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História Innocent Sinner - Intimacy


Escrita por: elusive

Notas do Autor


Eu acho que o título e a capa já spoilam uma das coisas mais importantes que vai acontecer nesse capítulo aqui, não é? Então preparem os corações, principalmente as Synáticas! huaha \o/
A cena inicial aqui é continuação do final do capítulo anterior, então vamos lá!

Capítulo 3 - Intimacy


Fanfic / Fanfiction Innocent Sinner - Intimacy

Hunter acompanhou Hetfield de volta ao carro e recebeu o pedido de que fosse até ele no dia seguinte. O velho tentou esconder dos olhos observadores as suas mãos trêmulas e sujas de sangue e Hunter tentou ignorar o que via e fingir que não notara. Ele partiu depois de meias palavras trocadas com a garota.

Brian aparecera por fim e estava debruçado sobre o balcão da cozinha matando a sede com uma cerveja barata.

— Como foi lá? — perguntou depois que Hunter voltou para dentro de casa e afundava os dedos nos cabelos escuros.

— Hetfield quase o matou com socos. Sanders parece ser prepotente e inflexível. Vai ser difícil lidar com ele.

— Você sabe como manipular as pessoas, Toni. Não deve ser tão difícil assim.

Ela agarrou uma cerveja na geladeira e se juntou ao companheiro.

— Manipulação psicológica não funciona em casos onde a pessoa não tem o que perder. Eu tenho dúvidas que ele tenha qualquer tipo de sentimento guardado. Não sei se vai dar para brincar com ele, Syn. — ela fez um beicinho.

— Nós damos um jeito. — ele sorriu e se esticou para beijá-la, mas acabou acertando sua bochecha. — Merda. O que foi agora?

— Eu preciso pensar no que vamos fazer. É minha obrigação.

— Caramba, não tem como parar de pensar nas suas obrigações por um minuto?

— Não, não tem. Isso é sério. — ela largou a latinha na bancada perdendo a vontade de beber.

— E eu não sou? — questionou. — Toni, faz semanas que nós mal nos tocamos. Eu sinto saudades de você, sabia? Desde que começou a trabalhar nesse caso você está assim, distante, me evitando...

— Não estou te evitando por causa do trabalho, Brian. — ela seguiu para o quarto com ele ao seu encalço. — Não se faça de carente, eu sei o que você tem feito.

— O que quer dizer?

Ela abriu o armário embutido onde, mais do que roupas, ela guardava seus equipamentos de trabalho. Uma coleção de armas e facas, soqueiras, silenciadores, caixas de munição, algemas, cordas, seringas, drogas injetáveis, fitas adesivas e outros acessórios diversos. Tirou uma mala preta onde guardava o dinheiro e puxou da cintura o pagamento recebido. Só se voltou para o companheiro depois de guardar tudo calmamente.

— Brian, querido, você deveria saber que não se esconde nada de alguém como eu. — ela sorriu de seu jeito icônico e ácido. — Não deveria estar se sentindo tão sozinho, afinal, você tem gasto o meu dinheiro com prostitutas baratas.

— Toni, eu não...

— Ah, por favor. — cortou-o. — Eu não sou sua namoradinha. Você estava acostumado a trair suas garotas, mas isso não vai acontecer comigo. Primeiro: você trabalha para mim e eu sou sua chefa. Segundo: se você está comigo, então você não deve mentir para mim. Muito menos quando se trata de onde você está enfiando o seu pênis.

Ele não conseguiu conter o sorrisinho que se formou no canto de seus lábios finos.

— Como você descobriu?

— Não faça perguntas idiotas.

— Foi uma única vez. — tentou se desculpar. — Eu juro para você. Eu tentei me satisfazer porque você não está me dando atenção, você está me deixando louco! E eu me arrependo tanto... Me arrependo porque eu percebi que... Porra Toni, eu acho que tenho sentimentos por você! E eu não sei que tipo de relacionamento nós temos, mas nada é igual ao que a gente faz juntos.

Ela revirou os olhos e deu as costas. Ele agarrou-a pela cintura antes que saísse do quarto.

— Toni... — ele sussurrou com um sorriso sorrateiro. — Você sabe que estou falando a verdade.

— Você é nojento, Brian.

— Não é isso o que eu ouço quando você está rebolando em cima de mim.

Your greedy eyes upon me

And then I come undone

Ela segurou o olhar dele tentando ao máximo se manter séria e impassível, mas foi impossível não sorrir. Ele sabia como ser irritantemente tentador de uma forma que nenhum homem nunca havia conseguido. Antes de Brian Haner – ou como ele mesmo preferia se chamar: Synyster Gates – ela nunca tivera um parceiro fixo. Ainda assim, eles não eram exatamente namorados. Hunter se recusava a usar aquela definição para o que, segundo ela, era um relacionamento compromissado apenas no profissional e no sexo. Mas, desde o dia em que ele apareceu em sua vida, ela sabia que aquele cara extrairia o pior dela – ou o melhor, dependendo do ponto de vista. Brian definitivamente sentia o mesmo. Algo muito intenso e sincero acontecia com a química de seus corpos. Bastava um simples olhar para que ambos entrassem em combustão. A tensão sexual era altíssima, assim como a afeição que veio a crescer com o passar do tempo.

— Toni... — ele voltou a chamá-la com a voz baixa e melódica.

— Syn, eu preciso dar uma olhada no cara, ele está sangrando.

— Oh, eu sinto muito. — ironizou. — Mas desde quando você liga para as nossas vítimas?

Ela sorriu maliciosamente e esticou os braços em torno ao pescoço dele, afundando os dedos nos fios da nuca. Ele a puxou pela cintura e se curvou para beijar seu pescoço. Os lábios finos, ainda frios pela bebida gelada, causaram um leve arrepio ao tocar a quentura da pele dela. As mãos impacientes dele não esperaram mais nenhum minuto para despi-la. Debaixo da camiseta seus seios eram emoldurados por um gracioso sutiã vermelho de renda e abaixo da cintura ela vestia uma calcinha da mesma cor. Gates, adorando o que via, agarrou-a no colo e a levou para a cama. Sem delicadeza Hunter empurrou-o para o colchão e subiu sobre ele.

I get off on you

Getting off on me

— Hoje você não tem a menor capacidade de me dominar. — ela sussurrou no ouvido dele e mordiscou a orelha.

— Não se atreva a duvidar de mim.

Ela sorriu e arrancou-lhe a camiseta branca, deslizando os dedos finos pelo peito até chegarem ao botão do jeans. Ele a envolveu com os braços tatuados, mãos apertando sua cintura, brincando com o fecho do sutiã e subindo para a nuca. As bocas começavam a se envolver e as línguas se desejavam impacientemente. Ela afrouxou a calça dele e voltou com os dedos para o pescoço masculino. Pausou o beijo lascivo somente para recuperar o fôlego.

Ele adorava vê-la sem fôlego mordiscando o lábio inferior enquanto seu peito subia e descia. Gates liberou seus seios do lingerie e tomou-os imediatamente nas mãos. Umedeceu os lábios e sacudiu as pernas para se livrar da calça. Sentou-se com as costas coladas à cabeceira da cama enquanto segurava ela pela cintura com um braço. Ele queria uma maior aproximação dos corpos. Buscou enfiar seu rosto no pescoço dela e se embriagar com o perfume feminino. Os seios dela se prensaram contra o peito dele, as unhas aparadas da moça lhe arranhavam a nuca e as suas mãos desciam para o bumbum da companheira. Quando sentiu a quentura dela em seu próprio órgão, arrancou de vez sua calcinha e se libertou de sua boxer.

Voltaram a se beijar enquanto os dedos curiosos dele passeavam pela zona íntima da moça. Era inevitável: assim como ele, ela também já estava úmida de desejo. Todo o tempo que ficaram um sem o outro os obrigavam a pular o restante das preliminares, seus corpos careciam ardentemente um do outro. Brian não esperou pelo pedido, tomou o quadril dela e a penetrou lenta e profundamente até senti-la por completo.

Ela suspirou comprimindo os lábios e eles se olharam. Tinham quase os mesmos olhos escuros, com diferença de que as íris do rapaz conseguiam brilhar na luz e as dela sempre se pareciam com um pântano. Ele estava sério, os finos lábios úmidos e entreabertos, o olhar profundo carregado de desejo. Ela, por sua vez, agarrava-se a ele pela nuca e passeava com os dedos pelos cabelos. A sua boca pequena e delicada pedia para ser tomada e o quadril, começando a tomar controle, era impulsionado pelas mãos dele.

Ela rebolava seguindo a velocidade lenta e profunda, o pescoço esticado para trás e gemidos quase inaudíveis saindo da boca aberta. Eles sentiam os corpos voltando a se reconhecerem na intimidade. Gates agarrava as coxas dela e apertava a carne de suas nádegas com prazer, se deliciando com a maciez e suavidade da pele. Seu membro recebia os estímulos lentos que começavam a enlouquecê-lo. Ele sentia que precisava fazer seu peito vibrar com mais intensidade, precisava ouvi-la gritar sem pudores e doar-se completamente para ele. Gates sempre foi um apreciador de uma boa transa, mas reconhecia que mulher alguma o excitava tanto quanto Hunter.

Ele saiu de dentro dela apenas para, num movimento ágil, movê-la para a cama e postar-se por cima. Puxou as pernas dela para sua cintura e voltou a penetrar, desta vez sem delicadeza. Ouviu uma reclamação deliciosa soar no seu ouvido, o que lhe ativou o gatilho escondido. Era aquilo. Seu corpo queria mais.

Give you what you want

Aumentou a velocidade e sentiu o sangue correr com mais vigor. Mordeu os lábios, se apoiou no colchão em um dos cotovelos e tomou os cabelos dela em outra mão. Cravou os olhos na parceira e foi incapaz de fechar as próprias pálpebras mesmo quando o prazer começava a inundar seu peito.

Ela dava início ao contorcionismo erótico, prensava os lábios para que se mantivessem silenciosos e as mãos se agarravam ao lençol. Hunter sentia o olhar dele alimentando-se nela, sentia o quadril começar a se mexer junto ao dele por puro êxtase. Ela sabia o que ele queria e sabia o que o faria gozar, mas estava guardando para que pudessem chegar juntos ao ápice.

Ele estava inquieto com o silêncio dela. Lambeu e chupou seu pescoço exposto e mordiscou a orelha enquanto sua pélvis tomava mais velocidade.

— Toni... — sussurrou com rouquidão no ouvido dela. — Por favor.

Ela se agarrou à nuca dele e sorriu mordendo a boca com força, tentando inutilmente se controlar.

— Será que você consegue me fazer gemer, Brian? — provocou-o murmurando.

— Ah, porra. — ele gemeu.

I know how to twist ya

To bring you to your knees

Ele rangeu os dentes e segurou-a com mais força pelos cabelos, o rosto ficou a centímetros do dela, a boca aberta esperando, os olhos se esforçando para continuarem abertos e o quadril forçando cada vez mais, provocando sons sexuais entre os corpos colados.

Ela cedeu, por fim, sem conseguir dominar a onda que a tomou por inteira e fez suas costas arquearem e os dedos afundarem na pele dele. Deixou os gemidos soarem e progredirem até os barulhos mais animalescos de prazer. Ele seguiu-a com a satisfação de vê-la atingindo o clímax e se descontrolou com as contrações que seu membro recebia do órgão dela. Ele gemeu com a rouquidão masculina que tomou sua garganta e fechou os olhos quando seu corpo finalmente chegou ao orgasmo, relaxando-o.

Yeah I get off!

* * *

Às duas da madrugada Hunter já não conseguia dormir mais. Gates ainda permanecia largado e adormecido ao seu lado. O corpo nu e a bunda masculina descoberta a faziam querer sorrir. À sua esquerda ele ressonava de cansaço e parecia uma criatura completamente dócil e inocente. Ela quis beijá-lo com desejo, mas deixou-o dormindo e se levantou.

Caminhou até o banheiro para uma ducha rápida livrando-se do cheiro de suor e fluidos genitais. Vestiu uma calcinha limpa e jogou por cima do corpo um camisão largo de flanela xadrez. Abotoou descuidadamente e seguiu para a cozinha. Pelos seus cálculos seu prisioneiro estaria em jejum por mais de dezesseis horas – isso se ele tivesse recebido algum tipo de café da manhã na cadeia.

Abriu a geladeira e a encarou por um tempo. Gates a preenchera com bebidas e se esquecera da comida de verdade.

Desceu para o porão carregando uma bandeja com tudo o que conseguiu extrair de melhor da sua cozinha: um sanduíche quente de queijo derretido, uma garrafinha de água, uma cerveja gelada e um mini-muffin que provavelmente estava guardado há alguns dias, mas que ainda tinha cheiro de chocolate e não parecia mofado.

— Está acordado, princesa? — a voz de Hunter ecoou antes mesmo de a luz ser acesa.

Sanders apertou os olhos e piscou diversas vezes quando claridade branca o atingiu. O olho mais atingido era apenas uma fenda em meio ao calombo que se tornaram suas pálpebras.

— Que horas são? — sua voz estava fraca e rouca.

— Pouco mais das duas da manhã. Vim lhe trazer um lanche atrasado.

Ela largou a bandeja na mesa e a empurrou para frente do homem. Só então ele notou que a mesa de metal tinha rodinhas e mais parecia como uma bizarra maca de hospital psiquiátrico.

— Olhe só, até mesmo lhe trouxe uma cerveja. — ela balançou a bebida na frente dos olhos dele. — Mas você precisa se comportar. Eu vou te soltar por alguns minutos e você precisa ser um bom garoto, está bem? Promete que não vai fazer nenhuma merda?

Ele sorriu com o canto da boca e franziu o cenho assim que sentiu a queimação no rosto por ter movido os músculos doloridos, mas manteve a ligeira excitação nos lábios. Ela só pode estar brincando, pensou.

Hunter desapareceu para trás das costas de Sanders. Na parede ao fundo buscou no armário de ferro um molho de chaves e uma pistola automática. Atarraxou um silenciador no cano e carregou-a com munição. Ele, com os ouvidos atentos, reconheceu os ruídos metálicos. Sentiu o toque frio do tubo de metal em sua nuca e foi incapaz de controlar o leve arrepio que lhe percorreu a espinha assim que houve o desarme do cão da pistola, deixando-a pronta para ser usada.

— Você vai se comportar como um bom garoto, Sanders? — ela sussurrou bem rente ao seu ouvido, os lábios quase lhe tocando a orelha.

— Como quiser. — murmurou de volta.

Ela deslizou uma chave para abrir as algemas e manteve o cano na nuca do rapaz. Ele suspirou ruidosamente, aliviado. Os braços doíam e pareciam fracos demais para que ele sequer pudesse usá-los contra a garota. Gemeu tentando movimentar e esticar os membros.

Ela voltou para seu campo de visão, a pistola não abaixava a guarda. Jogou o molho de chaves no colo dele e se debruçou sobre a mesa.

— Vou ser boazinha e deixar você esticar as pernas um pouco. Se fizer qualquer merda eu vou ser obrigada a te machucar um pouco mais.

Ele conseguiu ter uma bela visão do decote dela por trás dos botões abertos do camisão, mas não se demorou olhando e se curvou para tentar decifrar a chave que libertaria seus pés das algemas.

— Para quê o silenciador? — ele perguntou casualmente enquanto tentava não confundir as pequenas chaves que testava.

— Não queremos que meus vizinhos ouçam com muita clareza o belo estrondo de seus miolos explodindo, queremos? — ela sorria com o riso enviesado.

Ele levantou os olhos rapidamente.

— Eu estou na sua casa?

— Mas é claro. Você acha que eu montaria guarda vinte e quatro horas num armazém de beira de estrada ou algo do gênero?

Ele finalmente achou a chave correta. Livrou-se do metal e esticou as pernas também doloridas, largando o molho e as algemas na mesa à sua frente.

— E o que você estava fazendo lá em cima?

Ele a encarava e ela focava sua atenção na mira da arma com seu sorriso divertido no rosto. Tentava encontrar o ponto central, milimetricamente calculado, da testa dele.

— Andou transando? — ele provocou.

Ela ergueu uma das sobrancelhas escuras.

— Você ouviu?

— Não. — ele umedeceu os lábios secos e amargos. — Foi uma hipótese. Mas parece que acertei, não é?

Ela o ignorou e esticou a bandeja com a mão livre.

— Ele conseguiu te fazer gozar? — continuava encarando-a com malícia.

— Coma antes que eu decida enfiar tudo isso direto no seu cu. — ordenou com rispidez, encerrando a conversa.

* * *

Plantou-se de pé com sua Colt automática até que um Matthew faminto se satisfizesse com a refeição improvisada. Ele relaxou um pouco mais após a cerveja e seu meio-sorriso no canto machucado da boca parecia agradecê-la silenciosamente.

— Satisfeito?

— Quase.

— Bom, vamos te limpar agora. — ela continuou ignorando-o e finalmente desarmando a pistola, mas mantendo-a segura nas mãos. — Eu não gosto quando meus convidados começam a cheirar mal. Pode se despir, por favor?

— Woah. — fez ele se movendo na cadeira. — Você quer que eu fique nu?

— Mantenha a cueca, por favor.

Ele franziu o cenho com o canto do lábio erguido para cima e livrou-se dos sapatos, regata e calça com facilidade. Hunter não abaixou os olhos para o seu corpo tatuado por nenhum segundo. Parecia desinteressada até então – ou pelo menos sabia fingir indiferença.

— Siga ali para a banheira. — ela mexeu o dedo indicador apontando para trás.

Matthew obedeceu sem questionar a atitude estranha.

Pela primeira vez teve uma visão completa do porão. Era um salão bem largo e praticamente vazio se não fosse pelos velhos objetos na parede do fundo. Um armário retangular bastante enferrujado, uma banheira de ferro esmaltada que acusava, pela sujeira, ser bem antiga. Ele não esperou que ela ordenasse para sentar-se no fundo da banheira e esperar.

— Ótimo. Agora... — ela balançou as algemas e ele esticou as mãos obedientemente. — Bom garoto. — e deu uma piscadela travando a algema, desta vez atando as mãos na frente do corpo dele.

Hunter ligou a torneira que tremelicou e cuspiu uma água gelada nos pés do rapaz. Ele resmungou com a temperatura da água.

— Ah, eu sinto muito. — ela fingiu preocupação. — A água não chega morna aqui embaixo. Mas você não poderia esperar um tratamento vip, não é?

Ela voltou para o armário ao lado enquanto esperava o nível da água subir. Buscou alguns itens necessários e largou-os na cadeira de madeira esquecida ao lado da banheira.

— Vamos começar com esse olho aqui. Ficou bem feio. — ela analisou as feridas no rosto de Matthew enquanto ele começava a se encolher conforme a água tocava seu corpo. — O velho é bastante forte ainda.

— Por que está fazendo isso? — ele observava ela chacoalhar um vidro de água oxigenada e molhar um pedaço de algodão no remédio.

— Isso o quê? O sequestro? — ela passou o algodão com cuidado na fenda aberta da sua sobrancelha e ele fez uma careta quando o antisséptico tocou a ferida.

— Não. — respondeu depois da reclamação. — Cuidando de mim. Se vocês querem acabar comigo, não deveria me deixar apodrecer de vez?

— O quê? — ela perguntou como se não tivesse ouvido direito e não tirou a atenção da limpeza que fazia nos cortes dele. — Ah, não é dessa forma que eu trabalho. Hetfield está ciente disso. Bom, não posso negar que adoro uma boa tortura, sabe? Sou um pouco sádica, mas cada coisa tem seu momento. Você não pode morrer tão cedo, ainda vai ter que aguentar o punho do velho lhe espancando mais algumas vezes até que eles finalmente decidam o que vão fazer com você. Então o que vou fazer por enquanto é manter você vivo e capaz de suportar a raiva dele. Seria triste e desinteressante se você simplesmente morresse de fraqueza, não é mesmo?

— Por que disse eles? — fitava-a com atenção esperando que ela retribuísse o olhar.

Ela jogou o algodão sujo no chão, fechou o registro da torneira e buscou outro chumaço limpo, fazendo o mesmo processo de umedecer o algodão e limpar o sangue seco do rosto do rapaz.

— Tem mais alguém além de Hetfield, garota? — ele começava a ficar nervoso. A água gelada chegava até os ossos da costela abaixo do peito e fazia o restante do corpo se arrepiar.

— Hunter. — finalmente seus olhos encontraram os dele. — Eu lhe disse que era Hunter.

— Certo. Hunter. — estava curioso e impaciente. — Me diga, há mais alguém? Seriam os pais de Jimmy? — tentou.

— Não, não. Hetfield até tentou contatá-los, pedir para que fizessem parte desse plano de vingança, mas eles pareciam ser pessoas muito boas para isso. Não lhe perdoaram, é claro, mas não quiseram fazer parte disso. Por outro lado, você não deveria esperar o mesmo de... Ahn, como era mesmo o nome deles? — ponderou. — Ah, claro: Zacky e Johnny.

Ele se calou por um momento. Ela finalizou a limpeza com o antisséptico e agora tinha uma bucha macia e sabonete líquido nas mãos.

— Pronto para o banho? — ela sorriu.

— Não. — sua voz soou mais áspera que o comum, mas não estava respondendo à pergunta. — Espere. Zacky e Johnny estão nessa com Hetfield? Não é possível. Zacky me visitava na prisão e Johnny... ele deveria estar em Los Angeles.

— Ele te visitava mesmo? — ela riu. — Caramba, ele é mais cínico do que eu imaginava! — ela fez uma pausa. — Oh... você achou mesmo que nós havíamos mentido quando dissemos que Zachary nos mandou até lá para buscar você? Ah, Sanders... você é mesmo um fodido.

There's just so much goddamned weight on my shoulders

All I'm trying to do is live my motherfucking life

Ele não conseguiu falar mais nada nos minutos seguintes. Afogou-se em seus pensamentos e não se importou em quão ridícula era a sua situação no momento. Hunter, por outro lado, parecia se divertir esfregando costas, braços, axilas, pernas e pés. Ele nem mesmo se importou quando ela o enxaguou aparando a água num caneco velho e finalizou passando uma pomada antibiótica nas feridas para cicatrizarem mais rápido e pedindo para que ele urinasse na água, se estivesse com vontade.

— Ei. — ela chamou estalando os dedos para despertá-lo. — O que houve?

— Nada.

— Você está chateado em saber que seus amigos estão contra você? — ela ia guardando as coisas de volta no armário e voltou com uma trouxa de roupas e toalha. — Bom, é claro que eles querem te ferrar. Você matou o melhor amigo deles também. Por causa de seu ciúme doentio você cometeu o grande erro de assassinar não só a Jimmy, mas a todo um grupo de amigos. Eles não te perdoaram e, sinceramente, nunca o farão.

— Eu sei. — respondeu desanimado se levantando de supetão da banheira e deixando água e espuma caírem no chão. — E eles estão certos.

Ela o desalgemou mais uma vez para que ele pudesse se trocar e o entregou uma toalha grossa que cheirava a ferrugem e mofo. Ele enrolou-a na cintura e despiu a cueca molhada, já não se preocupado em atiçar a atenção da moça.

— Mas você está magoado. Você achava que podia contar com eles.

— Você não sabe de nada, garota. — rosnou.

— Ei, não seja um babaca. — ela jogou o conjunto de roupas para ele e voltou a empunhar a arma. — Não finja que não tem sentimentos. Você não é esse cara durão que parece ser. Você se odeia, Matthew.

You can say that you're above it, but you're always falling down

Ele ergueu os olhos para os dela depois de vestir uma camiseta branca extremamente larga. Ela não piscava. Estava séria e a escuridão dos olhos femininos por trás da cortina de cílios espessos parecia querer consumi-lo, analisá-lo. Ela tinha jogado aquelas palavras no ar esperando que ele gargalhasse ou fosse irônico, mas ele não o fez. Seu trabalho psicológico estava começando e parecia estar dando certo.

— Você se sente só. — continuou depois que o silêncio predominou. A voz era a única coisa que ecoava no recinto agora. — Ainda é aquele adolescente assustado e abandonado. Você sente falta de Jimmy, sente falta até mesmo daquela garota. E eu sei que você daria sua vida se pudesse trazê-los de volta.

— Você não sabe do que está falando.

— É muito ruim querer anestesiar a dor, não é? — ela manteve os olhos dele nos seus. — Depois de muitos anos seu peito parece duro, frio e vazio. Você se acostuma com a falta de calor, mas sabe que, no fundo, a solidão dói. A frieza é mais dolorosa que o próprio ódio, Sanders.

Ele sentiu algo estranho tomar-lhe a boca do estômago e engoliu uma poça de saliva que se formava debaixo da língua.

— Vista-se, por favor.

Ele se surpreendeu por ela ter lhe dado as costas como privacidade para deixar a toalha cair e terminar de se vestir. Voltou-se para ele pouco antes de o cós da calça de moletom cinza chegar à cintura.

— Melhor? — sorriu como se não tivesse acabado de filosofar intensamente sobre sentimentos. — Bom, já é bem tarde. Você vai voltar para a sua cadeira, ter uma bela e desconfortável noite de sono e amanhã nós nos vemos novamente. Só não espere pelo café da manhã.


Notas Finais


Faz um tempo que escrevi a cena de sexo lá do começo, mas mostrá-la a vocês me deixa ligeiramente envergonhada de novo! hauhah Eu espero que tenham apreciado ( ͡° ͜ʖ ͡°) uma dedicação especial para minha querida @juusynner que certamente deve ter ficado animadinha com o Brian nu! haushauh

As músicas desse capítulo foram: I Get Off do Halestorm e Jekyll and Hyde do Five Finger Death Punch <3
Espero que tenham gostado!
Nos vemos no próximo~~


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