1. Spirit Fanfics >
  2. Infame >
  3. Dia 14 - Falar é fácil, fazer é complicado.

História Infame - Dia 14 - Falar é fácil, fazer é complicado.


Escrita por: natymoreira

Notas do Autor


Agradeço pelos comentários e por todos que estão acompanhando Infame, vocês são importantes pra mim. Leitores fantasmas, por favor, apareçam. Eu quero saber a opinião de vocês também, ok?
Espero que tenham uma ótima leitura.
Aproveitem!

Capítulo 14 - Dia 14 - Falar é fácil, fazer é complicado.


Dia 14 — Falar é fácil, fazer é complicado.

‘’Porque nós não vamos manter nossas promessas
E eu sei as consequências
Então, querido, por favor, sem promessas’’
— No Promisses – Shawn Mendes

 

Quando algo tem de dar errado, vai dar. Não importa o tempo que leve, se foi feito para dar errado não há forma de impedir. Cedo ou tarde, o erro será cometido. Pior que isso, é ter que admitir que é a pura verdade. Eu lutei tanto contra os meus sentimentos, me repreendi por desejar o proibido, para no final tudo descer pelo ralo. De nada adiantou.

Mas a verdade é que eu tinha esperanças de que aquilo não fosse muito longe; talvez porque Theo era comprometido e jamais teria olhos para mim — nem deveria mesmo —, porque nós éramos distantes e não havia chances de nos aproximarmos assim e até mesmo porque era certo que não fazíamos o tipo de pessoa que agradava um ao outro.

Éramos opostos. Theo era sério, certinho e reservado, daqueles que pareciam não entender sarcasmo e levar ao pé da letra (pelo menos era o que eu pensava até conhecê-lo). E eu era mais levada, gostava de pessoas bem humoradas e engraçadas, não suportava quem queria ser o dono da razão e evitava ao máximo não me interessar por caras, que segundo mamãe, pareciam badboys demoníacos de filmes.

Além do mais, eu preferia os morenos; com cabelos escuros macios e a pele que parecia bronzeada a todo o momento. Nathan se encaixava no meu perfil de cara perfeito: sabia conversar, era mente aberta, alto e engraçado, tinha tudo para despertar em mim todos os tipos de sentimentos. Só que, merda, ele não me fazia tremer ao chamar meu nome, não causava uma cadeia de arrepios na espinha nem o maldito repuxão apetecível no ventre.

Deus, eu quis tanto Theo Paschoalin que nem mesmo uma das minhas maiores paixões platônica poderia me satisfazer. Certamente Milo Ventimiglia era bom, mas se tornava frívolo quando eu comparava com Theo. Theo era real, intenso e quente. Theo era tudo, menos amor.

Não, não, não.

Theo não era amor, era fogo.

○○○

Foi quase uma tortura para mim os dias que se seguiram. A todo o momento eu pensava no beijo e também nas palavras recriminantes de Theo. Não me concentrei direito na faculdade, Carol me chamou a atenção durante duas aulas, questionando minha cara de paisagem. Respondi que estava em um momento de reflexão, por sorte ela não quis saber sobre o quê.

O mesmo aconteceu no jantar na quarta-feira. Por duas vezes a comida escorregou do garfo enquanto eu olhava fixamente para meu copo de suco. Mamãe perguntou se eu estava bem, mas nem ligou muito quando eu apenas balancei a cabeça em afirmação, voltou a conversar com papai a respeito da viajem no final do ano.

Vendo sua reação eu só pude questionar mentalmente se meus pais sentiriam minha falta caso eu saísse em breve de casa. Será que eles já estavam cansados da minha presença e mal viam a hora de terem a casa só para eles? Será que em alguma hora os pais enjoam dos filhos e querem que eles abram asas e voem para longe? Meu irmão já voara e eu ainda tinha duvidas se estava percorrendo o caminho certo, Argh, deveria ser proibido tomar decisões antes dos 30.

Ainda naquela noite, quando eu escovava os dentes, meu celular apitou e eu fui conferir a notificação ainda com espuma na boca. Meu coração palpitou um pouco com a possibilidade de ser uma mensagem de Theo, mas murchei ao ver que era um convite no Facebook para a festa de aniversario de Ellen. Segurei a escova no canto da boca e ponderei: quem cria um evento numa rede social para uma festa qualquer? Enfim, dei uma lida rápida e bloqueei o celular.

 

 

Sonhei com Theo a noite toda, o que foi péssimo. Até em sonhos lembrar de sua língua deslizando na minha chegava a ser angustiante. Por isso, acordei antes do despertador soar e fiquei olhando para o teto até dar a hora e eu me levantar. Após o banho, eu me conectei e meus olhos foram rápidos em captar a mensagem de Theo. Mesmo não querendo, me empertiguei e apertei o nó da toalha acima de meu peito.

Bárbara, desculpe a hora da mensagem, mas só
             agora consegui um momento para escrever...

Tenho um compromisso no sábado e não posso
              ir ao encontro, sei que precisamos terminar logo
            tudo isso, então pensei que poderíamos nos ver
            na sexta, o que vc acha? Falo com os garotos
         assim que vc me responder...

4h12 era a hora da mensagem. Uau, o que ele fazia acordado tão tarde? Molhei os lábios e formulei a resposta. Eu não faria nada na sexta e meus pais estariam em casa, o que significava segurança.

Theo, por mim tudo bem. Que tal se nos reuníssemos
          aqui em casa? Estou com os materiais e vou
            comprar mais alguns, traga os meninos com vc.

E não se desculpe pela hora.

Enviei e fui me arrumar. Me aprontei ligeiro, joguei dois livros na mochila, peguei o fone de ouvido e ai a resposta de Theo chegou mais rápida do que eu imaginava:

Combinado, vou com eles...

Hm... vc está bem?

Para quê tantas reticências? Havia algo implícito ali que ele pretendia que eu adivinhasse?

Aham, to me arrumando p ir p faculdade.

Sei... boa aula e um bom dia, Bárbara...

Obg. Ta tudo certo com vc?

Na medida do possível... Preciso ir agora,
             qualquer coisa pode falar comigo...

Ok, tenha um bom dia tbm.

Geralmente eu uso emojis para me despedir, mas não me senti a vontade para lhe enviar um. Theo estava bem na medida do possível, será que estava tão atordoado quanto eu? Ou outra coisa lhe incomodava? Ele era tão cético e contido que foi fácil acreditar que conseguiria manter a promessa de não me tocar nunca mais.

Quase revoltante saber que ele podia fazer aquilo com Camila, podia tocá-la, beijá-la, fazê-la se contorcer de prazer — e não era legal fantasiar isso, pois tudo que me vinha a mente era um Theo suado se movendo sobre mim. Cessei os pensamentos antes que eu me atrasasse e explodisse de frustração.

 

 

Meu foco melhorou naquela quinta-feira, até conversei com Carol e os rapazes sobre maneiras de disfarçar um peido. Bem maduro, eu sei. Contudo, o pico do meu dia foi encontrar Nathan encostado em seu carro quando eu estava indo embora. Diminui o passo, Kauê, ao meu lado, resmungava sobre como estava ansioso para as férias. Nathan acenou ao me ver e eu me limitei a balançar a cabeça, ainda sem reação.

Não foi agradável vê-lo, pois eu não estava preparada para isso, sequer o convidei para que aparecesse, não tínhamos esse grau de amizade. Detestava me sentir invadida em minha própria zona de conforto. Mas me aproximei sem querer e sorri em jeito. O coração acelerou mais de enraivecimento do que nervosismo, como acontecia com Theo.

Por que eu estava pensando em Theo?

Meus amigos abaixaram o tom da conversa quando eu parei de frente para Nathan e sei que prestaram atenção em nós dois.

— Oi, o que tá fazendo aqui?  — perguntei logo, a mochila pendia em um ombro e eu tinha a mãe direita no bolso traseiro da calça.

— Pensei em fazer uma surpresa.  — não gostei. Ele sorriu tão inocente que me senti horrível por odiar sua presença.  — Quer sair e comer alguma coisa?

Bem, eu queria, mas não queria deixar meus amigos também. Por isso olhei para os três e recebi uma afirmação mutua, Carol com aquele jeito de que questionaria tudo depois.

— Nos vemos amanhã.  — ela falou e puxou os dois garotos pelo braço. Me virei para Nathan.

— Tá, quero sim.  — aceitei só pelo peso na consciência de que bem dizer o abandonei no sábado sem explicações. Nathan anuiu e abriu a porta do carro para mim.

Sugeri que fossemos a uma sorveteria, era perto e eu precisava consumir algo gelado. Ele não contestou. Era estranho estar com Nathan, porque era como estar com Alan ou Gus, e eu tinha medo de que ele confundisse as coisas e achasse que eu estava a fim de algo sério.

— Resolveu o que tinha para resolver no sábado?  — quis saber quando nos sentamos, retesei de leve, não esperando a questão.

— Sim, por sorte tudo ficou... resolvido.  — abanei com a mão e emendei outro assunto:  — Deveria ter avisado que ia aparecer lá na faculdade.

— Como eu disse, quis fazer uma surpresa.  — ele mexeu no sorvete com a colher.  — Tinha algo importante marcado para depois?

— Na verdade, ia fazer umas comprinhas para o Natal da igreja. Estamos responsáveis por toda a decoração.  — expliquei.

— É, estão fazendo isso lá na igreja também.  — ele parecia não querer falar sobre aquilo.  — Escuta, você vai na festa da Ellen?

— Hm, não sei. Ainda não falei com as minhas amigas.

— Gostaria de ir comigo? Posso levar vocês.  — se ofereceu.

— Vou perguntar a elas, te ligo assim que tiver a resposta.  — sei que elas iriam sem contar dois, mas eu queria tempo para decidir se iria ou não.

— Certo, ficarei no aguardo.  — ficamos calados pelos próximos minutos, degustando nossos sorvetes apenas com trocas de olhares, até eu me sentir impaciente.

— Eu acho melhor ir agora, Nathan, vou fazer algumas coisinhas e quero terminar logo.  — puxei a alça da mochila e fui me levantando. Nathan se pôs de pé tão rápido quanto eu.

— Ei, deixe-me ajudá-la, te levo em casa depois.

— Eu não quero te incomodar.

— E não vai.  — garantiu e eu me dei por vencida.

— Então, ok.

Não foi tão ruim. Nathan era divertido e logo eu estava menos aborrecida. Comprei o que iríamos precisar para a confecção dos pequenos enfeites e depois ele me deixou em casa, como havia dito. Dei um beijo em sua bochecha e entrei em casa.

Era tão fácil com ele, Nathan poderia ser o cara perfeito para mim. Então, Deus, por que eu fui querer alguém tão complicado? Por que desejei alguém que já pertencia a outro alguém?

○○○

O céu amanheceu em chumbo na sexta-feira, o ar estava úmido e causava uma falsa sensação de sufoco, a chuva viria até o fim da tarde. Desde que acordei só conseguia pensar em que veria Theo — não deveria estar ansiosa, mas foi inevitável.

Eu não o tinha visto na igreja no domingo e isso só serviu para me apoquentar mais. Será que as coisas mudaram entre nós e ele voltara a me detestar? Fiquei em duvida se agiria normalmente ou manteria certa distancia. Porém, se Theo queria que nos afastássemos eu não iria contradizê-lo, afinal ele estava certo; perdurar com aquilo era insanidade.

Durante uma das trocas de aulas, Carol cutucou meu ombro com a unha pintada de laranja, me virei já sabendo o que ela queria.

— Ele não é meu namorado.  — falei antes dela. Carol riu.

— Como você é estraga prazeres, Babi. Credo. — revirou os olhos.  — Mas me diz, quem é ele?

— Só um colega de outra igreja. — respondi como se não fosse nada.

— Um colega? E ele sabe que é só um colega?  — ela tombou a cabeça para o lado e me encarou sugestiva.

— É claro que sim, Nathan não faz o tipo idiota.  — e era verdade. Eu não o enxergava como um desesperado por relacionamentos, e sei que ele entenderia se fossemos apenas amigos. E é meio obvio que ele não se interessava por mim desse jeito.

— Vocês estão ficando ou algo assim?  — a professora entrou na sala nesse instante.

— Também não, Carol, não tenho maturidade nem entusiasmo para esse tipo de coisa agora.  — exprimi com um suspiro. Só de pensar em me prender a alguém eu sentia meus ombros pesarem.

— Por acaso você já percebeu que usa muito a palavra ‘’coisa’’? É como se tudo que você sente ou quer não valesse a pena, fosse inútil e sem importância.  — observou e eu pausei para refletir.

Nunca me dei conta de sua colocação, era normal eu minimizar qualquer emoção, só não esperava que as pessoas notassem isso.

— Carol, acredite, às vezes eu queria não importar tanto.  — nem insistir em algo que certamente dará errado, completei mentalmente.

 

 

Como previsto, a chuva deu as caras por volta das cinco horas. Até aguardei a mensagem de Theo avisando que ele e os meninos não viriam, mas eles vieram. Era perto das oito quando a campanhinha soou e em um salto fui atender. Fui rápida em meio a garoa que caía, abri o portão e encontrei o trio com os olhos semicerrados.

— Oi, meninos.  — dei uma risadinha e me afastei para o lado para que eles entrassem. Theo foi o ultimo a passar e eu preferi cogitar que o arrepio nos braços veio da água gelada e não do cheiro masculino que exalou.

— Que chuva, hein?  — Gus disse ao estarmos abrigados.

— Não é? Achei que a gente não ia conseguir ter esse encontro hoje.

— Felizmente estamos aqui.  — Sidney esfregou as mãos uma na outra.  — E ai, qual a tarefa do dia?

— Bem, pensei em fazermos alguns enfeites não só para o altar, mas para todo o templo.  — guiei-os até a cozinha, onde funcionaria nossa ‘’oficina’’.

A caixa trazida por Theo na semana anterior estava sob a mesa junto com os materiais que eu comprara. Puxei a cadeira e me sente de frente para o notebook, os três se amontoaram atrás de mim.

— Encontrei moldes de pinheirinhos na internet, podemos usar nas portas e bancos com pequenas guirlandas.  — mostrei a eles as imagens na tela.

Levou alguns segundos até que eu resolvesse erguer a cabeça para o lado e dar de cara com Theo. Ele olhava atento ás figuras e só pareceu se conscientizar da proximidade quando eu inspirei extasiada. Nos entreolhamos calados e, merda... como ele estava bonito. O colar pendia para fora da camisa, Theo usava moletom e tênis de corrida, alguns fios de cabelo detrás da orelha — almejei que ele mantivesse o penteado por um longo tempo.

O melhor era a boca vermelha umedecida, quase podia ouvi-la me chamar para colá-la na minha. Deus, eu precisava desviar o olhar. E para minha alegria — ou não — ele se afastou bruscamente como se eu tivesse uma contaminação rara na pele. Massageei a nuca para me apaziguar e pigarreei.

— Como ainda temos algumas semanas, podemos decidir o restante depois.  — não sei como minha voz não saiu em gagueira.

— Beleza.  — disseram Sid e Gus.

E começamos a trabalhar.

Fui imprimir os moldes no quarto enquanto eles esperavam na cozinha. Meus pais estavam no quarto deles, assistindo a um documentário do Discovery sobre a antiga sociedade egípcia, nem parei para interrompê-los.

Minutos seguiram até que eu retornasse e me juntasse aos três; sentei na cadeira da ponta, Sid e Gus a esquerda e somente Theo a direita com um assento vago entre nós.

— Comprou tudo isso sozinha, Babi?  — Gus perguntou quebrando o mutismo.

— Sim, fui pela manhã com Nathan.  — repliquei simplesmente sem deixar de cortar os papeis.

— Você foi com o Nathan?  — foi a primeira vez que Theo se pronunciou.

— É. Ele apareceu lá na faculdade hoje e acabou me ajudando.  — saiu tão natural que ele nem reparei que mencionara Nathan.

— Por que não chamou um de nós? Somos um grupo, não?  — ele apontou o lápis para cada um.

— Eu ia sozinha, não preciso incomodar vocês com tudo que vou fazer.  — rebati.  — Além do mais, foi bem divertido.

— Você e o Nathan, oww...  — Sid brincou e levantou uma folha com um coração desenhado.

— Não é nada disso, bobão.  — tomei a folha e a amassei, totalmente envergonhada.  — Termine logo sua tarefa, está bem?  — os três riram de mim.

 

 

A chuva havia aumentado gradativamente quando chegamos ao fim, a garoa fraca cedeu para uma borrasca agressiva repleta de trovões e relâmpagos furiosos. Guardei todos os enfeites confeccionados em caixa de papelão e organizei os materiais em outra. Gus e Sid se ofereceram para varrer a cozinha e limpar a mesa. Assim, peguei a primeira caixa e ao tentar fazer o mesmo com a segunda, Theo a puxou sem permissão.

— Eu ajudo.  — anunciou.  — Pra onde?

— Lá em cima.  — maneei a cabeça.

Lá em cima era no meu quarto, mais especificamente, mas não quis avisar. Permiti que ele me acompanhasse. Subir a escada foi esquisito, porque eu não sabia se ele olhava de baixo e de repente fiquei suavizada por estar de jeans e camiseta.

Não era de costume eu levar alguém ao meu quarto, nem mamãe entrava sem pedir permissão, por isso fiquei receosa. Era o meu cantinho, minha bagunça e ter outro individuo ali não era legal. Só que com Theo foi diferente; em questão de milésimos eu me excitei com a ideia de ele ver meu lugar.  

Será que ele me fantasiava ali? Trocando de roupa, saindo nua do banheiro, deitada na cama, dançando enquanto arrumava todo o cômodo... Só pude imaginar rapidamente como seria o quarto dele; talvez preenchido com cores neutras, algumas imagens de aviões na parede, fotos dele com a família em nichos, quem sabe um espelho inteiro para que ele pudesse admirar as tatuagens quando quisesse.

— Aqui.  — murmurei empurrando a porta, acendi a luz. Coloquei a caixa próximo a janela, Theo fez o mesmo com a que carregava. Pensei que ele sairia correndo, todavia ele parou e examinou todo o recinto.  — Algum problema?

— Devia ter me pedido ajuda, Bárbara, disse que podia me ligar quando precisasse.  — foi direto, seu olhar ainda perdido na minha penteadeira.

— Theo, não foi nada demais, sério. Não tinha necessidade de alguém me escoltar.  — cruzei os braços e soltei mais do que pretendia: — E sem chances de eu te pedir ajuda, se você está me tratando como se eu fosse uma doença venérea.

— Como é?  — ele riu e deu um passo.  — Suas comparações são horríveis.

— Mas é a verdade, não negue. Até parece que eu vou te atacar a qualquer momento, isso me irrita. E ainda tem o lance de não ficarmos sozinhos.  — meu rosto esquentou repentinamente.

— Estamos sozinhos agora.  — atentou e minha vergonha aumentou.

— Meu Deus, o quarto dos meus pais é do lado.  — falei com repulsa.  — E não que vamos fazer alguma coisa, porque não vamos.  — senti que estava meio afoita.  — Olha, sei que me quer longe, mas não precisa agir como um cretino.

— O que quer eu faça, então?

— Sei lá, só não seja grosso ou babaca. Você não faz esse tipo de pessoa.  — dei de ombros, ele se aproximou por inteiro. Seu tamanho me cobrindo facilmente, ofeguei instantaneamente.  — Podemos ser amigos, Theo, nada vai acontecer se não quisermos.

— Esse é o impasse, Bárbara.  — lentamente ele retirou meu cabelo do rosto e o jogou para trás, os dedos escorregaram até em torno do meu pescoço. Nesse ínterim, o quarto pareceu incendiar e meu corpo abrandar.  — Eu quero. Quero muito.

Meu peito fatigado subia e descia, o toque me mantendo imobilizada, seu olhar em meus lábios carentes, os dedos estirados com sensação de dormência.

— É por isso que eu não posso, nem em pensamentos, estar com você.  — sua boca quase tocava a minha, podia sentir a respiração dele, Theo também sentia os efeitos daquela propinquidade.  — Você precisa me ajudar, Bárbara.

— Como, Theo? Isso não é algo que eu possa controlar.  — sussurrei com medo de a qualquer momento alguém surgir na porta.

— Vamos começar não questionando os motivos um do outro. Também não me peça para ficar por perto, eu ainda não entendo bem essa coisa e isso me amedronta.

— Tem medo de mim?  — perguntei descontraída.

— Não, tenho medo do que posso fazer quando estou contigo.  — a pressão dos dedos aumentou em meu pescoço.  — Ser amigos não vai funcionar.

— E se eu precisar de você?  — repeti sua fala.

— Acho que posso abrir uma exceção.  — sorriu minimamente, recuei até não estarmos mais conectados.

— Tudo bem.  — anui.  — Então é melhor descermos logo ou vai começar a ficar estranho.

— É, vai mesmo.  — ele gesticulou para que eu fosse na frente.

Dei alguns passos até ser parada pela mão de Theo em meu pulso. Logo seu peito grudava em minhas costas e toda a lucidez ganha segundos antes, evaporou.

— Bárbara, — caramba, como eu amava quando ele chamava meu nome. Os lábios estavam entre os meus fios escuros, provocando uma contração desconhecida no pé da barriga.  — desculpe por ser um idiota.

— Nós dois somos idiotas, Theo, portanto está desculpado.

Me desvencilhei a contragosto, meu corpo implorando para intensificasse mais o contato prazeroso. Mantive distancia até estarmos na cozinha, Gus e Sid provavelmente nem notaram meu semblante assustado e hesitante. Será que eles tinham noção de que algo estava errado? Será que alguém sequer notou?

Mamãe costumava dizer que não havia nada que pudesse ser escondido, em algum momento tudo viria à tona. Entretanto, Theo e eu conseguimos omitir muito bem o lapso que estávamos cometendo.


Notas Finais


Qualquer coisa falem comigo, estou reativando minha ask, pois estou enjoada do twitter, então apareçam por lá, bbs: https://ask.fm/natymooreira // ou se ainda quiserem me ver pelo tt: https://twiter.com/tokyoghouxl
Beijos e até sexta <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...