História Innocence - Norminah - Chapter Three

Para Normani Kordei ser tratada de forma nitidamente diferenciada e muita das vezes acabar sendo maltratada verbal e fisicamente nunca foi um problema. Seus vinte  anos foram muito bem vividos e os próximos que estão por vir tendem a ser do mesmo jeito.

Ser uma autista proporciona à ela um outro modo de ver e viver a vida, uma outra perspectiva,  outras sensações. Imagine um mundo de cores vibrantes e pequenos detalhes que guardam belezas imensuráveis. Um mundo onde somos todos iguais, não há malícia e a paixão vem sempre em primeiro. Esse é seu mundo.  O qual ela tenta compartilhar com as pessoas ao seu redor por meio de sua doçura e inocência.

Normani, ou Mani, como prefere ser chamada, foi deixada por sua mãe na porta de um lar adotivo pouco tempo após seu nascimento. O motivo de ter sido abandonada ninguém nunca soube, quem dirá o paradeiro de sua mãe, mas estima-se que ela não havia condições de criar uma criança e que sumiu no mundo após o parto. Aos 7 meses de idade Mani foi adotada por Clara Jauregui, uma mulher simples e trabalhadora que na época estava na casa dos 40 anos e nunca conseguira engravidar. O milagre da gravidez só veio após a adoção de Normani, assim dando a ela uma linda irmãzinha dos olhos esverdeados, Lauren.

Lauren, mesmo  sendo mais nova por quase dois anos sempre cuidou de Normani, principalmente após o diagnostico que alegava a síndrome de sua irmã.

A síndrome de asperger é a manifestação mais leve do autismo, interferindo em apenas alguns aspectos do comportamento e personalidade, podendo vir a comprometer a capacidade de interação, mas isso varia de pessoa em pessoa. No caso de Normani ela desenvolveu sua fala muito bem mas é pouco comunicativa, falando só quando lhe convém. É normal o uso de palavras “difíceis” mesmo que ela não saiba o significado.

Sua paixão é pintar. A jovem é fascinada por todos os tipos de artes mas a pintura, para ela, é mais que pinceladas sobre uma superfície branca, é sua vida. Suas telas retratam a inocência captada por seus olhos. Seu amor  é tanto que pediu para fazer parte da Casa De Apoio Ao Autista só para participar das atividades, sendo a pintura sua favorita.

Há uma semana ela teve a sorte, ou não, de esbarrar com Dinah e derramou todas as suas tintas na mesma. Para alguns isso seria motivo de tristeza, afinal os seus materiais haviam sido arruinados, mas não para Mani. As cores combinavam tanto com Jane e sua camiseta que em sua mente aquela era sua mais bela pintura.

Hoje ela não teve a felicidade de esbarrar com alguém durante o trajeto e para sua infelicidade toda instituição havia parado. O motivo seria uma nova,  porém pouco conhecida por Normani, voluntária.

- Deve ser alguém importante para pararem tudo – Lauren comentou.

Em questão de minutos uma silhueta familiar adentrou o pátio principal onde todos os pacientes e funcionários estavam reunidos.

Ao longe avistou-a. Dinah Jane Knowless seria a mais nova Voluntária.