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História Insanity - What if?


Escrita por: Bipolarize-se

Notas do Autor


Bom, acho que temos que ter uma conversinha logo de começo
As vezes eu não tenho dimensão do quanto o capítulo fica pesado, são sentimentos fortes que envolve essa fanfic e eu sei que tem muita gente aqui que se identifica.
Bem, caso você se sinta mal ou qualquer coisa lendo pode ficar a vontade para falar comigo. E se você estiver só o caco não aconselho que leia pelo menos até acabar essa fase ruim que nossas personagens estão passando.
"Mas como eu vou saber se ta bom ou ruim?"
R: As imagens aqui falam por si (a menos alguns capítulos de 2015)
Mas é sério, pode me chamar mesmo. Vai ser uma honra para mim ajudar quem quer que seja
Aproveitem o capítulo ;*
Depois faço outra revisão, tô bem com sono agora, e ainda estou adaptando ela, falta só o finalzinho.
Prestem atenção no capítulo, please

Capítulo 17 - What if?


Fanfic / Fanfiction Insanity - What if?

Quarta-feira, 21 de Maio de 2008

Miami // Florida

 

 

 

 

 

 

 

-B-bom dia, Margot. -Lancei-lhe um sorriso sincero. Ela me olhou por baixo da longa camada de máscara de cílios e o sorriso de covinhas se abriu ternamente. Acho que havia se acostumado com minha presença no horário do almoço. Margot é a bibliotecária do colégio; Mulata magérrima do cabelo encaracolado e podia jurar que era quase da minha idade. Quer dizer, acho que tinha lá seus 23 anos de idade. Usava e abusava de delineadores coloridos e maquiagens que ficavam lindas em seu tom de pele.

-Bom dia, Laur. Ou boa tarde.

-P-para quem não a-almoçou. Te trouxe ca-café da máquina do corredor. -Deslizei o copo de isopor ainda por cima do balcão até chegar próximo a máquina em que ela digitava freneticamente. Ela me explicou que também cuidava de algumas coisas da secretaria, por isso tinha que ficar um tempão no computador.

-Uh… obrigada, Laur. -O prazer em degustar cafeína era algo notório nela. Café preto, pouco açúcar como ela tinha me falado. Em uma das nossas conversas ela se mostrou uma amante de café, também me falava algumas coisas lindas. Palavras organizadas em frases que causavam um efeito devastador, e que faziam refletir. Ela tem uma mente muito bonita, parecia daquelas pessoas de vida boêmia, acompanhada de um café e uma prancheta. Sabia que Margot não era bem minha amiga, pelo menos ela não me considerava. Eu só era uma aluna de boné e óculos de grau que me estirava em cima do balcão e ficava ouvindo e ouvindo ela falar. Para mim estava sendo maravilhoso escutar os pensamentos dela, já que os meus andam meio quebrados- Isto aqui está uma loucura por causa das provas finais. Senhora Stroodel não cansa de mandar mais e mais coisas para eu fazer.

-Então a-acho que nossa c-conversa vai ser um po-pouco limitada hoje. -Meus dedos já brincavam com a corrente em que ficava presa uma caneta ao balcão. Ponderava entre ficar ali em pé, observando a mulata digitar e procurar mais algum livro.

-Desculpe-me por isso. Esse café está uma delícia por acaso. -Revirou os olhos antes de tomar mais dois goles generosos- Por outro acaso… Preciso de uma ajuda sua. A impressora não quer mais imprimir nada.

-Uh… Posso dar uma olhada.

-Mas não agora, por favor. Tenho que terminar isso aqui.

-Claro. -Batuquei no balcão- Vou d-deixar você trabalhar. -Fui me retirando a passos lentos. A essa hora, biblioteca vazia porque as pessoas estavam por aí almoçando, e se divertindo em seus grupos.

-Laur, leia um pouco do livro Poetry Soul. Eu adoro os poemas de Bukowski e Maya Postigo. -Com as mãos enterradas nos bolsos do moletom, me virei somente para assentir com um meio sorriso. Me retirei até as estantes mais longes, onde ficava a sessão de poemas. O livro da capa tipografada não só parecia como era novo. Era uma reunião de alguns autores, e logo ao final, no recanto de baixo a assinatura de Margot reinava alí, embaixo do código bibliotecário. Já poderia imaginar que foi ela quem doara esse livro.

Meus dedos percorreram algumas páginas imprevistas. O livro era grosso e bem desenhado entre as páginas. Me acomodei ao chão mesmo, ajeitei os cabelos de volta para dentro do boné e limpei o óculos de novo para abrir alguma página aleatória.

 

Amor perfeitamente imperfeito
 

Adoro tudo em você

Sua voz, o seu jeito de ser

Suas manias e maneiras

Tudo o que há para saber

 

Te amei assim que o vi,

Seus olhos, seu sorriso

Sua incrível maneira

Que me deixa boba e encantada

 

Suas lindas formas esculturais,

Que me deixam viajando

Sua maneira de falar, e de agir

Que me fazem querer estar junto a ti

 

E agora o que fazer?

Te amo, e nem sei por que

Te amo também por todos os motivos do mundo

Mas o mais importante, te amo, porque simplesmente te amo

 

Seria martírio dizer quem foi a primeira pessoa ao ler o poema? Eu parecia uma masoquista. Simplesmente tudo me lembrava ela, não adiantava tentar fugir, correr ou se esconder. Na verdade eu queria lembrar para ver se enjoava. 20 dias depois eu estava presa como um chiclete nela.

Abanei meus pensamentos com um meneio de cabeça. Acabou que me sentia com inspiração para fazer a atividade de casa que Richard pediu já a algum tempo. Peguei na mochila caderno e caneta. Tirei duas folhas, destaquei o cerrilhado, apoiei firme o papel no caderno em minha coxa e comecei a escrever.

 

 

Os dias andavam meio ‘sei lá’. Os segundos do relógio brincava de ser uma preguiça. Meus melhores amigos agora eram um travesseiro e um cobertor. As sessões de terapia se tornaram silenciosas. As gorjetas na pizzaria não eram mais tão generosas. Nem a comida tinha gosto tão bom quanto antes, só tinha gosto de ‘você tem que comer para não ficar fraca’. Mas eu me esforçava para que dentro de casa achassem que estava tudo normal, e tinha que estar no final. Acabava conversando com meu irmão no final do dia sobre as coisas que eu encontrava ao andar de bicicleta por aí, sobre os clientes da pizzaria e a forma errada do professor de física dar aula, ia além conversando sobre a política atual, sobre a família (principalmente de vovó e sua gula por doces).

Me entreguei a monotonia; meu corpo já agia no automático para o que eu teria que fazer ao dia, e se mamãe me mandasse fazer algo diferente, como ontem que ela pediu para comprar batatas, sempre brigava comigo porque eu acabava não comprando. Minha programação não incluía aquilo, sendo assim o resto beirava ao esquecimento. Quem sabe assim eu não virava logo um robô e meus sentimentos iam embora? Com sorte eu seria o mágico de Oz inverso.

Também não me permitia chorar. Chorar para que? Para quem cuidar? Para quem afagar? Já prometi não chorar um dia. Se Lu estivesse aqui eu poderia passar as noites agarrada com ela, chorando só depois que ela dormisse. Não me importaria nem de tomar dois banhos, lavar a cabeça duas vezes e trocar todos os lençóis da cama antes de dormir e depois de acordar, sem antes colocar no sol para matar os ácaros, e ficar gripada no próximo dia por causa da mania de dormir com o ventilador na cara. Mas, minha Lu não está comigo dessa vez.

Havia horas em que mama brigava muito comigo, sendo assim voltei a prática de algo que não fazia a muito tempo: a de não prestar atenção a uma palavra do que ela dizia. Juro que nem sempre era de propósito. Enquanto fazia seus monólogos, reclamando de quanto meu quarto estava sujo, ou por ter esquecido mais alguma coisa eu apenas olhava perto de seus olhos e minha mente ia vagando por aí, sem rumo, assim como eu me sentia.

Richard se preocupou tanto comigo que tínhamos sessões pelo menos três vezes na semana, sem cobrar adicional por isso; e é claro, aumento dos remédios. Tomava anti-depressivos, os remédios que eu chamo de ‘para não endoidar de vez’, remédios para dar fome porque os outros a inibiam, remédio para banheiro porque os outros o inibiam, anticonvulsivante, remédios para dormir, remédios para acordar, remédios para ficar ligada na aula e no trabalho, remédio para memória, remédio para não pensar besteira… enfim, se tiver mais algum, ou os que eu citei foram exageros, vai me perdoando... tenho esquecido de tomar os da memória.

Ao tocar num nome específico a consulta dava lugar a meus devaneios, e o grafite parado do meu psiquiatra, até o barulho do ‘plim’ e a despedida do dia.

Não frequento mais meus lugares, mais conhecidos como a árvore e o vestiário feminino, por vergonha, por saber que Camila me procuraria lá. E por falar na latina, via ela de longe, quando a mesma não conseguia me ver. Não sei como é possível, mas na minha cabeça ela parece tão mais linda… Se juntava as meninas e algumas pessoas que eu não sabia o nome pelos corredores e no intervalo. Algumas vezes nossos olhares se cruzavam, talvez por ela sentir quando eu olhava para ela; assim feito, eu fugia como a boa covarde que sou. Eu tentava fugir delas como o demônio foge da cruz, sempre era a primeira a chegar, sentava na primeira cadeira no canto, e a primeira sair quando temos algumas classes juntas. Mesmo assim, eu ficava feliz porque sempre que eu olhava havia pessoas ao seu redor a abraçando, e dando aqueles sinais de carinho clássicos. Eu espero do fundo do coração que todos possam cuidar dela já que esse papel foi tirado de mim.

Não participava mais das aulas de Jack, e o mesmo percebendo o clima estranho não brincava comigo. Tinha um novo lugarzinho, e uma nova pessoa para conversar. Mais ou menos, porque a bibliotecária da escola falava que eu tinha que me manter em silêncio. Ela é uma pessoa bem legal, acabava insistindo para ela falar de assuntos mais variados por causa da sua mente bonita. Só alguns alunos do último ano utilizavam a biblioteca da escola, porque a biblioteca municipal próxima ao colégio era 8 vezes mais diversificada, por isso, me entocava ali e só saia quando não tinha mais jeito.

Falando nisso, aprendi a ler algumas coisas além de quadrinho, livros de poesia, que as vezes falavam tão bem de mim mesma que parecia que havia algum escritor maluco em meu enlaço me observando para escrever. Não sentia mais prazer em tocar ou em assistir anime, muito menos em jogar. Prazer na verdade já era uma palavra tão pouco praticada por mim que acho que até já esqueci o que é.

Charlie estava ao meu lado mais que nunca, as vezes só olhando ou às vezes conversando comigo. Ele é um bom amigo.

Tudo isso não amenizava a saudade esmagadora e a solidão que eu tinha. Sentia tanta falta das meninas, tanta falta da Camz… que é melhor eu nem pensar nisso para não ter que tomar remédio para dor de cabeça. E era assim que eu resistia, enganava a mim mesma falando que eu poderia esquecer.

Só que agora eu percebo o quanto eu gosto dela, isso está me assustando. Mas como eu li em algum livro por aí “Cada dia irei vivendo menos e lembrando mais”. Já sabia que não tinha como esquecer.

Havia tirado uma conclusão simples da minha vida, Camila é meu primeiro amor. Não foi, é. Porque ela nunca deixará de ser, por mais que o tempo passe e ela me esqueça. No fundo, no fundo, era algo bom de se pensar, porque os livros de poesia que agora eu lia na biblioteca sempre falam de um primeiro amor banal, e desdenhoso. Era bom pensar que ela algum dia se importou comigo, não por eu ser uma doente mental, e sim por eu ser Lauren.

Abra meu peito; quebre minhas costelas, antes, contenha o sangue, por favor. Pegue meu coração, verá que tem algo diferente nele. Tatuado com letras gráficas, lerá: Família, animais, Camila e outras coisas. A parte de Camila, tão recente cicatrizada vai ficar lá, até que meus pensamentos me traiam e eu me esqueça de mim mesma.

Ainda sentia seus beiços sobre os meus. Volta e meia, enquanto estava inerte em pensamentos, colocava os dedos ali para tentar relembrar a exata sensação. Mas não adiantava. Não era Camila alí.

E uma coisa engraçada no meio de tanta cacofonia era que agora eu usava óculos de grau. Quer dizer, era para usar. O médico me passou por causa da minha sensibilidade para a luz e porque eu não enxergava as letras miúdas. Ficava complicado ler as placas de carro a minha frente enquanto dirigia. Eu ficava engraçada de óculos, mais nerd impossível, mas não era sempre que eu usava. Só quando achava preciso, como agora.

O encontro com você-sabe-quem no dia do quartinho do zelador foi o primeiro, mas não tinha sido o último.

Richard me pediu para que eu escrevesse isso e logo após queimasse. Então, acho que é isso. Sei lá.

 

-Então é aqui que você se esconde…

A voz doce fez tamanho rebuliço em meu coração e estômago que na mesma hora, o chão desabou e eu caí em queda livre para o núcleo da terra. Bom, não literalmente, mas a sensação era a mesma. Levantei num susto na mesma hora, fechando o livro com o que eu escrevi dentro e deixando ele e minha mochila caírem no chão.

-Camz!?... C-camila.

-Oi Lo.

-E-eu a-a-acho que já v-v-vou… -O nervoso não me deixava colocar o caderno de forma decente na mochila. Tão destrambelhada que eu era que nem queria entrar.

-Espera, eu quero conversar com você, pode ser? -Deu mais um passo a frente. Aqueles olhos bebiam da minha alma agora. Minha pressão na mesma hora abaixou. As batidas frenéticas do coração fazendo carnaval fora de época. Boca e lábios secos, mais parecia que eu estava num deserto. Um festival de escola de samba no deserto do Saara.

-Eu.. e-eu…

-Lo, eu não vou te machucar. É só uma conversa. -Suspirei fundo. Segui alguns corredores para ver se a barra estava limpa; tinha medo de Shawn aparecer só por Camila estar por perto. Isso já aconteceu algum dia desses, e a consequência disso não foi muito boa. Voltei a me encostar na parede, escondida do resto da biblioteca pelas grandes prateleiras. Não conseguia negar nada a ela.

-A-a-acho que tud-o bem.

-Você já almoçou? -Sinalizei que não com a cabeça.

-S-sem fome. -Mas eu era uma banana mesmo; mal conseguia olhar em seus olhos direito. Deixa que a aba de meu boné cobrisse seu rosto para facilitar. Richard me disse que cruzar os braços era uma forma de proteção e de isolamento, mas eu não me sentia a vontade para descruzá-los agora.

Será que Camila me odeia? Parte de mim quer que isso aconteça, porque seria bem mais fácil. Outra parte só quer correr para os braços dela, chorando e pedindo colo. Mas não devo ter esperanças. Praticamente pisoteei o que foi tão importante para mim. Não era digna dela mais.

-Você sabe que tem que comer…

-V-você qu-queria falar sobre minha alimentação? -Ao contrário do imaginado não saiu rude como eu queria. As palavras que saiam da minha boca nunca iriam sair rudes para Camila. Eu simplesmente não conseguia. O meu timbre era acuado, e Lucy com certeza diria um pouco sofrido também. A latina suspirou audivelmente e andou mais em minha direção. Me encolhia a cada passo.

-Sinto sua falta, Lo. Não tem um dia que eu não pense em você, talvez não tenha um segundo. -Engoli o seco. Eu não conseguia contra Camila. Meu corpo todo chamava por ela, mas o senso de proteção era maior. Eu não iria deixar ela se machucar por minha causa. Migrei meu olhar para minha mão cruzada. CAFÉ PRETO ↓ AÇÚCAR e COMPRAR LEITE escrito em letra de forma.- Posso te abraçar?

A voz agora embargada ligaram meus instintos de alerta. Não queria que ela chorasse. Assenti um tempo depois de pensar. Nosso terceiro-último abraço.

Ela veio com tudo. Não poupou em me mostrar que ela sentia minha falta. Também não poupava os olhos transbordando em lágrimas em meu ombro. Eu não sabia como aguentava ver ela chorando. Camila é merecedora de toda felicidade do mundo, ela não merece isso.

Por alguns segundos pensei. Pensei em lhe contar que Shawn era o motivo pelo meu afastamento, pensei em contar as palavras grotescas que ele falava de mim e dela, pensei em pedir ajuda, o que era tudo que eu precisava. Mas não passavam de pensamentos. Sabia do temperamento de Camila, e sabia que ela não deixaria barato. Sabia que ele ia torturar todos como me tem feito. Sendo assim fiquei quieta, abracei de volta, senti meu cheirinho favorito, afaguei suas costas.

-Droga, eu preparo um diálogo inteiro para vir te falar e quando chego aqui: nada. -Seu corpo tremendo sobre o meu, suas unhas tentando aliviar a tensão arranhando meu moletom- Me conta, por favor, Lo. Me fala o que tá acontecendo. Eu não aguento mais. -Seus soluços iam fazendo com que meu corpo quisesse abrigar cada vez mais ela. Meu rosto já estava parcialmente escondidos em seu ombro, só sendo impedidos pelo meu boné e óculos- Vai, você consegue, nós podemos resolver. Já se foram vinte dias, e você acabou de provar que não fez isso porque quis. Ninguém aceita um abraço de quem não quer por perto. -Tentou por um breve instante se afastar de mim, mas eu não deixei.

-N-não me o-olha p-p-por favor. -Cerrei os olhos com força para deixar a respiração ir e vir algumas vezes. Os efeitos dela sobre mim eram tão devastadores, que meu coração se encontrava chutando o peito de Camila, minhas mãos tremiam, não conseguia parar de gaguejar e nem pensar direito- Como vo-você ta?

-O que você acha, sua idiota?

-Éh… T-talvez não t-tão bem qu-quanto eu pensava…

-Dinah não deixava eu vir. -Soltei uma risadinha baixa contra seu pescoço. Dinah é a melhor amiga que Camila poderia ter. A ela eu confiava o bem estar da latina…
 

 

-Qual seu problema? -Fui abruptamente prensada contra meu próprio armário. Meu livro de química e várias anotações da aula já estavam espalhados pelo chão. A polinésia me encarava com toda a fúria do mundo. Me sentia sendo encurralada por um leão, e bem que literalmente ela parecia um leão agora- Camila chega aqui ontem chorando e eu só entendi que a culpa era sua. QUAL A PORRA DO SEU PROBLEMA? Eu achei que não quisesse machucar ela!

Não respondi nada. Apenas desviei meu olhos das avelãs que queriam me atirar em um vulcão em erupção. Num piscar de olhos, Dinah já segurava a gola do meu moletom, fazia força para cima querendo me suspender como nos filmes de luta. Era claro que ela queria me bater, e só não fazia isso para não acabar sendo expulsa do colégio.

-Escuta aqui, sua vadia filha da puta. Você não vai mais chegar perto, você não vai nem mais passar por perto ou qualquer coisa dela, ta me ouvindo? ESQUEÇA Camila, ESQUEÇA todas nós, porque eu não vou mais aturar gente que faz merda contra cada uma de nós. Principalmente com Walz. Ela tá destruída por dentro, se você quer saber. Você é uma doente!

-Dinah! -Com a força em meu colarinho minimizando, olhei de relance, Normani e Ally puxando Dinah. A loira ainda fazia menção em avançar em mim, sendo impedida pelas duas. Elas também me encaravam com certo rancor no olhar.

-Fique longe. -Sorri fraco. Camila tinha as pessoas certas ao lado dela. Não me defenderia se Dinah realmente me batesse. Espero que ela também seja capaz de impedir o Shawn de ficar perto dela.
 

 

-E-eu queria te contar. Qu-queria muito, mas não dá. As coisas nem sempre são como nós queremos.

-Você prefere guardar pra você então? É isso? Foram 20 dias, Lauren! -Se afastou olhando para mim- O que mais você quer?

-Prefiro. E-e eu quero que você siga em frente. N-não vou mentir para você, não f-foi você, o pr-problema sou eu. Camila… -Me aproximei de seu ouvido- N-não confie em ninguém. Quando você menos espera seus próprios pais de pisoteiam como se fosse um verme. Não confie em ninguém, n-não confie em mim, não confie nas pessoas ao seu redor, não confie no S-Shawn. -Os barulhos de passos me alertaram- Shhh… -Me escorei entre algumas prateleiras e algumas prateleiras. Vi uma caça conhecida chegando de mansinho- Olha, Ca-Camila. -Fingi a voz mais rude que conseguia- N-não me procura mais, beleza? -Camila me olhou sem entender nada, sua expressão mudando para indignação.

-Quer saber, Lauren. Eu vou seguir em frente mesmo. Você é uma idiota de marca maior!

-Mila? -Shawn apareceu no corredor em que estávamos. Na mesma hora, tudo que não comi no almoço queria sair com força- Tudo bem por aqui? Acho que vi uma das meninas te procurando…

-Tudo Shawn. -Seu olhar de decepção não me largava mais.

-Tudo bem, Lauren? -Segurou em meu ombro, me fazendo encolher.

-Desde quando vocês se falam?

-Oh, longa história. -Me abraçou de lado- A turma da antiga escola vem convidado ela para sair com a gente, não é Laur? -Sorriu- Ela é legal.

Minha garganta travou. Já estava passando por isso tudo, e não ia passar por esse teatrinho barato de Mendes. Apanhei minha mochila no chão e segui para fora dalí.

-Hey, Laur! -Fui parada ao segurar firme a maçaneta- Você pode olhar a impressora para mim agora? Tenho que ir lá na secretaria correndo.

Olhei para a negra e sorri fraco assentindo. Não queria deixar ela na mão, por mais que quisesse fugir daquele lugar agora. Dei a meia volta no balcão, olhando o vulto de Margot saindo apressada pela porta. Acessei rápido o painel de controle do computador para verificar se estava tudo ok.

Mendes passa pelo balcão me lançando um olhar vitorioso. Voltei minha atenção novamente ao computador e vi alertando um drive desabilitado. Era coisa pouca, a impressora já fazia um barulho mostrando que já funcionava. Camila passou dessa vez, e nem tive coragem de olhar ela saindo. Preferia que fosse assim.

Depois de imprimir uma folha teste saí da biblioteca. Péssima ideia. Sabe quando milhões de socos invisíveis te acertam em cheio na barriga, sem que você queira?

Ao fim do corredor vi a latina sendo esmagada por um corpo maior. Não o conhecia por nome, mas sabia que era uma das pessoas mais próximas da vida dela agora. Moreno do cabelo encaracolado, usava o casaco do time, porte atlético. Abraçava ela com toda força, mas tinha algo diferente ali. Era o olhar. Não era olhar de amigo, sabia disso porque era a mesma forma que eu olhava para ela. Ele segurou em seu rosto delicadamente e sorriu para ela murmurando algumas palavras, e ela, sorriu junto. Ele beijou sua testa, puxando para um meio abraço e caminhando para fora dalí. Comecei a orar em pensamentos para que ele fosse bom para Camila, e que ele a protegesse do Shawn.

Resolvi que já não tinha mais vontade de ficar na escola por hoje. Era muita coisa para minha cabeça pensar. Rumei ao estacionamento da escola para pegar minha bicicleta e seguir meu rumo até em casa

 

***

 

-Ah, qual é, Lauren. Você não achou mesmo que iria ficar com a garota e vocês iam ser felizes para sempre? -Dei de ombros. Meu foco agora era comer um hot pocket enquanto me derramava em lágrimas, e Charlie achava isso tedioso- Para de pensar nessa garota, você não já viu ela com outro menino? Pronto, felizes para sempre!

-Estou cansada, Chili. J-já  tô de saco cheio de tudo isso. E eu não tô feliz. -Limpava algumas lágrimas enquanto terminava o sanduíche.

-Você quer desaparecer, eu sei. Você sabe o que fazer. -Chili segurou em meus ombros para chegar próximo ao meu ouvido. Suas mãos sem temperatura alguma- Vamos acabar com tudo isso. Acaba logo com isso, Laur. Sem mais dor, ou sofrimento. Só você descansando em paz. -Neguei forte- Abre essa gaveta, vai. -Abri a primeira gaveta bem abaixo de mim. Charlie já conhecia aquela casa melhor que eu para saber que alí era a gaveta de talheres e afins- Olha só o que mama J comprou. Uma faca de corte de carne novinha, olha como ela é bonita… -A faca realmente era linda. O corpo de aço inox polido refletia bem meus olhos vermelhos por fora e os olhos vermelhos por dentro de Charlie. Empunhadeira de inox, firme. Super afiada. Segurei firme em seu cabo para olhar os detalhes de perto. O cabo bem ergonômico se encaixava como luva em minha mão. Gravada em seu corpo tinha um dragão de ponta a ponta. Aquilo ali bem parecia algo produzido no japão- Sua mãe nem estreou ela ainda. Veja só, se você fizer isso, sua mãe não vai ter mais que brigar pelo quarto bagunçado, nem ela vai ter com que se irritar. Seu pai vai gastar menos dinheiro, já que é uma pessoa a menos para pagar as contas. Chris e Taylor vão ganhar mais presentes de natal. Camila e as meninas eu nem comento. Elas te esquecem facinho. Aquilo ali era só fachada. Camila vai poder seguir a vida dela, arranjar alguém sem problemas para ela. Seus pais também não vão ter mais que se preocupar com seus problemas, e surtos. Sem mais o Shawn ou a galera da outra escola para te atormentar... E você fica livre desse aperto no coração. Você vai deixar todos livres.

-C-Chili… eu prometi a Lu. Não posso.

-Ela não sabe de nada, Laur.

-Ela me ama como irmã.

-Ama? -Riu sarcástico- Você acha que alguém que ame ia deixar uma pessoa sofrer tanto? Quem ama deixa livre, você fez isso com Camila, certo? Da última vez a gente chegou tão perto, daria certo…

-Se Lucy não tivesse chegado. -Falamos em uníssono.

-Eu sou seu amigo. Estou do seu lado. Você sabe o que tem que fazer. Apenas faça. Lembra que a gente se acostumou com a falta de vovô. Todos se acostumaram também com a sua. Você sabe aonde essa faca tem que ir… -Seus dedos percorreram minha jugular de forma lenta. Sua falta de temperatura sempre seria um mistério para mim. Nem quente, nem fria, mas um toque firme.

Me recostei do outro lado da bancada, ainda encarando a peça metálica. As lágrimas escorriam fortes em meu rosto. Valeria apena? Essa era a pergunta que ia e voltava na cabeça. A possibilidade de um mundo onde Lauren não existisse começou a passar como um filme na minha cabeça.

E se. Que conjunto de palavras mais destruidor, viu?  O pior é que o “E se sim” Fazia o maior sentido. Tudo que Charlie disse fazia sentido. Das outras vezes sempre fez sentido. A única coisa que me prendia ao não era a forte promessa que eu fiz a minha irmã, e não éramo chegadas a descumprir nada. Uma das minhas maiores decepções foi meu avô ter me prometido viver 200 anos de idade, e ele não cumpriu isso. Sei que já estou grandinha para entender, mas me vem uma mágoa imaginando tudo como seria tão mais fácil com ele aqui agora. Eu não tinha problemas quando ele tava aqui. Será que Lu ia ficar tão magoada quanto? Eu quero escapar disso… dessa melancolia no meu peito. Essa dor tanto emocional quanto física. Tudo estava uma merda e eu já não estava mais suportando apenas sobreviver. Perdi a vontade tanto quanto para as outras coisas.

Esfreguei um pouco o rosto ainda ponderando. Charlie me encarava sem expressão alguma. E se sim… E se não…

O toque do meu celular me tirou totalmente da minha zona de reflexão. Soltei o ar que nem sabia que prendia pegando o aparelho em cima da bancada. Antes de atender, pigarreei algumas vezes por causa da voz rouca de choro.

-Alô?

-Laur?

-Oi, Lu! -Sorri de imediato ao ouvir a voz dela. Ao contrário de Charlie que fez uma cara furiosa e desapareceu.

-Onde você está? -Me peguei olhando para a faca de novo. Minha consciência começava a pesar por discumprir o acordo com minha irmã. Ela ia ficar bem magoada comigo, sim, isso eu não poderia negar. Minha mente só precisava calcular se tudo isso valeria a mágoa de Lu.

-Em casa. P-porque?

-Você não deveria estar saindo da escola agora? E que voz de choro é essa?

-Ãh.. É qu-que eu fiquei com d-dor de cabeça e vim para casa dormir. -Odiava mentir para a Lu, mas se eu contasse a verdade ela largaria suas aulas para pegar o primeiro vôo e vir para cá. Não queria isso, ela já se preocupava demais comigo, o que fazia as palavras de Charlie ganharem mais razão ainda em minha cabeça. Ela nem sabe sobre o mesmo, quanto mais. Outro segredo que me roía por dentro para poder contar a ela.

Guardei a faca no lugar dela. Simplesmente a coragem fugia pelos meus poros e ia da porta a fora. No mesmo instante um barulho alto de portas batendo me deu um breve susto.

-O que foi isso?

-Nada não.

-Tô ligando para saber de uma coisa. Que história é essa de ficar sem falar com Camila?

-E-ela te falou?

-Sim, as vezes conversamos por mensagens. Acho que simpatizei com ela, por mais estranho que isso soe… Mas o que ela fez a você?

-N-não Lu, Camz não fez absolutamente nada. Só que… Eu tô confusa sabe? -Resolvi mentir mais ainda.

-Não, não sei, Lauren.

-Ela me beijou… -Sorri de canto. Meus dedos iam de volta a boca, lembrando do dia em que meus lábios se encontraram com os meus… melhor, quando os lábios dela encontraram com os meus.

-Ela o que?!

-M-me beijou. E eu gostei.

-Você tem que me contar tudo, agora!

-Olha, posso te contar outra hora? É-é que eu ainda tô com dor de cabeça…

-Ok, ok. Mas você tem que me contar tudo ta bom?

-Combinado.

-Te amo, cabeçuda. Não esqueça disso.

Com o barulho de chamada finalizada, voltei a deitar a cabeça contra o mármore. Eu só queria que as coisas fossem mais fáceis. Eu queria ter alegria. Queria, queria, queria, e não tinha.

Avaliei ao meu redor, principalmente a minha cara vermelha no espelho do corredor. Ficar de cabeça quente pensando nessas coisas só me faria fazer algo precipitado, e eu queria tomar a decisão certa no final. Me daria um prazo para refletir, acho que ao menos isso eu era digna, certo?

Mas agora o que eu precisava era esfriar a cabeça. Apenas deixei minha bike me guiar para onde é que fosse.

 

***

 

O tintilar do sino acima da porta grunge já começou me dando um pouco mais de calma. Não me sentia bem para nada mais dentro de casa, tirando minha cama, mas essa estava dispensada pela tarde porque eu ainda teria trabalho para mais tarde. Por mais que meus dramas pessoais fossem grandes eu ainda tinha responsabilidades para cumprir.

O cheiro de camomila também já eram calmantes naturais. A sorte era que o local arejado não me deixava espirrando como na casa da vovó.

-Hey, Troy. -O mais alto estava mais ao fundo da loja. Nos últimos dias venho aqui como válvula de escape, já que não dava para ir muito longe com uma bicicleta, mas não tinha uma conversa a fundo com ele por vergonha mesmo. Ele deveria fazer parte das pessoas que me odeiam, pelo menos por dentro. Graças a não sei qual força ele não me olha feio, nem comenta nada. Apenas me deixa ali quieta no meu canto.

O moreno se virou para mim num sorriso torto, e logo atrás dele uma baixinha foi aparecendo. Diferente do que eu olhava, Ally estava com a maior cara de choro possível. Face abatida e cansada tomavam conta dela. Allysson que era uma das pessoas mais alegres que já vi, eu nunca imaginaria tão abatida. Mas afinal, isso não era da minha conta. Acenei com a cabeça mesmo e migrei para o outro lado da loja.

A uma quinzena atrás apenas entrei no local e comecei a ler todas as revistinhas abertas, uma a uma. Fazia isso, lia umas 10, arrumava de volta e ia embora. Meus dias de folga eram contabilizados assim, de revistinhas em revistinhas. Mas da mesma forma eu enjoei disso. E o que eu fazia agora? Pode me chamar de louca, mas eu tirava as revistas do lugar, lia o título e guardava de volta. Sendo assim a quantidade de revistinhas era bem maior, e ainda as vezes organizada de alguma forma maluca. Por cor, tamanho, nome. Cada prateleira era um jeito diferente. As vezes quando alguma me chamava atenção eu olhava todas as imagens por dentro. Lia o código de barras, as vezes até me arriscava em pegar um pedaço de papel e lápis para desenhar algo parecido. Mas sei lá, isso não me preenchia. Era só para perder tempo mesmo.

Iria doar minhas revistinhas. Seria uma boa ideia já que eu não estava muito afim de ler ultimamente. Aliás, isso acabou me acarretando uma ideia; doaria e venderia tudo que pudesse antes de tomar a decisão. Pensava nas crianças que ficariam felizes ao ganhar as revistinhas e alguns brinquedos que eu ainda tinha. Com o dinheiro das vendas poderia deixar algo a meus familiares e por último, já de decisão tomada, venderia meu carro. O dinheiro vai todo para as contas dos meus irmãos, metade para cada um, assim ajudaria a pagar a faculdade. Se for para deixar esse mundo que seja deixando sorrisos nos rostos deles.

-Ãh… Troy foi ao banheiro e pediu para avisar que ele vai fechar a loja. -Vi a carinha de choro me encarando por cima. Eu estava sentada no chão vendo as imagens de uma das revistas, enquanto na minha frente tinha bem umas sete arrumadas em pilha.

Com um meneio de cabeça voltei a juntar as revistas no mesmo lugar, mas eu fiquei em dúvida em qual tipo de arrumação eu usaria por ali. Ally enquanto eu arrumava chorava baixinho ao meu lado, sem vergonha nem por eu estar por perto. Levantei procurando o Troy e voltei a atenção a um soluço mais alto que ela soltou.

-P-por que está chorando? -Ela me olhou de volta sem entender, e eu tive que repetir a pergunta mais alto. Seus olhos acuados em posição de defesa.

-Alguns problemas pessoais, sabe? -Fungou limpando mais lágrimas que desciam. Acho que ela não queria um diálogo, nem ia forçar nada, não estava em uma posição muito favorável. Passei andando por ela até o fim do corredor, e antes de virar- Minha mãe… -Virei novamente para ela sem entender- Ela tá com um problema grave na coluna. A gente precisa de 20 mil dólares para a cirurgia e só temos a metade disso. -Seu choro veio de novo a tona. Mais forte, com mais soluços. Fui até ela e abracei forte, quase unindo nossos corpos. Sentia falta de abraços- Eu não sei mais o que fazer, Laur!

-Sinto muito...

-E-eu vou começar a trabalhar aqui, Troy vai me ajudar, mas não é o suficiente. -Afaguei suas costas.

-Q-quando a igreja da minha vó pr-precisa e dinheiro eles dão uma festa. P-porque não faz isso? S-só que com bebida, claro. S-se não ninguém vai. A pessoa paga pela entrada e pelo que consumir… -Ela se afastou de mim minimamente, e somente para me olhar.

-Eu não sei… Teria que ter um lugar… e bebidas…

-Eu vou tentar pensar em algo. -Sorri de lado- Vai dar tudo certo. E-eu posso te ajudar também… não tenho muito mas vale.

-Me sinto mal agora. -Me abraçou de volta, forte e firme.

-T-tudo bem?

-Não, é que… até pouco tempo eu estava zangada com você… e agora você parece um anjo que caiu em minha vida. -Dei uma gargalhada baixinha.

-N-não precisa deixar de ficar zangada… é só um d-dois altos. O-o que acha?

-Porque faz isso? -Murmurou contra meu ombro.

-O que?

-O que você tá fazendo. Tá afastando todo mundo de você. Você não queria afastar Camila, certo? -Suspirei fundo voltando a afagar suas costas- Tudo bem, acho que você também não quer me contar.

-Tudo bem por aqui? -Nos soltamos repentinamente quando Troy apareceu. Desconfiado, alternava o olhar entre mim e Ally. Acho que eu te entendo, Troy. Também olharia assim.

-Tudo amor.

Andei a passos lentos até o caixa do local para pegar uma balinha. Achava horrível ficar ali sem consumir nada, então minha única alternativa era comprar doces. Troy parecia já saber do roteiro de cór. Olhava as coisas e comprava balinha. Meio estranho assim por dizer, mas acabava que era uma coisa que conseguia me distrair.

-Não precisa. -Olhei para o mais alto- Essa bala vai para o lixo mesmo. Eu vejo você jogar fora assim que sai daqui. -Empurrei mais o pequeno doce para que chegasse mais perto do caixa. Não iria sair sem consumir. Mamãe me deu educação.

Troy deu de ombros e aceitou meus 10 centavos pela bala. Abri o caramelo na frente dele e comi. Fui retribuída com uma risada de canto surpresa. Pisquei para Ally e segui meu caminho para fora, tinha que comprar leite agora. Acabou que o doce foi parar no lixo mesmo.

De uma coisa eu teria certeza; Ajudaria a colocar um sorriso na mãe de Ally e nela antes de qualquer coisa.



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