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História Indefinido - Capítulo Sete: Nada Mais a Dizer


Escrita por: alex_izuku

Notas do Autor


Olá!

Meio atrasado né? Foi mal, domingo teve a live do Luan Santana, eu parei pra assistir e acabou atrasando meu cronograma.

Enfim, aqui está o capítulo de hoje, tá meio curtinho, mas é muito importante para a fanfic

A música é Nothing Left To Say, do Imagine Dragons.

Espero que gostem!

Capítulo 7 - Capítulo Sete: Nada Mais a Dizer


Alguns meses podem virar sua vida do avesso.

Armin sabia bem disso, no início do verão jurava que continuaria trabalhando no Café e vivendo os dias mais monótonos de todos os seus dezenove anos. Porém aquele moreno de capuz tinha aparecido e jogado as coisas pelo ar, a rotina, as prioridades, tudo mudou de forma quase monstruosa.

Quase tudo que faziam juntos ficava marcado a ferro em sua mente, das ligações logo de manhã, dos cafés que sempre tentavam tomar junto até os beijos trocados e juras pela metade. Durante os meses não chegaram a transar, ou não dava tempo, ou alguém aparecia e interrompia (normalmente era Levi) ou simplesmente não se sentiam confortáveis.

Aquele “lance” que tinham poderia parecer estranho para os outros, mesmo que esses outros sejam seus amigos, mas de alguma forma dava certo. Sem títulos, apenas uma promessa de fidelidade.

Poderia ser clichê dizer que de alguma forma as coisas estavam destinadas a acontecer, mas bem, Armin era um estudante de letras que pretendia escrever um livro, então sabia apreciar um pouco daquelas frases tão repetidas em livros e tão verdadeiras para aquele momento da sua vida.

Agora era inverno, um domingo preguiçoso de inverno. A neve branca cobria a rua e um vento frio vinha do mar, por isso estava olhando a paisagem pela janela do pequeno apartamento que ele e seu avô tinham bem em cima do Café, que com árduo trabalho tinha um aquecedor e bebidas quentes para esquentar.

Talvez fosse idiota o fato de está enrolado em um cobertor rosa, e talvez fosse estranho olhar as pessoas na rua com atenção enquanto imaginava o que se passava na cabeça daqueles cidadãos.

Com certeza estavam reclamando do frio, dos sapatos molhados pela lama e do trânsito infernal.

O inverno não era sua época favorita do ano, apreciava muito mais as flores e odores da primavera, o calor e as festividades do verão e as cores e sabores do outono. Principalmente o outono, já que era um fã do Halloween, da torta de abóbora que seu avô só fazia na época e de combinar fantasias com seus amigos.

Tinham ido de Power Rangers nesse ano, para sua tortura teve que ir de amarelo, ano que vem se organizarão para ir de Winx. Talvez acabe brigando com Jean para ir de Bloom, mesmo que sua favorita seja a Musa.

Só acordou do seu devaneio quando ouviu uma buzina vindo da rua, um carro quase tinha batido em uma moto que pareceu interromper seu trajeto de forma repentina para parar bem na frente do Arlert’s Café.

Espera um pouco…

Aquela moto era familiar.

Correu pelo quarto procurando algum casaco grosso, colocou sua bota de neve de qualquer jeito e desceu pelas escadas, quase caindo.

Não acreditava na mínima possibilidade do cara da moto ser Eren, ele, em hipótese alguma aparecia sem avisar, sempre tinha uma mensagem ou ligação avisando. A preocupação era aparente desde da forma como abriu a porta com força ou o jeito que correu em direção a moto.

— Eren, tá tudo bem!? — Sua respiração estava ofegante, mesmo que tivesse acostumado a correr seus pulmões eram castigados pelo ar frio.

O Jaeger levantou o visor do capacete, mostrando que os olhos estavam inchados, como se tivesse chorado ou tentasse segurar o choro.

— Não, eu não tô bem — Desceu da moto, jogando uma sacola de tecido para as mãos do loiro — Não sabia mais para onde fugir.

Na sacola tinha dois maços de cigarros.

— Vamos entrar — Estava em leve choque, como assim Eren fumava?

Tá, não tinha muito o que julgar, durante seu primeiro ano de faculdade acabou sendo influenciado pelo seu ex a experimentar. Ajudava a aliviar o estresse das matérias. Mas no início naquele ano, quando o relacionamento acabou, Armin parou e se dedicou a viver uma vida saudável com corridas diárias e alimentação balanceada.

Às vezes abria uma exceção, contudo quase nunca acontecia.

Os dois rapazes subiram para o apartamento, mesmo que naquele clima frio o quarto fosse mais convidativo o Arlert achou melhor ficarem na varanda da cozinha, que era virada para o fundo dos outros prédios vizinhos e nunca tinha ninguém passando por lá, apenas de manhã quando jogavam o lixo fora.

A varanda era pequena, mal cabia duas pessoas lá, feita toda de ferro pintado de preto. Apenas existia ali uma mesinha com duas cadeiras da mesma cor da grade.

Eren nem esperou a porta fechar direito e já foi logo acendendo um cigarro, pareceu relaxar de imediato quando a fumaça foi sobrada de sua boca.

— A minha vida é uma merda — Falou, seus olhos não miravam Armin.

O loiro se encostou na parede, desconfortável.

— O que faz a vida ser uma merda são as coisas injustas que acontece — Não sabia o que falar, aquela frase veio dos confins de sua capacidade de diálogo.

Toda aquela situação tinha um ar estranho. O Jaeger parecia aprofundado em várias camadas de melancolia, e seu olhar perdido no horizonte só aumentava ainda mais o fastio.

— É, você está certo, como sempre — Riu sem humor — Às vezes eu te invejo, não só pela inteligência.

Cansado daquilo, Armin pegou um cigarro e acendeu. O deixando ainda mais desconfortável por lembrar das noites que ficava lá lembrando do idiota do seu ex.

— Não sei o que tem para invejar em mim, sou apenas um garoto sem graça — A fumaça fazia desenhos bonitos no ar.

— Talvez seja por isso, ser um garoto sem graça com uma vida comum — Mais olhares perdidos no céu — Enquanto eu vou ter que dedicar uma vida inteira para agradar os outros.

— Hum? — Franziu o cenho, confuso.

— Eu sou um bebê chorão, um mimado, um pirralho, nem apanhei da vida o suficiente para ter um caráter minimamente decente — Acendeu mais um cilindro de nicotina — E agora vão jogar no meu colo a responsabilidade de ser rei. Um rei idiota com uma coroa patética.

O que? Como assim Eren seria rei? Até onde todo mundo sabia quem seria o próximo governador do país era Zeke.

— O seu irmão…

— Abdicou — Cortou a fala — Ou vai ainda. Meu pai tinha uma ideia idiota de fazer nós dois brigarmos pelo trono que ninguém queria, mas Zeke cansou e ameaçou sumir do mapa se não pudesse abdicar, que vá para o inferno — O tom embargou — E eu… Não posso deixar outro cara tomar o trono…

— Eren… — Armin tentou impedir, era óbvio que agora o moreno ia vomitar todas as palavras que estavam presas dentro dele.

— Porque no final eu ainda amo a porra desse país e essas pessoas! Eu amo o simples e que pequeno fato de ter nascido aqui! — Lágrimas começaram a cair — Eu não posso deixar que alguém que não liga nem para a própria família acabe com tudo! Eu… — O choro era tão forte que chegou em um momento que atrapalhava a fala — Eu simplesmente não posso… Estragar tudo de novo...

Eren escorregou pela parede, parando sentado no chão frio da varanda, o cigarro foi girando até cair do parapeito.

Em nenhum momento do início do diálogo até o choro ele tinha olhado para o Arlert, talvez por culpa, dor ou arrependimento.

As informações ecoavam pela sua cabeça, Eren seria rei. Não um rei de alguma brincadeira ou de um baile de formatura, ele seria rei de um país, uma nação, um povo.

A próxima majestade real estava do seu lado chorando todas as lágrimas que deve ter guardado por meses.

Seu coração doía só de olhar o moreno completamente acabado do seu lado. Caramba, tinha certeza que Zeke sabia que seu irmão mais novo seria incapaz de abdicar. Deve ter entrado nesse “jogo” só para enganar a todos e dar a cartada final. Sabia reconhecer bem uma manipulação e aquela era uma das piores que já viu.

Zeke Jaeger era um completo filho da puta.

— Eren — Se sentou do lado dele, ignorando o arrepio que percorreu seu corpo quando as pernas entraram em contato com o metal frio da varanda.

Tentou segurar na mão do companheiro, mas ele recuou.

— O pior de tudo — Sua cabeça agora estava baixa, olhando para a mão que estava em seu colo — É que não vamos poder ficar juntos.

Armin poderia ser paciente com muitas coisas, mas aquela foi a gota da água.

— Como é?! — Se levantou com raiva, puxando Eren junto e o forçando a olhar para si — Cadê o cara que dizia que seria capaz de prender o próprio pai com fita crepe?

— É diferente…

— Diferente como? Tem alguma lei que proíbe o rei gostar de outro homem por acaso? — Um soco fraco foi de encontro ao peito do moreno. Depois a mão não se atreveu a se afastar e agarrou o tecido do casaco.

— Não, mas…

— Não coloque “mas” em lugares que não existem, você tá sendo praticamente forçado a ser rei, então pelo menos se imponha um pouco e escolha com quem quer ou não ficar — O tom de raiva sumiu um pouco, a verdade era que Armin não conseguia ficar muito tempo irritado com Eren — Não precisa ser eu, pode ser outro alguém, mas por favor... — Além de não conseguir ficar com raiva estava ficando com vontade de chorar — Não deixe que façam isso com você…

Eram dois idiotas mesmo, Armin por achar que conseguiria brigar sem chorar e Eren por pensar que não poderia ficar com alguém que realmente gostava.

Dois completos idiotas, por acharem que não podiam vencer algo que precisava ser ganhado com dois jogadores.



O tempo ficou quieto, o suficiente para os dois se acalmarem, e os cigarros voltaram a ser acesos. Depois de toda essa melancolia realmente precisavam daquilo.

Tinham sentado no chão novamente, com a diferença era que o loiro sentou no colo do Jaeger e seus corpos estavam abraçados, o frio mal entrava naquela bolha de estranhos afetos que se formou depois de tudo.

— Obrigado — O silêncio foi quebrado pelo moreno — Eu não sei o que faria sem você.

O Arlert soltou um riso mudo.

— Se lembra do nosso primeiro beijo? Quando eu disse que mesmo que essas pessoas sejam tão velhas ia ficar tudo bem?

Parecia que aquilo tinha sido a anos.

— Lembro que você falou que eu ia sobreviver — Um sorriso nostálgico se formou no rosto de Eren.

— Retiro o que eu disse, você não vai sobreviver — A resposta, muito mal educada por sinal, estava pronta para sair, mas Armin continuou — Nós vamos, juntos.

Ah, aquilo era tão clichê.

Um beijo nasceu naquele breve diálogo, as bocas tinham um gosto marcante de nicotina, não era enjoativo, só um pouco bizarro. As línguas já conhecidas se enrolavam devagar, fazendo os dois arrepiarem e soltarem leves suspiros. O moreno abraçou mais o corpo quente do loiro.

Aquele contato, de alguma forma, o fazia se sentir em casa.

Para uma pessoa que não conseguia falar sobre os beijos trocados até que o loiro se saiu bem. Sempre teve muita vergonha em relação a essas coisas íntimas, coisa que não sumiu mesmo depois de perder sua virgindade. Tinha momentos específicos (pessoas específicas), que o deixavam à vontade, sendo muito raro.

— Quando eu virar rei duvido que terei tempo para esse tipo de coisa — Separaram o beijo — Só queria ter mais tempo, só pra fazer uma último loucura.

Aquilo fez o Arlert ter uma ideia.

— Exatamente quando vai começar a ficar sem tempo? — Perguntou a Eren, que fez uma careta pensativa.

— Hum, acho que a partir do baile de inverno, quando meu irmão anunciar publicamente a abdicação — Silêncio — Zeke filho da puta.

Rapidamente Armin endireitou a postura, assumindo uma pose séria. 

— O que acha de fugimos? Para um lugar onde podemos aproveitar seus últimos dias de liberdade! — Ao contrário da postura a fala foi animada, quase infantil.

A espera para a resposta o deixava um pouco nervoso.

— Eu acho que essa é uma ideia estupidamente — Pausa dramática — Incrível! Seria maravilhoso poder aproveitar tudo com você — Usou de um malicioso — Tudo mesmo, cada pedaço que estiver ao meu alcance.

Sentiu apenas um tapa no seu ombro.

— Va-vamos pensar nisso depois — Seu rosto estava vermelho como o inferno — Que tal irmos amanhã bem cedo? Sem enrolação. 

O que estava fazendo?

— Perfeito, eu cuido das coisas que vamos precisar e você cuida da comida.

Era uma loucura! Uma completa loucura!

Talvez a maior loucura que Armin já tenha feito em sua vida.

E, por incrível que pareça, estava ansioso para fazê-la.

Se beijaram novamente, com mais força, mais vontade, era uma forma de apagar qualquer incerteza que tivessem sobre a fuga.

O loiro estava sim com medo do futuro, talvez até mesmo apavorado, mas sabia que daria tudo certo se continuasse ao lado de Eren. Eles dois, juntos, tinham o futuro inteiro para conquistar.

Continua...


Notas Finais


Achou que o Zeke ia ser legal na minha fanfic? ACHOU ERRADO!
Uma vez filho da puta, sempre filho da puta.

Curiosidades:

1 - Fastio: falta de fome, de apetite.
Sentimento de repugnância ou aversão.

2 - A música original do capítulo era para ser Nicotine, do Panic! At The Disco, mas achei que Nothing Left To Say combinava mais.

É isso, espero que tenham gostado, esse capítulo foi bem desafiador de escrever por ter que expressar os sentimentos do Eren sem está no ponto de vista dele. Talvez tenha fracassado lindamente.

Enfim, um beijo pra vocês, bye bye!

Imagine Dragons - Nothing Left To Say: https://youtu.be/-jzD8wzRzjk


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