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História Indelével - É só uma fase, vai passar!


Escrita por: DoubleRainb0w

Notas do Autor


Oie! Tudo bom com vocês?
Boa leitura meus abores ~

Capítulo 11 - É só uma fase, vai passar!


A dor nas pernas e a respiração ofegante, denunciava que era hora de dar um tempo para recuperar o fôlego. Retirou os fios castanhos que atrapalhava em sua visão, passou a mão na nuca e sentiu seu estômago revirar-se junto a uma onda gélida contra as costas, essa sensação tornou-se mais do que estranha, seu corpo estava quente pelo longo caminho que correu sem qualquer tipo de preparação ou algo do tipo. Suas pernas fraquejaram e seu corpo caiu contra o chão de concreto, encostou as costas na parede com os dedos entre os fios os puxando com força e como resposta trincou os dentes com a ardência no couro cabeludo, ficou os segurando por alguns segundos e quando soltou, era possível contar entre dez e vinte fios entre seus dedos e na palma da mão. Com o passar do tempo, conseguia respirar calmamente e o órgão cardíaco batia em velocidade reduzida.

 Levantou-se balançando a mão levemente fazendo os fios caírem ao chão, encarou os próprios pés e retirou a jaqueta avermelhada e amarrou na cintura. O aparelho que estava no bolço do jeans escuro vibrou algumas vezes e decidiu ignorar, deu alguns passos caminhando lentamente sobre a calçada. Não demorou para que o cheiro apetitoso vindo de restaurantes e padarias se misturarem, colocou a mão sobre a barriga e uma pontada em sua cabeça denunciou que realmente precisava ir para casa, observou as pessoas caminharem ao seu redor e respirou fundo pensando no colégio, concordou mentalmente que perderia a prova que teria e provavelmente iria repor nas férias e isso não o apavorou, não era um dos melhores ou piores alunos, acreditava que sua presença não era tão importante e mesmo com o cansaço evidente acelerou os passos indo até o ponto de ônibus. Assim que entrou, procurou por um lugar livre e jogou-se contra o banco suspirando, olhou para a rua através da janela e seu corpo começava a gritar por horas de sono. Apoiou a cabeça no vidro e abraçou o próprio corpo fechando os olhos, de início apenas sentia o balanço do transporte e ouvia as vozes baixas das pessoas que conversavam baixo, suspirou concentrando-se na imensa escuridão e nos pensamentos confusos, não podia esconder as coisas por muito tempo, imaginou o quanto iria ser doloroso para ele quando a verdade seria trazida à força.

 Abriu os olhos sentindo seu corpo ser sacodido, murmurou algo indecifrável e com a visão embasada encarou um senhor de idade que deu um sorriso brincalhão. Impulsionou seu corpo para cima sem se levantar e confuso olhou para a janela, o ônibus já havia chegado num ponto final e ficou encarando o banco à sua frente e retirou as únicas notas que estavam no bolso e entregou ao motorista que se afastou.

 Ao se afastar do ônibus, espreguiçou-se e olhou ao redor traçando uma rota para ir para casa, conhecia o bairro e não seria um problema. Puxou o celular do bolso ignorando as notificações e estreitou os olhos para focar no horário demarcado, guardou o aparelho e cruzou os braços movendo a cabeça de um para o outro ouvindo os ossos estralarem e pela posição que acabou dormindo agradeceu por não sentir dores na região do pescoço. Andou mais algumas quadras e pode ver sua casa, não era tão grande, aproximou-se do portão de ferro que batia na altura de seu peito, o empurrou tendo a certeza que sua mãe o deixou destrancado e desamarrou a jaqueta a jogando no ombro. Fechou o portão atrás de si respirando fundo preparando-se para ouvir as broncas de seus pais e não tirava a razão, mas muitas vezes ficava irritado com o excesso de palavras que eram jogadas contra si. Abriu a porta da entrada e retirou os sapatos antes de entrar, na sala o olhar de seus pais foram em sua direção, deu um sorriso para a mulher que segurava a xícara de porcelana e não foi retribuído, na verdade seu olhar foi diretamente para o homem que mantinha uma expressão calma, sem trocar nenhuma palavra concordou com a cabeça sem romper o contato visual com a esposa.

 O garoto balançou a cabeça num movimento negativo e subiu degrau por degrau lentamente e atento por qualquer palavra que pudesse escapar os lábios de seus pais, arrumou a jaqueta nos ombros que parecia escorregar e ao chegar no andar de cima suspirou alto, empurrou a porta do quarto com o pé e desviou da mochila que estava aberta no meio do caminho, jogou-se contra a cama bagunçada e sorriu sem mostrar os dentes, sentiu seus músculos começarem a relaxar sobre o colchão e cobertores embolados um nos outros, fechou os olhos agarrando a jaqueta e elevando até o peito a abraçando como se fosse um urso de pelúcia, o sono começava a deixar sua respiração pesada e logo ia perdendo a noção de espaço, seus braços que apertava a roupa contra seu peito ia escorregando para os lados e o rangido da porta sendo aberta o fez dar um pulo. Sentou-se ainda segurando a jaqueta e a imagem de seu pai foi captada pelos seus olhos. Ele sorriu e quase tropeçou na mochila, ajeitou sua postura e limpando a garganta indo até a cama se seu filho e sentou-se na beira ouvindo uma risada abafada, o homem não conteve o riso e ambos gargalharam alto, assim que se recuperaram o garoto deixou a jaqueta de lado e abraçou as pernas descansando as costas na cabeceira estofada da cama.

- Não vai tomar café?

- Perto da mamãe? Ela vai pegar uma faca e jogar contra mim! – Disse rindo.

- Tenho certeza que ela não vai fazer isso – Afirmou também rindo – Tome um banho e desça, precisamos conversar.

- Vejo que preciso me preparar para levar o pior castigo de todos os tempos!

- Se apresse! Sua mãe não conseguiu dormir e nem sei se ela terá paciência para aceitar suas desculpas.

- Qual é pai! Achei que erámos parceiros de crime – Brincou levantando-se – Sinto muito por isso.

- Diga isso a ela.

Seu pai levantou-se grunhindo e reclamando da dor nas costas, o garoto observou o homem encarando os inúmeros pôsteres de banda por toda a parede de se quarto, sorriu orgulhoso pegando roupas limpas e ouvindo seu pai perguntando o nome de cada banda. Ambos saíram do quarto e tomaram caminhos diferentes, o homem desceu as escadas apoiando a mão no corrimão e pode sentir o olhar de sua esposa contra si, esboçou um sorriso falso até terminar de descer os degraus. Aproximou-se da mulher que soltou os fios negros, apoiou o rosto na palma da mão e bocejou.

- Você devia descansar um pouco querida, ele chegou e está em segurança – Falou massageando os ombros da esposa – Deixe que eu fale com ele.

- Jamais! Tenho certeza que você irá facilitar as coisas para ele – Disse com a voz cheia de cansaço e raiva – Igual da última vez.

O homem revirou os olhos e puxou a cadeira sentando-se ao lado da esposa, serviu-se com o café recém feito e aguardou o filho, a ansiedade invadiu seu corpo e bateu os dedos sobre a mesa numa melodia que nem mesmo conhecia e foi interrompido pela esposa que colocou sua mão sobre a do marido lançando um olhar de pura irritação, instantaneamente parou e deu um gole do líquido amargo sem um pingo de adoçante. Suas atenções foram atraídas até o filho que invadiu a cozinha com um sorriso debochado, ele vestia roupas confortáveis e os cabelos, mesmo que curtos, estavam presos.

Juntou-se aos pais sentando-se a frente deles e esticou o braço pegando uma das xícaras e a enchendo de café, o homem empurrou gentilmente uma pequena bandeja com pães ao filho.

- Achei que íamos conversar na sala – O garoto murmurou.

- É melhor fazermos isso enquanto você coma – A mulher soltou a respiração pesada.

- Aumenta as chances de uma indigestão.

- Kouyou! – O pai do garoto disse em um quase grito.    

 Dando os ombros, o garoto terminou o café da manhã sobre os olhares atentos dos pais e alguns momentos sentiu que iria rir, mas manteve a postura séria até que o homem enchesse a xícara novamente de café.

- O diretor da escola ligou – Disse sua mãe esfregando as mãos uma na outra para conter o nervosismo – Você perdeu a prova novamente.

- Ele na verdade está preocupado com o dinheiro da mensalidade – Kouyou falou cruzando os braços.

- Este nem é um dos principais problemas! – Ela continuou – Nós o colocamos num colégio particular na esperança que percebesse o quão preocupados estamos! Mas você nem parece se importar com o nosso esforço em lhe dar um futuro melhor.

- Eu nunca pedi para que fizessem isso.

- Kouyou! O antigo colégio lhe trouxe más companhias e veja como está agora! Não vai as aulas e muito menos telefona para avisar que irá chegar tarde.

- Já tenho dezoito anos e não devo satisfações.

- Enquanto morar nesta casa, deve sim! Não sei como ainda tem notas consideráveis, pode se tornar o melhor, meu filho...

Kouyou riu balançando a cabeça e sentiu o celular vibrar no bolso da calça cinza de moletom. O retirou apoiando os cotovelos na mesa e deu um sorriso malicioso.

- Guarde este celular enquanto estamos falando com você! – A mulher gritou.

- Não precisa gritar! Quer que a vizinhança inteira saiba de todos os problemas de família? Eles ainda acham que somos uma família perfeita? – Respondeu no mesmo tom sem retirar os olhos do celular.

- Kouyou, por favor! Guarde isto – Seu pai pediu e o garoto revirou os olhos colocando o celular no bolso – Estamos tentando entender o que está acontecendo, você não vai ao colégio, volta tarde e ainda por cima aumenta o tom com sua mãe.

- Não está acontecendo nada! Vocês não dizem que é uma fase? Estou passando por ela então.

 A mãe de Kouyou passou as mãos no rosto, não conseguia mais encarar seu filho e estava sem solução. O cansaço já tinha tomado conta de suas emoções, durante a noite que esperava Kouyou retornar para casa, o pensamento que era uma péssima mãe a deixou cabisbaixa e sem esperança alguma de uma mudança que poderia surgir. Engoliu a seco olhando para o filho, ele cresceu tão rápido que a insegurança começava a tornar-se um obstáculo e não era em vão, tinha tanto medo de perder seu único filho que chegava a ser sufocante.

- Já terminamos esta conversa? – Kouyou perguntou.

- Por enquanto sim – Seu pai respondeu – Como aviso, ficará algumas semanas sem essas suas saídas misteriosas, irá de casa para o colégio e do colégio para casa, estamos entendidos?

- Algumas semanas? Quantas?

- Até que entre na linha.

 Kouyou levantou-se bufando, estava irritado e assim como sua mãe, atrapalhava na questão dos próprios sentimentos. Pensou em possibilidades de fuga e logo chegou à conclusão que isso iria piorar as coisas, curiosamente respirou fundo acalmando-se e olhou para a mulher que havia cuidado de si todos estes dezoito anos, não iria dizer algo por agora com medo das emoções deixarem suas palavras agressivas, assim que deu as costas para os dois ouviu o homem chamá-lo e virou-se.

- Mais uma coisa; irei te levar no colégio a partir de agora.

- Como? Por acaso voltei a ter cinco anos?

- Ou prefere me dar o seu celular?

O garoto nem cogitou nesta possibilidade e negou, no momento o aparelho era mais importante do que ser visto com o pai o levando até a porta do colégio.

- Posso ir dormir agora?

 Seu pai afirmou com a cabeça e Kouyou andou até as escadas, antes de subir para o quarto, deu alguns passos para atrás e viu seu pai depositar um leve selar na bochecha da mulher que deixou um soluço escapar. Desviou o olhar para o degrau, sentiu seu coração ser apertado e mordeu o lábio.

 No quarto, curvou-se pegando a mochila no chão e a deixando no canto ao lado da porta. Sua mente estava inquieta e não iria pegar no sono enquanto não conseguisse organizar os pensamentos, como alternativa arrumou o quarto. Ele riu sozinho por tomar uma decisão que para si estava longe de ser tomada há anos, como um adolescente preferiu deixar o quarto desarrumado, mas agora precisava ocupar-se com algo. Puxou a jaqueta que estava sobre a cama e procurou nos bolsos a identidade falsa, sorriu a apertando nas mãos e ficou encarando sem um lugar fixo com a imagem do moreno em sua mente. Saiu dos devaneios a guardando no bolso novamente e lamentou-se já que não iria vê-lo por um tempo, guardou a jaqueta e trancou a porta caminhando até a cama, se deitou deixando o celular ao lado do travesseiro, puxou os cobertores contra seu corpo.

Antes que pudesse finalmente dormir, ficou imaginando como o moreno iria reagir ao saber que Uruha é ele, que na verdade estava trocando mensagens com o garoto que mais detesta ver naquela casa noturna. Um pingo de esperanço, o mínimo que seja, o fez esquecer esta possibilidade e quem sabe, ele poderia reagir de maneira diferente. Com este pensamento fechou os olhos e respirou deixando-se levar pelo sono. 


Notas Finais


Eu e meus capítulos meeh --'
Bjo sabor Rakan!


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