E o despertador que acordou Sasuke foi o maldito som dos aparelhos. Ele não sabia se era tarde ou noite e nem que dia era, apenas que cada vértebra e músculo de seu corpo doíam como o inferno.
A sala era clara, chegava a ser patética de tão branca. Ele estava tão dopado que mal conseguia manter os olhos abertos por mais de 10 segundos. Com certa dificuldade, o rapaz virou a cabeça para o lado e se deparou com um loiro que dormia em uma poltrona.
Cabelos bagunçados, olheiras, um jornal jogado por cima do corpo indicando que havia pegado no sono enquanto lia. Naruto era, definitivamente, um amigo muito bom, ou muito estúpido por ficar com ele ao invés de caçar um emprego.
O Uchiha suspirou e tentou mexer o próprio corpo, mas não conseguia. O moreno estava com remédios até a alma. Aquilo era pior do que ficar chapado em sua pior época.
Ele estava tão ruim assim ao ponto de precisar de tantos analgésicos e calmantes? Eram tantos remédios que a melhor opção era manter os olhos fechados.
Tentou se lembrar de algo, mas tudo que vinha em sua cabeça era Sakura. Onde ela estava? Estava bem ou estava tão fodida quanto ele? Céus, a falta de informação quase o matava.
— Você é um desgraçado — a voz ainda sonolenta do amigo fez o moreno, imediatamente, tentar parecer melhor do que estava.
O rapaz respirava com dificuldade, mas queria manter uma pose de quem estava muito bem. Não queria deixar ninguém preocupado. Com dificuldade, ele abriu os olhos e encarou o teto enquanto aguardava mais um comentário do amigo.
— Você tem sorte por ter amigos como eu, Neji e Shikamaru — a cama afundou indicando que o loiro sentava lá. — Shikamaru filmou o que o prefeito fez com você e Neji, como o bom advogado que é, arranjou um jeito do maldito pagar todas as suas despesas hospitalares — ele deu uma pausa e riu pelo nariz. — Na verdade, Neji não foi nem um pouco profissional, ele só ameaçou jogar toda a merda no ventilador. Sabe aquele olhar de ódio que ele tem? O prefeito viu aquilo de camarote.
— Sakura? — falou com a voz baixa e arrastada arrancando quase um rosnado do loiro.
— Você é realmente um desgraçado.
Naruto se levantou e pareceu andar para todo lado nervoso. Alguns segundos depois, ele já estava em cima dele com um olhar realmente ameaçador. E Naruto conseguia ser bem assustador quando queria.
— Você tem que tirar essa garota da bosta da tua cabeça, seu merda. Ela não te faz bem e nem você faz bem para ela. Eu gosto dela, gosto de vocês juntos e é justamente por gostar dos dois que estou falando para esquecê-la. Olha como você está, mais um pouco e poderia estar mais fodido ou até morto. Caralho, Sasuke — ele respirou e se afastou. — Esqueça ela.
O moreno sentiu o ar faltar em seus pulmões. Era pior do que ficar em uma sala cheia de fumaça, e ele tinha experiência com lugares assim.
Conseguia lembrar-se perfeitamente do dia em que a rosada fez questão de arrastá-lo para fora de uma festa. Eles ainda não tinham nada muito sério, apenas uma estranha amizade. Bastou apenas à garota saber que o Uchiha estava metido em uma festa regada a drogas para sair de casa de madrugada e fazer um escândalo no pequeno apartamento em uma parte barra pesado da cidade.
Chorando, ela o fez prometer que nunca mais se meteria em lugares como aquele. O rapaz era muito bom em manter a palavra.
Ele queria se levantar e socar a cara de Naruto até não ser possível reconhecê-lo. O que havia dado no loiro? Antes do acidente, Naruto era o que mais dava apoio ao casal. Ele havia acompanhado toda a história de Sasuke e Sakura desde o início e sabia bem como o Uchiha se sentia em relação à Haruno.
Viu de perto como o seu amigo de infância havia mudado nos últimos anos. Dizia sempre que a rosada era a melhor coisa que aconteceu com o Uchiha e que sempre faria o possível para ajudar o casal da melhor forma.
Mas agora, por conta de um acidente banal, ele havia mudado totalmente a sua posição.
— Mas... — mal conseguia completar uma frase sem sentir o ar faltar.
— Sem “mas”. Eu, como seu amigo e quase irmão, quero você longe da família Haruno. Assim que você estiver bem, você vai sumir desta cidade. Eu conversei com Itachi e decidimos que nós três vamos conhecer o mundo, do jeito que sempre queríamos. Você tem que esquecê-la.
Naruto suspirou e abaixou a cabeça sentindo o peso de cada palavra. Ele podia imaginar bem como Sasuke estava confuso por ouvir tudo aquilo, mas era necessário ser dito daquela forma rude. Ele precisava tirar Sakura da cabeça e esquecê-la para sempre.
— Eu não quero esquecer ela.
Finalmente foi capaz de completar uma frase. Sua voz mais pareceu um sussurro abafado, mas foi possível entender cada palavra dita.
O loiro já quase socava a parede para descontar a raiva, mas se conteve. Foi para cima do moreno com todo o ódio novamente e estava pronto para disparar mais um discurso.
— Naruto, esqueça — era a voz de Shikamaru.
O Nara se aproximou da cama do rapaz e negou com a cabeça suspirando. Parecia desapontado e deprimido de ver toda aquela cena. Puxou uma cadeira pequena e sentou ao lado da cama.
— Você tem o direito de saber. E eu não te quero ver fazendo esforço para falar com essa costela quebrada — disse por fim.
— Mas Shikamaru... — o rapaz olhou para Naruto e o loiro apenas se calou.
— Você realmente precisa esquecer Sakura — sua voz estava calma e fria, o tom usado por ele cortava mais que navalha. – O prefeito nunca vai te deixar em paz e, desculpe dizer assim, mas Sakura já te esqueceu e ela fez isso na noite do acidente.
Ele encarou o amigo. Estava confuso e tentava digerir cada palavra dita pelo Nara. O Uchiha realmente não era capaz de entender absolutamente nada.
— Se quer entender, vá ao quarto dela quando puder andar. Quarto 718 no sétimo andar. Ela deve ficar aqui mais uma semana, o prefeito quer fazer milhares de exames na coitada para ter certeza que está tudo bem.
Shikamaru levantou e se retirou do quarto sem dizer mais nada. Era difícil para o Nara ver um amigo naquele estado. Ele era sentimental demais, mas não queria demonstrar que seu coração sangrava junto com Sasuke.
Tinha dois amigos em uma cama de hospital totalmente fodidos. Isso mexia com o seu psicológico de uma forma avassaladora.
No fundo, ele ficava feliz por ele ter tanta sorte. Havia fraturado a costela e a culpa foi do prefeito, pois na queda, ele quebrou apenas o braço direito. Se o maldito não tivesse descontado a sua raiva no corpo frágil do rapaz, o Uchiha já estaria quase recuperado agora.
O Nara foi esperto em gravar a cena nojenta, e sabia exatamente para quem devia mostrar aquilo. Neji ficou descontrolado ao ver, tão descontrolado que não foi nem um pouco correto quando falou com o Sr. Haruno sobre o assunto. Xingou o homem de todas as formas possíveis e por pouco quase não quebrou aquele nariz esnobe.
Graças aos céus, nenhum órgão vital foi prejudicado durante a sessão de porrada, e o osso iria se recuperar sozinho com o tempo e tratamento que o próprio prefeito bancária. O fodido era realmente um cara cagado de sorte às vezes.
Shikamaru sabia que o Uchiha se colocaria de pé logo e tentaria de todas as formas, aproximar-se da garota. Ninguém poderia segurá-lo, então a melhor escolha era dizer a verdade.
No quarto de Sasuke, Naruto se segurava para não matar o amigo teimoso.
O moreno ainda estava dopado, sentia dificuldade na fala e na respiração, mas conseguia falar o nome de Sakura muito bem. Sempre que conseguia forças perguntava com ela estava. Naruto insistia em dizer que o mais grave que aconteceu com ela foi uma leve torção no tornozelo e a batida forte com a cabeça.
Mas Sasuke não acreditava. Dizia que assim que estivesse menos dopado iria se levantar e correr atrás da garota. Não se importava com o braço quebrado, ele apenas precisava vê-la e saber se ela estava realmente bem.
O problema era que toda vez que o moreno sentia que podia ficar de pé, uma maldita enfermeira aparecia e o dopava mais um pouco. Naruto insistia em dizer que era melhor assim, pois Shikamaru havia dito que uma costela fraturada costuma doer muito.
Já era o segundo dia dele acordado naquele hospital. Já sentia as forças voltando, podia até conversar. E ele planejava ver Sakura assim que possível.
— Dói? — Naruto perguntou e bebeu seu café.
— Só quando eu respiro e às vezes quando eu falo.
Respirou fundo e sentiu dor, mas fingiu que tudo estava certo para não preocupar o amigo. Escondeu a careta de dor o mais rápido possível.
Naruto havia ficado do lado do amigo durante os dias que estava internado lá. Ele contou que o Uchiha ficou desacordado na noite do acidente e o dia seguinte inteiro. Ele ficava trocando com Itachi os turnos para que pudesse descansar. E dessa forma, não atrapalhava o mais velho em seu trabalho.
Sasuke se sentia bem por saber que os amigos e o irmão estavam o ajudando daquela forma. Feliz de verdade.
— Então você ficou segurando a minha mãozinha? — perguntou e riu.
Até rir doía, mas ele não queria demonstrar.
— Não, tenho uma mão mais delicada para segurar.
Naruto suspirou. Infelizmente a brincadeira do amigo havia feito o loiro se lembrar de sua namorada. Hinata estava internada já fazia uma semana. A maldita saúde frágil da moça a levava quase todo mês para o hospital.
— Eu tinha esquecido. Como ela está?
— Você sabe como é. Ela é toda frágil e o resfriado virou uma pneumonia brava. Mas logo ela vai estar bem. Foi bom tocar no assunto, hoje eu vou ficar com ela no hospital e talvez Itachi não consiga vir por causa da escala no trabalho, tem problema?
— Eu não sou nenhuma criança.
— Sabemos disso, mas gostamos de cuidar de você — o loiro sorriu. — Sério, não faz nenhuma merda.
Sasuke respirou fundo recuperando o ar que lhe faltava. Havia dito palavras demais em um curto espaço, aquilo acabava com o ar em seus pulmões.
— E que merda eu faria? — sua voz estava mais baixa e ele falava mais pausadamente.
Naruto encarou o amigo ao notar a dificuldade. Ninguém melhor que Uzumaki sabia como o Uchiha era mestre em fingir que estava bem apenas para ninguém ficar com pena.
— Acho melhor você parar de falar. — Naruto tentou sorrir, mas era difícil.
— Eu preciso ver ela — era quase um gemido.
Seu amigo estava com um rosto bem machucado, isso fazia o loiro lembrar que era daquela forma que ele costumava ficar depois de enfrentar o pai.
Naruto respeitava Sasuke, sabia como o moreno havia sofrido na vida e sabia que Sakura foi quem ajudou ele a voltar para os trilhos.
A morte de Mikoto desencadeou uma reação em cadeia na família Uchiha. Tinha apenas nove anos quando ela morreu e ele viu de perto seu pai afundando em um mundo sem volta até ser preso. Itachi ainda era menor de idade e os irmãos só não foram parar em um abrigo porque os pais de Naruto fizeram o possível para ajudá-los.
Itachi tomou um rumo correto, estudou e cresceu gentil. Mesmo apanhando da vida e nunca conseguindo alcançar os objetivos, Itachi sempre pensou positivo.
Mas, com Sasuke foi diferente. Ele tinha só 11 anos quando o pai foi preso e foi difícil ouvir que sua família era uma vergonha. Assim que completou 17, seu pai foi solto e ele voltou a morar com ele, foi neste momento que ele deixou de ser um garoto medroso.
Itachi tinha vergonha de olhar o pai então nunca voltou para casa, mas também nunca abandonou o mais novo. Disse que o caçula poderia morar com ele em uma casa alugada no subúrbio, mas ele se recusou. Ele cuidaria de seu pai a todo custo, mostraria ao velho que estava lá por ele e nunca fugiria.
Fugaku se tornou um homem amargo depois da morte da esposa. Afogado na depressão e bebidas precisou cumprir pena por seis anos depois de tentar assaltar um mercado. E a vida na cadeia só piorou a situação. Foi alvo de desconto de raiva de Fugaku por muito tempo, mas mesmo assim, Sasuke se recusava a se afastar.
Ele sofreu, apanhou e se afogou no mesmo mundo que o pai. Mesmo com os erros do pai, se recusava a sair de perto dele. E mesmo assim, poderia ter morrido nas mãos dele.
Em uma noite de loucura, Fugaku ameaçou o rapaz com uma faca. Em desespero, ligou para Sakura, que ainda era apenas sua amiga. Ela deu um jeito de ligar para Itachi que conseguiu evitar o pior. Obviamente, depois daquela noite o mais velho proibiu o mais novo de chegar perto do pai.
Naruto pegou seu casaco e mochila. Despediu-se do amigo e disse que se ele não tivesse juízo quebraria a cara dele. Isso arrancou uma risada dolorida de Sasuke.
E pela primeira vez, ele estava sozinho. Sentia-se menos dopado, então, para fazer o que queria, não seria tão complicado.
Ele levou a mão até o braço e arrancou as agulhas de lá o mais rápido possível. Tirou as cobertas e colocou os pés para o lado de fora da cama. Lentamente encostou os pés descalços no chão frio e sentiu um arrepio percorrer por todo seu corpo.
Assim que se colocou de pé, o moreno teve que se apoiar na cama para não cair. Suas pernas estavam bambas, seu peito doía e ele mal conseguia respirar, mas tinha que vê-la. Encheu o peito de coragem e tentou focar seu objetivo totalmente nela.
Em passos lentos, foi até a porta. Não fazia a menor ideia em que quarto estava e nem em que andar se encontrava, mas daria um jeito de descobrir.
Sentiu-se mais motivado ao ver, já do lado de fora, que o número do seu quarto era 703. O quarto de Sakura não ficava longe. Com um pouco de sorte poderia ser naquele corredor mesmo. Mas ele chegou ao fim do corredor e nada do quarto 718.
Ele se apoiou na parede e recuperou o fôlego com dificuldade. Não havia feito nada além de andar até o fim de um corredor, mas parecia que tinha dado a volta ao mundo em um só dia. Sentia dor, mas sentia principalmente agonia por ainda não ter visto sua amada.
Quando sentiu que seu corpo estava mais preparado, ele se pôs a andar novamente. Agora seu rumo era a rampa que levaria até o próximo andar. O moreno sabia que devia ter caminhado mais um pouco até o elevador que ficava próximo de seu quarto, mas ele não queria correr o risco se ser pego e botar toda a missão a perder.
Agarrado ao corrimão, o rapaz fez toda a força possível para subir aquela maldita rampa que parecia infinita. Tentava pensar positivo, afinal, subir uma rampa era melhor do que uma escada. Seu braço direito engessado não facilita muito o trabalho do moreno que não tinha o hábito de fazer força com o esquerdo, mas ele não desistiria tão facilmente.
Sasuke precisava, desesperadamente, vê-la. Ele suplicava por isso, seu corpo precisa do toque dela para se sentir melhor.
O Uchiha deu graças assim que notou que a rampa estava no fim. Animou-se quando pôde ver o primeiro quarto. Ali de onde estava ele podia ver nitidamente o número 718, e sentiu todo seu corpo vibrar apenas com a ideia de tomar os lábios de Sakura mais uma vez depois de toda aquela confusão.
Precisava dela. Precisava dizer, de forma oficial, que a amava com todas as forças. Precisava daquele sorriso lindo para se sentir revigorado. E, acima de tudo, precisava ouvir dela que tudo logo ficaria bem.
Sasuke correria para aquela porta se pudesse.
Assim que entrou no quarto, a visão de Haruno foi capaz de marejar os olhos do moreno. Ela lia tranquilamente o livro A Menina que Roubava Livros, ela já havia lido pelo menos umas 30 vezes, mas sempre gostava de repetir a dose.
Ele podia sentir sua boca formando um sorriso meio trêmulo por conta dos sentimentos.
Sakura parecia bem. Alguns curativos nos braços e rosto, mas bem. Provavelmente melhor que ele.
— Eu fico tão feliz em saber que está bem — ele dizia se aproximando lentamente. — Juro que quando você sair daqui, eu te levo no nosso bar preferido e te pago uma cerveja.
O moreno apenas desabou em lágrimas assim que estava perto da cama. Sasuke costumava segurar, havia chorando perto da garota apenas uma vez e foi quando ela saiu de casa no meio da noite e foi para casa de Itachi depois do problema com Fugaku.
Ele jurou depois daquela noite que nunca mais a deixaria vê-lo tão vulnerável. Mas era impossível não se sentir aliviado e feliz ao vê-la bem. Impossível não chorar ao ver que não a havia perdido.
— Eu amo tanto você — disse ainda com a cabeça baixa.
Sua voz estava arrastada e carregada de sentimentos. Ele estava tão bem apenas em vê-la bem.
Ele levantou a cabeça e o que viu no rosto dela o surpreendeu.
As grandes íris verdes dela estavam confusas. Ela olhava a cena detalhadamente, mas parecia ser incapaz de entender o que se passava.
Era ela, nitidamente. Mas algo naqueles olhos dizia que aquela não era a Sakura dele. Como se fosse outra pessoa no corpo da sua namorada.
— Desculpe, mas quem é você? — por fim se pronunciou com a voz um pouco assustada.
Sasuke sentiu seu coração quebrar em trilhões de pedaços. Colocou-se de pé com um pouco de dificuldade e a encarou incrédulo.
Que tipo de pergunta era aquela?
Sakura era do tipo que fazia brincadeira com tudo, mas aquele não era o momento certo para joguinhos infantis.
— Às vezes você passa dos limites com essas brincadeiras — ele secou uma lágrima.
— Eu não quero ser grossa, mas você está me deixando desconfortável. Eu não sei quem é você, deve estar me confundindo. Poderia sair? — ela fechou o livro e se afastou um pouco indo para beirada na cama.
A encarou bem. Em seu olhar, infelizmente, era possível ver que aquilo não era nenhuma brincadeira da rosada. Ele já a conhecia a tempo suficiente para entendê-la apenas com um olhar.
"Ela já te esqueceu" ecoou na cabeça dele como se fosse uma maldição.
— Eu acabei de passar por um acidente e estou meio confusa, mas tenho certeza que não te conheço. Lembraria se conhecesse, seu rosto é bem marcante.
Ele sentiu suas pernas fraquejarem e o ar faltar mais um pouco. Então era isso que Shikamaru queria dizer? Sakura havia perdido a memória depois do acidente?
O rapaz deu dois passos para trás e viu o quarto rodando. Como ela pôde se esquecer de Sasuke? Como pôde esquecer tudo que já passaram junto? Como teve a ousadia?
A porta foi aberta com calma, mas ele não quis se virar para ver quem era. Estava ocupado demais tentando digerir tudo aquilo sem deixar a emoção transparecer, não se permitia chorar mais.
— Querida, voltei.
A voz era de Noah. O moreno havia quebrado a cara daquele sujeito há um ano. Ele era o ex-noivo de Sakura. Que diabos estava fazendo ali? Não tinha mais nenhum laço com ela para agir daquela forma.
Sasuke tentou recuperar o foco, mas seu corpo parecia não responder. Ainda estava em choque ao ouvir de sua namorada que ela não se lembrava dele. Que ela não se lembrava da história de amor mais incrível de todo universo, e isso era algo que ela costumava dizer para ele enquanto observavam as estrelas.
— Seu desgraçado — o homem gritou largando o copo de café de sua mão e partindo para cima dele.
O moreno já estava fraco, então aquela pequena investida foi o suficiente para derrubá-lo. O impacto no chão fez tudo doer e o ar faltar por mais de 6 segundos. Mas ainda não era pior do que saber que a rosada não se lembrava.
— Como ousa vir aqui depois de tudo que fez?
O covarde subiu em cima dele e já estava pronto para depositar um soco de direita no rosto já machucado do moreno. Sakura implorava enquanto chorava para que o homem parasse, mas nada fazia efeito.
De uma hora para a outra, Sasuke viu o homem que estava por cima cair revelando Itachi.
— Céus, quando cheguei e não te vi no quarto, soube na hora que estaria aqui — o mais velho se abaixou e ajudou o irmão mais novo a se levantar.
— Eu poderia acabar com ele igual daquela vez — tossiu sangue. — Você sabe que eu poderia.
Era possível ouvir o leve fungar da rosada. Ela estava claramente desesperada e era incapaz de entender o motivo de seu noivo atacar um desconhecido daquela forma. Ela tentava acalmar o homem depositando um leve carinho em seu rosto com aquele olhar de preocupação.
Aquilo foi o limite. Sasuke nunca se sentiu tão mal em toda sua vida. Foi uma cena nojenta e dolorida de se ver.
A pequena lágrima escorreu pela lateral de seu rosto, mas ele foi bem rápido na hora de secá-la.
— Ela me esqueceu — sussurrou para o irmão com dificuldade por conta da dor e o misto de sentimentos.
— Tentamos avisar. — Itachi foi curto, era difícil dizer palavras tão frias sabendo de tudo pelo o que ambos passaram.
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