História Inconstant star - Clichês

Capítulo 1

Ele está dormindo de bruços em minha cama e fico tentado a passar os dedos por seus cabelos levemente acobreados, mas se fizer isso ele vai acordar, e como sempre vai embora, me deixando sozinho mais uma vez.

A janela está aberta e um vento frio vem de lá de fora, congelando o quarto e meu sangue, mas mesmo assim não quero fechar a janela. O barulho pode acordá-lo, e eu não vou correr esse risco.

Suspiro levemente com cuidado para não fazer barulho. É justo viver uma vida dessa forma? É justo comigo e com ele esse relacionamento destrutivo que só fazia machucar os dois? Olho para Jaehyun e as duvidas desaparecem. Não importa se é justo ou não. O fato irrefutável é que eu jamais conseguiria viver longe desse homem, que entrou no meu caminho da forma mais clichê possível.

[Flashback on]

As provas da faculdade começam dali a duas semanas e todos os livros que carrego desajeitadamente não serão suficientes para me fazer passar em contabilidade avançada, mas eu tenho que tentar.

Um livro escorrega da minha mão no momento que atravesso a rua, me atrapalho para recuperar o livro e então tudo acontece muito rápido... a buzina, o som de pneus cantando, os gritos das pessoas ao meu redor, a descarga de adrenalina que percorre meu corpo e a moto desviando de mim tão rápido que me fez perder o equilíbrio e atingir o chão com força, junto com meus livros.

O piloto desce apressado da moto e tirando o capacete vem em minha direção.

-Você está bem?

Faço uma careta para o homem alto, pálido e com os cabelos levemente ruivos que está parado sobre mim com o cenho franzido.

-Obviamente que não. – ele responde à própria pergunta.

Um grupo de curiosos se forma ao nosso redor e sinto minhas bochechas corando. De repente desejo que a moto tivesse me atropelado, pelo menos assim eu não estaria acordado para ver que era o centro das atenções.

-Vem, vou te levar no médico. – o homem disse.

-Não. Estou bem. – digo e tento me levantar, mas quando toco as mãos no asfalto elas ardem.

Viro as palmas para cima e vejo pequenos cortes na pele fina e clara, franzo o cenho e suspiro.

-Você está machucado. Vai pro hospital. – ele diz autoritário e sinto vontade de chutá-lo.

-Não vou.

Ele se agacha e chega bem perto de mim, e naquele momento eu sei que ele é uma dessas pessoas que podem destruir sua vida ou transforma-la para sempre. Ele é perigoso, apesar da aparência adorável.

-Olha aqui, eu quase te atropelei e acho bom que você vá comigo ao médico agora antes que uma dessas pessoas inúteis chamem a policia. Não posso ter um novo encontrinho com os caras, entendeu?

Olho para ele atônito. Legal, um criminoso. Ele estende a mão e quando não me mexo ele passa o braço pela minha cintura e me levanta.

-Me solta agora! – eu grito e ele obedece.

-Sobe na moto agora fantasminha. – ele diz e seu tom é ameaçador.

Passo a caminhar em direção a moto e me viro para ele.

-Isso é sequestro. – sussurro.

-O que eu iria querer sequestrando alguém como você? – ele me olha de cima a baixo com desdém. Sinto vontade de socar a cara bonita dele. – Vou levar ele ao médico. – ele diz pras pessoas.

Subo na moto e vejo meu colega do primeiro ano recolher meus livros. Anoto mentalmente que tenho que agradecer Mark mais tarde.

O homem sobe na moto logo atrás de mim e dou um pulo quando seu corpo encosta no meu. Ele se debruça sobre mim e agarra o guidom da moto.

-Não gosto de você. – digo quando ele dá partida.

-Que bom. Também não gosto de você fantasminha.