História Inevitável - Dez

-Vênus-

 Eu sabia que tinha de me resolver, eu gostava de Ariana, e eu poderia completar e dizer “assim como gostava de Benjamin”, mas não, era bem diferente.
Eu era apaixonada por Ariana, e eu gostava de Benjamin. Eu queria ter Ari a todo momento, e queria Benjamin por perto. Eu gostava de Ariana pela pessoa que ela era, pela forma como ela agia, e isso me enlouquecia. Eu gostava de Benjamin porque ele me entendia e gostava de mim também.
É egoísta manter alguém por perto só porque você precisa dela, e era isso que eu vinha fazendo com Ben.
Eu não sabia como não magoá-lo, então peguei o telefone, disquei seu número e iria falar o que me visse a mente, mas ele não atendeu. Liguei de novo, e de novo, mas nada.
Então me deitei e esperei seu retorno, mas não aconteceu.
Em outra ocasião eu me preocuparia, mas dessa vez não, eu sabia que ele estava bem, por algum motivo eu sabia.
Eu não aparecia na escola constantemente para ficar com Ariana e isso deixava os outros preocupados,  apenas Arthemis sabia a verdade.
Penso sobre o que eu faria, quando por fim ouço o telefone tocar. Benjamin.
-Oi, meu amor, desculpa eu..
-Ben, precisamos conversar.
-O que?
-Me encontra no café, em cinco minutos to lá.
-Vê, o que houve?
-Beijos. –Digo e desligo o telefone, indo até o café sem nem mesmo me trocar.
Assim que chego lá vejo Benjamin vindo e ele me abraça e me da um beijo.
-O que houve?
-Vamos entrar. –Então entramos e peço um café para cada um de nós.
-Vai falar..?
-Ben, eu preciso de um tempo.
-Que?
-Você entendeu.
-O que aconteceu?
-Nada, eu só.. –Digo suspirando. –Preciso pensar. Você sabe... Eu p..
-Eu sei. Você se sufoca facilmente, sempre precisa pensar não é?
-Sim.
-Mas por que isso agora? Eu não entendo... Você tem estado distante, falta as aulas... O que ta acontecendo? Problemas familiares? Sabe que pode contar comigo, amor...
-Eu sei, Ben. Mas é diferente agora.
-Você ta... Você ta gostando de outra pessoa? –O observo e não respondo, ele me conhecia, e sabia disso bem antes de mim mesma. –Não vou mais questionar.
-Obrigada. Eu já vou ok?
-Fica mais... Por favor.
-Desculpa Ben. –Digo, me levanto e saio dali, o deixando para trás, me lamentando por tê-lo machucado, e me xingando por tê-lo deixado me conhecer tão bem. Em pouco tempo ele iria descobrir.
 

***

No outro dia, assim que acordo, me arrumo e vou até a aula, me sentando com Arthemis. Benjamin não aparece, e me lamento, e é claro que Arthemis percebe que tem coisa errada.
-O que houve?-Ela pergunta.
-Terminei com Ben.
-O que? –Ela diz espantada.
-Você sabe...
-Você agiu muito precipitada você nem sabe se essa g...
-Cala a boca, porra.
-Desculpa. Mas Vê, você nem sabe direito se... Meu deus que merda você fez!?
-Eu não sei se isso vai dar certo, se vai durar, e nem mesmo se ela gosta de mim. –Digo diminuindo a voz quando digo “ela”. –Mas sei que não quero mais Benjamin. E seria egoísmo mantê-lo.

-Ok... Só espero que não se arrependa.
-Eu também. –Digo e me levanto, indo até o armário depois de pedir permissão.
-Oi. –Ouço a voz de Ariana ao meu lado.
-Oi... –Digo em tom baixo e desanimado.
-O que houve?
-Eu... Eu dei um tempo com o Benjamin.
-Você... Você não precisava.
-Seria egoísmo mantê-lo.
-Você não está bem. –Ela diz e me puxa para um abraço.
-Não me consola, só me beija logo.
-Aqui?
-Tanto faz. –Digo a puxando e beijando-a. Todos estavam em aula, a probabilidade de alguém ver era mínima, e o meu armário tinha a vantagem de ser no lugar mais isolado. Sinto seus lábios tensos, e percebo que eu não era a única que tinha problemas. Então a solto e a olho. – Você... Você também não está bem.
-Não quero falar, ta? –Ela diz e me beija de novo, me puxando para a parede, quando ouvimos passos. A puxo para o armário, era apertado mas cabia muito bem duas pessoas ali, já que não tinha divisões. Fecho a porta e continuo a beijá-la. –Apertado aqui né?
-E você se importa? –Digo e a puxo, sentindo agora seus lábios em meu pescoço e suas mãos em minhas coxas.
-É claro que não.