História Incubus - Vinte

Havia acabado de fechar a porta do porão subterrâneo ouvindo o corpo rolar escadas a baixo. Meu coração doeu, muito. Eu podia o ter matado, mas os gritos vieram de novo. E eu me culpava mais uma vez. " Você me deixou, como pode?"  vinha junto com o olhar sofrido, lagrimas ou um grito estérico. Não importava como eu me livrava dele, três passos depois Jimin estava a minha frente sorrindo ou me batendo. 

Estava casado, escorei minha cabeça na porta tentando clarear meus pensamentos. Cheguei ao extremo de quase mata-lo. Se fosse o real Jimin eu  poderia estar tremendo para abrir aquela porta e ver seu corpo estirado ao fim dos degraus. Mas tremia por saber que logo eu o encararia mais uma vez, com mais acusações e todas com razão. 

Como pude pensar que estar longe dele seria a melhor opção para ambos? 

Jimin me perdoe. Me perdoe por ser tão burro. Seja forte, me deixe aqui nesse abismo, eu mereço. Mas por tudo que fomos, pelo que sinto por você e pelo que sente por mim siga sua vida. 

Era tudo que eu pedia internamente enquanto me agachava naquele lugar tentando não perder o controle nas lagrimas que se iniciaram sem que percebesse, Um imbecil digno de pena. Não mereço tudo que tenho, que provavelmente estou perdendo estando aqui. Eu aceitava isso, então porque chorava? Porque perde-lo era tão ruim? 

Braços me envolveram, e permite me iludir. Permiti que o Jimin  que surgiu dessa vez me consolasse. Era tão real. Seu jeito de me acalma, como conseguiu me desdobrar apoiando minha cabeça em seu peito. Abracei sua cintura enquanto suas caricias iniciavam e chorei. Não era ele, era minha consciência . Apertei muio mais. As palavras vieram e doeram como se fossem reais.

- Porque fez isso? Escolheu sozinho.. Não sou mais seu Jeon, não voltarei mais para você. Não existe nós mais e é culpa sua. 
Ele me soltou, se levantou e me deu as costas. Era verdade. Era culpa minha se não existia mais um nós. Ouvi aquilo muitas vezes, e não queria sentir mais. 

- Tae.. - Engoli algumas lagrimas ainda estando no chão, me encolhi. - TAE!. - Chamei-o mais alto quase aos prantos mais uma vez. 
Ouvi passos e isso me acalmou. Logo sua presença era notável, nem precisei nem olhar para ele. Focava o piso, a parede em busca de algo tão vazio quanto eu. 

- Faça parar. - Pedi sentindo meus olhos marejarem. - Não quero mais vê-lo, ouvi-lo ou senti-lo. 

- Fico feliz de ouvir isso, mas não será tão fácil Jungkook. - Os passos vi seus sapatos em minha frente me fazendo levantar o olhar. - Essa imagem deplorável sua me enoja. Levante dai, vamos nos divertir e tirar esse moleque da sua cabeça. 

Seu sorriso não foi divertido, nem feliz, foi sombrio. Mas não me importava, eu havia feito o necessário, feito minha parte. Não sabia lidar com a culpa de minhas escolhas, apesar de aceita-las. Ele está bem, sei que está. Agora preciso parar essa dor, cumprir com o restante para aquele a minha frente.  Me levantei sem ligar para os alarmes em minha mente, eram distantes. Não aguentaria mais um Jimin me dizendo aquelas coisas. " Ele está bem" repeti mentalmente mais uma vez para me assegurar. 

Era como se meu corpo seguisse comandos automáticos. Não quero estar ali, mas tenho de estar. Limpei as lagrimas e tentei me recompor da melhor forma possível. Ouvi uma risada nasalada e logo ele andava em meu redor. 

- Tão bonito e apetitoso como antes. - Puxou o ar profundamente. - Precisa apenas de quem acenda seu melhor lado Jungkook. - Sua mão tocou minha cintura e o seu olhar encontrou o meu. - Se eu sentir que esta fingindo, juro que vai doer e eu não vou parar mesmo que grite, que sangre, que desmaie .. Entendeu? 

Eu devia responder? Não tinha vontade de tal. Desejava que as coisas se desenvolvessem em apenas obediência de minha parte. Não nutria nada por aquele ser alem de raiva, eu só precisava fazer aquilo. 

Seus dedos se mexeram e minha marca queimou me acordando e fazendo com que desejasse me contorcer mas Taehyung pressionou seu corpo ao meu me impedindo de qualquer movimento. 

- Entendeu? - Sua voz tornou-se mais grossa, seus olhos reluziram em um vermelho rapidamente e eu vi que seria pior do que pensava. 

- E-Entendi. - Olhei para baixo aceitando minha condenação.

Sua mão veio em meu queixo puxando para cima e logo seus lábios estavam nos meus.Não o neguei, não devia. Correspondi aos seus movimentos, mas foi impossível não me lembrar dos lábios mais cheios que eu beijava todos os dias. Mas ali eram um pouco mais finos, gelados e firmes. Não sentia a emoção que sua linguá vacilante me trazia, porque Tae era preciso, sabia o que queria. 

Enquanto  minha mente fazia as comparações livremente, meus pulsos foram agarrados e meu corpo jogando a uma parede nos separando. 

- Pare. - Um rosnado surgiu em Tae e minha cabeça doeu. - Falei para não fingir e é pior se esta me comparando a ele. - Sua raiva era nítida. - Sou melhor que aquele humano, você sabe disso. - Sua mão direita me soltou e ele levou seu próprio pulso ao lábios abrindo um corte tão rapidamente que me assustou. - Precisa apenas se lembrar. - Então empurrou o ferimento contra meus lábios. 

Eu iria negar, mas a marca ardeu de tal forma que me fez ajoelhar dando a chance dele puxar meu cabelo levando minha cabeça para trás e fazendo o liquido escorrer mais. Era espesso, quente e tinha um gosto estranho e logo senti meu corpo tremer e cair no chão. 

- Eu não devia, mas não tenho escolha. Você vaii entender o que somos só assim.. Sobreviva. - Foi tudo que ouvi antes de apagar.

Jimin (ON) 
 

Quando acordei estava confuso, lembrava vagamente do escuro. Talvez mais um pesadelo, talvez sem Jeon eu estivesse condenado a ser medíocre e incompleto. 

Ia cair em meus pensamentos rotineiros sempre que tinha esses sonhos se algo não  tentasse arrancar meu cérebro por meus ouvidos. Me levantei doloridamente notando que estava no carro e la fora, bem em frente ao automóvel tinha um ser com o rosto mais impiedoso que vi na vida olhando na minha direção com asas que podia cobrir aquela coisa de metal que eu estava dentro. 

-Ho-Hoseok. - Jin falou. 

Só então notei que meu amigo estava sentado no banco da frente. Deu um sorriso fraco quando olhando para mim. Suas feições não era das melhores. 

- Você está bem Jimin? - Perguntou com aquela habitual preocupação.

- S-Sim. Mas v-você não parece bem. - Tentei me mover mas a porta ao lado dele se abriu. 

- SeokJin .. - A voz ressoou no carro. - Você entrou no lago.. - Aquele homem todo de branco fechou os olhos suspirando. - Namjoon.. - Chamou o CEO que estava nos assistindo de longe. - Tire ele daqui e o leve para o poço das suas terras. 

- Ele fez de novo? - Nam perguntou chegando ao lado de Jin e o pegando no colo.

- SHH! - Jin emitiu estando todo mole. - Fiz o que devia fazer. 

- Cuide dele. - Nam pediu apontando com a cabeça ara mim e se retirou carregando Seokjin.

Ele me olhou e eu senti que estava encrencado, mas não levei bronca, minhas orelhas estavam no lugar, minha dignidade tambem apesar de eu sentir culpa por alguma coisa que não decifrará ainda. Engoli em seco. 

- Q-Quem é você? - Perguntei e um tímido sorriso surgiu no outro. 

- Hoseok, amigo de Jin. - Disse simples. - Jimin, queria lhe dizer umas coisas, mas não tenho permissão e provavelmente lhe soaria estranho. Então lhe direi algo que espero que ajude .. - Suspirou e olhou em direção a casa. - Vocês precisam um do outro. Assim como sente que ele é seu tudo, você é o tudo dele e tão forte quanto. Acredite mais em si mesmo. 

Ele .. Foi então que minha mente fez um clic. Jungkook !

Desajeitadamente eu sai daquele carro e corri para  a casa de novo encontrando a sala onde seu corpo estava. Me ajoelhei e a barreira ainda estava lá, apoiei as minhas mãos e rezei por ajuda, por Jeon, rezei que algo mudasse aquilo, rezei que ele saísse de lá agora. 

Eu mal via sua respiração, ele estava muito suado, se remexia, sua mão vivia apertando a camisa larga, seu rosto se retorcia, suas palavras eram inaudíveis. Tudo em mim doía por cada movimento ou pela falta deles. Ouvi passos calmos e logo aquele homem chamado Hoseok estava atras de mim. 

- Você pode tira-lo dali? - Perguntei sem olha-lo. Meu desespero cresceu quando aquele homem que estava aos beijos com Jeon antes apareceu mais uma vez. Com um copo na mãos se aproximou da barreira e encarou Hoseok com um sorriso no lábios degustando de sua bebida. - Você pode tira-lo dali? - Falei mais urgente. 

- Posso, mas não seria bom. - O olhei assustado, seu maxilar apertou. E de repente eu ouvi uma risada. Era o homem de dentro da barreira. - Fique tranquilo Ji .. - Algo o fez interromper-se. Jeon tremia e sangue começa a escorrer de seus olhos. - Tem algo errado.. - Olhávamos para Jungkook que começa a escorrer sangue pelos ouvidos e nariz também. - O que você fez Taehyung!

- O que eu quis fazer.. - Ele puxou a manga de sua blusa mostrando uma leve cicatriz. - Ele vai lembrar de mim agora e vai gostar. 

- ELE É UM HUMANO! - Hoseok gritou. - Não trocamos sangue com humanos, eles não resistem quando estão nessa forma. Nenhuma criatura faz isso sem intenção de matar. 

- Ele não vai morrer. - experimentou mais de sua bebida. - Tem a marca ..

Ouvimos então um som de metal se batendo talvez e passos pesados. Estava com medo daquela conversa e o ser que surgiu me fez ter mais medo ainda. Pele clara, cabelo verde, roupas pretas, nas mãos um esqueiro com o barulho incansável de abrir e fechar. Se abaixou perto do corpo de Jungkook.

- Não mexa nele! - Gritei e seu olhar veio rasteiro para mim logo tanto uma risada curta. 

Ele levantou a camisa de Jeon e todos nos assustamos. Uma marca roxa e avermelhada crescia devagar de sua cintura. O de cabelo verde se levantou e suspirou pesadamente.

- Ele vai morrer. - Estralou a língua.

- O que faz aqui Yoongi? - Taehyung perguntou. 

- Acha que tudo isso passaria despercebido? - Sorriu mostrando as gengivas, mas não parecia amigável. 

- Era pra ser .. - Tae apertou os dentes e o outro riu.

- Usa meu selo pra fechar um circulo demoníaco com proteções incomuns e acha que eu não seria convocado para dar explicações? - Guardou o esqueiro no bolso da calça e começou a desabotoar suas mangas da camisa longa. - Você foi muito idiota quando caiu, aprontou todas e por isso perdeu as asas, te deram um posto simples que poderia cumprir com maestria, mas não .. Tem que arrumar problemas. - Começou a andar e por onde ele passava podemos assistir as marcas no chão mudarem. 

- Pare com isso! - Tae gritou. - Vai virar as costas para mim? 

Yoongi fez um gesto de mão e em seguida Tae estava de joelhos com o outro vido rapidamente em sua direção. 

- Não ouse me dizer isso! - Agarrou o colarinho da blusa do castanho o levantando. - Fui o que mais o ajudou, aconselhou, acolheu e deu condições para seus atos malucos e mesmo assim você usa meu celo para acobertar sua desordem. - Jogou o mesmo no chão. - Devia mata-lo como o conselho quer, seria mais simples .. menos problemas e exterminava de vez sua bagunça.

- Quero ver fazer isso .. - Tae se levantava. - Vamos, estou permitindo que enfie o que quiser em mim, como sempre faz. - O sorriso sacana em seus lábios. 

- Taehyung. - Hoseok ao meu lado me fez dar um pulo falando alto. Deu alguns passos e entrou no circulo. - Acho que você pode parar de brincar agora. 

Nessa momento Jeon se levantou parcialmente, apenas apoiou seu corpo em um mão e virava para o chão tossiu, tossiu e continuou a tossir até que sangue surgiu de novo. Muito sangue. 

- Tire-o daqui. - Yoongi ditou para Hoseok que assentiu indo até o corpo de Jungkook que desfalecia novamente conseguindo pega-lo com facilidade e caminhando para fora. Tae se mexeu para segura-lo, mas um tipo de cipo em brasa que parecia muito lava de vulcão agarrou seus pulsos. - Tenho um assusto a tratar com você Kim Taehyung.

Yoongi disse enquanto caminhava ainda mudando os símbolos. o circulo se ascendia ao poucos. Tae estava de joelhos com os braços preso para trás. 

Hoseok repousou o corpo de Jeon no chão e se retirou para fora. Olhei para ele e com receio passei a mão sobre o roxo que continuava a crescer. Fique com medo, mas não sai de seu lado. Segurei em sua mão e dividia minha atenção nele e nos dois ainda no circulo.

- Vai seguir as ordens do conselho então cachorrinho? - Tae apertou seus dentes. 

- Não. - Senti raiva com isso, mas ver a imagem de Yoongi parando em frente a um Tae submisso me fez gelar. - Farei pior, você me conhece criança .. Ninguém brinca comigo assim e sai impune. E por sua causa eu fiquei preso um dia e tive de dar explicações.. Acha que gostei disso? - Bateu o pé e algumas marcas giraram e Tae gritou. 

Uma fumaça preta começou a sair do castanho amarrado. Seu grito era incessante e parou somente quando aquele fumaça caiu sobre o circulo como pó e seu troco retorceu quase caindo com a respiração ofegante.

- Sinta a minha felicidade e alegria com seus atos me incriminando .. - Bateu mais uma vez o pé e tudo se repetiu.

- Pare.. Pare com isso. - Taehyung implorou. - Está tirando .. - Engoliu em seco olhando de canto para Yoongi.

- O que? - Gargalhou. - Tirando tudo que é seu? - Apoiou o pé no peito do outro e empurrou. - Vou continuar até não sobrar nada.