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História Inferno em Nova York - Fillie Fanfic - Oceanos


Escrita por: staddiction

Notas do Autor


Boa noite.

Este capítulo foi muito difícil de ser escrito. Eu chorei. Peço que vocês comecem a ler junto com a música (Ouça Oceans  - Seafret).

Eu coloquei meus mais sinceros sentimentos pra escrever isso e pensei e repensei mil vezes se eu deveria fazer isso. Se deveria terminar assim...Mas como eu sempre disse pra vocês, gosto de fugir do clichê. Gosto de surpreender. Mesmo que seja de uma forma difícil e dolorosa.

Este capítulo é em homenagem a pessoas como Noah e Jack. Pessoas que se amam mas tem que pagar um preço caro, doloroso e humilhante porque escolheram amar de uma forma "diferente" da habitual. Esse capítulo é uma homenagem a todos que morrem por amor. Sofrem por amor. Neste exato momento, existem crimes homofobicos sendo realizados. Pessoas sendo xingadas. Pessoas se matando porque não são aceitas. Pensem em suas palavras e atitudes. Ninguém merece sofrer por falta de empatia e compreensão. Ninguém merece morrer por falta de respeito. Ninguém merece o fim do Noah nessa história.

Celebre o amor. Celebre a vida. De valor no hoje. Diga que ama, agora. Porque amanhã, pode ser tarde demais.

Capítulo 51 - Oceanos


[JACK NARRANDO]

(Ouça Oceans  - Seafret durante essa cena)







A voz de Noah desaparece atrás de um barulho estridente que faz todos se assustarem. 

Vejo todos se abaixando, desesperados com algo que eu ainda não consegui identificar. Volto meu olhar ao meu noivo, em questão de milésimos de segundos eu penetro seus olhos claros que perdem o brilho em um instante. As pupilas de Noah se dilatam lentamente. Trêmulo, ele tenta exprimir algo mas não consegue. Eu não ouço mais nada além do eco do que parecia um tiro.

Desço meu olhar até o peito dele, onde sua camiseta branca se torna vermelha devagar por causa do sangue. Noah cai de joelhos na minha frente. Meu coração para por milésimos de segundos.

Minhas mãos falham ao segura-lo. Eu caio junto com ele, buscando acolher seu corpo ensanguentado. Passo as mãos desesperadamente pelas costas dele, onde identifico um buraco. Meu rosto queima, meu coração acelerado está prestes a arrombar meu peito; eu grito desesperado.

― Meu amor, meu amor, fica comigo ― imploro segurando seu rosto que está completamente petrificado.

Eu perco a noção do que está acontecendo. Apenas consigo olhar para ele, ali nos meus braços, perdendo o ar lentamente.

A sensação que eu tenho é de que estou me afogando num oceano e não consigo salvá-lo; impotente. Fraco. Desesperado. Eu queria sentir a dor dele; eu queria que fosse eu. Noah chora nos meus braços e abre a boca lentamente. Ele aperta minha mão, exprimindo o máximo de força que consegue.

Seguro o rosto dele com as minhas mãos sujas pelo seu sangue.

― Fica tranquilo amor, vai ficar tudo bem ― ele diz buscando o ar.

Noah respira e seu corpo amolece. A expressão dele se torna neutra. Eu me inclino para beijá-lo, a fim de tentar reanimar seu corpo de alguma forma, meus dedos acariciam seus cabelos castanhos e sua pele branca. Meu anjo não pode estar morrendo.

― Fica aqui comigo, meu bem, nós temos que levar as crianças pra escola e tomar café da manhã na cama igual você falou lá na Grécia - lembro-me chorando; as nossas juras de amor pareciam estar de fato se eternizando na minha frente.

Aos 21 anos, Noah luta para se manter vivo bem ali.

Eu quero você, sim, eu quero você. E nada chega perto da maneira que eu preciso de você. Eu desejo que eu posso sentir a sua pele e eu quero você.

Meu corpo todo entra em colapso. Ele está morrendo, diante dos meus olhos, seus lábios vão perdendo a cor vagarosamente e suas pálpebras vão caindo, desistindo de se manter rígidas perante a dor que deve tomar conta da existência dele nesse momento. As lágrimas descem queimando meu rosto.

― Por favor, Noah  eu imploro antes que ele respire fundo mais uma vez.

Ele sibila um “eu te amo" fraco. Sua voz é tão suave que ninguém escuta, apenas eu. Segundos passam como se fossem horas por aqui. Nesse momento tudo é um borrão. Os olhos claros dele estão sem emoção agora. Meu peito se aperta. Eu tento alcançar sua mão mas agora já estou longe. Em questão de segundos, sinto os pais dele nos alcançando, tentando levantar o próprio filho. Minha mãe me puxa para que eu o solte de vez e eu grito desesperado.

― Por favor, não faça isso  berro implorando misericórdia para que ele não me deixe.

Meu pai me levanta colocando força, Finn ajuda meu sogro a carregar meu noivo. Ouço barulho de uma sirene de ambulância chegando; a movimentação brusca das pessoas me faz ficar tonto. Ao fundo, Cole jogado no chão com o primo de Noah apontado um revólver para sua cabeça.

― Desgraçado!  grito quando percebo que ele foi o autor daquela tragédia.

Meu pai me segura com força me jogando no chão.

― Filho, calma, vai ficar tudo bem  ele diz me prendendo contra o gramado.

Eu agarro a grama com as mãos, com o corpo doendo de tanta tensão e a cabeça explodindo querendo acolher Noah. Pressiono meus olhos e apenas escuto os barulhos. Levanto a cabeça para ver o que está acontecendo.

― Leva ele, rápido, pelo amor de Deus ― a mãe de Noah pede aos paramédicos que acolhem meu noivo rapidamente.

A polícia chega ao local.

Quatro homens uniformizados agarram Cole do chão e o colocam no camburão. É a última cena que meus olhos captam. Eu desmaio ali mesmo, com o coração fumegante e a garganta entalada de tanto desespero.



Parece que há oceanos
Entre você e eu, mais uma vez. Eu quero você e sempre vou querer.




[FINN NARRANDO]

Noah Schnapp está morto.



Dois dias depois, seu corpo foi velado na presença de seus familiares, amigos e admiradores, todos chocados e ainda sem acreditar no que havia acontecido naquela tarde do dia quatorze de dezembro. Jack não suportou a dor da perda e não conseguiu nem ir ao enterro do próprio noivo. Rosie, a avó de Noah, chorava sem parar, abraçada a filha. As tias do rapaz não conseguiram pronunciar nenhuma palavra, assim como seu pai e irmã. Millie, sentada ao meu lado com os olhos inchados por ter chorado por dois dias seguidos, apertava a minha mão tentando aguentar a dor. Algumas lágrimas caíram no meu colo quando abaixei a cabeça para rezar, dando um último adeus.

Joguei uma rosa branca sobre o caixão de Noah antes que ele descesse para o fundo da terra a nossa frente. Uma bandeira dos Estados Unidos havia sido colocada ali em cima da madeira, assim como a camiseta que ele usava pra jogar no time amado. Todos os jogadores do Brooklyn Nets estavam ali, vestidos com seus uniformes pretos, de luto. Os técnicos, paramédicos do time, alguns executivos de Columbia e o diretor da faculdade também vieram se despedir. Iris chorava abraçada a Jaeden, assim como algumas pessoas da faculdade que apesar de não serem próximas a Noah, souberam do ocorrido e se sensibilizaram.

Mike, adormecido no colo de Millie, era o único que permanecia calmo e indiferente ali.

O resto de nós estávamos acometidos pela dor.

Cole Heingmann foi preso na mesma tarde em que disparou um tiro nas costas do antigo amigo de time. Sua sentença foi definida rapidamente por se tratar de um crime passional. Ele confessou ter agredido e matado o amigo por não aceitar que ele se casasse com outro homem.

Sim, Cole nunca teve a mesma coragem que Noah teve de se assumir. Preferiu fazer do antigo amigo uma vítima do que dizer ao mundo o que ele sentia sobre outros caras. Ele era prisioneiro de sua própria mente. Ele era seu próprio escravo e agora, vai conviver para sempre com o remorso de ter tirado a vida de uma pessoa que só queria amar e ser amado.

Eu me levanto para dizer algumas palavras em honra a Noah. Me posiciono ao lado de seus pais e Chloe, que choram desamparados.

― Noah Schnapp deixou seu legado. Ele nos ensinou que o amor é a melhor saída. Nos ensinou que o perdão pode custar caro mas que vale a pena pagar para se sentir limpo. Noah se foi deixando todos nós com um peso enorme nas costas. O peso de ter a plena convicção de que essa história se repete milhares de vezes por dia.  Vários morrem como ele morreu. Vários apanham, são humilhados, são julgados e maltratados pelo simples fato de amar alguém que a sociedade não determinou. ― As minhas palavras fazem uma lágrima escorrer pela minha bochecha ― A vida é injusta e indecente.

O silêncio predomina depois que fecho minha boca. O caixão desce até o fim do túmulo e as pessoas começam a se levantar ainda chorando.

Columbia entrou de luto por três dias pela perda do estudante. O time do coração de Noah, onde ele teve a honra de trabalhar nos últimos meses, o homenageou durante um jogo transmitido pela televisão. O caso teve uma repercussão absurda por conta do motivo torpe da morte do garoto: a homofobia.


[MILLIE NARRANDO]

― Eu ainda não posso acreditar que isso aconteceu  Jack choraminga no meu colo.

Após um mês do ocorrido, Jack chorava todos os dias, inconformado.

― Ele está olhando por nós agora, Jack ― repito sempre a mesma frase para acalmá-lo.

Ele balança a cabeça, soluçando de tanto chorar, passa os dedos pelo anel que ganhou de Noah na Grécia e suspira.

― Eu vou voltar para a Califórnia, Mills. Já conversei com meus pais sobre isso.

— Você tem certeza?

Ele agita a cabeça confirmando.

— Talvez seja melhor para mim. Me afastar daqui, sabe, respirar novos ares. Tudo em Nova York me lembra o Noah e sempre vai lembrar. O fato de Cole apodrecer na prisão não me conforta de jeito nenhum porque isso não traz meu Noah de volta. Minha vida perdeu o sentido.

Ele respira fundo e eu permaneço em silêncio. Não tenho palavras boas o bastante para confortá-lo nesse momento.

— Quando o bebê de vocês nascer, eu venho visitá-los. Me dê notícias sempre, promete? — ele pede passando a mão pela minha barriga que já dá sinal de existência ali.

— Prometemos — afirmo colocando a minha mão em cima da dele.

Jack se levanta e me dá um beijo na testa, parte em direção a porta deixando-me sentada sozinha no sofá da sala de casa.

Me acomodo no sofá junto a Mike que está adormecido e acabo caindo no sono.

[...]

— Noah? O que está fazendo aqui? — o interrogo assim que percebo sua presença atrás de mim.

A expressão dele é doce e suave neste momento. Com os cabelos penteados para trás, igualzinho como estava no dia de sua morte, ele se aproxima de mim sorrindo.

— Eu quero que vocês todos fiquem em paz por mim —  Noah diz calmo e terno.

Ele alisa minha barriga e abre um enorme sorriso.

— Eu estou bem e quero que vocês sigam suas vidas, principalmente Jack. Cuida dele por mim? — ele pede enquanto sua figura começa a desaparecer devagarinho.

Passo minhas mãos pelo ar buscando tocá-lo, mas o garoto some como fumaça.

— Noah? Noah! — grito me levantando bruscamente.



— Você está bem? —  Finn pergunta colocando as mãos nas minhas costas.

Respiro rápido, ofegante, tento abrir a boca para falar o que aconteceu mas não consigo.

— Espera, — Finn diz se levantando rapidamente — vou pegar um copo com água.

Ele dá passos largos até a cozinha e enche um copo de vidro com o liquido gelado.

— Obrigada — agradeço após tomar vários goles rapidamente.

Ele me fita com o semblante confuso.

— O que houve? — pergunta finalmente.

Eu choro.

— Onde está o Mike?

— Na cama. Já o coloquei para dormir — ele afirma. Uma lágrima escorre até a linha do meu queixo.

Finn a apara antes que caia sobre meu colo.

— Eu sonhei com Noah. Ele estava tão bonito, e estava calmo e disse pra gente prosseguir e pediu para que cuidássemos de Jack — revelei fazendo Finn franzir os lábios.

— Que coisa linda, Mills — ele disse por fim.

Finn segurou meu queixo e deu um beijo na minha testa.

— Meu amor, não fique triste. Pensa na nossa família agora. Tudo o que você sente, afeta nosso bebê. Eu tô com um emprego bacana, a banda tá indo super bem, eu tô terminando o curso da faculdade, meu pai tá ganhando bem com o acampamento, você ficará de repouso até o nosso filho nascer...Nós vamos nos casar, Mills. Temos que seguir em frente, por mais que tudo isso nos machuque. Me prometa que vai se esforçar para ficar bem?

Eu balanço a cabeça confirmando seu pedido.

— Eu prometo — esforço-me para liberar um sorriso.

Me aninho junto ao corpo de Finn que agora liga a televisão prestes a escolher um filme bobo para que nós dois vejamos juntos.



Chega uma hora das nossas vidas em que temos que deixar de viver no passado e avançar rumo ao futuro. E foi assim que aconteceu com todos nós. A cicatriz deixada pela morte do Scnapp estará sempre sempre presente, entretanto, estamos vivos, envelhecendo, nossas células morrendo e se renovando a cada dia; os ponteiros do relógio rodam rápido, levando nosso tempo embora.

O futuro tem seu charme.

Finn e eu nos casamos quatro meses depois.

Numa pequena e singela reunião de família, trocamos alianças na igreja, com a minha barriga explodindo de grande. A noite de sábado do dia quinze de maio se eternizou em nossas vidas.

Um vestido branco e delicado cobria meu corpo, agora completamente mudado pelos hormônios. Nos bancos da capela, meus pais, que vieram de longe, meus irmãos, Eric, Joanna, Carly, Iris junto a Jaeden, Sadie e mais algumas pessoas especiais nos assistiam celebrar nossa união.

― Eu te prometo, Millie, que serás feliz todos os dias da sua vida enquanto estiver comigo. Faça chuva ou faça sol, aconteça o que acontecer, eu prometo.

Me lembro de ter dado o mais puro sorriso aquele dia.

Eu nunca imaginei que aos vinte e dois anos, eu fosse me casar; grávida. Principalmente com o garoto sedutor que conheci no acampamento quando fiz dezesseis anos me aventurando sozinha pela primeira vez em outro país. Mas eu não me arrependo de nada.

Nova York mudou a minha vida, dentro de altos e baixos, como uma montanha russa maluca, e eu jamais vou me arrepender de nenhum segundo disso; Tive uma vida cheia de experiências.

A cada semana que se passava, eu sentia como se fosse explodir. Parecia que minha barriga era uma enorme melancia redonda e branca. Finn tocava violão todos os dias, cantando as composições que fez com a sua banda pro nosso bebê ficar calmo. Nós não fizemos exames de sexagem fetal. Queríamos receber uma surpresa quando o nosso fruto de amor nascesse.


Here she ever comes now now

she ever comes now now


A voz dele saía suave assim como os acordes da música do Nirvana que ele amava.


she ever comes now

Here she ever comes now now

she ever comes now now

she ever comes now


Finn sorria sem tirar os olhos da minha barriga enquanto eu tentava relaxar os ombros sentada na cama.


Oh oh, it look so good

she's made out of wood

just look and see



Notas Finais


Me desculpem por isso. Mas foi necessário. Eu queria causar uma reflexão. Quem me conhece, sabe, que isso pra mim é mais que uma fanfic. É mais que uma brincadeira pra alegrar o fandom. Isso aqui pra mim é paixão. Eu coloco muito amor no que escrevo. Essa história é mto especial pra mim e eu vou fazer o possível pra que todos leiam. Sendo fanfic ou não. É isso. Obrigada por acompanharem até aqui. Este é o penúltimo capítulo. Eu amo vocês.


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