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História Inevitável - Inebriante


Escrita por: Andrezadoll

Capítulo 6 - Inebriante


Certamente ele não era a única pessoa no mundo a usar aquela essência, mas... Antes que a garota pudesse concluir seus pensamentos, o loiro misterioso voltou a falar.

— Me fala algo sobre você, algo pessoal, qualquer coisa — pediu em tom de súplica.

Marinette não poderia entregar muito sobre sua vida, e se ele desconfiasse que debaixo daquela máscara vivia a mesma pessoa que vestia a máscara de Ladybug? Era muito arriscado. Enquanto refletia, sentiu que ele deu um longo suspiro, fazendo com que a pele da jovem se eriçasse em resposta.

— Eu tenho uma vida simples, stalker. Trabalho, estudo... moro em Paris.

A última parte fez o peito de Adrien vibrar em esperança. Era pouca informação, mas era algo que o deixava mais perto de saber com certeza a identidade dela.

— E como faço pra te encontrar depois da festa?

Ela assustou-se de início, mas ficou imensamente feliz. Ele queria mesmo vê-la outra vez, não era um simples jogo de uma só noite.

— Talvez você descubra antes da festa acabar.

Ele sorriu, embora ela não pudesse ver. O casal continuava a dançar pelo salão, e ela se permitiu fechar os olhos novamente. Mas foi traída pelos próprios instintos, e moveu o nariz sobre o pescoço alheio, absorvendo novamente aquela essência que lhe acometia a alma.

Havia ali, camuflado no perfume caro, outra fragrância que ela conhecia muito bem: aroma de couro, exatamente como no uniforme do herói felino. Ela sabia que não estava ficando louca, que não era algo inventado pela sua cabeça. Aquele cheiro tão familiar estava ali, impregnado na pele do homem. Inspirou mais profundamente, levantando o nariz, fazendo com que roçasse na pele alheia. Sua boca naturalmente se entreabriu, desejando secretamente lhe beijar o pescoço e mergulhar naquela essência.

O loiro percebeu o carinho, se afastando ligeiramente para observa-la. Ela não tinha a intenção de deixa-lo perceber o que fazia, mas já não se importava com o flagrante. A mão de Marinette outrora apenas apoiada sobre o ombro dele, agora lhe apertava sutilmente, como se buscasse segurar as próprias vontades. Os pés de ambos haviam parado de se mover e eles não mais dançavam.

Marinette estava inebriada, os olhos semicerrados, a respiração aturdida. Ele se aproximou, fazendo a ponta do nariz roçar delicadamente ao longo do nariz da jovem, na parte em que a máscara não cobria. Afastou-se milimetricamente, apenas o suficiente para que o rosto não lhe tocasse mais, como se pedisse permissão para beija-la. Os olhos se encontraram, suplicantes, apaixonados.

Ela se moveu, cutucando brevemente a ponta do nariz dele com o seu, respondendo ao carinho dele, e já inclinando o rosto gentilmente para o lado. Ele também se aproximou, terminando de vez com todo o espaço que havia entre seus lábios.

Os olhos se fecharam por completo e as bocas se encontraram em deleite. Marinette abriu os lábios dele com os seus, tornando o beijo molhado. Apesar de delicado, o beijo era intenso. Adrien mergulhou naquela doçura, deixando-se inebriar por completo. O peito se afogava em acordes harmoniosos. E o coração, em frenesi, seguia num ritmo desconcertante a lhe estremecer o corpo em júbilo, imerso em arrepios calorosos.

Ele percebeu em sua língua o resquício do champanhe que ela bebera, que logo dissipou-se na saliva de ambos. Marinette moveu a mão do ombro alheio para a nuca, subindo entre os cabelos dourados do homem, acariciando-o gentilmente com as pontas dos dedos, ao passo que também se apoiava em reflexo, trazendo o rosto dele na direção do seu.

Adrien se inclinou para frente, as mãos nas costas de Marinette pressionavam o corpo dela contra o seu próprio. Seus movimentos seguiam em perfeita sincronia, como em uma dança; se ele inclinasse a cabeça para o lado, ela logo compensava, mantendo o beijo encaixado.

A jovem sentiu um longo arrepio quando a mão dele subiu pelas suas costas até encontrar sua pele descoberta, quase soltando o beijo com o pequeno susto. Mas ela logo voltou a unir por completo os seus lábios nos dele, mesmo depois de sentir o ar faltar aos pulmões. Percebeu o toque alheio subindo com firmeza em sua pele, sem pudor ou hesitação, avançando até encontrar sua nuca. Os dedos dele, então, percorreram pelos cabelos azuis, se perdendo entre os fios.

As bochechas dela queimavam, seu peito queimava, o corpo todo queimava em deliciosos delírios. Aquilo não era um beijo normal, era um beijo apaixonado, era como se eles já se conhecessem. Adrien teve o mesmo pensamento, imerso nas sensações que ela provocava com seus toques, sua presença e principalmente com a sua boca.

Os lábios se separaram, ambos com o fôlego a falhar. A cabeça da garota girava imersa em indagações e, numa vã tentativa de procurar uma razão para aquele sentimento - aparentemente - recíproco, Marinette levou a mão para a frente do rosto dele, tocando-lhe a pele. Afastou-se para olha-lo, os olhos imploravam uma explicação. Mas ela encontrou o mesmo aturdimento imerso nos olhos do loiro.

A janela de tempo foi curta, pois ele logo fechou os olhos, se inclinando para frente a fim de apoiar sua testa na dela. Suspirou, tentando acalmar-se, o peito ainda em descompasso. Ela, completamente perdida nos braços alheios, ao mesmo tempo em que nunca havia se sentido tão segura e acolhida, tão... amada.

Foi quando ele sentiu a mão dela puxando delicadamente seu rosto para um segundo beijo, e o peito mergulhou em novos delírios. Mas um alto e repentino barulho chamou sua atenção, fazendo com que ele virasse o rosto pro lado oposto, já com uma imensa carga de adrenalina em seu corpo, disparada em súbito. No instante seguinte, ele já havia abraçado a mulher, jogando ambos no chão a tempo de desviar de uma rajada luminosa que destruiu a parede atrás deles.

Adrien levantou o rosto com os olhos atentos e uma expressão séria, enquanto as pessoas começavam a correr pelo salão em completo caos. Um enorme sentimonstro de vidro disparava as rajadas com as mãos, transformando os atingidos em estátuas de vidro.

— Se esconde! — Disse para a jovem, ajudando-a a se levantar.

— E... — Ela tentou dizer.

— Vai! — O homem gritou.

Ela arregalou os olhos, ainda atordoada; não por causa do sentimonstro, e sim por causa dos efeitos do beijo que ainda preenchiam seu âmago. Sem pensar, fez o que ele pediu, correndo na direção do banheiro para se esconder. Era hora de se transformar.

Marinette deu tapinhas em seu próprio rosto quando Tikki saiu de dentro da bolsa.

— Você tá bem?

— Não sei — ela respondeu. — Mas eu não tenho tempo pra pensar agora. Tikki, transformar!

Para não levantar suspeitas, Ladybug saiu pela janela do banheiro e entrou no salão pela porta principal, protegendo-se das rajadas do sentimonstro com auxílio de seu ioiô, e ajudando as pessoas a saírem do local com segurança. Reparou que o loiro de máscara branca fazia o mesmo, com uma agilidade ímpar e uma perspicácia fora do comum.

A heroína pulou na frente dele, mas com as costas voltadas para o homem, sempre mantendo o ioiô em movimento, enquanto o sentimonstro destruía o lugar e gritava sons ininteligíveis. O uniforme dela havia evoluído com o passar dos anos, ganhara um par de ombreiras externas como numa armadura, e a cor da calça possuía um tom único de preto até os joelhos. O cabelo ficava preso num extenso rabo de cavalo, visual também adotado pela Marinette quando não estava transformada.

— Eu assumo daqui — ela disse para o loiro mascarado, fazendo um cumprimento com a cabeça para baixo de modo afirmativo, agradecendo-o pela ajuda.

Ele fez o mesmo movimento com a cabeça, então sumiu de sua vista.

Ladybug não sabia qual era o objeto que controlava o sentimonstro, mas deduziu que seria algo feito de vidro. Pulando e se esquivando dos golpes à distância do enorme monstro, ela analisava o salão — agora vazio — e tentava procurar o objeto com o amok.

Foi quando Cat Noir entrou na cena, descendo pelo corrimão da escada, de pé, como se esquiasse. Parou atrás de sua companheira de luta, acompanhando os passos dela e se escondendo atrás do ioiô que ela girava constantemente. O uniforme dele também havia mudado, ganhando detalhes em verde. O design, porém, era basicamente o mesmo, exceto pelo corpo do portador, cujos músculos modificaram significativamente o formato da roupa de couro flexível, que se adaptou às novas curvas.

— Você tá atrasado pra festa — disse ela.

Ele deu de ombros.

— É que eu não recebi convite — respondeu com seu charme habitual.

Ela riu, mas ainda não havia olhado diretamente para ele, com receio de encontrar ali o mesmo rapaz que tinha acabado de beijar. Ou, pior, que não o encontrasse.

— O que temos pra hoje? — Perguntou o herói felino.

— Monstro de vidro, estátuas de vidro... — Ladybug tentava enumerar.

— Acha que o amok está numa peça de vidro? Uma taça?

— É bem provável, mas você já viu quantas taças têm nesse lugar? — Ela perguntou em tom de desespero, brincando.

— Acho que você precisa de um pouco de sorte — e ele piscou pra ela no exato instante em que seus olhos se encontraram, quando ela finalmente virara o rosto na direção dele.

A heroína de vermelho engoliu em seco e seu coração se apertou.

“Foco, Ladybug. Foco.

Com o auxílio do seu Talismã — e depois de um plano mirabolante — os heróis mais uma vez conseguiram completar as ações um do outro e encontraram a taça com o amok, derrotando, assim, o sentimonstro. Já lutavam há tantos anos lado a lado que possuíam uma cumplicidade incrível entre si, tornando tudo aparentemente mais fácil, mas não menos perigoso.

— Zerou! — Eles se cumprimentaram em uníssono.

Ela usou o seu Miraculous Ladybug e o salão voltou a ser exatamente como antes do ataque. Cat Noir olhou na direção de onde Marinette correu para se esconder minutos antes. E Ladybug sentiu as bochechas corarem.

— Até mais, bugaboo. Hora desse gatinho aqui sair pra miar em outras redondezas — ele correu pelo salão, saindo pela entrada principal. Aquele olhar dele para dentro da mansão como se procurasse alguém teria sido apenas uma coincidência, afinal?

Ela seguiu para a mesma saída, olhando ao seu redor. O jardim já estava praticamente vazio, apenas algumas pessoas ainda estavam no local, pois haviam conseguido se esconder em segurança. Ela ajudou alguns deles, dizendo que já estava tudo bem. Mas a festa certamente tinha acabado.

Saindo às esquivas, retornou para o banheiro onde havia se transformado, encontrando Alya no local.

— Tá vazio — a ruiva logo se apressou em informar.

Ladybug se destransformou na frente dela, voltando a ser Marinette. Logo em seguida, fez um carinho em Tikki, e lhe ofereceu um macaron.

— O Nino já tá chegando. Ele ficou sabendo da confusão aqui e ficou louco, veio voando.

Marinette tentava refletir.

— Vamos?

A jovem de cabelos azuis apenas concordou com a cabeça, sem saber ao certo o que pensar. E se ela nunca mais se encontrasse com o loiro mascarado? Eles nem tiveram a chance de saber o nome um do outro. Apesar das suas suspeitas e de tudo o que ela sentiu, não havia como ter certeza absoluta sobre a identidade dele.

Caminharam pelo salão, e Marinette parecia distante, olhando em todas as direções.

— Tá procurando o loiro? — Perguntou Alya, com ironia.

— Ai, você viu... — ela comentou, visivelmente constrangida, escondendo o rosto com as mãos.

— Se eu vi a festinha particular de vocês? Eu quase tirei uma foto.

— Alya! — Ela disse em tom de repreensão. Então virou para a amiga com esperança. — Não tirou mesmo a foto?

— Não, relaxa. Você merecia um pouco de privacidade — respondeu de modo amável.

Marinette sorriu, encabulada, com a lembrança do beijo a lhe instigar o coração. Neste momento, já haviam cruzado a porta, e caminhavam pelo jardim.

— Acho que dessa vez eu bem queria que você tivesse sido... Hmm... A minha Alya intrometida de sempre.

— Ei! — Ela se fingiu de ofendida. — Esse beijo deve ter sido bom mesmo, hein? — Implicou.

— Foi só um beijo...

— Foi mesmo? Parecia mais é que vocês iam arrancar pedaço um do outro.

Marinette riu.

— Olha, é o Nino — continuou a amiga, apontando na direção do carro que encostava próximo ao portão para onde caminhavam. — Eu quero saber tudo com detalhes.

— A gente conversa mais tarde — e elas se olharam com cumplicidade.

A jovem de olhos azuis parou de caminhar, virando de frente para o casarão. Não havia mais ninguém no local.

“E se...

Olhou na direção do banco onde haviam passado horas conversando. Também não havia ninguém.

“E se...

Olhou pra cima, sem mover a cabeça. Seus olhos discerniram a figura de um herói de vestes negras com orelhas de gato no telhado, agachado, quase escondido. O vento moveu seus cabelos azuis para frente, tampando seu rosto e atrapalhando sua visão. Rapidamente os ajeitou, mas quando olhou novamente para o mesmo local, ele não estava mais lá.


Notas Finais


Neste universo a Alya sabe sobre a identidade da Ladybug, sim. Não consigo conceber uma ideia de mundo onde ela não saiba, ela é esperta demais hahaha

Outra coisa, nunca vou me estender nas lutas, não é o foco desta Fanfic. O foco aqui é, basicamente, o romance (com algumas surpresinhas e dramas e afins *fiu*).

O arco da festa está encerrado! Vamos conhecer os desdobramentos desse beijo a partir de semana que vem. Será que algo vai mudar entre eles? Será que um deles vai se confessar na primeira oportunidade? Mwahahaha xD

Abraços! E feliz 2020!


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