História "In Your Arms" - "Fugir"

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Por algum milagre divino, assim que chegamos em casa meu pai Akira já estava na residência, aproveitamos que meus irmãos ainda não haviam chegado para poder conversar sem que os mais novos escutassem, e de fato meu pai alfa é assustador quando fica tão irritado, papai estava ao seu lado segurando seu braço, enquanto o mais velho entre nós tentava se acalmar, a presença esmagadora me dava medo, mesmo sabendo que meu pai nunca faria nada.

Não demorou nada para que os dois começassem a discutir, ambos estavam nervosos demais com a situação, mas se esqueceram que a pessoa que mais está uma pilha de nervos com isso tudo sou eu, só de contar para os dois já mostra um pouco da minha coragem, no entanto eu não queria ser a causa da briga dos meus pais, e se eles não conseguem conversar no momento, me resta interferir na discussão.

– Já chega!- Grito, atraindo a atenção dos dois, eu nunca levantei minha voz para os mesmos.- Eu sei que essa situação é uma merda, que nenhum de nós esperava que isso acontecesse, mas aconteceu, eu errei, eu sei que errei muito feio, mas ainda é minha vida, eu não estou esperando um bebê, o que já ajuda bastante a não piorar toda a situação, agora temos que nos preocupar com o alfa, que eu não conheço.- Encolho meus ombros com a última parte da minha frase, mas pelo menos havia conseguido acalmar os dois mais velhos.- Como vou achar esse cara?- Papai Hayato se senta ao meu lado, e começa a acariciar meus cabelos.

– Pelo que seu pai me disse era uma festa do time de basquete, então é provável que alguém do time o conheça, agora se não conhecerem, você vai ter que procurar por toda a faculdade.- O alfa suspira visivelmente cansado.- Se você ao menos soubesse o nome dele, ajudaria.

– Eu vou demorar meses para encontrá-lo assim, a faculdade é enorme.- Reclamo, porém me calo ao receber um olhar feroz do mais velho.

– Então trate de começar amanhã, é bom que encontre alguma coisa sobre esse alfa.- Papai se levanta, e segue para o andar de cima batendo os pés com força no chão.

– Ele vai ficar de mal humor por alguns dias, espero que seja tempo suficiente para que você encontre esse alfa.- Suspiro, qual a chance de eu me encontrar com esse alfa em alguns dias? Tenho certeza de que não tenho tanta sorte assim. 

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Mais um dia havia começado, e eu estava nervoso, havia acabado de entrar na faculdade, e estava seguindo para a sala onde encontraria meus amigos, enquanto andava pela faculdade, encarava todos os alfas que passavam por mim, tentando encontrar o homem que havia me marcado, e como eu sabia que não ia encontrá-lo dessa forma, entrei na sala um pouco chateado, mas agradecido já que a sala estava deveras vazia, apenas algumas meninas nas carteiras da frente.

Meus três melhores amigos estavam em seus lugares habituais apenas me esperando, segui para o meu lugar, deixei minhas coisa sobre a mesa, e por fim me virei na direção dos três, contei até dez algumas vezes em minha cabeça, antes de encarar meus amigos, decidido a contar o que tanto me afligia, e assim pedir ajuda.

– Finalmente vai nos contar o que aconteceu para você sumir na festa, e faltar a faculdade ontem?- Nishinoya pergunta, o tom de sua voz mostrava além de curiosidade devida irritação, talvez pelo fato de não ter tido notícias minhas.

– Eu vou me explicar, não precisa ficar bravo.- Resmungo para o mais velho, e suspiro.- Eu vou resumir tudo que aconteceu, primeiro durante a festa eu entrei no cio, e descobri que meus remédios haviam ficado sobre a cama, eu não sabia onde vocês dois estavam, então decidi ir embora mais cedo, no entanto não deu certo, quando eu tava saindo da casa um alfa reagiu ao meu cio e me agarrou, porém um lúpus me ajudou, e eu acabei passando meu cio com ele.- Sinto um pouquinho de vergonha me consumir, porém me controlo para continuar a falar, porém Yamaguchi me interrompe.

– Mas como o seu cio acabou tão rápido? Normalmente dura três ou quatro dias.- O moreno questiona e eu reviro os meus olhos.

– É porque isso aconteceu.- Abaixo a gola da minha camisa, mostrando a marca que ainda estava um pouco vermelha.- O lúpus me marcou no meio do cio, o que acalmou meu ciclo do calor.

– Então agora você tem um alfa?- Hitoka pergunta curiosa, e eu suspiro.- Algo me diz que não é só isso? Não me diga que já brigou com o seu lúpus?- A mais nova questiona, e novamente reviro meus olhos por conta do jeito que a mais nova havia falado.

– Eu teria brigado com ele, se não tivesse fugido na manhã seguinte.- Os olhos dos três se arregalaram, e eu suspirei.- Agora eu tenho que encontrar esse alfa, mas eu não sei nem o seu nome, e muito menos se ele estuda na nossa faculdade, e por isso eu preciso da ajuda de vocês, se eu não achar esse alfa o mais rápido possível, meu pai vai me matar. 

– Por que você fugiu Shouyou?- Volto meu olhar na direção do mais velho, se eu não tivesse fugido não teríamos toda essa confusão.

– Estava assustado, com medo do que havia acabado de acontecer, não consegui pensar em nada naquele momento, meu corpo apenas se moveu sozinho e eu fugi, só pensei na merda que havia acontecido quando estava em casa.- Me deitei sobre a mesa, recebendo os olhares dos meus três amigos.- Agora estou em um baita problema e não sei como resolvê-lo, meus pais estão uma fera, eu estou uma pilha de nervos, mas pelo menos eu não estou grávido, o que é um alívio.- Os dedos de Yachi encontraram meus cabelos em um cafuné gostoso.

– Podemos começar a procurá-lo nos horários livres, alguém deve conhecê-lo.- Tadashi fala calmo, e eu suspiro.- Comece a lembrar as características do alfa, pode ajudar mais tarde.

– A coisa que mais me lembro é que ele é muito gostoso, e totalmente o meu tipo.- Suspiro baixo, e então algo me vem a mente.- Noya você e Hitoka tem amigos no time de basquete, podem descobrir se algum deles conhece o lúpus?- Pergunto para os dois, vendo Noya revirar os olhos, provavelmente em desgosto.

– Só de ser um lúpus alguém deve conhecê-lo, vou tentar te ajudar Shouyou.- A garota me dá um sorriso acolhedor, o que me acalma um pouquinho, com ajuda não deve ser tão difícil assim encontrá-lo...

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Por alguma sorte, um dos nossos professores havia faltado hoje, e enquanto Nishinoya e Hitoka seguiam para suas próximas aulas, Yamaguchi e eu seguimos para o refeitório, sentamos na mesa de sempre, vendo alguns alunos dispostos nas várias mesas, inclusive alguns do time de basquete, todos com aquele típico jeito desleixado, a posse de machão que intimida qualquer um, com certeza cada garoto daquele time era um ponto fraco diferente para mim.

– Você ainda não me contou como é o alfa que te marcou.- Tadashi fala calmo, colocando seu celular sobre a mesinha, me encarando em seguida.

– Ele era alto, ombros largos, todo tatuado, pele clara, cabelos lisos pretos, e acho que os olhos eram azuis escuros.- Comento, não acho que tenham muitos alfas como ele pela faculdade.- Mas não faço ideia de qual era seu nome, e ele não estava usando a jaqueta do time.- Me jogo sobre a mesa suspirando, que vida difícil.

– Não me lembro de conhecer um alfa assim nessa faculdade, mas talvez Tsuki o conheça.- O moreno digita algo em seu celular, provavelmente mandando uma mensagem para o namorado.- Oh, ele está aqui perto com um amigo, logo ele chega.

– Se o poste resolver me ajudar nosso mundo acaba.- Resmungo, e logo recebi um beliscão do meu melhor amigo.- Ei! 

– Vocês dois não tomam jeito, quando vão parar de implicar um com o outro!?- O ômega pergunta um pouco nervoso, eu sempre estou brigando com o seu namorado, mas ainda sim nos damos bem, as vezes.

– Eu não vou implicar com ele, pelo menos não por enquanto.- Me sento direito no banco, e volto a olhar para as pessoas naquele lugar, vários tipos e cheiros misturados, mas nenhum me era familiar, quem dera fosse.- Quem é esse amigo do Tsukishima? Você parece ansioso para vê-lo.- Comento curioso, vendo um sorrisinho aparecer no rosto do moreno.

– O nome dele é Kageyama Tobio, é um alfa amigo de anos do Tsukishima, ele é muito bonito mas é tão chato quanto você.- O maior alfineta, e eu sinto uma dorzinha no peito pelo jeito que ele falou.- Vocês devem se dar bem.

– Obrigado pela parte que me toca Yamaguchi, vou me lembrar disso mais tarde.- Reclamo escutando sua doce risada o que me faz sorrir também.

Entramos em uma conversa animada, onde o ômega me contou sobre o último passeio que fez com o namorado, sempre gostei de escutar sobre os seus encontros, pois nesses momentos consigo o vislumbre da maior felicidade dele, e cá entre nós ver meus amigos apaixonados é uma gracinha, continuamos a conversar por um tempo, até que um cheiro extremamente forte invadiu minhas narinas, era como se eu estivesse em um mar, sendo sufocado pelo cheiro intenso de chocolate amargo.

Meu corpo inteiro tremeu, e logo meus olhos encontraram o dono do cheiro, o lúpus que eu não conhecia estava andando ao lado de Tsukishima, ele é alto, tem a pele branca, ombros largos, está usando uma calça preta, uma regata também preta, deixando a mostra os braços totalmente tatuados, em baixo de seu braço esquerdo havia a jaqueta do time de basquete, e ele parecia ocupado com o seu celular, mas eu não tinha dúvidas, esse tal de Kageyama Tobio é o alfa que me marcou.

Por um momento percebi que não estava mais respirando, pensei que poderia desmaiar, e quando os olhos azuis me encararam, eu me senti à mercer do lobo, como se fosse uma presa, e como a parte inferior daquela relação, eu corri, apenas peguei minha mochila e fugi, escutei Tadashi me gritar, mas não consegui parar, era como se meu lobo me controlasse naquele momento, minhas pernas somente pararam quando estava dentro da sala onde aconteceria minha próxima aula.

Eu não deveria ter fugido, mesmo que sentisse medo de ver aquele alfa na minha frente, eu poderia voltar lá, mas com que cara? Se eu não agisse tanto por impulso, talvez as coisas não dariam tão errado, assim que minhas aulas acabarem vou pedir o número do alfa para Yamaguchi, e assim vou dar um jeito em toda essa situação, antes que tudo piore...

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