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História Innocence Is Not An Excuse - Revelações


Escrita por: dannypereira_

Capítulo 18 - Revelações


Noah passou a buscar o irmão todos os dias, na hora da entrada eu já não o via, pois o menino sempre chegava antes de mim. Era tão difícil vê-lo sem poder falar com ele e lembrando que um dia fomos melhores amigos, como me doía saber que tudo havia mudado, bom, algumas coisas eu estava feliz por terem mudado. 

Confesso que tinha muito medo da Sra. Harter ir buscar o Harry e me ver, com certeza ela trocaria o menino de escola ou faria eu ser demitida, pois se ela não queria que eu me aproximasse do Noah, com certeza isso valia pro Harry também, pior que eu gosto daquele pestinha e ele também gosta muito de mim.

Era por volta de 14h00 quando aquele diabinho foi até onde eu estava, estava bufando de tão bravo. Sem nem me olhar, ele sentou em uma cadeira que tinha ali.

-Veio cedo hoje. -Brinquei.

Harry apenas me olhou seriamente, me fazendo ver que ele não estava com vontade de brincar. 

-Me conta, o que aconteceu dessa vez. -Pedi ao me sentar em uma cadeira ao lado dele.

-A turma estava fazendo bagunça, ai a professora disse ´´não quero ouvir mais um piu´´ e eu falei ´´piu, piu´´, e então ela disse ´´saia, Harry´´, dá para acreditar nisso? O que eu fiz de errado?

-Bom… Acho que não era pra tanto, mas se ela falou que era para ficarem quietos, você devia obedecer. Me diga, por que não consegue se comportar?

Ele me olhou calmamente, seu olhar estava confuso, ficou um pouco em silêncio como se estivesse pensando no que eu lhe perguntara, e acho que estava mesmo.

-Eu não sei. -Respondeu com o olhar cabisbaixo. -Acha que eu sou um garoto mau?

-Hey, é claro que não. -Falei ao fazer menção para abraçá-lo. -Você é um ótimo garoto.

Ele esbanjou um imenso sorriso e me abraçou. Em seguida, voltou a ficar em silêncio e me olhou como se quisesse me dizer ou perguntar algo, e queria.

-O meu irmão me contou. 

Fiquei olhando - o sem entender do que ele estava falando, Harry aguardou que eu falasse algo, mas como isso não aconteceu, o garoto continuou:

-Noah me falou que a minha mãe não pode saber que somos amigos, não se preocupa porque eu não vou dizer nada. -Fez uma longa pausa. -Hã… Ele também me disse que isso é porque você… você foi presa, só que o mano não quis me dizer o motivo. -Fez mais uma pausa, porém dessa vez curta. -Mia, por que você foi presa?

Sua expressão estava confusa, não gostei de saber que Noah havia dito isso para ele, não queria que Harry soubesse. Pensei em mentir, tive medo de lhe dizer a verdade, mas olhando aqueles olhinhos tão pequenos e confusos, algo me disse que ele não ia me dedurar, onde já se viu um adulto confiar um segredo a uma criança? Mas nele eu confiava, eu não sei explicar o porquê, apenas confiava.

-Eu não fui uma criança boa, eu fiz coisas feias, muito feias, que eu não devia ter feito nunca.

-Que coisas? -Sua expressão continuava confusa.

-Sabe guardar segredo?

-Eu posso não ser bom em obedecer, mas segredo é comigo mesmo. -Falou convicto.

-Eu machuquei algumas crianças… Dois meninos… 

-Você bateu neles?

Baixei a cabeça ao perceber a inocência dele, e logo neguei num gesto com a cabeça. Harry me olhou aguardando que eu dissesse algo.

-Eu… Eu… Bom, eu toquei neles. Nas partes íntimas deles.

Harry me olhou surpreso e meio confuso. Não devia estar entendendo nada. Optei por omitir o fato de eu tê-los matado, achei que seria muita informação para aquele momento. Não queria que Harry tivesse medo de mim.

-Ah… Eu entendi… -Disse cabisbaixo. -Por quê?

-Não sei… -Fiz uma breve pausa. -Não, sei sim. Fizeram o mesmo comigo, Harry. Então eu queria machucá-los do mesmo jeito que haviam me machucado.

-Uma vez antes da minha mãe me levar pra casa dela, eu tive um tio que não era muito legal. Ele sempre me olhava estranho e me dava beijos babados, eu achava nojento, e um dia quando estávamos sozinhos, ele… Ele tocou em mim e me obrigou a tocar nele também, aí quando a minha tia chegou, eu contei pra ela.

Naquele momento eu descobri que Harry era adotado, não fazia ideia disso, acho que agora eu estava entendendo o motivo dele ter problemas comportamentais. Confesso que fiquei mal quando ele me contou sobre o tio, seus olhos se entristeceram rapidamente.

-E ela expulsou ele de casa?

-Que nada. Me deu um tapão no rosto e mandou eu nunca mais tocar no assunto pra não arrumar problemas pro meu tio. Aí eu me lembrei que a minha professora tinha dito que as pessoas não podem fazer isso com as crianças e que se acontecesse conosco, e ninguém acreditasse na gente, ela sempre acreditaria, então eu falei para ela e meus tios foram presos. Aí por não ter pais, eu fui para um abrigo, onde morei até ir pra minha atual casa.

-Você é um garoto muito esperto e corajoso, sabia? -O questionei após lhe fazer um pouco de cafuné.

Ele me olhou com um largo sorriso. Engraçado que mesmo após o que eu lhe contei ele não demonstrava medo de mim, como eu tive receio que acontecesse. Lhe devolvi o sorriso. Harry voltou a baixar a cabeça, ficou em silêncio por longos segundos, e então, me perguntou:

-Hã… Você quer fazer essas coisas comigo? O mesmo que você fez com os outros meninos.

Sua voz estava mansa e seu olhar possuía um certo receio, acho que teve medo do que eu fosse responder. Aquela pergunta dele também me causou um pouco de medo, medo da minha resposta, mesmo de querer. Pensei um pouco enquanto olhava-o. Aquilo era errado. Aquilo fez eu ser presa por 10 anos, tá, o fato de eu ter os matado contribuiu para a grande pena, mas dava quase na mesma coisa. Eu não sabia se queria ou não, um lado dizia que sim, que eu queria, mas o outro falava que não, que era errado, que eu não podia arruinar a minha vida de novo. Eu tinha que controlar as minhas vontades e eu sei que conseguiria. Tinha prometido para mim mesma que eu jamais voltaria a fazer tais brutalidades novamente, e eu ia cumprir mais essa promessa, custe o que custasse.

-Não, eu não quero, Harry. Eu nunca mais vou fazer isso com nenhuma criança. 

Ele nem esperou eu terminar de falar e seu sorriso já se fez presente novamente, e então, para minha surpresa, ele me abraçou bem forte. 

Nesse instante a professora de Harry apareceu e eu me afastei rapidamente dele. 

-Vamos, Harry? -Ela perguntou.

-Ah, não. Aqui está bem mais legal. -Ele disse ao nos arrancar uma risada.

O menino se despediu de mim com um lindo sorriso e então voltou para sua sala. Dei um sorriso bobo por saber que eu tinha feito a coisa certa, agora eu tinha a plena certeza de que tudo seria diferente.

Passei o resto da tarde com uma alegria sem tamanho, estava tão feliz. Mas eis que na hora da saída, pouco após o sinal tocar, eu a vejo, e o pior, ela me vê também.

 



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