Naquele dia em específico, o Pronto-Socorro do Hospital da Universidade Nacional de Seul estava lotado em sua capacidade máxima; resumindo: um completo caos. Pelo que ficara sabendo, um acidente envolvendo oito carros e múltiplas vítimas havia acontecido em Gahoe e a situação estava tensa: várias pessoas presas entre as ferragens, algumas mortes no local. Até aquele momento, apenas vinte e um pacientes – que, segundo os socorristas, estavam divididos entre os seis primeiros carros – haviam sido levados até o hospital. Infelizmente, aquele Pronto-Socorro possuía apenas dezoito leitos de emergência disponíveis e os próximos pacientes teriam de ser levados ao Hospital Anam da Universidade da Coreia.
Chanyeol estava exausto, mas jamais se daria ao luxo de tirar um segundo de descanso sequer, não quando ali haviam tantas pessoas que precisavam de seu suporte e, de quebra, talvez ainda pudesse descolar uma pontinha em uma cirurgia de trauma. Descansaria amanhã, em seu dia de folga. E já implorava mentalmente para que o amanhã chegasse logo, antes que fosse considerado o residente mais jovem a desenvolver a Síndrome de Burnout.
– Park! – Ouviu seu nome ser, praticamente, gritado do Box Cinco. Pediu licença à paciente que acabara de examinar, orientando-a brevemente, e pediu que um interno cuidasse dos ferimentos superficiais que a mulher havia sofrido. Era uma das poucas que não possuía nenhuma fratura, concussão ou trauma grave e pensou que a mulher deveria agradecer aos céus por ter saído praticamente ilesa de um acidente tão crítico, antes de correr até onde havia sido chamado.
Puxou a cortina minimamente, dando de cara com o doutor Kim Junmyeon, que tinha o jaleco quase totalmente manchado com um sangue que não era seu. Sentiu o coração querer disparar, porque a imagem de Junmyeon totalmente concentrado em qualquer coisa que fosse era sexy demais para seu interior aguentar tranquilamente. Censurou-se mentalmente, lembrando-se que a vida de um homem estava em risco e, não importava quais eram seus sentimentos pelo cirurgião, não poderia deixá-los atrapalhar em nada.
O médico tentava estancar um sangramento intenso no abdome de um rapaz que aparentava ser jovem e que, provavelmente devido à perda de sangue, encontrava-se em estado torporoso. Se não parassem ou diminuíssem o sangramento logo, aquele paciente morreria. Não aguardando o comando do cirurgião – que sabia que viria em breve –, calçou um par de luvas e alcançou algumas compressas no carrinho que ficava ao lado da cama, colocando-as sobre as já encharcadas de sangue que o doutor Kim usara para tentar, em vão, conter o sangramento.
Pelo que conseguira ver enquanto trocava as compressas ensopadas por outras limpas, o ferimento no hipocôndrio esquerdo não era extenso, mas era profundo. Provavelmente atingira o baço e, por isso, havia tanto sangue. Não conseguiriam estancá-lo se não levassem aquele paciente para a cirurgia imediatamente.
Como se houvesse lido seus pensamentos, o doutor Kim gritou para um interno que passava em frente ao Box, que possuía a face pálida como a neve, como se estivesse totalmente perdido ali. Talvez estivesse pensando que havia escolhido a profissão errada… Bom, aquela definitivamente não era hora para pensar em desistir da Medicina, ele teria que engolir o vômito que provavelmente estava incomodando-o na garganta e ajudar aquele paciente. Uma vida dependia daquilo.
– Ei, interno! – O jovem virou-se para onde era chamado, nitidamente apavorado e aquilo meio que lembrou Chanyeol de seus dias de interno. Eles foram uma merda. – Chame alguém do apoio e nos ajude a levar esse paciente para uma sala de cirurgia!
O interno – que o Park achava que se chamava Jung Jaehyun – sapateou algumas vezes, sem sair do lugar, desnorteado. Correu em passos trôpegos até o balcão das enfermeiras, deixando em cima do móvel alguns materiais que provavelmente foram solicitados a ele por algum colega de trabalho, mas que o garoto possivelmente nem se lembrava mais de quem. Na verdade, ele parecia nem se recordar do que estava fazendo ali.
Enquanto o doutor Kim desconectava o paciente dos aparelhos do Box, Chanyeol agarrou quantos pacotes de compressa couberam na mão livre e subiu na maca, junto com o homem desacordado, não deixando de pressionar o local quase com toda a força que possuía.
Não demorou muito – felizmente – para que o interno finalmente chegasse, acompanhado de outro homem, que os ajudaria no transporte. Os três empurraram a maca rumo ao elevador e, durante o caminho, Chanyeol pôde olhar no Quadro de Cirurgias qual sala estaria livre.
– A Sala de Cirurgia Quatro está desocupada! – Alertou os colegas, que assentiram e aumentaram a velocidade com a qual empurravam aquela maca.
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Felizmente, a cirurgia correra bem, na medida do possível. Lamentavelmente, o baço do senhor Yoon estava danificado além do reparável e teve que ser removido. No entanto, o ser humano sobrevive perfeitamente bem sem o órgão e o homem estava na UTI, necessitado de observação intensa nas próximas vinte e quatro horas, mas sua situação era estável. A senhora Yoon, que havia chegado ao hospital enquanto o marido estava em cirurgia, agora fazia companhia ao homem e aquela cena, por alguma razão, tocou o coração molenga do Park.
– Ei, excelente trabalho hoje! – O doutor Kim, que ele nem havia visto chegando, parabenizou-o com um tapinha leve no ombro.
Haviam concordado em tentar manter as coisas o mais profissional possível dentro do hospital e, até o momento, estavam conseguindo… Bem, se deixasse de fora aquela vez em que não conseguiram segurar os hormônios e transaram deliciosa e lentamente no repouso dos cirurgiões. Engoliu em seco, sentindo o pau formigar àquela lembrança. A sensação de que poderiam ser pegos pareceu deixar tudo infinitamente mais gostoso e lembrava-se de gozar tão intensamente, que o corpo ficou tremendo pelo que parecia uma eternidade. Mas aquilo havia sido um erro – o lugar que escolheram e não o sexo em si – e por pouco não foram pegos pela doutora Yoona.
O chibi Chanyeol – que era como imaginava sua consciência – apareceu em seus pensamentos segurando um espanador, livrando-o das imagens eróticas que deveriam ficar trancadas sob sete chaves, pelo menos enquanto estivessem no ambiente de trabalho e, principalmente, quando estivesse perto de Junmyeon. Não queria entregar o relacionamento – se é que poderia ser chamado assim – dos dois e estragar a chance maravilhosa que tinha de estar junto do homem que amava.
Sim, Park Chanyeol amava Kim Junmyeon com todo seu corpo, alma e coração. Então, fora uma surpresa gigantesca quando, na noite seguinte à primeira vez dos dois, o cirurgião entrou em contato com o residente, convidando-o para assistir um filme em sua casa. É claro que não teve filme nenhum e os dois treparam praticamente a noite inteirinha, até que o sol desse as caras pela janela do quarto do Kim e, quando pensou que finalmente poderiam dormir agarradinhos, o bipe irritante arrancou-o dos braços aconchegantes do mentor.
Ainda não tivera a chance de passar a noite – ou o dia, aquilo realmente não importava – aninhado nos braços de Junmyeon e, muito menos, de dizer a ele como realmente se sentia. No entanto, talvez essa última opção não fosse tão urgente assim. Afinal de contas, não queria assustar o pobre homem, declarando-se em tão pouco tempo que estavam juntos. Achava que fazia certo em esperar e, possivelmente, o momento certo chegaria, assim como o de dormirem agarradinhos um ao outro.
– Obrigado. – Chanyeol agradeceu sorridente, desprendendo-se das memórias e hesitações constantes em sua cachola. – Nunca pensei que Cirurgia Geral fosse me deixar tão animado assim!
– Ah, você não faz ideia das maravilhas dessa especialidade, meu caro… Você nunca se entedia! Tá pensando em vir para o lado geral da força? – Junmyeon ergueu ambas as sobrancelhas duas vezes, sugestivo, o que arrancou uma risada baixa e soprada do Park.
– Talvez… É uma das especialidades que tenho em mente. – Finalizou algumas prescrições que haviam sido recomendadas pelo cirurgião, bloqueando a tela do tablet. – Vou ficar essa noite e observar o estado de saúde dele. – Virou-se para o balcão e guardou o prontuário digital.
– Não, eu fico… Sei que você tá de plantão desde ontem e sua cara de cansaço nem vai deixar você mentir e dizer que tá tudo bem. Vá pra casa, descansa um pouco. Qualquer notícia, eu te aviso. – Junmyeon tinha uma expressão bondosa, de que entendia a situação que Chanyeol encontrava-se.
Era verdade que se sentia cansado, mas, naquele momento, a adrenalina de uma cirurgia recém-realizada ainda parecia correr em suas veias, deixando-o mais alerta do que nunca. E conhecia-se bem o suficiente para saber que não conseguiria dormir a menos que extinguisse todo aquele hormônio do seu organismo. E o Kim não precisava saber seus próximos passos, ou sabia que levaria um sermão sobre precisar se cuidar além de tudo.
Apenas assentiu e, com um sorriso breve, deixou o cirurgião para trás e rumou novamente ao Pronto-Socorro.
Diferentemente de algumas horas atrás, o setor estava até calmo. As vítimas do acidente provavelmente já haviam sido tratadas, transferidas ou – na pior das hipóteses – encaminhadas para o necrotério, e a maioria das camas agora estava vazia. Suspirou, inegavelmente chateado por não encontrar ali o tumulto que esperava para ajudar a eliminar sua adrenalina, mas não seria egoísta a ponto de pedir que um novo acidente acontecesse somente para seu bel-prazer.
Enquanto maquinava formas de acalmar-se, viu o doutor Kim Minseok passar em frente a si, quase como um furacão, dirigindo-se ao Chefe dos Residentes, que estava sentado no Posto de Enfermagem, preenchendo os relatório do dia. Olhou para o relógio pendurado na parede a até assustou-se com o quão rápido a hora havia passado. Já eram onze da noite.
– Jongdae! – O cirurgião bateu com a mão no mármore da bancada, assustando o pobre residente que apenas fazia seu trabalho. – Por favor, não me diga que o estúpido do Zhang realmente entregou um atestado de dez dias!
Kim Jongdae era residente do quinto e último ano, e provavelmente especializaria-se em Cirurgia Plástica e seguiria os passos do pai, tornando-se podre de rico – não que já não fosse – e trabalhando para celebridades famosas que quisessem dar um upgrade no visual, tudo por baixo dos panos, é claro. Ao contrário do que se espera desse tipo de pessoa, que nasceu em berço de ouro, Jongdae era a humildade em pessoa. Sempre disposto a ajudar os outros, sempre amável mesmo em seus piores dias, além de extremamente inteligente, intuitivo e talentoso com as mãos – talvez o gene da plástica corresse no sangue da família. Ainda assim, sabia muito bem como ser rígido e imparcial no ambiente de trabalho. Muito provavelmente, por esses motivos, havia sido escolhido pelos cirurgiões para ser o Chefe dos Residentes daquele ano.
– Infelizmente… O Yixing tá com pneumonia, não tinha a menor condição de vir trabalhar desse jeito. – O Kim mais novo deu de ombros, não prestando muita atenção ao cirurgião irritado em sua frente. Havia aprendido que se estressar apenas deixava-o mentalmente cansado, então passou a não se importar muito com o chilique dos mais velhos, o que parecia não os agradar no início, mas provavelmente já haviam acostumado-se com aquele comportamento. – A ordem de que ele pegasse um atestado foi minha.
Viu Minseok, cirurgião ortopédico, olhar para o teto e suspirar lentamente. Imaginou que talvez o homem estivesse amaldiçoando o pobre Zhang mentalmente. Apesar de não serem do mesmo grupo, Chanyeol conhecia o chinês; haviam bebido juntos algumas vezes no bar do Kang, que ficava a duas quadras do hospital. Sabia que se Jongdae não tivesse, provavelmente, mandado Yixing pegar o atestado, ele teria vindo trabalhar em qualquer condição que fosse, mesmo que estivesse queimando em febre e parecendo que um rolo compressor havia passado por cima de si, sete vezes.
Pelo pouco que haviam conversado, a família de Yixing permaneceu na China enquanto ele mudou-se para a Coreia, na tentativa de conseguir ajudar os pais, que pareciam não viver na melhor das situações. Todo mês, ele os enviava mais da metade do seu salário de residente – que já era pouco –, ficando apenas com o suficiente para sobreviver e pagar o aluguel do quarto minúsculo que dividia com um colega. Era uma vida difícil e Chanyeol pegou-se imaginando se não poderia fazer mais para ajudar o colega de trabalho.
— Bem, o azar é todo dele. Mas amanhã eu tenho uma reconstrução cirúrgica de maxilar, na qual ele deveria ser meu auxiliar. Então vou precisar de um novo residente.
Jongdae suspirou e fechou os olhos, enquanto alcançava o tablet com informações das escalas dos residentes. Percorreu a lista com o dedo indicador, procurando por alguém que pudesse estar disponível para auxiliar o doutor Kim. Aparentemente, o único disponível era Byun Baekhyun e Minseok recusava-se a trabalhar com aquele residente desde que ele quase vomitara no fêmur de um paciente em cirurgia, no seu primeiro ano como interno. Claro que ele mudara infinitamente desde então, mas Minseok era do tipo que guarda rancor. Então, a não ser que arrumasse outro mentor na ortopedia, Baekhyun poderia dizer adeus àquela especialidade.
– Sinto muito, mas o único disponível é… – Sua visão periférica capturou Chanyeol parado em pé na entrada do corredor que ligava o Pronto-Socorro ao restante do hospital, como uma bendita assombração. – Park! – Esgoelou e nem se deu ao trabalho de levantar do lugar, fazendo-se ser ouvido no ambiente que, mesmo não muito tumultuado, ainda estava extremamente barulhento.
O grito pegou Chanyeol, que ainda viajava nas melhores formas de ajudar Yixing, de surpresa. O residente apressou-se até a bancada, sendo recebido pelo olhar entediado de Jongdae – que parecia estar cansado além do saudável – e o questionador de Minseok – que parecia analisar até sua alma.
– Sim, Jongdae. – Para o Chefe dos Residentes, Chanyeol tinha sempre a mesma expressão de descanso: uma cara de cachorro sem dono, que era extremamente fofa e escondia a verdadeira capacidade do colega. E aquilo ainda irritava-o, pois no primeiro dia da turma do Park, Jongdae havia apostado com os outros residentes – uma aposta estúpida, feita depois de três doses de whiskey – que ele seria o primeiro a ter um paciente sob seus cuidados, morto.
É claro que havia perdido e feio aquela aposta e, de quebra, ainda teve que passar setenta mil won para o ganhador, o metido do Lee Donghae. Sentia uma pontinha de raiva do Park desde então, não pelo dinheiro – porque aquilo não era o menor problema para ele –, mas porque era extremamente competitivo e, como todo, odiava perder. Mas sabia que aquela raiva era totalmente infundada, então jamais a descontaria no pobre colega.
– Amanhã você estará aos serviços do doutor Minseok e o ajudará em uma cirurgia reparadora. – O Kim voltou sua atenção ao tablet, mudando a escala pré-programada, coisa que detestava fazer.
Chanyeol congelou-se no lugar, lembrando o quão cansado estava e o quanto precisava daquela folga, depois de inúmeras horas correndo do Pronto-Socorro para as Salas de Cirurgia. Como se seu corpo tivesse vida própria, não conseguiu impedir as palavras que se seguiram de escaparem por entre seus lábios.
– Mas amanhã é minha folga.
O olhar que recebeu de volta parecia arder em chamas. Quase como se o próprio Lúcifer fosse ressurgir das profundezas do inferno utilizando o corpo de Jongdae como recipiente e gritar “Como ousa desobedecer minhas ordens?” e arrependeu-se de estar tão cansado a ponto de não conseguir controlar o próprio corpo, mesmo que aquilo não fizesse o menor sentido.
– Você pode ir embora depois que o doutor Kim Minseok te liberar. – O outro dirigiu a si um sorriso gélido e Chanyeol sabia que aquilo era o melhor que conseguiria de um Jongdae exausto. Virou-se para Minseok, que ainda parecia observá-lo intensamente.
– É uma cirurgia reparadora do maxilar, utilizando uma parte da fíbula. Já participou de alguma dessas antes? – O cirurgião cruzou os braços na altura do peito e, de alguma forma, mesmo sendo menor que si e tendo um rosto que não conseguiria portar uma expressão perversa nem com todo esforço do mundo, ainda exalava poder.
Talvez fosse pelo status de Cirurgião Ortopédico, que Chanyeol sempre considerou ser uma especialidade fodástica. Ou talvez fosse pelos rumores de que o Kim estava no caminho de se tornar um dos melhores de Seul em sua área, depois da cirurgia que devolveu a sensibilidade aos membros inferiores de um paraplégico. Era provável que estivesse surtando interiormente apenas por poder operar com aquele doutor Kim.
– Não, senhor. Apenas estudamos a teoria. – Tentou ser o mais firme que conseguiu.
– Ótimo, então revise o que já sabe. A cirurgia é amanhã às seis e meia. Te espero na Sala de Cirurgia Dois. – O cirurgião deu dois tapinhas leves no mármore e deu as costas para Chanyeol e Jongdae, que já parecia não prestar mais atenção em nada a sua volta, além dos relatórios infinitos. – Ah, mais uma coisa: é você quem vai realizar a remoção de parte da fíbula pro enxerto.
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Inegavelmente, Chanyeol sentia-se muito bem segurando aquela serra. Era como se todo o poder do mundo estivesse ali, nas suas mãos. O poder de cortar ossos, as estruturas mais rígidas do corpo frágil, porém meticuloso, do ser humano. E, apesar do cheiro horrível de galinha queimada – ao qual se acostumou minutos depois –, sentiu-se melhor ainda quando a lâmina desceu sem muita resistência pela largura da fíbula. Repetiu o procedimento na outra extremidade do osso, removendo um fragmento de aproximadamente dez centímetros, conforme as ordens do doutor Kim Minseok, que preparava a região do maxilar do paciente para receber o enxerto.
Não demorou muito para que finalizasse a fixação da prótese no lugar da fração do osso que fora removida, utilizando uma barra de titânio, que faria um excelente trabalho como substituto naquela região. Conferiu o trabalho interno mais uma vez, antes de, cuidadosamente e usando a melhor técnica que possuía, suturar a musculatura e, finalmente a pele do paciente, deixando que as enfermeiras tomassem as rédeas daquela região e realizassem um curativo compressivo.
Quando se posicionou em frente ao doutor Kim, o mesmo estava quase finalizando a fixação do enxerto no maxilar do paciente e não pôde conter o sentimento que rugiu dentro de si: orgulho. Estava orgulhoso de si mesmo porque sabia que havia auxiliado satisfatoriamente naquela cirurgia que devolveria não só a boa aparência do paciente, mas também sua qualidade de vida.
– Chanyeol, você pode fazer as honras de fechar? Já ouvi o Jongdae elogiando seus pontos e dizendo que você daria um bom cirurgião plástico… Mas se você disser que eu comentei algo contigo, eu nego até a morte! – O Park não tinha certeza, por conta da máscara que o cirurgião usava, mas achava que ele estava sorrindo. Podia ver o reflexo em seus olhos.
Assim como o residente, Minseok também estava completamente satisfeito com o resultado daquela cirurgia. E, ainda, impressionado com a habilidade e destreza de Chanyeol, quem sempre achou que fosse um completo desengonçado – talvez por conta de sua altura e a cara de quem está sempre perdido. Ele daria um excelente Cirurgião Ortopédico e seria ótimo ser o mentor de alguém tão talentoso quanto o Park.
Chanyeol apenas assentiu uma vez, firme, sentindo-se honrado e sem nenhum arrependimento de ter passado a noite, basicamente, em claro, relembrando os passos daquele tipo de cirurgia. Se pudesse comparar os sentimentos que borbulhavam dentro de si com qualquer outra coisa, poderia dizer que se sentia como se estivesse no topo do mundo.
Já segurava o porta agulhas na destra e a pinça de preensão na canhota, quando ouviu um bipe ressoar pelo ambiente, vindo da área de onde ficavam os celulares dos envolvidos na cirurgia. Olhou para o auxiliar responsável enquanto ele pegava o dispositivo que jurava ser seu.
– Doutor Park, é o doutor Kim Junmyeon. Ele está te bipando como emergência. – O jovem exprimiu, logo após ler a mensagem de “SOS” que piscava na tela do aparelho.
“Droga, Junmyeon! Que péssimo timing!”, exclamou para si mesmo enquanto voltava o olhar para o cirurgião principal, como se pedisse por uma ajuda, uma solução para o impasse em que se encontrava: finalizar aquela cirurgia e mostrar ao doutor Kim Minseok que os boatos de suas suturas serem quase perfeitas eram verdadeiros… ou atender ao chamado do doutor Kim Junmyeon, que provavelmente deveria ter um excelente motivo para bipá-lo como emergência.
No entanto, a resposta do ortopedista não foi exatamente a que esperava.
– É melhor você ir… Se ele está te bipando como emergência, então é porque ele realmente precisa. E eu não quero sofrer a fúria do Junmyeon por ter te segurado, quando eu mesmo posso finalizar aqui. Pode ir, mas te vejo no pós-operatório. – O homem levantou-se do banquinho em que estava sentado e tomou o lugar de Chanyeol próximo ao paciente.
“Sair bufando” talvez não fosse a melhor expressão para descrever a forma como o Park deixou a Sala de Cirurgia Dois, porque parecia ser muito branda com relação à raiva que sentia naquele momento. Tentou acalmar-se, enquanto percorria em passos rápidos os corredores até o repouso dos residentes – local que Junmyeon havia pedido que o encontrasse –, porque sabia que o homem deveria ter um excelente motivo para tê-lo chamado daquela forma. Esperava que tivesse.
Sem bater, abriu a porta do repouso dos residentes, encontrando um Kim visivelmente alterado, andando de um lado para o outro e cutucando com os dentes um dos cantos da unha do polegar. Quando notou sua presença, o rosto do cirurgião pareceu iluminar-se, de uma forma bem esquisita, que Chanyeol nem sabia descrever.
– O que foi? Você tá machucado? Aconteceu alguma coisa? – O Park andou até o colega, segurando-o pelos braços e percorrendo o corpo exposto com os olhos, para ter certeza de que ele não estava ferido, pelo menos não externamente.
Não encontrando nada, buscou o rosto de pele clara que já encarava o seu de volta e sentiu a necessidade de engolir em seco quando os olhares travaram-se. Havia alguma coisa diferente naquele olhar, alguma coisa quase… selvagem. De qualquer forma, sentiu o coração sofrer um tranco dentro do peito e, mesmo que inconscientemente, sabia que nada de bom sairia dali.
Viu o homem desvencilhar-se do seu toque, correndo até a porta e escorando-a, sem travar. Não demorou muito para que ele estivesse próximo a si novamente, dessa vez empurrando-o até a parede e encostando ambos os corpos. Agora sim, Chanyeol engoliu em seco. Talvez pela proximidade inesperada entre os dois, talvez pelas cócegas leves que a expiração do Kim fazia em seus pescoço, mas, muito provavelmente, por ter sentido a ereção já completamente formada e dura encostar contra sua virilha, vigorosamente.
– Chanyeol… tá coçando. – A voz melosa que chegou em seus ouvidos pareciam ter o poder de deixá-lo embriagado.
E quase, quase, o fez esquecer da leve raiva que sentia por ter sido arrancado de uma cirurgia.
– O quê? Coçando onde? – Tentou, sem muita força, desvencilhar-se do corpo pesado do Kim. Sem muita força porque, lá no fundo, queria continuar sentindo a pressão gostosinha que aquele pau duro fazia contra sua perna, quase roçando no seu, que já parecia querer dar sinais de que estava atento à tudo que acontecia ali.
– Aqui. – Junmyeon pegou uma das mãos do Park e levou-a até sua nádega, obrigando-o a apertar a carne firme entre os dedos, abrindo-a e fechando-a, enquanto meio que rebolava o quadril contra o de Chanyeol.
Viu-se revirar os olhos quase imperceptivelmente, fechando as pálpebras por um segundo e permitindo sentir a delícia que era ter Junmyeon contra si e quão aprazível era apalpar aquela bundinha gostosa.
Mas o momento morreu quando sentiu um gemidinho formar-se em sua garganta. Antes que pudesse ser externalizado, afastou o Kim e dirigiu-se, meio enfurecido e já sentindo o membro formigar no meio das pernas, até a porta.
– A dermatologia é no segundo andar, Kim Junmyeon. A proctologia também é lá. Eu sou cirurgião e você me tirou da droga de uma cirurgia incrível por conta de uma coceira? – Levou a mão à maçaneta da porta, mas nem teve tempo de girá-la, já que o corpo do Kim, novamente, escorou-se contra o seu.
Dessa vez, sentiu a ereção encaixar-se perfeitamente entre suas nádegas e precisou, com todas as forças que tinha naquele momento, impedir-se de empinar o quadril, buscando mais daquele contato, do qual achava que jamais cansaria. Respirou fundo quando sentiu os lábios do mais novo encontrarem a pele sensível de seu pescoço, já percebendo os pelos do corpo arrepiarem-se. Era muito a cadelinha daquele corpo másculo, não tinha lógica.
– Ah, qual é, doutor Park. – A forma como havia sido nominado e como seu sobrenome parecia soar tão pervertido naquele tom de voz fez seu baixo-ventre tremer, ansioso. – Você sabe o que eu quero dizer… Eu preciso quicar bem gostosinho no seu pau, só pra ver se esse comichão passa.
Aquelas palavras atingiram Chanyeol em cheio, que precisou espalmar uma das mãos na porta para não se desequilibrar. Porra.
Agora tinha certeza que Junmyeon estava louco. Estava completamente louco e, o pior, estava convencendo-o a fazer parte daquela loucura. Teve certeza disso quando sentiu o próprio pênis pressionar levemente a cueca que usava, pulsando, como se tivesse vida própria e quisesse deixar claro que estava imensamente interessado naquela proposta obscena e voluptuosa.
Ainda tentava manter em mente que estava possesso com Junmyeon por ter perdido a chance de impressionar o doutor Kim Minseok… Mas viu qualquer vestígio desse sentimento sumir quando a única coisa que conseguiu focar era os lábios úmidos do Kim deslizando demoradamente pela pele do seu pescoço, deixando um traço de pelos arrepiados por onde quer que passasse.
Haviam feito a droga de uma promessa; que não foderiam mais dentro do ambiente hospitalar, que era extremamente arriscado. Junmyeon já sabia que era péssimo em manter promessas, pelo menos quando essas envolviam algo que o proibia de ter o corpo de Chanyeol à sua mercê. Então estava pouco se fodendo de quebrar mais aquela. Precisava muito dos toques quentes do Park e precisava agora. Nem ele mesmo sabia o que estava acontecendo consigo… parecia estar no cio e a única coisa que apagaria todo aquele fogo era uma transa libidinosa. E só serviria se fosse com Park Chanyeol.
Já Chanyeol, tentava controlar o impulso lascivo de foder Junmyeon contra aquela porta, em pé mesmo e sem nenhuma preparação. Talvez fosse uma boa punição por tê-lo feito sair mais cedo da cirurgia.
Vencido, como sempre ficava quando se tratava dos desejos que sentia com relação ao Kim, encostou a testa na porta, empinando a bunda e sentindo o quadril tenso movimentar-se contra sua carne. Não demorou para que as mãos do mais velho fossem parar em sua cintura, puxando-o contra si e aumentando a pressão enlouquecedora que aquele membro teso causava em suas nádegas. Mordeu o inferior, antes de virar o rosto apenas o suficiente para encarar Junmyeon, que portava nos lábios o sorriso mais pervertido que já vira. A fisgada que sentiu no meio das pernas foi o estopim.
Levou a mão à maçaneta e girou a trava, enquanto sentia o Kim afastar-se de si. Virou completamente o corpo a tempo de vê-lo sentar-se no sofá cama que fazia parte da sala, abaixando a parte debaixo do unissex, juntamente com a cueca, apenas o suficiente para expor o membro teso, que não falhou em fazer a boca de Chanyeol salivar.
– Mama gostoso. – Sussurrou, enquanto abria os braços e apoiava-os nas costas do sofá, sentindo o pau pulsar na expectativa de ter a língua quente e macia do Park circundando-o.
Um pensamento cruzou rapidamente os pensamentos do mais novo, logo voltando e instalando-se ali. Se Junmyeon achava que ele daria as ordens ali daquela vez, ah… estava redondamente enganado. Mostraria ao cirurgião o que é que acontece quando irritam Park Chanyeol e, logo em seguida, deixam-no com tanto tesão, a ponto de sentir que a cueca vai ser rasgada tamanha a ereção que carregava no meio das pernas – e nem fazia ideia de como chegara àquele estado.
Refletiu em seu próprio rosto o olhar imoral que o Kim carregava e Junmyeon conteve o gemido que formou em sua garganta, apenas de encarar a expressão devassa que Chanyeol portava, uma expressão que jamais havia visto antes no rosto do colega. Por um segundo, pensou que talvez tivesse ido longe demais e uma pontinha de ansiedade havia surgido. Queria conhecer mais daquele lado do Park.
Chanyeol cuspiu em abundância na própria mão enquanto aproximava-se em passos lentos e tentadores do homem que portava aquela expressão corporal de dominador, o que amava e sentia as pernas tremerem só de pensar nas coisas obscenas que o Kim já havia dito enquanto abusava de seu corpo entregue. No entanto, naquele momento, o que mais queria era derrubar toda aquela pose e fazer Junmyeon implorar para ser fodido bem devagarzinho, manhoso e submisso, como Chanyeol sabia que ele queria ser.
Encostou a mão seca nas costas do sofá, deixando o rosto na altura do que lhe encarava avidamente, percorrendo com o olhar todas as nuances daquela face que amava. Roçou os lábios nos dele delicadamente, provocando-o. Quando a outra boca tentou alcançar a sua, desviou-se e, ao mesmo tempo, levou a mão úmida ao membro ereto, sentindo-o pulsar contra sua palma e o gemido que o Kim lutava para esconder, escapou por entre os lábios, arrastado e grave.
Sem desgrudar os olhos por um segundo das feições que brincavam e faziam o rosto alheio retorcer-se, iniciou uma masturbação lenta, focando-se na cabecinha rosada e sensível, deixando que o polegar acariciasse aquela região, onde já sabia que Junmyeon adorava ser tocado. Percebia o barulho que as unhas do outro faziam ao encontrar-se com certa força contra o tecido do sofá-cama, arranhando-o, tentando aliviar ali o prazer que sentia em ser tocado pelo Park.
Desviou o rosto até que encontrasse a orelha do Kim, brincando com o lóbulo que jurava estar arrepiado, deixando que a língua habilidosa percorresse aquela extensão, antes de morder a pontinha e ouvir o colega arfar.
– Você realmente acha… que depois de ter me tirado de uma cirurgia… você vai mandar em mim dessa forma? – Falou, pausada e propositalmente, intercalando as palavras com lambidas e sugadas na orelha sensível do mais velho, que expirava pesadamente enquanto sentia Chanyeol aumentar a velocidade da masturbação.
Os movimentos que a mão do Park faziam contra seu pau pulsante eram exímios e, sabia muito bem, que não demoraria para gozar gostoso, como sempre fazia quando o mais alto batia uma punheta com tanta vontade, exatamente do jeitinho que fazia agora. Deixou a cabeça pender para trás quando a mão pressionou com força a glande, permitindo que um gemido urgente ecoasse pela sala.
Só conseguiu assimilar as palavras que foram ditas segundos atrás quando a pressão que sentia ao redor do seu membro cessou e, ao abrir os olhos para reclamar da ausência, percebeu Chanyeol sentado ao seu lado, com aquele sorrisinho sacana que parecia não abandonar os lábios rosados.
– Tira a roupa inteira e senta de frente pra mim. – O Park bateu duas vezes no colo e Junmyeon conseguiu ver a ereção já formada, marcando as calças do unissex. Sentiu seu interior coçar, ansioso por sentir o membro estocando fundo dentro de si.
Não pensou duas vezes e muito menos demorou para obedecer os comandos do Park, que ficava inimaginavelmente sexy todo mandão, apenas aumentando a vontade que sentia de gemer alto o nome do outro enquanto quicava com vontade em cima daquele pau maravilhoso. Completamente diferente de quando estava todo entregue para si, permitindo que cada cantinho do seu corpo fosse explorado pela língua curiosa do Kim.
Pôs-se em frente ao Park, que analisava cada detalhe do seu corpo completamente nu com avidez, devorando-o com os olhos. Provavelmente, não conseguiu segurar-se, já que inclinou o corpo para a frente e tocou o abdome definido com as pontas dos dedos, causando em Junmyeon um arrepio que percorreu cada célula do seu organismo. As digitais traçaram um caminho lento do baixo-ventre até a virilha, permitindo que as unhas curtas tentassem arranhar a pele ali e mordiscando o lábio quando viu o membro duro pulsar, logo a sua frente. Se inclinasse um pouquinho a cabeça para frente, poderia sentir o gosto do pré-gozo que já vertia da fenda. Mas ele tinha outros planos para o mais velho.
– Você gosta do que vê? – Junmyeon, delicadamente, empurrou o torso do Park até que estivesse totalmente encostado nas costas do sofá.
Abriu as pernas e, levantando uma de cada vez, posicionou-se sentado sobre o colo do residente, os joelhos encostados no tecido do sofá e a bunda já propositalmente posta de forma que abrigasse necessitadamente o membro rijo de Chanyeol. Era provável que não obteria uma resposta para aquela pergunta, pelo menos não em forma de palavras, já que o rosto do mais novo veio em direção ao seu e, sem rodeios, as bocas encontraram-se, sedentas, não tardando muito para que a pressão de uma língua contra a outra fizesse Junmyeon sentir a urgência de mover os quadris.
– Rebola, doutor Kim. – Os lábios do residente afastaram-se dos seus brevemente, apenas para que aquela frase fosse proferida, como se ele tivesse ouvido seus pensamentos, logo tendo seus lábios chupados mais uma vez por aquela boca que lhe causava um ardor interno.
Como homem obediente que era, Junmyeon rebolou. Iniciou com movimentos lentos, circulares, sentindo os lábios do Park encontrarem desajeitadamente os seus e pendendo abertos enquanto aumentava a velocidade com a qual esfregava sua bunda contra o tecido da calça que usava. Era impossível impedir que a cabeça pendesse para trás e Chanyeol aproveitou-se daquele momento, enterrando a boca na pele alva do pescoço, absorvendo o cheiro que sabia ser único e exclusivo de Junmyeon, um cheiro que o levava ao seu limite de sanidade.
As mãos grandes pareciam terem sido feitas para apertar entre os dedos as nádegas carnudas, pressionando o quadril do Kim contra o seu e aumentando a pressão gostosa que faziam contra seu membro. O prazer percorria todo seu corpo e culminava em sua garganta, explodindo em forma de gemidos graves, porém contidos – sabia que as paredes tinham ouvidos.
– Junmyeon? – A voz do residente queimou em si quando os olhares encontraram-se e percebeu como o rosto do outro estava vermelho. De tesão. E ele, Kim Junmyeon, era quem lhe causava esse efeito. Porra, poderia gozar ali mesmo. E Chanyeol também, ao encontrar os olhos do cirurgião negros de prazer, como um céu tempestuoso. – Bate uma punheta olhando pra mim e gemendo meu nome… e não para até gozar.
Enquanto permitia que o Kim assimilasse o pedido, Chanyeol tirou a parte de cima do unissex, expondo o torso bem delineado que captou toda a atenção do cirurgião, que ainda rebolava lentamente em cima de si. Viu o mais velho prender o inferior entre os dentes, soltando-o lentamente e podia jurar que aquela era a melhor visão do mundo. Junmyeon era a melhor visão do mundo, em qualquer momento do dia, e não se importaria e muito menos reclamaria se tivesse que passar o resto da vida vendo apenas aquele rosto.
Junmyeon cuspiu na destra, levando-a sem demora ao membro, que latejou ao toque. Manteve-a parada enquanto movia o quadril para a frente, fodendo a própria mão e, de quebra, esfregando-se contra o pau fascinante do Park, que mesmo ainda coberto por tecido, conseguia fazê-lo contorcer-se de prazer ao mais ínfimo toque. Levou a canhota ao mamilo arrepiado de Chanyeol, circundando-o com o polegar e observando as nuances de desejo que brincavam pelo rosto do mais novo. Mas sua preferida era aquela em que ele mantinha os lábios entreabertos e fechava minimamente os olhos, expirando quase em um gemido. Era perfeito. Park Chanyeol era um homem perfeito.
Com aquela expressão em sua mente, aumentou os movimentos dos quadris e começou a movimentar a mão na direção contrária, masturbando-se com destreza. Tentava não desviar os olhos do homem sentado logo a sua frente, mas o tesão que borbulhava dentro de si tornava aquela tarefa árdua. Quando dava por si, estava com os olhos fechados e o pescoço levemente arqueado para trás, entregando-se à sensação que parecia acumular no meio das pernas e apenas era intensificada pelo membro que pressionava sua bunda e pelas mãos firmes que seguravam suas nádegas, estapeando-as levemente vez ou outra.
– Ah… Ch-Chanyeol… Porra… – Precisava concentrar-se em meio aos gemidos para formar qualquer palavra conexa, mesmo que em sua mente elas ecoassem com perfeição.
Não demorou muito para sentir o baixo-ventre contrair-se e, em jatos longos e fortes, gozar sobre o abdome do Park, que gemeu tão gostoso, quase como se fosse ele mesmo a atingir o clímax. Movimentou a mão mais algumas vezes, sentindo o corpo contorcer-se e vibrar em cima do colo do residente, que agora deslizava as mãos pela pele de suas costas, causando-lhe arrepios intensos, porém muito bem-vindos.
– Que delícia, Junmyeon… – Os lábios do mais novo atracaram-se aos seus, desejosos, porém macios e apetitosos como sempre. As línguas encontraram-se com carência, sendo chupadas e mordidas no processo. Chanyeol levou uma das mãos ao rosto quente e suado do Kim, acariciando a bochecha proeminente com o polegar, suavemente, e deixando que as testas encostassem-se por um segundo, permitindo a ambos recuperar o fôlego perdido. – Isso me deu uma vontade de gozar com seu pau fundo em mim…
Junmyeon mordeu o lábio. Ainda era difícil lidar com como a personalidade do Park parecia mudar quando estavam entre quatro paredes, fodendo. Mesmo quando estava com o cuzinho empinado, implorando e gemendo manhoso para que o Kim metesse gostoso, ele ainda conseguia fazê-lo arrepiar-se com a forma suja e deliciosa das suas palavras. Talvez o Chanyeol com tesão não fosse muito diferente do Chanyeol cirurgião; aquele que você não dá muita moral, mas que acaba te surpreendendo positivamente no final.
Ainda achava engraçado e adorava como o clima mudava rápido entre os dois… Num minuto Chanyeol poderia estar totalmente submisso e, no outro, fodendo Junmyeon de forma dominadora. Nunca era entediante com Park Chanyeol e poderia viver daquela forma para sempre.
– Ah, qual é! Você não tá cansado de ficar por baixo não? – Junmyeon apoiou os braços nos ombros largos do Park e aquilo lhe trouxe uma lembrança, que ele tratou de expulsar de seus pensamentos. Entrelaçou os dedos na nuca do residente, deixando-se perder na imensidão daqueles olhos levemente arredondados e apenas tendo a certeza de que amava até as olheirinhas que pareciam estar mais proeminentes naquele finalzinho de manhã.
Viu Chanyeol revirar os olhos, uma expressão debochada e divertida cruzando suas feições.
– Você quer tanto assim ser fodido por mim? – A voz baixa causou-lhe um arrepio que percorreu a espinha e não conseguiu evitar suspirar pesado quando sentiu o quadril do residente impulsionar-se contra o seu, fazendo-o perceber que o membro do Park ainda estava duro.
– Você não faz ideia. – Com um sorriso no rosto, inclinou-se na direção dos lábios carnudos, avermelhados e levemente inchados, sugando-os com uma vontade que parecia ser insaciável.
Moveu lentamente os quadris, sentindo vagamente o baixo-ventre formigar. Estava quase pronto para outra.
– Então fica de quatro. E empina bem gostoso esse cuzinho pra mim.
Com um sorriso depravado no rosto, Junmyeon fez o que foi mandado. Apoiou-se nos cotovelos e joelhos e levantou a bunda o mais alto que conseguia, deixando-se totalmente exposto para que fosse abusado por Chanyeol. Era o que mais queria.
Enquanto o Kim ajeitava-se em uma posição confortável, o mais novo correu até seu armário e buscou uma camisinha em sua carteira, limpando o abdome sujo com a porra grossa no caminho. Ao virar-se, deu de cara com a melhor imagem que já vira na vida e sentiu o pau praticamente coçar de tesão. Agora entendia que “coceira” era essa que Junmyeon afirmara estar sentindo.
Em movimentos rápidos, livrou-se da calça e da cueca, libertando o membro rijo que latejava enquanto pensava na delícia que seria comer aquele cuzinho rosado. Sentia-se um pouquinho nervoso porque sabia que não era grande como nos vídeos pornô que já assistira e ainda estava um pouquinho abaixo da média, mesmo sendo um pouco mais grosso do que todos os outros pintos que já havia visto na vida… E, até aquele momento, aquilo não parecia incomodar Junmyeon e esperava muito que continuasse daquela forma. Ou seria frustrante.
Posicionou-se em frente àquela entradinha deliciosa, ajoelhado no sofá-cama, e sentiu a boca salivar. Não demorou muito para que estivesse com a cara totalmente enfiada naquela bunda carnuda, pressionando a língua contra o músculo que se contraía ao mais breve toque. Espalmou ambas as mãos nas nádegas e abriu-as, facilitando o acesso àquela região. Lambeu-a sem pudor algum, ouvindo os “Caralho, Chanyeol… Me fode com a língua” e outras exclamações não tão baixas vindas da voz rouca de Junmyeon. Esperava muito que ninguém estivesse do lado de fora…
Enrijeceu a língua e pressionou-a contra a entradinha, que a recebeu sem qualquer resistência. Forçou-a naquele interior gostoso mais algumas vezes, parando apenas para chupá-lo e mordiscar a pele da bunda, deliciando-se com os grunhidos necessitados e quase desesperados do Kim, enquanto sentia o pré-gozo vertendo da própria glande, sem nem mesmo ter sido tocado… Que merda de poder era aquele que Junmyeon tinha sobre si?
Afastou-se apenas para chupar o indicador, antes de pressioná-lo contra a entradinha e empurrá-lo para dentro, recebendo um gemido manhoso como resposta positiva para aquela ação. Não percebendo nenhuma dificuldade em movimentá-lo quase que livremente, inseriu o dedo médio no interior lubrificado apenas por saliva e, novamente, não sentiu resistência alguma, apenas o quadril do Kim sendo impulsionado contra sua mão, desejoso em ser penetrado logo.
Talvez aquilo fosse muito, mas inseriu o dedo anelar junto aos outros dois e, junto a uma pequena dificuldade de penetrá-lo, veio um gemido arrastado e alguns palavrões desconexos. Movimentou os três dedos para dentro e para fora, lenta e provocantemente, alternando os movimentos de vai-e-vem com movimentos circulares, cada vez mais afundando-os para o interior delicioso do Kim.
Uma memória surgiu do nada. Em uma das outras vezes que transaram, Chanyeol havia pressionado a entradinha de Junmyeon com o indicador e, mesmo que não estivesse lubrificado, a resistência que encontrou era imensamente maior do que aquela. A possível resposta para a incógnita que piscava em sua mente fez seu pau pulsar violentamente.
– Junmyeon… você tava se tocando aqui? – A curiosidade era verídica, mas não parou por um momento os movimentos que fazia dentro do Kim, estapeando uma das nádegas com a canhota livre.
– Mete mais fundo, Chanyeol. – O quase sussurro foi obedecido prontamente e sentiu o corpo do cirurgião tremer perceptivelmente quando estocou o mais fundo que conseguia. – Porra, bem aí. Não para, Park. – Havia atingido a próstata com os dedos rudes e longos e aumentou a velocidade com a qual penetrava o cuzinho entregue de Junmyeon, pressionando a lombar para baixo, de modo que ficasse ainda mais empinado. – Porra, porra, porra… – O mais velho grunhia, movimentando o quadril contra seus dedos. Lutou contra a tentação de tocar o membro dolorido, porque sabia que não demoraria muito para gozar, principalmente com a voz rouca de Junmyeon ecoando pelo ambiente daquela forma.
Também sabia que, se continuasse daquela forma, não demoraria para que o Kim atingisse o ápice novamente. Então, subitamente, parou com os movimentos e retirou os dedos do interior úmido, recebendo em resposta um chiado de desaprovação. Como não era tão ruim assim, ainda permaneceu acariciando suavemente a entradinha, agora completamente relaxada e pronta para recebê-lo.
– Você não me respondeu, doutor Kim. – A provocação era nítida no tom do Park.
Dessa vez, fora Junmyeon – muito à contragosto – que quebrara o contato, virando o corpo e ajoelhando-se no sofá-cama, de frente para Chanyeol. Teve a mais absoluta certeza de que estava uma completa bagunça, domado pelo mais puro tesão, quando viu o Park engolir em seco assim que seus olhos encontraram-se novamente. Lambeu os lábios enquanto olhava para os carnudos do mais novo, lembrando-se de como eram habilidosos fossem com palavras, com beijos ou chupadas.
– Eu disse que tava coçando, não disse? Então eu me toquei, pensando em você. – Aproximou-se do corpo do outro, que pareceu enrijecer-se à proximidade. Deixou que os dedos astutos deslizassem pelo bíceps bem demarcado e lembrou-se de como eles ficavam bonitos quando contraíam-se pelos movimentos que o Park fazia quando o masturbava. – Eu gemia seu nome tão gostoso… “Chanyeol, me come… Ah, Chanyeol… Mais forte… Isso”... Mas não era suficiente... – Disse ao pé do ouvido, sem tirar os olhos do pau duro e intocado, que latejava enquanto Junmyeon gemia as palavras sussurradamente. – Eu precisava de você.
Levou o indicador à glande, deslizando a pontinha do dedo pela cabecinha completamente molhada de pré-gozo, acariciando a fenda em movimentos circulares e sentiu o corpo grande contrair-se com apenas aquele mísero toque.
– Eu tô tão duro, que se você continuar assim, eu vou gozar. – Chanyeol impediu que os movimentos continuassem segurando o braço do Kim pelo punho. Definitivamente, não queria decepcionar o mais velho gozando com apenas aquela carícia.
– Então põe a camisinha que eu quero sentar nesse teu pau.
O sorriso pervertido voltou aos lábios do Park quando a mera imagem de Junmyeon rebolando gostoso em cima do membro rijo invadiu seus pensamentos. Precisou conter-se para não focar muito naquela cena ou acabaria nem chegando a tal ato. Apressadamente, rasgou a embalagem da camisinha e desenrolou-a sobre a ereção, sentindo-a apertá-la desconfortavelmente. Odiava camisinhas, com toda sua força.
Mal terminou de colocá-la e Junmyeon empurrou-o pelo ombro até que estivesse novamente sentado. Subiu em seu colo, colando mais uma vez as bocas e tentando saciar o desejo bilateral de sentir o gosto um do outro, de sentir a pressão gostosinha que uma língua fazia na outra, de não conter os gemidos enquanto um lábio era sugado e levemente mordido, provocante.
Sentiu a mão do Kim alcançar seu membro e guiá-lo com destreza à sua entradinha, sentando apenas na cabecinha, logo retirando-o por completo. O viu repetir o processo mais duas ou três vezes, demorando-se um pouco mais cada vez que tinha o membro quase dentro de si. Chanyeol entendeu que aquele suspense antes da penetração era algo que Junmyeon gostava, algo que lhe dava prazer e meio que se sentiu mal por tê-lo apressado a meter em si na primeira vez dois dois.
Mas aquilo era uma tortura. Boa, claro. Sentir o cuzinho do Kim apertando sua glande era uma sensação de outro mundo e já nem conseguia manter mais a coordenação do beijo, já que toda sua concentração estava em como aquilo era bom e nem se preocupou em segurar o gemido rouco que se formou em sua garganta.
Aquilo pareceu funcionar como combustível para o tesão que Junmyeon sentia. O mais velho sentou com força, sendo penetrado completamente pelo membro teso do Park. Ambos grunhiram juntos, as respirações tornando-se pesadas e o ar ao redor deles parecendo rarefeito. O Kim era quente e abrigava Chanyeol com perfeição, já deixando-o completamente louco… Tinha certeza que não demoraria muito.
– Porra, doutor Kim… – Disse sussurrado contra os lábios vermelhos que se encostavam nos seus. – Mexe essa bunda. – Desferiu um tapa com certa força contra a nádega esquerda do cirurgião e o som que reverberou pelo ambiente misturou-se ao gemidinho que escapou dos lábios de Junmyeon.
E mais uma vez obedecendo à ordem que lhe era dada, o mais velho moveu os quadris, subindo pela extensão do membro do Park e logo deixando que o peso do corpo caísse sobre o colo do residente, sentindo-o ir o mais fundo que conseguia. E aquilo era bom, muito bom. Se soubesse que ser penetrado daquela forma por Chanyeol o faria se sentir como se estivesse flutuando nas nuvens, com toda certeza teria sugerido que trocassem os papéis mais cedo.
Levantou-se mais uma vez e inclinou o quadril para frente, permitindo que o membro já totalmente desperto roçasse contra o abdome do Park, respirando pesado àquele contato. O barulho que os corpos faziam ao chocarem-se quando descia várias vezes pela ereção era libidinoso e ressoava em cada cantinho do seu corpo, apenas deixando-o com mais vontade de sentar gostoso em Chanyeol, que já parecia totalmente bagunçado e não tinha o menor controle sobre os gemidos que escapavam dos lábios inchados e entreabertos.
Apertava com força a cintura do Kim, forçando-o para baixo enquanto tentava levantar o próprio quadril, aumentando a profundidade da penetração. Percebia as juntas dos dedos esbranquiçadas por apertá-lo com tanta vontade e sentia-os formigar. Vez ou outra a mão saía de sua posição para apertar a carne da bunda firme, abrindo a nádega para que pudesse ir o mais fundo que conseguia, sempre desferindo ou tapa ou outro, que vinha acompanhado de um gemido de aprovação. Junmyeon adorava aquilo e não fazia a menor questão de esconder.
Sentiu a destra do Kim abandonar seu ombro, já exibindo as marcas avermelhadas causadas pelas unhas curtas que o arranhara sem nenhum pudor e a viu fechando-se ao redor de seu pescoço, apertando ali de forma branda. No entanto, conforme Junmyeon aumentava a velocidade na qual subia e descia em seu pau, a força com a qual lhe apertava a pele também aumentava, sentindo as carótidas pulsarem conta a mão firme. Ao contrário do que pensava, aquilo apenas aumentou mais a excitação que sentia, vendo-se muito, muito perto de gozar.
Antes que pudesse atingir o ápice, firmou-se na cintura do mais velho e impulsionou o corpo para frente, ficando em pé e sem retirar-se de dentro do Kim, que tentava mover-se a qualquer custo, como se estivesse numa espécie de frenesi. Analisando as feições que retorciam em sua face, sabia que ele também não estava muito longe do orgasmo.
Uniu ambas as bocas em um beijo superficial e caminhou até uma das paredes, colando as costas de Junmyeon contra a tintura fria, em um baque surdo e que pareceu agradar o cirurgião, que abocanhou e mordeu com certa força seu inferior, permitindo que as mãos se embrenhassem em meio aos fios castanhos de seus cabelos e até mesmo os puxando levemente, arrancando um gemidinho acompanhado de uma risadinha de Chanyeol.
– Mete gostoso, doutor Park. – Junmyeon apoiou-se nos ombros largos enquanto sentia as mãos másculas apertarem suas coxas por baixo.
Agradeceu mentalmente a ideia que Chanyeol teve de foderem em pé, porque assim que foi penetrado fundo e de uma vez só, sentiu a cabecinha roçar em sua próstata e jurava que havia visto estrelas. Cravou as unhas com força na carne dos ombros do residente, gemendo alto e tentando elaborar quaisquer palavras que fossem, além dos grunhidos incoerentes que só pioravam conforme o Park retirava-se e enterrava-se o mais fundo que conseguia, de novo e de novo e de novo.
Desajeitadamente, alcançou o pau que roçava contra o abdome do mais novo, tomando-o necessitadamente contra a palma da destra. Não precisou masturbar-se por muito tempo, sempre pressionando mais a cabecinha, para sentí-lo latejar contra a pele da mão e, pulsando descontroladamente, jorrar porra mais uma vez contra aquela barriga deliciosa, gemendo manhosa e repetidamente o nome que ecoava em sua mente: Chanyeol.
Já o Park não estava vendo apenas algumas estrelas e sim a constelação inteirinha. E só melhorou quando sentiu Junmyeon apertar-se contra seu membro, quando lhe acertou no lugar que mais queria. Aquela pressão era exatamente o que faltava para atingir o ápice e não demorou muito para sentir as pernas fraquejarem e seu interior contrair-se violentamente, até não aguentar e explodir em um gemido grave, arrastado e ao pé do ouvido do Kim, que ainda tremia em seus braços, resultado do segundo orgasmo do dia.
Precisou usar de toda a força que tinha para não desmoronar ali mesmo e pressionou o corpo contra o do Kim, alcançando sua boca para um beijo rápido e sendo prontamente retribuído, sentindo uma mão acariciar-lhe a nuca, sem pressa. Encostou a testa suada na do outro e ficaram ali por alguns segundos, esperando as respirações pesadas e descompassadas normalizarem-se.
– Você me sacia como ninguém, Chanyeol. Em todos os sentidos. – Junmyeon exprimiu, ainda de olhos fechados, e talvez ele não fizesse a menor ideia de como ficava bonito daquele jeito: suado, com as pálpebras cerradas, as bochechas avermelhadas, os cabelos bagunçados e a respiração brevemente desconforme.
Precisou segurar-se internamente para que não soltasse o tão desejado “Eu estou apaixonado por você, Junmyeon”. Depois do sexo era a coisa mais brega do mundo.
Depositou um beijo rápido na fronte do Kim e soltou as pernas que ainda segurava lentamente, retirando-se de dentro daquele cuzinho que havia feito um trabalho excelente em levá-lo ao inferno e trazê-lo de volta. Sentiu os músculos dos braços reclamarem minimamente pelo esforço que fez em segurá-lo contra a parede, mas sabia que eles já estavam acostumados. Pelo menos deveriam estar, já que não se matava na academia a toa.
Caminhou até a porta aberta do banheiro e livrou-se da camisinha, limpando o abdome mais uma vez, antes de voltar ao ambiente principal e ver Junmyeon sentado em uma das beliches encostada na parede, já vestido com as partes debaixo – amarrotadas. Esperava que as pessoas pensassem que ele estivesse dormindo e por isso estava naquela situação.
– A gente… deveria fazer alguma coisa. Sabe… além do sexo. – Manifestou-se, meio desajeitado e enquanto vestia as roupas, imaginando se não estaria cruzando alguma linha mentalmente imposta por Junmyeon naquele “relacionamento”. Era a última coisa que queria.
Estava totalmente satisfeito com a forma com a qual estavam se relacionando? Bem, sexualmente… sim. Mas sabia que faltava algo, era um cara muito romântico, gostava de dormir abraçadinho, de roubar beijos suaves enquanto tomavam sorvete, de andar de mãos dadas – mesmo que aquilo atraísse olhares repugnados. E queria fazer tudo aquilo com Junmyeon. Queria ter direito à tudo e pensava que nunca teria se não arriscasse. Um passo de cada vez.
Completamente vestido, virou-se para encarar o Kim, que parecia encará-lo de volta com a expressão decepcionada. O frio gélido que se formou em seu estômago tomou conta de todo seu corpo e o desespero começou a sombrear seu coração. Droga!
– Porra, Park… Assim você estraga tudo! – “Merda, merda, merda… O que foi que eu fiz?” era tudo que conseguia repetir em sua cabecinha que parecia girar. Viu o cirurgião levar a mão, claramente desconcertado, até a nuca e coçar ali sem muita força. “Droga, ele vai ‘terminar’ comigo! Meu Deus, por que eu fui abrir minha boca grande?”, Chanyeol surtava em pensamento, que refletia em seu corpo, congelando-o no lugar. – Eu… tava pensando se você não queria sair pra jantar comigo essa semana. Conheço um lugar bacana e mais reservado, o Jongin não descobriria e acho que você iria gostar. E eu tava pensando nisso há algum tempo e era pra te pegar de surpresa… Quero te conhecer melhor, Chanyeol.
Ah, Chanyeol estava surpreso. Totalmente. Talvez não da forma como Junmyeon esperava ou achava, mas ainda assim estava. Completamente aliviado por aquilo não ter saído como o fiasco que estava jurando que seria, soltou a respiração que nem percebeu estar segurando e tentou acalmar o coração que parecia não conseguir acalmar-se: fosse pela gozada deliciosa que havia acabado de ter, fosse pelo susto que o Kim havia lhe dado ou por saber que ele também não queria somente sexo.
– Tipo… um encontro? – Tentou impedir que seu rosto se iluminasse àquele pressuposto.
No entanto, vendo como o sorriso que surgiu nos lábios de Junmyeon era brilhante e esperançoso, apenas permitiu-se sentir feliz com aquela pequena evolução entre os dois. E precisou segurar-se imensamente para não se jogar nos braços do generalista e beijá-lo mais uma vez – se fizesse, sabia que não sairia dali tão cedo e ainda precisava encontrar o doutor Kim Minseok para o pós-operatório do paciente, não havia esquecido.
– Exatamente como um encontro. – Os olhos de Junmyeon pareceram brilhar e não conseguiu evitar sentir um fogo que queimava brando em seu peito.
Quase balançou a cabeça, negativamente, enquanto pensava no quanto estava fodido por gostar tanto daquele homem. Mas talvez aquilo fosse percebido como uma negativa ao convite e, nem em um bazilhão de anos, Chanyeol recusaria qualquer pedido do Kim. Qualquer um.
– Parece bom pra mim. Na verdade, parece ótimo pra mim. – Sorriu de volta, largo, sentindo fogos de artifício explodirem dentro de si. Se dependesse dele, iriam para o tal encontro naquele mesmo momento! Mas, infelizmente, o dever chamava. – Eu preciso checar um paciente do pós-operatório, mas a gente vai se falando, tudo bem?
Viu o outro apenas menear a cabeça positivamente. Aproximou-se em passos rápidos do homem que ainda estava sentado sobre o colchão e envolveu seu rosto com ambas as mãos, erguendo-o o suficiente apenas para que os lábios se encontrassem, totalmente diferente de como se encontravam minutos atrás. Depositou um beijo suave e longo, que foi retribuído da mesma forma, sentindo as mãos quentes do Kim apertarem os dorsos das suas.
Enquanto via Chanyeol afastar-se e dirigir-se até a porta, Junmyeon fervia em pensamentos. E um deles era “Quando diabos é que a gente vai poder dormir de conchinha, caralho?”. Só queria aproveitar o pós-sexo com o homem que gostava, era pedir muito?
O Park destrancou a porta e abriu-a de uma vez. O sorriso que ainda iluminava seu rosto apagou-se no mesmo instante em que viu Jongin com a mão estendida na direção da maçaneta, provavelmente havia acabado de chegar e não tinha ouvido nada. Era o que esperava.
Viu no rosto do irmão um semblante triste e decepcionado quando este o encarou de volta. Sabia que não era por sua causa, aquela feição estava muito mais para sofrimento do que apenas decepção por ter dormido com seu melhor amigo. Era quase como se ele estivesse totalmente estilhaçado por dentro, como se seu olhar pedisse socorro, como se dissesse que precisava do irmão naquele momento.
No entanto, tudo mudou quando Jongin desviou o olhar de Chanyeol para dentro do repouso dos residentes, encontrando Junmyeon ainda sem camisa sentado na beliche, imóvel. O Park podia jurar que vira o exato momento em que as feições mudaram de tristeza para raiva nítida e pura e os olhos do irmão pareciam queimar em fúria quando o olhar voltou-se para si e depois foi focado em suas roupas, que também estavam totalmente amarrotadas.
– Jongin, espera… – Chanyeol mal teve tempo de pronunciar, antes que o irmão o pegasse com ambas as mãos pela gola da camisa do unissex que usava e o puxasse para fora do quarto com força.
Diferentemente do que esperava – que era levar uma coça do irmão ali no meio do corredor –, Chanyeol apenas fora puxado para fora do quarto, enquanto Jongin entrou no ambiente e trancou a porta atrás de si, tão velozmente, que mal teve tempo de pensar em ter uma reação até que vira a porta sendo fechada em sua frente.
– Seu filho da puta! – Ouviu o irmão gritar do lado de dentro, grito que fora seguido de barulhos altos de objetos caindo e socos sendo desferidos.
– Jongin! Jongin, abre a porta! Espera! – Chanyeol gritava, forçando a maçaneta diversas vezes e esmurrando a porta, que não movia um centímetro.
Tentou arrombar com o próprio corpo, forçando o ombro contra a madeira e até desferiu alguns chutes contra a superfície, mas tudo em vão. Enquanto isso, os gritos dos dois ainda podia ser ouvido do lado de dentro e algumas pessoas já começavam a aglomerar-se próximo à porta, curiosos sobre o que estaria acontecendo ali.
– Jongin, espera! Deixa eu explic… – Conseguiu ouvir a voz de Junmyeon do lado de dentro, que não teve a oportunidade de finalizar a frase porque Jongin gritou um “Cala a boca, seu maldito!” e a sentença fora seguida de um barulho que Chanyeol podia jurar ter sido um soco. No rosto. Merda!
Ainda esmurrava a porta, chamando pelo irmão, mas pelo que havia visto alguns segundos antes, sabia que ele provavelmente estava fora de si. É claro que ele não mataria Junmyeon, o irmão não era um assassino, mas o Kim sairia completamente machucado daquela briga, principalmente se não revidasse. E esperava, com todo seu ser, que Junmyeon revidasse. Claro, estava desejando que seu irmão também ganhasse uma surra, mas não achava justo que o outro agisse daquela forma apenas por ter descobrido que eles estavam “saindo”.
Virou-se para a pequena multidão de pessoas atrás de si.
– Alguém abre a porra dessa porta!
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