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História In Your Eyes (EraserMic) - Vinte e nove... (especial MiriTama)


Escrita por: lizzyangelis

Notas do Autor


Olá meus anjos, tudo bom?! Desculpem o atraso na postagem, fiquei sem internet no sábado (estavam trocando o poste daqui da frente) e sem internet no domingo (por que o infeliz cortou o cabo da net).
Virei na sexta-feira para compensar ^^
Capítulo especial do ponto de vista do Tamaki Amajiki~
espero que gostem e boa leitura!

Capítulo 29 - Vinte e nove... (especial MiriTama)


O sol ainda não estava tão forte naquela manhã, mesmo assim eu usava o capuz sobre a cabeça. A sensação de estar sendo observado me incomodava constantemente e esta era uma das razões pelas quais eu evitava sair de casa.

O que eu estava fazendo ali então? Simples: eu não conseguia dizer não a um pedido do Mirio. Aparentemente ele havia prometido a alguém que lhe ensinaria a jogar beisebol e precisava da minha ajuda para isso. E, bom, é basicamente impossível negar qualquer pedido que venha acompanhado daquele sorriso brilhante e esmagador do loiro. Por isso eu estava esperando-o na esquina da minha casa numa manhã de sábado.

Assim que sua figura alta e forte, usando o típico uniforme de basebol e carregando seu equipamento, surgiu do outro lado da rua senti minhas bochechas esquentarem e o coração bater mais forte, o que me fez esconder o rosto atrás da franja. Eu só queria que minhas reações não fossem assim tão óbvias.

—Bom dia! – Cumprimentou, com seu típico sorriso. – Eri, esse aqui é o Tamaki de quem te falei.

Foi então que reparei na menina escondida entre suas pernas. Ela não parecia com medo, apenas tímida. Togata costumava me falar sobre ela, como era fofa e bonitinha e pessoalmente era fácil de acreditar em suas palavras. Ela tinha o cabelo longo e loiro, quase platinado, amarrado em um coque no alto da cabeça, usava uma regata azul e um short jeans, com uma mochilinha rosa nas costas. Os bracinhos nus cheios de marcas de cortes me fizeram assustar e lembrar a história da menina, que o próprio Mirio havia me contado. Era difícil de acreditar que alguém tenha passado por uma situação tão terrível sendo tão nova.

—Bom dia... – Respondi baixinho, tentando um sorriso e acenando para a menina. Ela acenou de volta, mas não saiu detrás das pernas do loiro.

—A Nejire acabou de me mandar uma mensagem avisando que não vai poder vir. Alguma coisa sobre ter que cobrir alguém no trabalho, então será apenas nós três! – Falou animado, estendendo a mão para Eri, que a segurou ainda meio encolhida. – Tem uma quadra coberta aqui perto, vamos pra lá.

Nós seguimos lado a lado pela calçada, com Mirio e Eri conversando sobre a vida da menina com a nova família. Ela parecia realmente animada e feliz, distribuindo sorrisos fofos enquanto falava do pai, do irmão e até dos amiguinhos da escola. Eu apenas observava tudo, me sentindo um intruso ali.

Chegando à quadra, Mirio pegou alguns equipamentos e deixamos nossas coisas em um dos bancos. Após um rápido alongamento nos posicionamos no canto da quadra.

—Nós vamos usar só um pedaço da quadra. O Tamaki vai jogar a bola na nossa direção e a gente vai rebater tá? Vou te mostrar como fazer. – Explicou, entregando um taco infantil para Eri segurar. – Você segura assim e faz esse movimento pra rebater. – Ela imitou o movimento dele, rebatendo o ar. – Como estamos em três, vamos treinar apenas arremessos e rebatidas.

Eri concordou com a cabeça e o loiro me fez sinal para jogar a bola. No começo a pequena teve dificuldade em acertar a bola, mas logo pegou o jeito, rebatendo uma bola atrás da outra com bastante força para uma criança. Os dois se divertiam bastante correndo de um lado para o outro como se estivessem jogando pra valer. As risadas animadas me enchiam de admiração e sem perceber acabei deixando um pequeno sorriso se formar enquanto os observava.

—Seu amigo é muito tímido né? Ele não fala muito...– Ouvi-a sussurrar inocentemente para Mirio, que estava agachado ao seu lado. Senti meu rosto pegar fogo quando ele riu alto, pegando ela no braço e se aproximando de mim.

—Ele é um pouquinho tímido, mas é legal. – Respondeu, ainda rindo, me abraçou com o braço livre e eu quis me enfiar no buraco mais próximo, de vergonha.

—E bonzinho! – Eri afagou o topo da minha cabeça e eu estava para derreter por baixo da minha própria pele. Murmurei um obrigado aos dois, mesmo que seus elogios me fizessem apenas querer sumir dali.

Por que a Nejire tinha que inventar aquela desculpa esfarrapada? Eu sabia que era apenas uma forma dela se fazer de cupido. Eu havia confessado a ela como me sentia em relação a Mirio e, a cada dia ela tentava me jogar pra cima dele de alguma forma diferente, mas eu tinha certeza que ele me via apenas como um bom amigo e, de qualquer forma ele merecia alguém melhor do que eu. Eu nem mesmo conseguia nos imaginar juntos, minha cabeça quase explodia só de pensar nisso.

—Que tal irmos almoçar agora? Conheço uma lanchonete que faz um sanduíche maravilhoso! – O loiro me soltou e Eri concordou animada o ajudando a recolher seu equipamento.

 

Já na lanchonete, Eri se sentou ao lado de Mirio e eu fiquei de frente para os dois. Não demorou muito para que nossos pedidos chegassem e os dois se envolvessem em outra conversa animada.

—Eu ainda não acredito que o Senhor Aizawa deixou eu te levar pra passear sem supervisão.

—É que eu pedi com jeitinho. Eu disse que o papai tinha que ficar um pouquinho sozinho com o Senhor Zashi, pra eles poderem namorar. – Ela disse, mordendo um pedaço do sanduíche, com as bochechas cor de rosa. Eu me engasguei com o meu lanche, de olhos arregalados.

—Seu pai namora um homem? – Perguntei meio chocado. Como ela podia dizer isso assim, de forma tão natural?!

—Sim!! Os dois são muito fofinhos, mas o Zashi fica com vergonha quando eu tô. Eu queria que eles dois casassem logo! Assim eu teria dois papais e a gente ia poder morar todo mundo juntinho!

Eu não conseguia processar toda aquela informação. Ela convivia com um casal gay e não achava aquilo nem um pouquinho estranho ou nojento, falava abertamente como se todo o mundo aceitasse aquilo. Eu não conseguia deixar de ficar perplexo com isso.

—Você não acha estranho? Tipo, são dois homens, não é normal... – A menina me encarou com um olhar magoado e eu me arrependi no mesmo instante. – D-desculpa Eri , e-eu... não queria...

Não consegui completar a frase. Vergonha, medo e frustração me fizeram levantar dali e ir correndo para o banheiro, me esconder. Não consegui nem mesmo encarar Mirio. Tudo o que eu sabia fazer era fugir. Fugir do que eu era, fugir do que eu sentia, fugir do julgamento das outras pessoas. Eu tinha raiva de mim mesmo por me sentir daquele jeito.

Me tranquei na cabine e encostei a testa na porta, sem conseguir controlar o choro, aquele misto de sentimentos me deixando confuso e fazendo meu peito doer e apertar.

—Tamaki... – A voz de Mirio preencheu o lugar me fazendo tremer e me sentir ainda pior. – Sai daí, vamos conversar.

—N-não, me deixa sozinho.

—Nunca, não vou te deixar sozinho. Você só está confuso.

—Sim, eu ‘tô confuso! Por isso não quero falar com você! – Essa era a primeira vez que eu gritava em anos. Nem mesmo o loiro, que me conhecia desde que éramos criancinhas, tinha me visto daquele jeito antes. – Você me deixa desse jeito! Você não sabe o que é crescer se sentindo deslocado, todo mundo ao redor dizendo que o que você sente é errado, que não é normal, que é nojento e sujo! E do nada aparece uma garotinha, falando disso como se fosse natural! Eu não consigo entender! Por tanto tempo eu reprimi tudo o que sou, tudo o que eu sinto... Não consigo entender...

—Está tudo bem você estar confuso Tamaki, eu sei o que você está sentindo. Sei como é quando as pessoas esperam que você seja de um jeito, mas você se sente de outro. Só abre a porta, por favor, tem algo que eu quero te dizer, mas só posso fazer isso se for olhando nos seus olhos.

Eu não queria entender o que estava acontecendo. Não queria ter esperanças de algo que muito provavelmente era só ilusão da minha cabeça. Mesmo assim minha mão alcançou o trinco e eu abri a porta da cabine.

Mirio estava bem ali, na minha frente, com uma expressão séria que eu não me lembrava de ter visto alguma vez. Seus olhos azuis escuros me prenderam, sendo impossível de fugir daquele olhar.

—Eu te amo. – Ele disse simplesmente, tão direto quanto uma flecha. – Há muito tempo eu guardo essa certeza dentro de mim e eu sei que isso é recíproco. Eu não disse nada antes por que seria complicado pra você e eu definitivamente não queria me afastar. Preferia continuar com a nossa amizade do que não poder mais falar com você, como eu sei que os tios fariam. Sei o quanto eles são preconceituosos e o quanto eles encheram sua cabeça com esse problema, mas eu não aguento mais. Não quero te ver sofrendo assim, muito menos se reprimindo, deixando de ser você mesmo. – Seus olhos transbordavam sinceridade e aquilo me encheu de um sentimento diferente, um calor bom, mesmo com a perspectiva do medo bem ao nosso alcance. Ele abriu um pequeno sorriso e pegou minhas mãos. – Eu quero te ver feliz, Tamaki. É o que eu mais quero no mundo, nem que para isso eu tenha que enfrentar o mundo inteiro.

Não consegui conter o sorriso deformado que surgiu em meu rosto, uma mistura de medo e esperança me invadindo. Ficar com o Mirio era o que eu mais queria, saber que ele me amavam como eu o amava era um sonho se realizando, mas pensar em tudo o que teríamos que passar para poder ficar juntos me fazia tremer. Mas dessa vez eu não iria fugir.

—Posso te abraçar? – Ele pediu e eu concordei com a cabeça, sentindo meu corpo ser envolvido por seus braços fortes e meu rosto se encaixando perfeitamente em seu peito. Se enfrentar tudo significaria ter aquele abraço como recompensa, eu o faria sem pensar duas vezes. – Vem, vamos lavar o rosto. Tem alguém lá fora esperando, que merece um pedido de desculpas sincero.

—Eu sinto muito. – Murmurei, já esfregando o rosto na pia.

—Tudo bem, sei que ela não vai ficar chateada com você.

Outro daqueles sorrisos que me faziam derreter. Do que é que eu estava com medo mesmo?

Segui-o para fora do banheiro e nós voltamos para a mesa. Eri estava sentadinha, aguardando pacientemente. Ela parecia preocupada e eu abaixei o rosto, envergonhado com minha atitude anterior.

—Eri... me desculpa pelo o que eu disse antes. – Pedi, tentando manter seu olhar. - Eu não queria te ofender nem falar mal dos seus pais. Tenho certeza que eles são pessoas maravilhosas e que te amam muito, independente de serem dois homens.

—Eu te perdoo Tama. Só não falar essas coisas de novo, tá bom? – Concordei com as bochechas queimando e Eri retribuiu com um sorriso. – Agora a gente pode pedir o sorvete de sobremesa?

Nós trocamos olhares e Mirio chamou a garçonete.

Eu sabia que aquele seria um começo difícil. Mas desde que eu tivesse o meu sol comigo nada mais iria me abalar.


Notas Finais


Eu adoro o quanto esse capítulo é uma montanha russa de sentimentos. Espero que vocês gostem tanto quanto eu!
Beijinhos e até o próximo!


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