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História Infame - Dia 18 - Faça o que você quer fazer.


Escrita por: natymoreira

Capítulo 18 - Dia 18 - Faça o que você quer fazer.


Dia 18 — Faça o que você quer fazer.

‘’Ferida está a moralidade
Desprovida de adeptos e apoiada por covardes
É tudo relativo. Não se sabe discernir
entre o certo e o errado’’.

Junio Cruz.

 

Praticamente congelei ao ver Theo no dia seguinte na igreja. Ainda consegui escapar pela manhã, alegando aos meus pais que estava com dor de cabeça, mas á noite a desculpa não funcionou. Obrigada, eu fui. Não sei quantas vezes refiz o rabo-de-cavalo em meu cabelo e puxei a barra do vestido para baixo.

Passei todo o trajeto inquieta no banco de trás, meu corpo parecia eletrizado, formigações nervosas me percorriam. Suspirei pesarosamente algumas vezes, até que finalmente paramos e eu me vi em estado robótico. Saltei do carro, mamãe comentou alguma coisa, eu apenas anui. Outra ajeitada no vestido antes de alcançar os portões. Minha garganta secou e eu pigarreei, apertando a Bíblia em meu peito. Céus, eu me sentia péssima por estar agindo daquela forma.

Não precisou procurar muito para encontrá-lo. Theo era uma presença notável e os meus olhos viciados o captaram como se fosse imã. Quase pior que a sensação sufocante de vê-lo, era Nathan também estar lá, conversando no mesmo grupinho que Theo, embora um ignorasse o outro. Senti-me mal na mesma hora por ter, simplesmente, o abandonado na noite anterior.

E foi pensando nisso que eu pensei em Theo e com isso me lembrei do nosso momento magnífico. Não que eu devesse satisfações a Nathan, mas eu detestaria que meu amigo me largasse em meio a uma festa. Assim, eu permaneci cabisbaixa, fingindo que minha sandália era mais interessante. Meu objetivo era ficar o mais invisível possível.

O plano deu certo até que Estela, da rodinha de pessoas que eu queria evitar, me chamasse em alto e bom som:

— Babi, vem aqui um pouquinho.  — ela gesticulou para que eu me aproximasse.

Busquei uma desculpa para recuar, mas eu havia prometido agir naturalmente e que, aparentemente, Theo não me afetava em nada. Assim, eu fui até os meus colegas; suspirando e comprimindo os lábios com uma força exagerada.

— E ai, pessoal.  — timidamente cumprimentei.  — Quais as novidades?

— Lucas veio nos apressar com os preparativos para as peças de Natal.  — adiantou Gus.  — Que bom que estamos finalizando nossa parte.

— Verdade.  — Theo e eu dissemos uníssono. O olhei de esgueira, engolindo o seco.

— Que bom pra vocês. Estamos tendo um pouco de trabalho com as crianças.  — Mari lamentou.  — Sorte que essas peças estão chegando.

— Verdade.  — novamente falamos juntos. Desta vez atraímos os olhares a nossa volta. Mari desviou de mim para Theo e por último, Estela. Os risinhos de graça me encabularam. Afastando a minha sensação de tensão, ouvi Nathan comentar:

— Então, quem será o próximo a dar uma festa?

— Eu não sei, só sei que estou cansada de festas, pretendo não ir a uma por um tempo.  — respondi.

— Você pareceu se divertir ontem á noite.  — Theo alfinetou de um jeito simples, como se informasse as horas. Meu coração deu um salto. Por que ele queria me constranger?

— Eu me diverti, mas não quero mais fazer isso agora.  — repliquei sem gaguejar, porém em compensação as pernas tremiam. Intimamente ele entendeu a ênfase, já que sorriu rapidamente.

Por alguns segundos fiquei contente por possuirmos um segredinho. Tão sujo que eu me regalava ao imaginar a reação das pessoas se soubessem. Contudo, ao capturar de relance uma figura se achegar até nós, qualquer fissura de alegria dissipou-se.

— Espero que você também tenha se divertido, Theo.  — pronunciei antes de assistir Camila o enlaçar pelo braço.

— Pode ter certeza de que foi muito... prazeroso.  — ele ergueu a sobrancelha e diminuiu o tom na última palavra.

Tentei disfarçar a euforia que me tomava, misturada ao pico de incomodo por ter Camila presente. Droga, esse tipo de coisa era tudo o que eu não queria nem sabia lidar.

— E você, Nathan, vai se mudar para nossa igreja? Já tem vindo mais vezes aqui do que posso contar nos dedos.  — Theo provocou. Mudando tão ligeiro de assunto, que me pegou desprevenida. Á todos nós, na verdade.

— Gosto daqui, gosto das pessoas também.  — Nathan me olhou e balançou os ombros. Parecia dizer a primeira coisa que lhe vinda á cabeça.  — Talvez eu venha mesmo para cá.

— Não pode ficar aqui só por gostar de alguém. Aliás, não é tão fácil assim mudar de igreja.  — protestou Theo, visivelmente odiando a ideia.

— Eu sei das formalidades, Theo, não se preocupe. — Nathan praguejou, ainda que mantivesse certa descontração, senti sua impaciência e nervosismo.

Então Camila soltou uma risadinha forçada, enquanto permanecíamos os seis sérios.

— Eu acho melhor a gente sentar, o culto já vai começar, de qualquer forma.  — ela sugeriu, mexendo no cabelo, depois meio que puxou Theo pelo pulso.

— Sim, é melhor.  — Theo concordou. O vi umedecer os lábios e dar as costas para nós.

E o bando se desfez. Depressa, eu me afastei para me juntar a meus pais, sem dar espaço para qualquer possível proposta de Nathan. Fiquei tão apreensiva que tremi o culto inteiro. Mas do quê eu estava com medo? Ninguém sabia o que aconteceu alem de mim e Theo, e só saberiam se nós dois quiséssemos. O que não iria rolar de jeito algum. Primeiro porque eu não sei se suportaria os julgamentos e, segundo que eu não precisava ficar falando sobre quem me tocava.

Perguntei-me se Theo contaria á alguém, se gabaria a um amigo ou tinha o mesmo receio que eu. Quer dizer, aquilo não era algo que se dizia a qualquer um, a situação era complicada. Embora parecesse simples quando estávamos juntos, quando sua boca estava na minha...

Caramba, no fundo eu o queria para mim nem que fosse por um misero dia. Poder desfrutar de tudo o que Theo podia me oferecer, sem preocupações, medo e restrições. Só que até ponde chegaríamos? Pensar em dar aquele passo com Theo me causava uma euforia e terror ao mesmo tempo.

Eu nem devia cogitar a ideia, soava errada mesmo que Theo não fosse comprometido. Mas ele não queria aquilo, queria? Eu queria? Deus, fazer sexo com Theo precisava ficar fora de questão. Mas não era para isso que estávamos caminhando? O jeito que ele me tocara não foi tão intimo quando uma relação carnal? Não, definitivamente, não íamos passar dos beijos. Mesmo o desejando tanto, não permitiria que esse barco chegasse ao porto; sem contar que pelos dogmas religiosos ter qualquer contato á mais antes do casamento era pecado. Portanto, eu estava bem ferrada.

Contudo, eu sei que o meu problema poderia ser resolvido logo e de modo fácil: eu tinha que me afastar do pecado. Mesmo o pecado beijando maravilhosamente bem.

Eu só teria que pôr a razão para funcionar.



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