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História Inaceitável (Laços) - Crise


Escrita por: SweetOro

Capítulo 3 - Crise


Primeiramente, ela sentiu o corpo totalmente mole sobre aquele chão duro e frio. Os olhos pesavam e estavam embaçados. Era uma tortura ter de piscá-los com força para que sua consciência voltasse à total estabilidade. 

A dor que Hinata sentia em sua nuca era praticamente insuportável. Foi ali que ela fora atingida e ali latejava. Demonstrando que ela foi incapaz de manter-se de guarda alta para proteger sua casa e seus filhos.

Foi aí que veio o lapso de memória e consciência e ela lembrou-se: seus filhos.

Aqueles malditos!

Se eles tocaram em seus filhos, ela não saberia o que fazer, como agir. Pelo seus filhos, Hinata daria sua vida e, agora, estava quase incapaz de se mover, porque sua cabeça girava, tudo estava embaçado.

Mas isso não importa.

A dor não importa.

A consciência não importa.


Hinata levantou com a ajuda do apoio do sofá. Enquanto uma de suas mãos estava na nuca - que ainda latejava de dor -, a outra mão estava no sofá, pressionando o móvel para que seu corpo fosse impulsionado para cima e ela, enfim, se levantasse.

Começou a caminhar com dificuldade, totalmente cambaleante até as escadarias. Apoiou-se na parede com uma de suas mãos, enquanto a outra ainda continuava na nuca. Tateando as paredes, ela começou a subir degrau por degrau, o mais rápido que ela conseguia - o problema é que "o mais rápido que ela conseguia era muito lento" -. Hinata começou a xingar a si mesma na própria cabeça. Ela não desistiria.


Ela tateou as paredes com as duas mãos pelo corredor dos quartos e o primeiro quarto, que era o de Boruto, ela entrou.

Seu coração gelou.

As pernas bambearam.

O Coração estava à mil por hora.

Boruto não estava lá...


Hinata começou a caminhar na direção do quarto de Himawari, sua protegida caçula, com ainda mais dificuldade. Além da dor e da tontura, teria que lidar com a falta de ar, pernas bambas e o coração prestes a explodir.

Sentiu a facada duas vezes.

Seu coração morreu.

Suas pernas não tinham mais equilíbrio.


Himawari não estava lá.


- Não, não, não, não, não


Hinata repetia a mesma palavra com as mãos na cabeça. Tinha que ser um pesadelo! Seus filhos não estavam mais ali, ela não pôde protegê-los. Ela queria acordar desta tortura.

Hinata fechou as mãos e começou a dar socos em suas próprias têmporas e apertar as pálpebras, enquanto ainda repetia aquelas palavras:


- Não, não, não, não, não...


A dor, o aperto das pálpebras e toda aquela situação fazia Hinata derramar grossas e quentes lágrimas por suas bochechas.

Aquilo não podia ser real!


- Céus, o que eu faço? O que eu faço?


Hinata estava prestes a ter um colapso nervoso. Não conseguia raciocinar direito. Seus filhos foram levados pelos homens que a nocautearam e sabe-se lá o que eles estavam fazendo com suas crianças.

Hinata estava no chão, uma de suas mãos estavam - totalmente trêmulas - em sua boca, ela chorava, ela apertava suas pálpebras.

Tudo doía.

Sua nuca, seus olhos, suas mãos, suas pernas e, principalmente, seu peito... seu coração. Fisicamente e emocionalmente. Além do coração bater forte contra o próprio peito, ela sofria por seus filhos.

Eles desapareceram.

Hinata forçava a si mesma para voltar ao normal, ela precisava raciocinar.

E era tão óbvio o que ela deveria fazer, que se sentiu ainda mais inútil por ter demorado tanto para pensar.


- Naruto-kun... - ela sussurrou o nome da pessoa que resolveria tudo.


Claro, ele resolveria!

Ele é pai das crianças

Ele é o Hokage!

Ele resolveria, não é?


Ainda um pouco tonta, Hinata começou a se levantar e andar na direção da porta de sua casa. Precisava encontrá-lo, imediatamente.



...



Naruto tinha dores de cabeça e nas costas constantemente. O trabalho de Hokage exigia dele disposição. Eram milhares de papéis todos os dias para carimbar e assinar, ele era totalmente ocupado.

E, agora, para completar, sua vida pessoal estava totalmente na merda! Sua filha estava magoada, seu filho estava revoltado e sua esposa estava jogando tudo isso em sua cara. Ele compreendia que ela estava certa, mas ela foi tão cruel e impiedosa. A forma com a qual ela falou magoou muito Naruto. 

Era raro isso, mas Naruto aproveitou que estava sozinho para permitir que algumas lágrimas fossem derramadas.

"Você é a bomba que destrói a família"

Estas palavras ecoavam na cabeça de Naruto e não paravam. Era uma tortura. Naruto quis iludir a si mesmo e dizer que tudo não passava de algo dito no calor do momento, mas tudo que é dito "no calor do momento" é algo que está entalado na garganta de quem proferiu aquelas palavras.

Há quanto tempo Naruto fazia com que Himawari, Boruto e Hinata fossem infelizes?

Pensar nisso fazia com que Naruto se sentisse um verdadeiro merda!


Mas todos esses pensamentos deixaram a mente de Naruto no momento em que ouviu batidas em sua porta.

Ele apoiou as costas na cadeira e sentou-se em uma posição formal para receber seja lá quem fosse.


- Entre!


Assim que deu a autorização, Naruto viu Shikamaru e Sasuke adentrando sua sala. Pergaminhos nas mãos e feições sérias. Naruto já sabia que se tratava de algo sobre a missão externa de Sasuke e isso teria que receber total atenção de Naruto.


- O que tem nesses pergaminhos? - Naruto ergueu uma das mãos e Sasuke jogou um pergaminho na sua direção, do qual ele pegou no ar. Shikamaru fez o mesmo e ele repetiu a mesma ação.


- Mais vestígios dos Otsutsuki... - Sasuke respondeu, simplismente.


- Alguma novidade? - Naruto perguntou, varrendo os olhos pelo pergaminho que Sasuke jogou para ele.


- Não... - Sasuke respondeu. - Apenas mais pergaminhos para serem mandados ao Centro de Inteligência para serem traduzidos.


- Entendo... - Naruto respondeu com pesar na voz, quase em um suspiro cansado. Deixou o pergaminho de Sasuke fechado sobre a mesa  e pegou o pergaminho de Shikamaru. - E o seu, Shikamaru?


- Um dos pergaminhos que o Sasuke trouxe da outra vez, mas já traduzido. - Shikamaru respondeu.


- Está bem... - Naruto disse, com mais pesar. Tanto Shikamaru quanto Sasuke notaram que ele não estava bem. - Vou começar a ler...


Naruto passou uma das mãos no rosto e Shikamaru e Sasuke se encararam de soslaio, chegando em uma conclusão de que Naruto não estava bem.


- Ei, Naruto... - Shikamaru o chamou e Naruto apenas continuou passando a mão no rosto. - Por que não espera um pouco? Você parece cansado...


Naruto passou as duas mãos no rosto e, em seguida, apoiou os cotovelos na mesa. Ele bufou e seus braços se cruzaram sobre a mesa, fazendo com que ele apoiasse a testa nos próprios antebraços.


- O que aconteceu? - Shikamaru perguntou, andando até o lado de Naruto e dando tapinhas nas costas do amigo.


Shikamaru e Naruto não perceberam que Sasuke ficou alheio a eles. Ele começou a olhar para os cantos e, depois, para a porta, como se estivesse esperando alguém passar ali.


- Minha esposa... - Naruto murmurou e sua voz foi abafada por estar com o rosto enterrado nos próprios braços.


- Falando nela... - Sasuke murmurou e apenas estas palavras foram o suficiente para que Naruto e Shikamaru encarassem Sasuke e vissem que ele encarava a porta com atenção.


Naruto também sentiu


Era o chakra de Hinata se aproximando.


De repente, ele ficou em alerta.


- NARUTO-KUN! 


Ela apareceu em sua porta, totalmente eufórica. Estava visivelmente assustada, com medo, tremendo. 

Naruto se levantou de sua cadeira e caminhou até Hinata com passos rápidos. Ela atravessou a sala com passos cambaleante e Naruto veio de encontro com ela, a abraçando. Hinata escondeu o rosto com as mãos e enterrou-se no peito de Naruto.

Quando a abraçou, viu que sua esposa tremia muito, muito mesmo, ela hiperventilava e chorava; tudo ao mesmo tempo.


- Hinata, o que aconteceu, hime? - Naruto sabia que era inútil perguntar, já que ela mal conseguia ficar de pé, muito menos falar. 

Passou as mãos pelos cabelos dela e viu que ela estava completamente suada, além de trêmula e as lágrimas dela molhava suas roupas.


- Shikamaru... - ele chamou a atenção do amigo e viu que ele encarava Hinata com preocupação, mas olhou para Naruto assim que foi chamado. - Traga um copo d'água para ela, por favor. - Shikamaru nem ouviu direito o pedido e começou a caminhar na direção da porta.


- Traga Sakura até aqui... - foi Sasuke quem pediu para Shikamaru. - Ela vai saber o que fazer.


Shikamaru assentiu e começou a sair para finalmente chamar por Sakura e buscar um copo d'água para Hinata, que estava tendo uma clara crise de ansiedade.


- Hinata... - Naruto afastou Hinata do peito dele, segurando-a pelo rosto com as duas mãos. - Você precisa manter a calma.


Sasuke não ficou parado, ele pegou a cadeira de Naruto e a arrastou para perto de Hinata, para que ela se sentasse.


- Obrigado, Sasuke... - foi Naruto quem agradeceu e ele apenas assentiu.

Naruto ajoelhou-se diante de Hinata e colocou as mãos nos joelhos dela. Ele pegou um lencinho de seu bolso e começou a secar as lágrimas de sua esposa que, aos poucos, começou a controlar sua respiração.


- Isso, se acalma... - Naruto praticamente sussurrava e Hinata tinha uns espasmos para que a respiração fosse controlada. Seus soluços ainda aconteciam, mas a tremedeira diminuía. - Está tudo bem, Sakura-chan está vindo e ela vai te ajudar a controlar sua crise...


Naruto passou as mãos no cabelo de Hinata, colocando as mechas dela atrás de suas orelhas. Shikamaru apareceu com o copo d'água e entregou-o para Naruto, que ajudava a esposa a beber, já que ela não tinha forças nas mãos para segurar o copo.


- Mandei um Anbu até a casa de Sakura, logo ela chegará... - Shikamaru disse, se afastando para pegar um pequeno ventilador da mesa de Naruto e ligá-lo, para que ele ventilasse o rosto de Hinata.

Demorou cerca de cinco minutos para Sakura chegar. Ela estava ofegante, claramente correu como uma maratona até ali. Sequer os cumprimentou, já chegou dando as ordens médicas:


- Naruto, me ajude a tirar o casaco de Hinata. - a voz de ordem de Sakura fez com que ele agisse.

Naruto abriu o zíper daquele moletom pesado e lilás que Hinata sempre usava, deixando-a apenas com uma blusa fina branca que ela usava por baixo.

Sakura concentrou chakra na palma das mãos e colocou sobre o peito de Hinata, a examinando, contatando que a frequência cardíaca dela estava muito mais elevada que o normal e se continuasse assim, o estado dela poderia se agravar.


-É uma crise de ansiedade bem mais grave. - Sakura disse e isso assustou Naruto. - O emocional dela atingiu totalmente o físico. O que aconteceu? - ela virou-se para Naruto.


- E-eu não sei, Sakura-chan.


- Eu vou ter que sedá-la... - Sakura disse.


- Não, não, não, não... - Hinata se agarrou em Sakura pelos braços, praticamente cravando as unhas nela, como se Sakura fosse sua inimiga mortal naquele momento. 


- Pare com isso, Hinata! - Naruto praticamente praguejou, agarrando-se em sua esposa.


Hinata não compreendia mais as próprias atitudes, mas não podia ser sedada. Estar totalmente consciente fazia com que Hinata ficasse ainda mais ansiosa. Pois ela sabia que a cada vez que ela tentava falar, era mais atraso para realmente contar, pois sua respiração pesada não permitia. Sakura queria atrasá-la ainda mais seu relato sedando-a e ela não poderia permitir isto. Começou a agredir a amiga e o marido que tentava segurá-la.


- Ela está tendo uma crise de pânico junto com um transtorno explosivo intermitente - Sakura fez uma cara de dor ao ver o ferimento que Hinata fez em seu braço. - Shikamaru, Sasuke-kun, ajudem aqui!


Sasuke e Shikamaru se aproximaram em passos rápidos de Hinata. Enquanto Shikamaru segurou em baixo dos braços as pernas de Hinata, Sasuke segurava-a pelo pescoço com seu único braço e Naruto segurava os dois braços de Hinata.

Ela precisava lutar.

Não conseguia mexer as pernas

Nem os braços.

Mas ela conseguia mover sua cabeça.

Hinata abaixou o rosto na direção do braço de Sasuke e cravou seus dentes com força. Mesmo que por cima da roupa, ela conseguiu ferir Sasuke com a força de sua mandíbula, vendo que ele gemeu de dor e proferiu diversos palavrões.


- PARE, HINATA! - Naruto gritou, mas ela continuou com seus dentrea cravados ali e fazendo a maior força que podia com seus braços e pernas.


Sakura, mais rápido que ela pôde, aplicou o sedativo na veia de Hinata, por mais que ela não colaborasse. O efeito foi de segundos. Ela parou de lutar.


- Tirem as coisas de cima da mesa. - Naruto pediu e seus três amigos fizeram o que ele pediu.

Naruto pegou Hinata no colo, com uma de seus braços em baixo do joelho dela e a outra nas costas dela, carregando o corpo quase completamente amolecido de sua esposa até a mesa.


- Na.... ru...to.... kun... 

A voz de Hinata soou sussurrada de sua boca e Naruto aproximou o ouvido dos lábios da esposa para ouví-la. 

- Nossos filhos... - ela sussurrou.


- O que tem eles? - Naruto perguntou, ainda com o ouvido próximo dos lábios de Hinata.


- Foram le...va...dos...


Naruto sentiu seu corpo gelar. Suas pernas bambearem. Seus olhos arregalaram.


Era por isso que ela teve todas estas crises?

O que aconteceu?

Como ocorreu um sequestro dentro de Konoha?

Quem ousaria sequestrar os filhos do Hokage?

Como ele poderia agir o mais rápido possível, se a única pessoa da qual poderia relatar só iria acordar daqui a, no mínimo, horas...


Seus filhos estavam em perigo.



Notas Finais


Foram ajudar e acabaram atrapalhando HAUHAUAHAUHAUAHAUHAUAHAUHAYAUAHAUHA


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