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História Inevitável - Capítulo I


Escrita por: mabelix

Notas do Autor


Para os que estavam acompanhando, peço perdão, mas a história está sendo reescrita.

• Não será baseada totalmente na novela Rebelde.

• Algumas personalidades serão diferentes, como por exemplo da Lupita, que pra quem assistiu La familia vai enxergar bem a personalidade da Maite nessa fanfic. Mas provavelmente será a única personalidade alterada mesmo.

• Não tenho dias definidos para postagem, mas farei o possível postar o quanto antes.

Acredito que os únicos avisos sejam esses. Então é isso, espero que gostem e se divirtam.

Capítulo 1 - Capítulo I


ROBERTA PARDO 

O espelho refletia o próprio demônio em forma de gente.

Não que minha autoestima fosse tão baixa assim, mas naquele dia estava mais rasa que o chão. Meus cabelos ruivos pareciam uma mistura de ninho de pássaro com o resultado das bombas nucleares lançadas em Hiroshima, tinha até espuma de almofadas dentre os fios de cabelo, me deixando ainda mais... Como podemos dizer? Repugnante. As bolsas de olheiras eram profundas e maiores do que meu próprio rosto, a maquiagem da noite passada se encontrava em uma confusão de cores escuras em meu rosto  — tinha um cílio postiço colado na minha bochecha. Sem mencionar o fato de eu ter vestido o pijama ao contrário, céus, tinha uma pata de urso na minha perseguida.

Bufei baixo.

Esse era um dos principais motivos pra meu péssimo humor matinal recorrente. Um outro era dar de cara com Mia Colucci no trajeto do banheiro e ter que aguentar sua cara enojada ao me ver, afinal, a dita cuja acordava como uma verdadeira princesa. Os cabelos loiros sequer se moviam durante a noite inteira e de manhã cedo já estavam perfeitamente alinhados, sem olheiras, olhos inchados ou qualquer porcaria que a fizesse ser menos bonita. 

Era uma filha da mãe sortuda.

Lupita, ao contrário de nós duas era a mais ativa do quarto. De manhã logo cedo, antes mesmo de acordamos, Lupita saía pra praticar esportes do ginásio. A mesma alegava que a fazia se sentir mais disposta durante o dia — coisa que não rolou comigo quando eu decidir acompanhá-la, o máximo que eu ganhei correndo ao redor de uma quadra foi uma distensão no joelho e uma dor de cabeça por não ter dormido mais. Ela voltava suada, corada e revigorada, um exemplo de mulher que eu nunca mais seguiria se quisesse ter um humor menos medonho pela manhã. 

Fiz todas minhas necessidades matinais  em uma vagareza extrema, quando olhei no relógio novamente ainda eram seis e trinta e cinco. Ao sair do banheiro já vestida com o uniforme e com os cabelos devidamente limpos, um furacão loiro me atropelou, avançou pela porta e a fechou em um estrondo.

— Quer me levar pra dentro do banheiro também, Barbie? — Gritei virando somente o rosto em direção ao banheiro.

— Eu vou me atrasar por sua causa! Olha a hora! Pelo amor de Deus, Roberta, que bagunça é essa?! — Ela resmungava com raiva do outro lado da porta.

Ouvia os tilintar dos perfumes sendo reorganizados, as maquiagens colocadas em seus devidos lugares e mesmo não escutando, já imaginava que estava dobrando meu pijama. Era uma perfeccionista. Todos os dias era a mesma coisa, reclamação pela bagunça, reclamação pelo horário e quando estava pronta ainda sequer era 7hs. 

— Como eu pude aguentar essa criatura por todo esse tempo? — Resmunguei pra Lupita, que, estava sentada na poltrona do canto batendo os dedos no ritmo de alguma música. 

Ela me encarou, eu a encarei de volta. Ela ergueu a sobrancelhas e eu fiz o mesmo, finalmente ela tirou um dos fones de ouvidos.

— O quê disse? 

— Que Mia Colucci é insuportável — Grunhi.

— Eu ouvi isso, sua mal amada! — A voz de dentro do banheiro veio abafada pelo chuveiro ligado. Me perguntei como diabos ela tinha escutado. 

— Ninguém falou com você ô Barbie falsificada! — Berrei de volta.

— Mas estavam falando de mim, ninguém fala pelas minhas costas, Roberta Pardo. Isso é falta de respeito! 

— Caguei pro respeito que te devo...

— Vocês precisam parar com isso — Lupita interrompeu em um tom ameno de voz, enquanto a desmiolada clamava pros sete céus o quanto era injustiçada na vida e o quanto era difícil ser ela — As energias desse quarto são muito negativas, você sabia que as energias do cômodo em que dormimos são...

— Responsáveis pelo nosso humor matinal? — Imitei-a e completei a frase afinando a voz em tom de gozação — É por isso que vocês acordam batendo de frente. Sim Lupi, eu sei, você diz isso todo santo dia.

Ela suspirou. 

— Eu vou benzer vocês com a água do manto sagrado — Disse sentando em posição de índio. As mãos espalmadas sobre as pernas e os olhos fixos em mim — E trazer muito suco de maracujá pra manter vocês quietas durante o ritual.

— Ritual? — Franzi a sobrancelha — Nem fudendo, Lupita.

— Prometo que não vai durar nem duas horas. — Insistiu com os olhinhos esbugalhados como de um cachorro carente.

— Nem em sonho. — Contestei ajeitando os cachos que tinha feito antes de sair do banheiro. Me observei no espelho gigantesco que a Barbie havia colocado no andar de cima do quarto, e ajeitei o uniforme — Você por acaso tem algum chá pra fazer alguém calar a boca pra sempre?

— Roberta! — Me repreendeu.

Ergui os braços em rendição. 

— Mia só precisava tomar um golinho de nada... 

"Alunos do último ano, por favor se dirijam ao auditório imediatamente" A voz do diretor soou pelos altos falantes de todo o colégio. A mensagem se repetiu mais três vezes antes de ser substituído pelo silêncio sepulcral. 

Lupita e eu nos encaramos sem entender, e então uma voz esbravejou no fundo:

— Eu disse que me atrasaria. Pelo amor de Deus, a culpa é toda sua, Roberta! Como vou passar meus cremes importados agora?! Eu não posso sair desse jeito!..

***

Todos esperávamos a presença da realeza do colégio, o babaca do diretor Pascoal que sequer havia chegado no auditório.

Lupita estava do meu lado esquerdo teclando algo no celular sobre plantas medicinais — pelo menos era o que eu achava, já que tinha um pé de maconha na parte superior da tela.

Ela tinha entrado nessa nova fase após ter acabado o relacionamento de meses com o Howard, e, pra ocupar a mente acabou se envolvendo com um estilo de vida mais natural, cheios das energias e blablabla. Por uma parte foi um milagre divino ter acabado com os pensamentos autodestrutivos da minha amiga, porém caro leitor, ser amigo de natureba não é fácil, principalmente quando eles querem enfiar você em um ritual com sua arqui-inimiga. 

Já do meu outro lado, Miguel resmungava por ter cedido a cadeira ao lado de Mia para Vick. Ele queria infernizar a Barbie falsificada por estarem sentados juntinhos. Miguel tinha lá como um dos seus hobby provocar a patricinha. Se bem que corria alguns boatos no colégio que os dois já se deram uns amassos no passado.

E falando nesse demônio em particular, lá estava Diego Bustamante na mesma fileira que o comboio rosa pink sendo rodeado pelos seus fiéis escudeiros: Tomás e Giovanni.

Ao contrário de Miguel e Mia, nós nunca, jamais, em hipótese alguma na face da terra chegamos a ter que encostar os lábios por pura vontade carnal. Não mesmo.

Bustamante era o típico garoto popular do colégio, rico, bonito e egocêntrico. As más línguas afirmavam que ele era quente como o inferno, assim como afirmavam outras qualidades íntimas que eu não fazia questão de ouvir. A vontade que eu tinha depois de ouvir isso era de enfiar a cabeça na privada e vomitar até às tripas saírem pela garganta.

As garotas suspiravam e disputavam por uma mísera atenção sua, era patético de se ver, às vezes minha vontade era montar uma palestra no auditório apontando cada defeito do Bustamante e logo em seguida ensinamentos de como ter amor próprio. Levaria dias, mas eu era paciente.

Eu nunca fui tratada como as outras garotas, nem mesmo no dia em que nos conhecemos, porque eu não me adequava aos requisitos do seu grupinho. Me vestia mal, falava palavrão e não tinha filtro pra falar o que me vinha em mente, principalmente quando se tratava dos riquinhos do colégio. Mas eu não baixei a cabeça como os demais rejeitados, eu o enfrentei de igual para igual. 

Eu não conseguiria engolir um mau caráter por ser uma tentação em pessoa, não mesmo. 

Ele era maldoso. Cafajeste. Tratava mulheres como se fossem objetos descartáveis.

Ele simplesmente não passava pela minha garganta.

Eu o detestava tanto, mais tanto, que, nossas brigas ultimamente estavam começando por coisas insignificantes. Uma palavra errada era o suficiente pra um de nós querer provar que outro estava errado. As brigas se prolongavam até a direção ter que se pronunciar — passando muitas vezes de sermos expulsos — ou alguém ter que apartar, já que eu não me controlava em dar uns tapas naquela cara escrota de porcelana.

Diego Bustamante era o inferno na terra — ou no colégio, era o próprio belzebu se manifestando pra me tirar do sério. 

E eu era seu pior pesadelo.

Ele percebeu minha atenção sobre si e sorriu debochado. Em retribuição ergui o dedo do meio em sua direção.

— Desculpem a demora, estávamos resolvendo os últimos acertos dessa reunião. — O diretor esclareceu assim que pôs os pés no auditório. Alice e o professor Madariaga o seguiam. 

— O senhor vai se aposentar? — O questionei esperançosa.

— Pare de tirar conclusões precipitadas, senhorita Pardo. — O diretor pigarreou, ajeitou-se no palco improvisado e então deu início ao falatório: — É uma situação delicada a se tratar, então pedimos a compreensão de todos os alunos aqui presente. No inicio dessa semana fomos informados que o Resort que vocês, alunos do último ano, iriam passar o feriado foi fechado por motivos não informados...

— O quê?! — Giovanni e Diego exclamaram em uníssono. Diego prosseguiu: — Como assim vocês cancelaram nossa viagem? Estávamos contando com isso desde o começo do ano...

— Aquiete-se Bustamante, ainda não terminei — O diretor o interrompeu retomando seu discurso — Nós da diretoria procuramos por Resorts pela redondeza e todos, de verdade, estão lotados pela aproximação do feriado. Nós estamos sendo obrigados a cancelar a viagem por falta de opções...

O alvoroço do auditório foi em conjunto, inclusive eu, que sentia uma imensa vontade de esmurrar o diretor e seus seguidores. Quem ele pensava que era pra cancelar uma viagem assim tão próxima? Era um mentiroso, duvido que tenha ligado para todos os Resorts turísticos da cidade.

Mas contrariando meus pensamentos irritados, o professor Madariaga afirmou que ele próprio havia feito as ligações e que tudo que o diretor dissera era a mais pura verdade.

— Então nós vamos ficar morfando aqui no feriado? — Questionei indignada — No nosso último ano de colégio, nós vamos passar o feriado enclausurado nesse inferno?

— Senhorita Pardo, contenha-se — Ordenou — Vocês poderão ir pra casa caso tenham autorização.

— Pelo amor de Deus diretor, tem que ter uma solução. — Miguel contestou — É a nossa única oportunidade de termos uma viagem juntos antes que o ano letivo acabe.

Mia ergueu a mão da primeira fila de cadeiras. 

— Eu tenho que concordar com o caipira ali atrás, senhor Pascoal. Porque não podemos procurar um hotel mais afastado da cidade?

— Olha só, a cabecinha de vento tá funcionando hoje. — Elogiei e recebi língua da Barbie em resposta. 

Diego ergueu a mão quando o diretor iria abrir a boca para responde-la. Ele mandou o Bustamante prosseguir.

— Meu pai tem uma casa na praia, poderíamos viajar pra lá caso não tenhamos mais opções. — Sugeriu.

— Você acha que o senhor Bustamante aceitaria que ocupássemos a casa de praia, Diego? — Madariaga perguntou, no mesmo segundo ele se voltou para Mia e a respondeu — Realmente estamos sem opções alguma, os lugares afastados estão na mesma situação dos pontos turísticos.

— Meu pai aceitaria numa boa, só preciso confirmar os dias que ficaremos na casa.

O diretor pigarreou novamente. 

— É o seguinte, por hora, a viagem está cancelada. Vou ligar imediatamente para o Senhor Bustamante para confirmar a casa da praia, caso, somente caso ele permitir, que então iniciaremos os planejaremos da viagem de vocês — Ele direcionou para o Diego e concluiu: — Não se preocupe, todas as despesas serão pagas pelo colégio assim como seriam se fôssemos para um Resort. 

Então, a euforia do auditório foi tomado por nós. 



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