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História (In)Sanity - Pressentimento


Escrita por: gontagirl

Notas do Autor


Um pequeno aviso! Nessa história, não sei se deu pra perceber, mas tem personagens originais heh. Então não se assustem se surgirem nomes de alunos que não estão na saga de DR!

Aliás, desculpa se esse capítulo parecer meio cansativo de ler... mas eu meio que preciso fazer essa introdução, futuramente saberão o porquê, mas acho que até lá vão saber.

Boa leitura!

Capítulo 2 - Pressentimento


  {Interferência} 

Como papel de antagonista, não seria uma surpresa ser odiada pelo público, telespectadores e pelos próprios personagens. Agora eu entendo o fardo que os atores carregam nas costas ao receber esse tipo de papel. É estar consciente de que as pessoas só irão se lembrar de você com pensamentos negativos, de ódio, amargura, repulso. Mesmo que o antagonista tenha em sua história um passado melancólico, torturador ou sufocante, a maioria das pessoas, naturalmente, apenas se apegará aos mocinhos. Claro, porque ser antagonista não é só ser mentalmente perturbado ou ter uma história infeliz, é realmente entrar no caminho dos protagonistas, atrapalhar, sabotar, infernizar... Não é surpresa que as pessoas continuem a odiar o personagem. 

De acordo com o meu caso, até quando eu simplesmente acordava para tomar café, significava que já havia me metido no caminho dos protagonistas. E significava que meu reconhecimento como “a mais odiada” estava começando a nascer. 

A vítima do gênero feminino frequentemente jogava na cara da outra vítima que no final das contas, essa última era a culpada. Que ela, mesmo que tenha participado dos momentos mais felizes de sua vida, conseguiu destruir tudo que a primeira construiu ou lutou em apenas uma noite. 

Óbvio que a outra vítima, do gênero masculino, ficava em posição de defesa e visivelmente magoado. E isso era apenas o início de uma discussão que durava pelo menos meia hora e depois começava a gritaria. A vítima do gênero feminino murmurava algumas palavras incompreensíveis, pegava suas coisas e saía da casa, batendo forte os pés.  

Já por outro lado, a vítima do gênero masculino conseguia ficar o dobro de sua raiva e descontava nos objetos mais próximos. Quebrando ou deformando qualquer coisa que aparecesse no seu caminho.  

O problema disso tudo, é que eu não tinha consciência que, nesse filme imprevisível, a antagonista era eu. Então sem ao menos questionar os motivos das brigas das vítimas comigo mesma, eu, o acidente, aparecia ao lado da vítima, apoiando minha mão nas costas dela, sem ter ideia de que a razão daquela confusão toda, era por minha culpa. 

Não era surpresa a vítima se voltar contra mim com uma fúria incondicional. Seria basicamente como se um assassino tivesse matado toda a sua família e aparecesse do seu lado para te consolar. Seguindo essa lógica, a vítima gritava o mais alto possível comigo, apontava o dedo e exclamava palavras que, na minha cabeça de 5 anos, não pareciam ter muito sentido para mim, mas sentia que o significado delas não era bom. 

Imediatamente eu sentia a culpa por ter feito a vítima se irritar, mas como não possuía muito desenvolvimento na linguagem oral, tudo que sabia fazer era chorar. Chorar, na minha lógica, poderia mostrar à pobre vítima o quanto me sinto mal por ter, de alguma forma, a ferido. Só que essa lógica, só existia e era compreendida apenas por mim.  

A vítima, percebendo meu choro, conseguia aumentar sua irritação e começaria a gritar ainda mais, dessa vez pedindo para eu calar a boca. Foi apenas a partir dos meus 5 anos que comecei a usar parte do meu cérebro que provavelmente é responsável por ‘’interpretação’’ e ‘’compreensão’’, porque até antes disso, eu jamais imaginaria o que significaria ‘’calar a boca’’, ‘’parar agora’’, ‘’ser imprestável’’, entre outras frases, já que ninguém tinha a vontade de falar comigo. 

Foi quando gritaram isso para mim na terceira vez, que eu entendi que ‘’calar a boca’’, ‘’ficar quieta’’, ‘’silêncio’’, significava que tinha que parar de chorar, ou de fazer sons com a boca. Gritar isso mais de uma vez não foi apenas o suficiente também. Descobri que quando erguiam sua mão e a impulsionavam contra o seu rosto, também significava que deveria parar de fazer o que estava fazendo naquele instante. Foram vários fatores inusitados que me ensinaram de um jeito ou de outro, a aprender a compreender.  

Provavelmente de todos esses parágrafos, devem estar se perguntando: e em que momento eu fui supostamente feliz? Com meu papel de antagonista em mãos, todo tempo eu acabava agindo de acordo com o personagem, mesmo que sem querer, então constantemente me metia em conflitos com os protagonistas. Qual a parte boa de tudo isso? 

Os holofotes. 

                                                                                            {. . .} 

Essa cena é muito vergonhosa de descrever e até de lembrar, então irei apenas resumi-la em algumas palavras. Choro. Escândalo. Pânico. Atenção. Tumulto e depois voltei para o meu dormitório, envergonhada.  

Torci do fundo do meu coração que Gundham não fosse meu colega de classe, assim evitaria ter que olhar para seu rosto mais uma vez. Depois daquilo, ele tem razão em acreditar que eu era algum tipo de um espírito maligno. 

Após alguns minutos me recuperando de minha crise, respirei fundo e experimentei meu uniforme novo. Era confortável, me servia bem, para minha surpresa. Geralmente costumavam errar o tamanho de minhas roupas por conta de meu busto... Parece que aqui foi uma exceção. 

Prosseguindo, dobrei a minha roupa anterior e coloquei em cima da cama para não me esquecer de colocar para lavar... Seja onde isso for possível. Saí novamente do dormitório, com mapa em mãos, pronta para memorizar cada canto da escola e me certificar de não precisar pedir ajuda a ninguém. Como não tinha nada que atrapalhasse minha vista, fiquei afirmando para mim mesma que não seria possível eu me esbarrar pela terceira vez com alguém. 

De longe, o internato não parece ser tão extenso, sabe? Apenas há um enorme e comprido prédio na frente, algumas sombras de mais algum suposto prédio lá atrás e um corredor cheio de grama vazio. 

Só que a escola superou completamente as minhas expectativas.  

Além dos dormitórios e o prédio principal, há ainda um refeitório largo em um canto atrás dele de um lado, um ginásio com uma quadra em outro e um vestiário feminino e masculino. Descrevendo parece o tamanho de uma escola normal, mas a altura e largura desses prédios... 

...Tinha certeza que provavelmente teria dificuldades em me localizar facilmente. 

Comecei entrando novamente pelo prédio principal, procurando a localização das salas, clubes e principalmente: a enfermaria. 

Os clubes sempre ficam no térreo. Tinha dos mais diversos tipos, mas a maior parte voltada para a área das artes. 

A terceira sala dos clubes foi a que mais me chamou atenção. O clube de música.  

Curiosamente é um clube que além de aulas de instrumentos musicais, havia também aulas envolvendo dança.  

Era uma sala de aula como qualquer outra, mas era extremamente enfeitada, cheia de instrumentos, partituras, fotos... Parecia bem receptivo. Tive até um pequeno desejo de participar, mas... Uma pessoa como eu jamais conseguiria seguir um ritmo ou fluxo de música... Prosseguindo com a descrição, havia uma aluna mais velha e algumas calouras.

- Ei, ei! - Uma menina acenou para mim – Entra! Vem conhecer o clube também! 

- H-Hum... E-Eu não tenho certeza s-se eu quero entrar... 

- Você nem chegou a saber como funciona aqui! Entra garota! A gente não morde! 

Timidamente entro na sala, de cabeça abaixada. Havia apenas meninas na sala: a que pediu para eu entrar, uma sênior, com uniforme normal e cabelos azuis, uma caloura com cabelos coloridos e piercing, além de outra, baixinha e loira. Havia uma, só que estava de costas, igualmente loira, mas não sabia exatamente se era uma sênior ou caloura na hora. 

- Bem vinda! Qual o seu nome? - A sênior de cabelos azuis pergunta. 

- M-Mikan T-Tsumiki... - Respondo nervosa. 

- É um prazer! Sou Sayaka Maizono. Estou representando o clube de música no momento para apresentá-lo a vocês! 

- A-Ah... Entendo... 

- De que classe você é, aliás? - A caloura de cabelos coloridos pergunta, extremamente animada. Percebi que parecia ter um comportamento agitado. 

- 9A2... 

- Sem brincadeira! - Ela exclamou, pulando – Eu também! E essa pequena também! - Apontou para a menina ao lado - Aliás, sou Ibuki Mioda!  

- Quem você tá chamando de “pequena”? - A outra caloura perguntou em tom irritado – Enfim, sou Hiyoko Saionji. Aliás de que área da música você é? Nem parece ter físico para nada! 

- Ei... Não vamos falar isso... - Interrompeu Sayaka – Estão aqui para aprender, então mesmo que Mikan não tenha habilidade em nada no momento, daremos nosso melhor para ela aprender algo. 

A caloura de baixa estatura revirou os olhos, irritada. Por que eu já tinha um mau pressentimento sobre isso...? 

- Ah, desculpe! - A outra menina loira, que não havia se pronunciado antes, interrompeu – Eu esqueci de me apresentar! Fiquei tão distraída com os instrumentos... - Ela olha para todas nós - Sou Kaede Akamatsu... Vi que não somos da mesma classe... Uma pena, mas se irão participar do clube de música espero que nos demos bem! 

- Ela havia chegado antes de todas vocês. - Explicou Sayaka – Enfim, já que todas já se apresentaram, gostariam que eu mostrasse o clube a vocês? 

Todas acabaram concordando, mas... Eu realmente não era da área da música. Adoro apreciar, assistir, escutar, mas exercer...? Mesmo com as meninas acolhedoras, realmente me senti deslocada. É como a Hiyoko tinha acabado de falar: eu não tinha físico para exercer nenhuma área da música. Nem canto, nem dança, nem instrumentos ou qualquer coisa do tipo. Simplesmente era muito desengonçada, atrapalhada, desajeitada para fazer qualquer coisa. Mesmo que lá esteja para aprender...  

Enquanto Sayaka começava a explicar como funcionava o clube, quais eram os horários, como era dividido, aproveitei que todas pareciam focadas demais em ouvir do que prestar atenção aos arredores... Então saí da sala. 

Eu sei... Qual é o sentido de simplesmente narrar eu conhecendo as pessoas, a escola, os lugares...? Eu realmente acredito que a descrição de tudo e todos no meu ponto de vista pode ser bem útil. Especialmente, as primeiras impressões. 

Bom, como não queria que mais ninguém me arrastasse para outro clube só por dar uma olhada, decidi apenas ler os nomes das placas dos clubes e depois pensar na hipótese de tentar entrar em um. Sinceramente, de todos os lugares dessa escola que poderia ter passado, a maior parte do tempo passei na enfermaria.  

...Não me entenda mal, eu não passo mal com tanta frequência. O que me chamou atenção é que... Mesmo que era o primeiro dia, a enfermaria oferecia vagas para assistentes dos únicos dois enfermeiros que tinham na escola. Aos sábados eles se ofereciam para treinar alunos a tratar ferimentos leves, quais medicamentos usar em quais situações, essas coisas. Adiantando aqui, eles faziam isso porque apenas duas vezes por semana os funcionários da enfermaria podiam atender os alunos que podiam estar machucados. Como expliquei, o internato é 10 horas longe da cidade, então provavelmente deve ser difícil para eles equilibrarem uma carga horária. Especialmente por não morarem aqui.  

Como não sabia interagir, não colocava muita esperança em minhas habilidades nas áreas de artes ou esportes... Decidi tentar uma das poucas coisas em que tecnicamente sou habilidosa: primeiros socorros. Eu peguei bem rápido, então sempre nos meus tempos livres ficava na enfermaria. Quase o tempo todo, aliás. Eu devia ter dedicado meu tempo para interagir socialmente, para observar melhor as pessoas, mas... Desculpe doutora, se estiver lendo isso, sabe que tenho dificuldades... Sabe muito bem. 

                                                                                                    {. . .} 

Os dias seguintes foram completamente normais para mim. Ou quase isso.  

Minha classe consistia em 12 alunos, apenas. Um número pequeno para uma classe só, mas haviam mais 5 turmas. Acho que a lógica era... Quanto menos alunos tiver na sala, mais fácil deles aprenderem...? 

Além de Ibuki e Hiyoko, Gundham também era de minha classe. Evitei contato com ele por motivos óbvios, mesmo sentindo que às vezes me observe. Na minha cabeça, provavelmente devia estar acreditando fielmente que sou um espírito maligno. 

Os outros 8 alunos consistiam em... Kokichi Oma, Nagito Komaeda, Angie Yonaga, Kaito Momota, Himiko Yumeno, Brie Flies, Louis Nato e Natsumi Kuzuryu 

Como já havia mencionado antes... Minha habilidade social é extremamente pobre... Mesmo que acabe falando aqui e ali com alguns dos meus colegas, antes de tudo isso, não tinha nenhum amigo. Ou colega próximo.  

O máximo de proximidade que cheguei antes de tudo isso... Foi com o Nagito. Para muitos, ele era extremamente confuso: ele tinha fé no mundo, nas pessoas, em tudo, menos em si mesmo. Ele se depreciava de formas extremamente radicais e o mais assustador, era que ele falava isso sorrindo. Nagito conseguia ser otimista e pessimista ao mesmo tempo, em uma mesma hora. Não são necessários tantos motivos para justificar a visível confusão e falta de paciência dos outros. Apenas o vendo como um... Lunático esquisito. Só que eu nunca o vi dessa maneira. 

Baseado no que já observei, Nagito também deve ter sofrido traumas... E pela sua aparência, deve ou devia estar sofrendo de alguma doença. Acho que em nenhum momento devia estar procurando alguém que o compreendesse, eu sinto que nem ele mesmo se compreendia. Acho que apenas procurava alguém que o ouvisse ou o confortasse. As oscilações de otimismo e pessimismo... Devem estar ligados com a sua instável auto estima.  

Eu também não tinha uma auto estima estável, nem confiança, mas me doía simplesmente vê-lo daquela maneira, quando estava claramente sofrendo. Então às vezes me via, uma vez ou outra, dizendo palavras positivas para ele, ou simplesmente o confortando. Mas acho que esse carinho era apenas demonstrado por mim, porque Nagito nunca realmente reagiu a isso... O que resultaria de eu desistir de consolar, achando que só estava piorando a situação. 

Mas prosseguindo, os dias de aula eram extremamente normais. Monótonos, exaustivos... A única coisa que realmente me animava eram os treinos da enfermaria. 

Por um lado, acho que em parte toda essa confusão... Foi boa. Porque acredito que, mesmo com todo apoio que recebia, os dias naquele internato seriam tão... parados e deprimentes.  

Acho que você estava certa, doutora, mudar de ambiente realmente nos faz refletir mais sobre nossos verdadeiros “eus”. Só que eu precisava de algum estímulo para realmente fazer as coisas mudarem. 

Só que sinceramente... Eu não esperava esse tipo de estímulo. 

 

 

(Continua...)


Notas Finais


Desculpe qualquer erro de digitação!


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