História Inside - Partida indesejada

Logo depois que Helen tinha voltado do acampamento mais determinada que nunca a acabar com Byun Baekhyun, acabou por traçar um plano que o dinheiro do seu pai iria ajudar muito bem a concluir. Inicialmente junto com suas amigas, mandou uma mensagem a todos os alunos do colégio, convidando-os para o espetáculo de humilhação de Byun e explicando como seria.

Sabia como todos do colégio eram seus "súditos", portanto o convencimento era desnecessário. 

Já tinha contratado uma equipe para arrumar o ambiente propício do ginásio. O diretor logo teve sua mão “molhada” com o suborno que ganhou e lhe disse que as consequências ficariam restritas apenas a uma suspensão. 

Tudo estava tão bem planejado que se sentia orgulhosa de como sua cabeça tinha conseguido arquitetar todo o plano. E ficou mais orgulhosa de si mesma quando viu tudo acontecer, todas aquelas risadas ao redor de Baekhyun, as lágrimas rolando pelas bochechas dele, a raiva de Chanyeol, Jongin e Kiki. 

Sabia que tinha feito o certo. Logo haveria uma consequência da raiva de Chanyeol, mas estaria pronta para superar com o sorriso mais branco que poderia dar. Logo as coisas voltariam ao normal. Tinha certeza que Baekhyun não voltaria para o colégio e tudo estaria nos eixos novamente. 

✤✤✤

Baekhyun decidiu parar antes de chegar a casa de Chen. Acreditava que seu amigo não teria paciência de escutar suas lamentações e seu desabafo pela idiotice que tinha feito. A mãe de Chen não iria querer ficar escutando choro enquanto o mesmo o esperaria até que chegasse. 

Sim, a única vontade de Baekhyun naquele momento era chorar. 

Não se dizia frágil ou fraco, mas sim, sensível. Tinha sido um baque muito grande, não conseguia conter as lágrimas que, a cada vez que se lembrava da voz de Helen, se faziam presentes lubrificando seus olhos. Naquele momento, acreditava ser um miserável, se perguntava em pensamentos como poderia ter se deixado levar por sentimentos tão rapidamente, por um único beijo e promessas inexistentes e atuadas. 

― Não vou decepcionar essa confiança que você me deu ao me permitir entrar aqui! Bem vindo ao mundo louco de Park Chanyeol. 

― Mentiroso!― Baekhyun chutou uma pedra de uma parte da calçada em reforma. 

Tinha parado em uma praça, onde se viu sentado em um balanço. A primeira coisa que fez foi retirar a bateria de seu celular para que não ficasse escutando aquele toque que já o irritava só por imaginar quem estaria ligando e enviando mensagens. Desde o início, tinha confiado nas ações de Chanyeol, tinha confiado em se abrir a um relacionamento, apesar de esse ser o último de seus planos. Sentia-se usado emocionalmente, tinha se deixado levar pelo jeito preocupado de Kiki, com o jeito despojado e legal de Jongin e até mesmo com as doces palavras de Chanyeol. 

Ficou sentado em um banco querendo em vão segurar seus soluços, queria desaparecer, seus óculos já estavam tornando sua visibilidade difícil para enxergar objetos longiquamente, o cheiro de ovos já estava incomodando suas narinas. 

― Baekhyun? ― escutou ao longe uma voz feminina. 

Virando o rosto na direção de onde tinha ouvido a voz e encontrou sua tia dentro de um carro. 

― Tia Mary! ― limpou seus olhos e fungou uma única vez, indo em direção ao carro que estava estacionando. 

― O que é isso Baekhyun?― fez uma careta pelo cheiro que sentiu quando seu sobrinho se aproximou ― Por acaso adotou a ideia de receber ovadas no aniversário? ― ela arregalou os olhos ― Por acaso é seu aniversário?

― Não ― se permitiu abrir um pequeno sorriso em resposta ― O que está fazendo aqui? Minha mãe nada me disse sobre sua chegada; não estava na França?

― Cheguei de surpresa, sabe como odeio recepções no aeroporto ― fechou a expressão ― Que olhos vermelhos são esses? 

― Problemas na escola ― queria desviar do assunto ― Pode me dar uma carona para casa? 

― Claro, entre ― Mary destrancou as portas. 

Começaram a conversar sobre as viagens devido aos desfiles que ela realizava. Mary Lee Byun era uma estilista renomada e nunca se encontrava na Coreia devido sua profissão. Ela estava desconfiada do que tinha acontecido com seu sobrinho e queria escutar da boca dele o que tinha acontecido antes de começar a ficar irritada.

― Eu não quero tomar decisões precipitadas por imaginar o que aconteceu com você, então eu acho melhor você me contar para que eu possa dar minha opinião ― sabia que ainda teriam alguns minutos para conversar até chegar em casa com o trânsito das ruas coreanas ― Por favor, me conte, sei que precisa de alguém para desabafar. 

Baekhyun viu que não poderia esconder tudo o que houve apenas com um mini sorriso, portanto resolveu mais uma vez se expor psicologicamente para uma pessoa que poderia confiar.

✤✤✤

Chanyeol estava sentado na beirada da calçada da porta do colégio com suas veias saltando de seu braço de tanta raiva que o consumia. Ver Baekhyun ser humilhado na sua frente foi a pior sensação de sufoco que pôde sentir na vida, seu coração pesou e não podendo fazer nada o deixou com um enorme peso por não conseguir se defender e defendê-lo da podridão que eram as pessoas daquele colégio. 

Kiki ainda tentava inutilmente ligar para Baekhyun, até para a casa dele tinha tentado, mas recebeu uma resposta negativa quando perguntou de sua chegada. Estava se sentindo extremamente culpada por não ter falado antes e não ter ficado ao lado de Baekhyun, enquanto ele mudou sua forma de pensar com a simples conversa que eles tiveram. O apoio que nunca teve de seu pai, ele tinha dado. 

Jongin não conseguia entender a confusão que estava sua cabeça. Seu martírio era considerado o pior em sua concepção. Ele tinha sido responsável por tudo aquilo. Ele foi responsável pela dor que Baekhyun, ele foi responsável pelo começo de tudo. Não queria admitir, mas ultimamente tinha começado a pensar se aquilo que estava sentindo quando estava ao lado dele era só amizade e apreço. Nunca sentiu seu coração queimar por ver alguém sofrendo, mas aquilo tinha queimado e se possível deixado cinzas. 

― Você foi o culpado disso ― Chanyeol estava fora de sua cabeça e sua fala foi em um tom de provocação ― Se você não tivesse feito essa merda de aposta comigo nada disso teria acontecido ao Baekhyun!

― Se eu não tivesse feito essa merda de aposta que você fala, você não teria nem falado com Baekhyun e continuaria a menosprezá-lo enquanto ficava com a vadia da Helen ― Jongin também estava se exaltando.

Chanyeol se levantou e de forma impulsiva, tinha tomado a iniciativa de iniciar uma briga com seu amigo. 

― Eu teria conseguido conhecer Baekhyun de qualquer forma, porque eu tenho certeza que o que tivemos já era algo planejado pelo destino, eu me apaixonei por ele e teria acontecido de qualquer forma, com ou sem aposta ― Chanyeol cutucava o peito de Jongin com força ― Não venha querer se fazer de vítima nesse momento. 

― Eu não acredito que agora você quer desvirtuar essa história para me colocar como culpado disso tudo ― Jongin olhou ao redor, apontando para Kiki ― Até você tem culpa! Você, com esse espírito protetor, também mentiu para ele e ficou com toda essa historinha de romance em sua cabeça. 

― Eu reconheço o meu erro! O que eu queria era ver a felicidade do Baekhyun junto a você, Chanyeol, mas eu percebi que deixá-lo ao seu lado foi sim meu erro, com uma pessoa tão doente ao seu lado que tinha a possibilidade de machucá-lo, como a Helen ― empurrou Chanyeol com toda sua força ― Ele é a melhor pessoa que já conheci em minha vida e vocês agora conseguiram transformá-lo em uma pessoa amarga, talvez ele vá embora sem que nós fiquemos sabendo! 

― Ele não vai embora! ― Jongin e Chanyeol gritaram em uníssono. 

― Não sei quem vai impedir ― Kyungsoo apareceu junto com Minseok, Yixing e Suho ― Eu sabia desde o início que você era responsável por alguma coisa ― Minseok acrescentou ― Quis brincar com os sentimentos dele, e conseguiu. 

― Eu me transformei no pão que o diabo amassou essa noite, não é possível!― Chanyeol falou dando um último empurrão em Jongin ― Todos estão empurrando a culpa para mim, todos estavam naquele ginásio, ninguém aqui conseguiu ser mais forte do que aquela multidão de pessoas que queriam humilhá-lo desde o inicio. Eu sou apaixonado pelo Baekhyun, por que iria querer ver aquela cena?

― Não pense apenas em você ― Jongin se manifestou se virando em direção aquele pequeno grupo de pessoas ― Depois de pensar muito, você sabe que não escondo o que penso e faço o que quero, portanto eu vou assumir que também gosto de Baekhyun e não é só como amigo, eu... ― antes que terminasse sentiu uma dor imensa em seu queixo vinda do soco que Chanyeol tinha lhe dado. 

― Você não fez isso! ― Chanyeol girava seu pulso para aliviar a dor ― Você não me traiu dessa forma, você traiu a nossa promessa, agora não sei no que posso acreditar em você, porque se mentiu uma vez, pode mentir várias outras. 

― Pare Park Chanyeol! ― Kiki entrou na frente ― Vai para casa e espera o Baekhyun esfriar a cabeça para depois conversar com ele ― olhou para Jongin ― Você também! Ninguém aqui mais vai acabar indo para hospital pelo calor do momento. Todos precisam pedir desculpas para o Baekhyun, mas nada vai funcionar hoje. 

Todo mundo tomou o rumo de casa, mas nada estava certo. Jongin e Chanyeol logo viraram o olhar de um para o outro, estavam brigados. Kiki tinha se estressado com tudo, Kyungsoo e Minseok estavam ficando preocupados com a falta de resposta de Baekhyun e Suho e Yixing só estavam tentando mensurar a gravidade daquela situação. 

✤✤✤

― Eu não acredito que isso aconteceu! ― foi a única coisa que Mary conseguiu falar com Baekhyun ― Isso me deixa muito revoltada! Como as pessoas podem chegar a esse nível? O que tem haver sua aparência? Você é lindo aos meus olhos, e tenho certeza de que de muitas pessoas também acham. Ele foi um babaca por ter feito isso com você ― estalou a língua ― Aposta? Como ousam te colocar como um mero peão em um jogo?

― Tia, eu acho melhor não falar isso com meus pais, eles podem ficar preocupados ― Baekhyun falou assim que estacionaram em frente a casa. 

― Eu não vou esconder esse bullying Baekhyun, isso deveria ser denunciado ― Mary trancava o carro ― O que aconteceu foi agressão, eu não posso deixar de falar com seus pais. 

Baekhyun sabia que nada adiantaria implorar o silêncio de sua tia, então se conformou em acompanhá-la para dentro de casa. Seus pais logo perguntaram o que tinha acontecido por conta de todos os telefonemas preocupados que tinham recebido de todos e a inusitada presença de Mary, então Baekhyun falou que não estava bem para contar novamente e permitiu que sua tia tomasse a palavra enquanto fosse tirar aquela roupa e tomar um banho. 

Ligando o celular para mandar uma mensagem para Kyungsoo e Minseok falando que estava bem, viu as centenas de notificações, mas apenas foi direto no Line mandar a mensagem, apenas ignorando outros remetentes. Novamente o desligou e desceu as escadas para conversar com seus pais e comer alguma coisa, queria se afogar em chocolate e porcarias. 

― Baekhyun, sente-se aqui! ― sua tia falou sentada em uma das poltronas da sala juntamente com seus pais ― Chegamos a uma conclusão e queremos a sua palavra final. 

― O que é isso? ― sentou-se na cadeira no canto da sala. 

― Eu conversei com seus pais e... ― olhou cúmplices para seus pais ― Você vai conseguir suportar ficar naquele colégio depois do que você passou hoje? 

― Eu... Eu não sei ― respondeu incerto, mexendo na manga de sua blusa de frio. 

― Não pense nisso como um ato de covardia, meu querido ― Mary se levantou e ficou ao lado do sobrinho ― Não quero que pense nisso, eu só quero que faça igual sempre fez quando está chateado, escreva no seu diário e deixe tudo fluir pela sua caneta. Mas, eu tenho uma proposta para você. 

― Meu filho, eu acho que você deve aceitar a proposta da sua tia. Está sendo repentino, mas acho que é o melhor que pode fazer ― sua mãe disse e seu pai concordou com a cabeça. 

― Eu quero que vá ficar comigo na Itália por um tempo ― Baekhyun arregalou os olhos ― É só até a poeira abaixar e você dar um tempo dessas pessoas, sei que vai se sentir desconfortável se voltar e todas as pessoas envolvidas na história vão insistir pelas suas desculpas por dias seguidos, e sei que vai se irritar quando isso acontecer. Não gostamos das coisas que faz ou o modo como age quando fica irritado ― colocou as mãos sobre os ombros dele ― Eu vou ir embora amanhã de manhã, bem cedo, só vim encontrar um sócio. Essa decisão depende de sua vontade, mas sei que precisa desse tempo. 

― Isso foi mesmo muito repentino, mas... ― Baekhyun passou a pensar no que sua tia tinha dito, ele não iria aguentar a pressão do colégio e aquelas risadas idiotas das pessoas, já tinha suportado mais do que aguentava, não iria suportar olhar para o rosto de todos e fingir que tudo não passou de uma brincadeira, seguindo em frente ― Eu acho que posso aceitar sua oferta tia, sei que será bom para mim, pelo menos por um tempo. 

― A internet ajuda na distância ― sua mãe disse indo abraçar o filho, assim como o pai ― Tudo o que aconteceu fez com que eu pensasse no inferno que estava sendo para você sem nem mesmo eu saber. Me perdoe meu filho. 

― Não fale isso mãe, eu que vou me sentir culpado! Eu que não sou de falar muito sobre o que acontece na minha vida para vocês, apesar de tudo ― Baekhyun abraçou forte sua mãe, sentindo seus olhos lacrimejarem ― Tenho certeza que fiz errado. 

― É melhor ir arrumar sua mala, eu ajudo ― ofereceu em resposta também limpando o canto dos olhos. 

― Pode deixar que eu ajudo meu sobrinho, vamos para seu quarto ― Mary acompanhou Baekhyun para seu quarto. 

Chegando ao quarto, Baekhyun pegou a mala em cima do seu guarda-roupa e enquanto procurava roupas em seu armário, escutou sua tia dizer:

― Na verdade, essa sua ida para a Itália tem um plano por trás da minha cabeça ― Mary abriu o guarda roupa do sobrinho ― Eles pegaram a sua aparência como justificativa para todos os atos, o denominando como patinho feio, mas eu te conheço muito bem para saber que você se esconde por trás dessa aparência e assim prefere, pois sabe que as pessoas que estão ao seu redor são aquelas que gostam do seu caráter. 

― Sempre me conheceu muito bem tia Mary ― Baekhyun guardava as roupas na mala ― Eu nunca quis que as pessoas se aproximassem de mim pela aparência, não queria ser paparicado pelas pessoas, e estou mais satisfeito assim. 

― Mas, para ser sincera, eu quero que você cale a boca desse povo ― Mary sempre teve um espírito de vingança em seu olhar ― Eu quero que você mostre para todos o quanto você pode ser lindo tanto por fora quanto por dentro. Eu queria te levar para Itália para você ficar forte tanto emocionalmente quanto fisicamente, quero fazer com que você deixe todos com os queixos caídos ao ver você voltando. Sabe o quanto eu sou vingativa e mesmo não sendo um sentimento saudável, nesse momento desejo a você. 

Baekyun refletiu um pouco nos pensamentos de sua tia e percebeu que era a melhor coisa que poderia fazer. Sentiu aquele sentimento de vingança surgir dentro de si, queria mostrar a todos do que era capaz, precisava disso, já havia passado muito tempo se escondendo por trás de sua aparência. Não aguentaria ver Chanyeol, Jongin ou Kiki pelos próximos dias e novamente ficar se sentindo culpado. Eles precisavam perceber que ainda existia uma ponta de auto-estima em si e ela precisava ser recuperada. 

― Tia, eu espero que possa me ajudar durante esse período, mas eu tenho uma condição ― Baekhyun cruzou as pernas como um índio sentado na cama ― Eu preciso voltar antes que o ano acabe, tenho um compromisso a selar. 

― Tudo bem, só preciso de poucos meses para tirar esse cisne de dentro desse coração puro ― Mary abraçou o sobrinho ― Mas agora, vamos terminar de arrumar essa malinha para que eu possa encontrar meu sócio e reservar seu assento no avião amanhã. 

― Obrigada tia, não sei como retribuir ― Baekhyun estava tirando algumas peças de roupa da gaveta ― Espero não te decepcionar ― ajeitou os óculos abrindo seu sorriso metálico.

✤✤✤

No dia seguinte pela manhã, Baekhyun esperou a tia resolver os assuntos pendentes em sua escola. Pediu que ela entregasse um bilhete para sua professora, avisando o que tinha acontecido. Eles tinham ido em um horário que apenas os funcionários estão presentes, dali partiriam para o aeroporto. 

Resolveu que deixaria seu celular para trás, não queria que ninguém tivesse notícias suas. Pediu aos seus pais que não comentassem sua localização, pois assim poderiam se sentir aliviado enquanto estivesse ao lado de sua tia. Sabia que os primeiros dias poderiam ser insuportáveis ao seu redor, mas estava determinado com seu objetivo. 

Assim que sua tia avisou que tinha resolvido tudo com o diretor, começaram a se encaminhar para o aeroporto. Colocou o fone para que pudesse ficar calado enquanto uma playlist de músicas ecoasse em seus ouvidos, precisava desse silêncio para colocar seus pensamentos em ordem ou ao menos deixar de tê-los. 

✤✤✤

Os portões já tinham sido abertos e Chanyeol tinha sido o primeiro a chegar à escola. Sabia que Baekhyun não poderia fugir de si pelos corredores do colégio e teria que conversar com o menino. Tinha tentado a noite toda telefonar para ele em vão, mandando textos e mais textos para não serem lidos. Ficou tentando pensar no que faria no dia de hoje, quais as palavras certas a serem utilizadas para conseguir o mínimo de perdão. Iria denunciar o acontecimento ao diretor e esperava que Helen tivesse as consequências que merecia, nunca pensou que já tinha ficado com uma pessoa tão inescrupulosa. 

Estava com o uniforme amassado por acordar atrasado, mas estava ali com um dos pés apoiados no muro da entrada vendo o porteiro com um olhar atravessado em sua direção. Olhava para o relógio que parecia estar estragado nos ponteiros de tanto que os minutos demoravam a passar. Viu Jongin vindo em sua direção e a única expressão que conseguiu esboçar foi impaciência. 

― Só vamos ficar cada um em seu canto ― Jongin falou ficando escorado no segundo muro que ornamentava o portão.

― Só vamos ficar calados cada um em seu canto ― Chanyeol disse percebendo que Jongin estava inquieto. 

― Não precisa ficar sendo agressivo, o Baekhyun vai escolher quem ele quer escutar primeiro, hoje nós dois somos os culpados, então não vamos ficar nos acusando ― Jongin olhou para a tela de seu celular com a esperança que suas mensagens para Baekhyun tivessem sido respondidas. 

― Eu só quero entender o motivo de você não ter me contado sobre isso, nós tínhamos feito aquela promessa. Sua confissão foi tão aleatória que não parece real ― Chanyeol cruzou os braços ― E tenho certeza que não foi. 

― Como se fosse fácil para algum homem assumir que gosta de outro, para Chanyeol, você sabe como é difícil. Eu só percebi que você estava se colocando como a última bolacha do pacote, como se o Byun fosse só seu ― ironizou a última frase. 

― Eu acho melhor ficarmos calados até que o Baekhyun chegue ― Chanyeol queria parar o diálogo, pois sabia que conseguiria deixar outros hematomas além daquele que Jongin já tinha. 

Os alunos começaram a chegar e nem sinal de Baekhyun, fato esse que começou a preocupar aqueles que esperavam desde cedo. Todos os alunos estavam fazendo um grande burburinho quando passavam pelos dois e exibiam em seus celulares vídeos que tinham sido feitos. 

― Ele é mesmo um idiota, mereceu o que teve ― Chanyeol escutou de uma menina que passava por si mostrando o vídeo para a sua amiga. A única atitude que ele teve foi pegar o celular que ela portava e jogá-lo no chão ― Yah! Está louco? ― quando viu a expressão furiosa do mais alto abaixou a cabeça e recolheu o seu celular entrando rapidamente pelo portão. 

Jongin viu Kiki passando direto pelo portão, a seguiu e perguntou o motivo dela não estar entrando no colégio. A resposta também estava sendo esperada por Chanyeol que não queria se aproximar. 

― Se vocês acham que ele vai vir ao colégio hoje, estão precisando usar seus cérebros um pouquinho mais ― Kiki tirou a mão de Jongin do seu braço ― Depois do que ele passou, eu duvido que ele volte nesse inferno. 

― Onde está indo? ― Jongin mais uma vez perguntou. 

― Vou até a casa dele, ué ― Kiki se colocou novamente a andar ― Provavelmente ele deve ter chorado a noite toda e se afogado em sorvete, preciso mudar essa imagem depressiva da minha cabeça, não aceito ver o Byun assim, nunca na minha vida. 

― Eu vou com você ― Jongin começou a andar ao lado dela. 

Chanyeol pensou de outro jeito e começou a projetar outro caminho que o faria chegar antes dos dois. Conhecia Seul como a palma de sua mão, então viu que Yixing chegava com sua bicicleta e assim a tomou da mão de seu amigo e começou a pedalar em direção a casa de Baekhyun apesar dos xingamentos vindos dele. 

O que todos não sabiam era que Minseok e Kyungsoo já estavam na porta do apartamento tocando a campainha. Esse horário o pai do Baekhyun já tinha ido trabalhar e sabia que a mãe dele ficava em casa trabalhando pelo computador. 

― Minseok e Kyungsoo ― falou assim que abriu a porta ― Sabia que vocês dois seriam os que visitariam meu filho primeiro, mas sinto lhes informar que ele não está!

― Fale onde ele está, que temos que ir atrás dele, por favor ― Kyungsoo pediu segurando a mão da Sra.Byun ― Eu sei como ele deve estar devastado. 

― Ele não está aqui em Seul ― Minseok e Kyungsoo entraram em um estado de choque ― Entrem que eu vou explicar. 

― Como assim não está em Seul? ― Minseok ficou sentado em um dos assentos do sofá ― Aonde ele foi?

― Ele pediu que eu ficasse calada sobre seu destino, mas ele viajou com a tia dele ― trouxe um copo de água para os dois ― Eu nunca o vi tão triste em toda minha vida, meu coração partiu em mil pedaços com as lágrimas e a tristeza do meu filho. 

― Sra. Byun pelo amor de Deus! Nos fale aonde o Baekhyun foi ― Kyungsoo já se mostrava desesperado ― Nos preocupamos com ele do mesmo jeito que a senhora. 

― Prefiro manter a informação como confidencial. Ele me pediu que eu deixasse vocês saberem o telefone da tia dele para quando quiserem falar com ele ― pegou um papel do bolso de sua calça ― Mas peço que não passem a ninguém, ele precisa desse momento sozinho. 

O que a mãe de Baekhyun preferiu deixar em segredo foi que Chen já tinha ido a sua casa, e Baekhyun pediu exclusivamente que ela lhe desse o destino final de sua viagem e o número de sua tia, pois sabia que seu amigo merecia saber onde ele estava, sabia que ele era a única pessoa que poderia encontrá-lo na Itália de alguma forma, pois possuía parentes que moravam na região de Toscana. 

Baekhyun tinha colocado em sua cabeça que Chen era a única pessoa que poderia confiar. Ele não estava no ginásio, pois iria se lembrar certamente do rosto dele na multidão que tinha ficado tão clara em sua mente.

― Vocês devem ir estudar, o horário do início da aula já está próximo ― a Sra. Byun recolheu os copos pela metade com água ― Sei que vocês não estão envolvidos no acontecido e eu agradeço a amizade que vocês têm com meu filho. 

― Baekhyun é uma pessoa maravilhosa, pena que algumas pessoas não conseguem enxergar isto ― Kyungsoo disse indo para a porta. 

Andando de volta para o colégio do lado contrário daquele que Chanyeol estava vindo, voltaram para a escola, apenas pensando para onde Byun teria ido. Logo que o grandão chegou, pediu que o porteiro guardasse a bicicleta para si e deu explicações do por que não tinha ido dormir em sua casa no dia anterior, falando que tinha que pegar algumas coisas na casa do seu pai, o que não deixava de ser mentira. 

Tocando a campainha, logo foi recebido por uma carranca da Sra. Byun que fechou a porta na cara de Chanyeol que nem teve tempo de interceder. Tocou novamente a campainha recebendo a abertura da porta e a passagem da matriarca da família Baekhyun para fora de casa. 

― O que você está fazendo aqui? ― ela olhava com cólera para Chanyeol, ficou sabendo do relacionamento dos dois pelo relato da tia de Baekhyun e não gostou nada deles terem escondido isso ― Você é pior de todos que apareceu aqui até agora. 

― Eu preciso pedir desculpas para o Baekhyun e dizer que tudo o que aconte... ― recebeu um dedo em sua direção. 

― Eu nunca deixaria a pessoa que fez meu filho sofrer dessa maneira entrar com um mero pedido de desculpas. Você... ― apertou os dedos em punho em sua mão querendo se controlar ― Só deveria ir embora. 

― Você deve estar interpretando errado, tudo o que aconteceu foi um mal entendido, eu tentei fazer que todos... ― mais uma vez foi interrompido, mas dessa vez o estalo do tapa vindo da Sra. Byun foi ouvido pelo corredores. 

― Isso é o que meu filho deveria ter feito com você caso ele estivesse aqui ― ia entrar em casa novamente, mas teve seu braço segurado por Chanyeol que nem sentiu a dor do tapa pela frase dita por ela ― Sim, meu filho não está aqui antes que pergunte. 

― Onde o Baekhyun está? ― foi a única coisa que conseguiu dizer enquanto suas pernas estavam bambas. 

Quando fez essa pergunta, Kiki e Jongin tinham aparecido no corredor do andar e haviam escutado a pergunta que ele tinha feito, sendo assim tomados pela insegurança que também tinha assolado Chanyeol. 

― Bem longe de vocês, em outro país ― a Sra.Byun olhou para os dois novos chegados e deu um passo para trás, se lembrando que Baekhyun tinha lhe entregado uma coisa que era para entregar a Chanyeol quando ele fosse procurá-lo ― Ah! Meu filho pediu que eu lhe devolvesse isso ― jogou no chão o anel que Byun tinha encontrado no acampamento ― Você me decepcionou de uma forma que não consigo explicar. 

Chanyeol seu curvou pegando o anel do chão, sentindo seus olhos marejarem pela notícia. Kiki estava com as mãos sobre a boca chocada e Jongin estava estático: Baekhyun tinha ido para outro país. 

Chanyeol encostou suas costas na parede ao lado da porta e deslizou até ficar sentado no chão encarando aquele pequeno pedaço ornamentado de metal. Não encontrava sentido em nada, se culpava imensamente pelo acontecido e aquele sentimento de raiva incontrolável que tinha quando pequeno e tinha sido curado, passou a dominá-lo novamente. 

Levantou-se e saiu daquele prédio esbarrando com força no ombro de Jongin e Kiki. 

Aquele não era o Chanyeol que as pessoas conheciam. Jongin sabia que o antigo Chanyeol estava de volta, e isso não era uma boa notícia. 

✤✤✤

Chegando ao aeroporto, Baekhyun viu sua tia acenar para um homem alto. Ele era loiro e se portava elegantemente com suas roupas e postura. Utilizava um sobretudo sobre um blusa social e gravata, tudo em coloração preta. Retirou seus óculos, deixando Baekhyun perceber que ele era asiático. 

― Kris Wu, my dear friend ― Mary foi lhe abraçar ― Não precisava ter se dado ao luxo de vir me buscar, sei como sua agenda está lotado pelos seus desfiles. 

― Você sabe como me importo com sua segurança ― Kris olhou para Baekhyun que se curvou em forma de respeito ― Quem é? Não sabia de ninguém mais vindo à Itália. 

― Esse é meu sobrinho Baekhyun, sua vinda foi de última hora ― Mary circundou seu braço sobre o ombro do apresentado ― Espero que você seja de grande ajuda no meu objetivo de trazê-lo aqui. 

― Olá ― abriu um sorriso charmoso ― Como sua tia já me chamou, sou Kris Wu, na verdade meu nome é Wu Yi Fan e meu apelido americano é Kris, sua tia fez uma junção dos dois. Fique a vontade de me chamar como desejar. 

― Meu nome é Byun Baekhyun ― estendeu a mão. 

― Bom, tenho certeza que ele nos ajudará com nossos objetivos meu sobrinho, e vocês vão passar um bom tempo juntos, espero que se deem bem ― Mary começou a andar para buscar sua mala. 

Wu Yi Fan seria de grande ajuda no plano que Mary estava arquitetando em sua cabeça. Na verdade, ele seria a última peça do quebra cabeça.