1. Spirit Fanfics >
  2. Incógnito VKook - Taekook >
  3. Um livro

História Incógnito VKook - Taekook - Um livro


Escrita por: BtsNoona

Notas do Autor


Oi leitores-amores, por favor não me matem!!!
Desculpa o sumiço, foi uma mistura de caos do fim do ano, tiros dos ingressos do BTS, falta de criatividade e internet merda. T-T
Mas aqui estou eu! Espero que gostem do capítulo novo <3
Não foi revisado, acabei de escrever nesse segundo.

Boa leitura!

Capítulo 4 - Um livro


Fanfic / Fanfiction Incógnito VKook - Taekook - Um livro

Um livro.

- O Grande Gatsby. – Jeongguk respondeu quando o outro lhe perguntara qual livro estavam lendo na aula de literatura.

- Ah, esse livro é ótimo! Acho que você vai gostar.

Os dois tinham acabado de descer do ônibus. O céu estava nublado e a brisa do outono havia se tornado mais fria. Jeongguk seguiu o castanho pela rua enquanto ele se empenhava em um discurso sobre o livro que estavam prestes a pegar na biblioteca. Parecia meio surreal que aquele era mesmo o garoto do diário, falando com ele pessoalmente, e Jeongguk percebeu que além daquela frase planejada para iniciar uma conversa, ele não tinha pensado em mais nada. Não fazia a menor ideia de como capturar a atenção do garoto e manteve-se em silencio enquanto ele falava sobre esses tais de Gatsby e Daisy, dos quais ele se lembrava vagamente de ter ouvido falar nas aulas de literatura.

Jeongguk não entendia muito de livros e não se interessava pelos da escola, gostava mesmo de quadrinhos. Pensou que seria difícil fazer com que fossem amigos, já que pareciam ter tão pouco em comum.

Mas ouvir Taehyung dissertando sobre o livro era interessante, por mais que ele não estivesse entendendo muita coisa. Sentiu até mesmo vontade de ler o livro, só para poder comentar com o castanho depois. Como ele fazia aquilo? Jeongguk não conseguia entender. Tudo o que saía da boca dele soava imediatamente fascinante. Ele discursava com propriedade, mas não era chato como um professor. Tinha um tom muito animado, e até mesmo meio infantil, que deixava transparecer o quanto ele adorava O Grande Gatsby.

Poderia ouvi-lo falar por horas.

- Aish, eu estou dando uma palestra, não estou? Desculpe.

Ele tinha que parar com aquela mania de ficar se desculpando por tudo, Jeongguk pensou, e abriu um sorriso largo enquanto balançava a cabeça em negação.

- Você me deixou com vontade de ler o livro, deve ser a primeira vez na vida que isso acontece. Sempre fico deixando para depois e acabo pegando um resumo na internet de última hora. – Admitiu meio envergonhado – Fiquei curioso sobre essa tal de Daisy que tem “voz de dinheiro”.

- Sério mesmo? – Ele perguntou com o semblante surpreso, e o moreno afirmou com a cabeça.

Taehyung parou no lugar sem aviso prévio e Jeongguk, que estava distraído demais com o outro, quase chocou seu corpo contra o dele. Parou bem perto, com o nariz a centímetros da pele dourada de sua nuca, e borboletas voaram descontroladas pelo seu estômago antes que ele recuasse, dando um passo para trás. O castanho pareceu nem notar, seu olhar perdido em outra direção.

A biblioteca.

Bem maior do que imaginava, um edifício gigante e antigo tomava conta do quarteirão, e Jeongguk se perguntou como não o conhecia até hoje. Afinal, a cidade não era tão grande assim.

Ficou em silencio, observando por alguns segundos a biblioteca e sua arquitetura majestosa. Podia sentir, no entanto, o olhar de Taehyung sobre si, como se ele estivesse analisando sua reação.

- É bonito. – O castanho comentou, e por uma fração de segundo Jeongguk teve a impressão de que ele não estava falando sobre o edifício – Você não acha?

Afirmou com a cabeça em resposta, convencido de que sua mente estava lhe pregando peças.

Entraram na biblioteca e a senhora da recepção cumprimentou Taehyung, com as exatas mesmas palavras que ele havia descrito no diário. Pensou que ele estava mesmo certo, os óclinhos meia lua daquela senhora eram realmente fofos e ela tinha uma cara simpática e alegre.

Taehyung disse a ela que não precisaria de ajuda, que sabia como encontrar o livro que estava procurando, e Jeongguk curvou-se de leve para agradecer à bibliotecária antes que os dois passassem por uma gigantesca porta de madeira. Assim que pisaram na outra sala, Taehyung parou.

Sabia que ele estava interessado em ver sua reação à biblioteca, mas o olhar do garoto incógnito sobre si era real demais, e trazia consigo um peso estranho. Jeongguk tentou ignorar a sensação, mas estava completamente consciente de que o outro não tirava os olhos de si, e os cabelos de sua nuca se arrepiaram com a constatação. Era meio estranho.

Esforçou-se para se concentrar no ambiente a sua volta. Queria demonstrar uma reação animada para o garoto, mas falhou miseravelmente ao não conseguir disfarçar seu desapontamento. Pensou que deve ter feito uma cara de tacho.

As estantes velhas pareciam já estar sendo derrotadas pelos cupins e Jeongguk não soube como ainda podiam manter-se de pé, abarrotadas de livros surrados que impregnavam o cômodo com aquele cheiro de antiguidade.

Ele esperava sentir alguma magia, algo extraordinário. Por que o garoto do diário – alguém tão fascinante aos olhos de Jeongguk – gostava tanto daquele lugar? Não conseguiu entender e até tentou dar um sorriso frouxo, mas estava estampado em seu semblante que ele não achara o lugar nada demais.

- Você não está vendo. – Jeongguk ouviu a voz grossa do garoto comentar, quase que ao pé do seu ouvido – Está olhando, mas não consegue ver.

Ver o quê? Não tinha nada para se ver. Era só uma sala gigantesca cheia de livros velhos, imersa num silêncio agoniante. Jeongguk pensou que poderia ouvir até mesmo o som de uma agulha caindo ao chão.

- Olhe bem – Taehyung sussurrou – Imagine só todos os escritores e épocas contidas nessa sala. Temos desde Platão à Foucault. Filosofia, ciência, história, através dos séculos. Homero compôs seus versos antes da invenção da escrita, e eles só foram redigidos três séculos depois. Narrativas que passaram de geração em geração. Esses livros podem ter sido lidos por seus pais, avós ou bisavós. Eles vieram da América, da Europa e de todos os cantos da Ásia. É surreal pensar em todas as pessoas que já aprenderam desses livros, todos os que os leram e o impacto que esses papéis velhos causaram em cada vida. Cada um desses escritores tinha sua opinião sobre cultura, política, arte. Um pedaço deles está preso aqui, e disponível para nós, hoje. Essa sala é como uma máquina do tempo: contém um pouquinho da sabedoria do mundo todo.

Jeongguk tirou os olhos dos livros e ficou encarando o castanho, enquanto ele falava sobre escritores, histórias e versos, como se fossem a coisa mais importante do universo. Seu tom de voz não passava de um sussurro, mas notava-se uma excitação vibrante e o coração de Jeongguk se acelerou. Sentiu-se repentinamente encantado e em êxtase, mas não soube discernir se era a biblioteca ou o brilho singelo nos olhos de Kim Taehyung.

- Está vendo agora, não está?

Jeongguk sorriu.

- Estou.

~x~

 

Conversar com Taehyung era como dar uma volta de montanha russa, com direito a frio na barriga e tudo. Não entendia porque ele causava aquele efeito estranho, mas culpou a própria curiosidade pela personalidade única do garoto. E o jeito com que ele falava, como se qualquer temática fosse a sua favorita, os olhos castanhos brilhando de excitação. Ele parecia ficar empolgado demais com qualquer coisa pequena e Jeongguk não conseguia parar de sorrir feito tolo enquanto ele dissertava pelos assuntos mais aleatórios.

Depois de comentar a sussurros baixos sobre autores e fofocas seculares – como, por exemplo, que “Freud aprendera espanhol só pra poder ler Dom Quixote” – Taehyung finalmente alcançou a estante de letra F e encontrou, entre as diversas obras de Fitzgerald, O Grande Gatsby. O tal Gatsby podia ser grande, mas o livro era pequeno, bem mais fino do que Jeongguk imaginava. Sentiu-se aliviado por isso. Queria muito ler o livro e ter algo para conversar com o garoto, mas não sabia se conseguiria ler algum grande demais. Provavelmente não.

Apesar de bem puída e gasta, a capa do livro era bonita. Jeongguk tomou-o com cuidado nas mãos, preocupado em danificar o papel frágil e analisou a ilustração de capa. Tinham um par de olhos azuis, vibrantes e expressivos.

- Os olhos que tudo veem. – O castanho comentou, enquanto Jeongguk folheava cautelosamente o exemplar – Pode mexer, não estraga assim com tanta facilidade. – Ele riu.

Os dois passaram novamente pela bibliotecária de rosto magro e simpático, e Jeongguk assinou um caderninho, comprometendo-se a devolver o livro em no máximo dez dias. Assim que alcançaram a calçada, Jeongguk olhou mais uma vez para o imenso edifício e não o achou mais tão ameaçador quanto antes.

Um silêncio estranho se instalou entre eles. Não era bem incômodo, mas um pouco desconcertante.  Ficaram parados um ao lado do outro por alguns segundos e Jeongguk não soube o que dizer. Talvez “Tchau” ou “Obrigado”.

“Te vejo por aí.”

- Hm, espero que você tenha gostado. – Taehyung comentou, antes que Jeongguk conseguisse resolver algo decente para falar.

- É bem legal – Afirmou com a cabeça, meio sem jeito.

O castanho sorriu pequeno e encarou os próprios tênis surrados por alguns segundos. Ele ajeitou a mochila nas costas, como que se aprontando para ir embora.

- Eu vou a pé para casa. Moro bem perto, mas você pode pegar um-

- Posso te acompanhar até em casa? – Jeongguk perguntou, interrompendo a frase do outro. Não sabia de onde aquilo tinha saído e sentiu-se verdadeiramente estúpido por ter sugerido algo assim, mas não queria ter de se separar do garoto ainda.

Taehyung encarou-o com as sobrancelhas erguidas e os lábios entreabertos.

- Ahn, pode. – Ele deu de ombros, e Jeongguk podia jurar que viu suas bochechas corarem, pelo menos um pouquinho. – Mas não precisa se não quiser. É bem perto mesmo.

- Eu quero. – Respondeu rápido demais outra vez. O que diabos estava acontecendo consigo? Perdera o controle sobre a própria língua. – Para agradecer! Sabe, por você ter me acompanhado até a biblioteca. – Justificou.

Jeongguk estava se sentindo um grande bobo e seu coração batia acelerado por causa do nervosismo. Quando precisava falar, nada saía, e quando tinha que ficar quieto deixava alguma coisa constrangedora escapulir. Estava ficando doido.

- Tá. É por aqui. – Taehyung saiu caminhando pela calçada a passos lentos.

Aquele silêncio esquisito se fez presente mais uma vez, enquanto Jeongguk seguia o garoto de perto. Ele parecia diferente agora. Tinha sido espontâneo e falado bastante o dia todo, e Jeongguk não conseguiu entender porque agora ele estava tão quieto. Pensou que talvez o assunto apenas tivesse se esgotado mesmo.

Andaram por cerca de dez minutos, calados. O estômago de Jeongguk continuava a se revirar enquanto eles caminhavam de quarteirão em quarteirão, a brisa fria do outono fazendo com que os cabelos da sua nuca se arrepiassem. Notou que aquele era um bairro bem tranquilo, e poucas pessoas caminhavam pela rua. Era composto principalmente por casas e algumas lojinhas e restaurantes de atmosfera aconchegante. Devia ser um bom lugar para se morar.

- Você está no terceiro ano, não é? – Tentou puxar assunto, mas ficou com medo de ter soado como um enxerido. Também achou estranho fazer uma pergunta da qual já sabia a resposta. – Digo, porque você já leu o livro, e como eu estou no segundo...

- Aham. Finalmente estou no último ano.

- Talvez a gente tenha algum amigo em comum. – Sugeriu.

Taehyung parou no lugar por uma fração de segundo e soltou um sorriso brando antes de retomar a caminhada.

- Acho que não. – Respondeu num tom levemente sarcástico, como se a sugestão beirasse o impossível, e Jeongguk não quis forçar o tema.

O castanho parou em frente ao portão branco de uma simpática casa amarela. Jeongguk havia contado cerca de quatro quarteirões da biblioteca até ali, e supôs que haviam chegado à casa de Taehyung. Era de estilo clássico, como as moradias familiares costumam ser nesses bairros residenciais. Dois andares, um quintal pequeno, mas bem cuidado, com a grama bem verdinha e alguns móveis como mesas e cadeiras de ferro. Jeongguk pensou que parecia uma casa de bonecas, ou uma daquelas casinhas que as crianças ilustram em seus desenhos infantis, ao lado de flores coloridas e um sol sorridente.

- Obrigado por me acompanhar. – O castanho agradeceu enquanto abria o portão de ferro, que rangeu alto.

Não viu motivo pelo qual ele deveria agradecer. Afinal, fora Taehyung quem se prontificara para acompanhar Jeongguk até a biblioteca em primeiro lugar.

- Digo o mesmo.

- Tudo bem. – Taehyung negou com a cabeça e abriu um sorriso largo e retangular. – Foi divertido.

- Também achei. A gente se vê na escola?

Ouviu sua voz ressoar nos próprios ouvidos, num tom óbvio de expectativa. Estava sendo descuidado demais.

- Anh... Quem sabe? – Murmurou, enfiando-se para o outro lado do portão. Jeongguk teve a impressão de que ele estava desconversando. – Espero que você goste do livro. É mesmo ótimo.

Ele acenou seus dedos compridos enquanto atravessava o quintal até a porta de casa, e Jeongguk ficou estático na calçada, observando o garoto incógnito se afastar. Virou-se e caminhou em direção ao ponto de ônibus, um sorriso bobo estampado insistentemente em seus lábios. Finalmente o conhecera.

A ficha demorou um pouco para cair. Jeongguk estava esperando uma conversa trivial no ponto de ônibus, quem sabe uma apresentação. Seu objetivo principal era descobrir o nome do autor do diário, mas nunca havia passado por sua cabeça que os dois pudessem passar a tarde juntos. Sentiu-se grato pelo feliz acaso. Passara uma tarde muito fora do comum, porém bem divertida.

Kim Taehyung. Era um garoto excêntrico mesmo. E como entendia de livros, nossa! Jeongguk pensou que levaria uma vida para ler só metade dos livros que o garoto havia citado enquanto estavam na biblioteca.

Aliás, tudo o que queria era chegar logo em casa e empenhar-se na leitura. Tinha ficado mesmo com vontade de ler O Grande Gatsby, e queria fazê-lo rápido para que pudesse impressionar o garoto de alguma forma, mas não era o romance de Fitzgerald que leria naquela noite. Conhecer Taehyung só deixara Jeongguk mais curioso ainda para tentar compreendê-lo, e ele mal podia esperar para colocar suas mãos no diário. Estava ansioso para devorá-lo.

Sentou-se no ônibus e ficou pensando sobre Taehyung. De inicio ele pareceu bastante extrovertido, tão ávido para fazer amizade quanto Jeongguk estava. Conversaram bastante enquanto estavam na biblioteca, apesar de Jeongguk mais escutar do que falar. Mas depois que deixaram o edifício, julgou-o um pouco distante. Ele ficou bem mais quieto e o mais novo imaginou se poderia ter feito algo de errado, ou dito algo para deixa-lo desconfortável.

Talvez tivesse sido só impressão sua.

Saltou do ônibus e andou apressado até em casa. Queria chegar logo e ler o diário, mas assim que passou pela porta foi impedido pela voz esganiçada de sua mãe e soltou um muxoxo decepcionado.

- Menino, posso saber onde você se meteu? Não vai me dizer que esteve de novo na lan house jogando vídeo games ao invés de estar estudando, Jeon Jungkook. Eu já te disse que-

- Eu estava na biblioteca municipal. – Interrompeu-a, sem tempo para poder ficar ouvindo seus sermões. Por que sua mãe tinha que ser tão como todas as outras mães?

Segurou a vontade de rir ao encarar seu semblante supreso. As palavras pareciam ter entalado na sua garganta.

- Biblioteca? Você? – Ela deu uma risadinha de zombaria e Jeongguk revirou os olhos, disfarçando o fato de que ficou um pouquinho ofendido. – Sozinho?

- Não. Com um amigo.

Sentiu um frio na barriga ao chama-lo assim. Já estava começando a se acostumar com isso.

- Que amigo? Jimin?

Jeongguk observou o rosto jovem da mãe, parecendo desconfiada com as sobrancelhas franzidas. Deu para notar que ela estava genuinamente curiosa.

Na verdade ela costumava mesmo ser curiosa até demais. Jeongguk pensou que devia ter puxado esse traço dela, e culpou-a instintivamente daquela confusão em que havia se metido.

- Kim Taehyung. – Disse, e subiu correndo pelos degraus. Já chega de responder os questionários de sua mãe. Se ficasse parado no lugar, talvez ficassem nisso por horas.

Escutou-a gritando uma última frase do andar debaixo.

- Chame-o para vir aqui em casa algum dia! – Berrou – Quero conhecer esse amigo que fez meu filho ir à biblioteca.

Céus, como as mães gritam! – Jeongguk pensou, revirando os olhos outra vez. Pelo menos a aprovação de sua mãe Taehyung já tinha.

Tomou um banho apressado e enfiou-se em seus pijamas de flanela. Gostava daquela época do ano, em que podia usar pijamas de flanela e ficar quentinho. Ajeitou-se confortavelmente na cama e pegou o diário, procurando uma posição ideal para que pudesse iniciar sua leitura, como se estivesse praticando um ritual sagrado. Abriu na página marcada – utilizara um bilhete velho de cinema como marcador, que havia encontrado jogado em sua mochila – e sentiu a excitação o dominar apenas ao encarar a caligrafia em desenhada de Taehyung.

A caligrafia dele era boa de se olhar, nada parecida com os garranchos de Jeongguk.

Querido Diário,

Eu fiz uma amiga nova hoje! Eu sei que você está surpreso, não precisa esconder.

Estou na dúvida sobre como chama-la aqui. Tenho talento para dar nomes fofos, mas ela não é muito fofa. Na verdade, é bem séria, quase que nem fala. Toda misteriosa e tal, um nome fofo não ia combinar muito com ela. E ela é tão bonita, nossa! Deixa a gente até meio desconcertado, ela é bonita pra valer.

Vou contar como aconteceu. Essa garota é nova, foi transferida há algumas semanas para a minha turma. Eu nem tentei me aproximar dela, porque ela tem mesmo uma cara fechada de poucos amigos. E também, como é bonita demais achei que logo ela fosse se juntar com os populares.

Daí se passaram umas semanas e eu nem pensei mais nela. Ficava sempre quieta na sala e não conversava com ninguém, mas eu não sabia com quem ela passava os intervalos porque evito ao máximo ir ao refeitório. E também, sou muito distraído para notar esse tipo de coisa.

Só que a Ray viu ela almoçando sozinha hoje, do lado de fora. A Ray é uma dessas pessoas que não liga nadinha para a opinião alheia e sai falando com todo mundo sem pedir permissão nem nada. Daí ela chegou perto da garota nova e chamou ela pra almoçar com a gente, atrás da Virgem Maria.

Ela veio. Não tem muito o hábito de falar, mas ficou escutando nossos assuntos com um sorrisinho e acho que foi com a nossa cara, porque quando a Ray perguntou se ela queria almoçar com a gente todos os dias ela respondeu que sim. Disse que não gostava do pessoal da sala e achava o refeitório barulhento demais.

Ela estava ficando escondida. Feito uma lua.

Olha só, achei o nome perfeito para ela. Fica escondida parte do tempo, mas quando aparece é bem brilhante e bonita. Lua. Acho que ela aprovaria.

Quem poderia ser essa garota? Se era tão bonita como Taehyung dissera, talvez Jeongguk soubesse quem ela é, ou pelo menos poderia já ter ouvido falar dela pelos seus amigos, já que eles passavam metade do tempo só comentando sobre garotas. Mas não excluiu a possibilidade de a tal Lua ser uma completa estranha, afinal, Taehyung também era atipicamente bonito e havia passado despercebido a ele por todo esse tempo.

Ficou feliz que ele tivesse feito uma nova amizade, mas não foi isso o que mais lhe chamara atenção naquele trecho.

“Atrás da Virgem Maria”

Então era lá que ele andava se escondendo? Fazia sentido não tê-lo encontrado. A Virgem Maria era uma estátua enorme que ficava num canto despovoado do pátio aberto. Embaixo dela tinham alguns degraus, onde alunos eventualmente se sentavam, mas poucas pessoas iam até lá. Era consideravelmente afastado do refeitório.

Pelo menos agora ele saberia como encontrar Taehyung durante os intervalos. Ia precisar de uma boa desculpa para estar andando por aqueles lados, já que não tinha muito o que fazer por lá. Seria estranho se aparecesse de repente. Mas pensaria nisso depois, e bolaria algum plano. Estava ansioso para ler mais um pouquinho, quase que em abstinência por ter passado tanto tempo longe do objeto.

Se bem que passar tempo com o autor de verdade era mais divertido, pensou. Mas ainda estava ávido por novas informações sobre Kim Taehyung.

Querido Diário,

Lembra de toda aquela história do coelho, não lembra? Lembra também, que o alma ruim foi mandado para a diretoria por causa disso. E aposto que você não se esqueceu da minha profecia maligna, dizendo que eu veria as consequências disso porque ele iria me culpar por ter levado uma advertência, certo?

Pois é, pode me chamar de Nostradamus.

Cheguei na escola hoje e assim que entrei na sala me deparei com a pequena vingança do alma ruim. O pior é que eu não tenho como provar que foi ele quem fez aquilo, mas é óbvio que foi. Todo mundo sabe. Foi uma “brincadeira” de mau gosto, bem ao estilo do alma ruim, e a forma dele de me dar o troco.

Sabe aqueles alienígenas do filme do Toy Story? Uns verdinhos, com três olhos, sabe? Bem, tinha um bonequinho desses dependurado bem em cima da minha carteira, preso ao teto com um barbante amarrado no pescoço, como se ele tivesse sido condenado à forca. Pois é.

Eu, alien, enforcado. Entendeu? Muito de mau gosto.

Mas, além disso, tem outro detalhe interessante. O alienígena estava usando um vestido rosa de boneca, cheio de babadinhos. É a forma boçal do alma ruim de me chamar de gay, de novo.

É claro que eu desamarrei o bonequinho do teto, mas não adiantou de nada porque todo mundo já tinha visto e ficaram rindo de mim. Alguns até tentavam ser discretos, mas outros eram tão óbvios que faltava só ficarem apontando para a minha cara enquanto acariciavam as próprias barrigas e gargalhavam.

Bando de idiotas sem nenhum senso de humor. Sério, o que tem de engraçado num bonequinho enforcado? Era só muito, muito feio. Eu realmente não consigo entender como essas pessoas pensam.

E aparentemente minha nova amiga Lua também não. Ela se aproximou da minha carteira e tomou o bonequinho das minhas mãos, com uma expressão dura feito pedra. Depois levantou os olhos azuis e lançou um olhar tão gélido pela sala que todo mundo parou de rir imediatamente e sentaram-se em suas carteiras, consternados.

Eu acho que eles têm medo dela. Sempre ouço um monte de boatos correrem pelo colégio sobre a Lua, e ela tem uma fama de garota má. Eu não acho que ela seja má de verdade, mas hoje a fama dela fez com que o pessoal parasse de rir de mim, então eu fiquei muito agradecido.

A Lua também não viu graça nenhuma na brincadeira. Na verdade, ela me pareceu até bem entediada, como se aquilo fosse a coisa mais idiota que jamais vira alguém fazer na vida. Ela nem disse nada, mas dava pra ver na cara dela que aquilo não havia agradado nem um pouco.

Estou feliz que somos amigos. Acho que temos pelo menos algumas coisas em comum, já que fomos as únicas duas pessoas da turma que não gostaram de ver o bonequinho de vestido enforcado. Pobrezinho, talvez ele estivesse indo para um baile ou algo assim, era um vestido bem elegante. Me senti mal por ele.

Talvez a Lua também não seja desse planeta. Olha que clichê, a Lua e o Alien. Mas nós realmente não nos encaixamos entre os terráqueos.

Jeongguk bufou raivoso ao terminar a leitura. Como é possível que alguém possa ser tão imbecil como aquele tal de alma ruim? Precisava mesmo descobrir quem era aquela criatura imatura e estúpida. Não fazia ideia de que aquele tipo de coisa acontecia em seu colégio, e estava abismado com a crueldade do que o alma ruim tinha feito. Era humilhação pública, por motivo nenhum! Pensou que talvez ele tivesse inveja de Taehyung.

O autor do diário definitivamente não merecia nada disso. Kim Taehyung era fascinante. Era espontâneo, inteligente e puro. Jeongguk ficou aliviado ao saber que a tal de Lua havia o defendido, mas ainda assim sentia um nó enorme na garganta e uma raiva estranha crescendo dentro de si. Queria mesmo ser ele a protege-lo, e duvidava muito que esse babaca fosse se meter consigo. Jeongguk não era de briga, mas sabia muito bem como defender as coisas das quais gosta, e o faria com unhas e dentes – e punhos – se fosse preciso.

Porque, por mais que tivesse acabado de conhecê-lo, o garoto conseguira cativá-lo logo de primeira. Porque gostava de Kim Taehyung. 


Notas Finais


E aí, o que acharam? Tô nervosa, esse cap demorou MIL ANOS pra sair. Demorei pra achar um "tom" que me agradasse nesse passeio deles, porque não queria que o Jeongguk fosse baba-ovo demais, nem o Taehyung maluco demais.
Espero que tenham gostado. <333

Estava morrendo de saudades de vocês, então por favor não se esqueçam de comentar!
Quem aí vai no show do bangtan? Bora se conhecer lá!

Enfim, amo vocês!

Beijocas amoras,
~BtsNoona


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...