas lágrimas.

Ouviu ouviu o som do motor de um carro aproximando-se e suspirou aliviada quando notou o irmão estacionar o carro ao seu lado. Ele abriu a porta, e ela afundou o corpo no banco revestido de couro.

— Eu disse pra você ficar longe dele.

— Eu sei, grandão. Mas o coração não escuta conselho de ninguém.