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História | inside - Parte XXVI


Escrita por: wkahei

Capítulo 28 - Parte XXVI


Era quarta-feira e em todas as paredes da nave estavam pregados cartazes informativos sobre um treinamento de incêndio que ocorreria na sexta-feira. Treinamentos em dias úteis eram incríveis porque as garotas ficavam liberadas de algumas aulas e, apesar de ser atividades que ajudassem na sobrevivência, elas podiam se aliviar um pouco da tensão estudantil.


Jiwoo estava em alerta perante os movimentos de Chaeyoung. Por incrível que pareça, ela aprendeu muito com Jennie Kim o poder de observar as pessoas. Todos achavam que Jennie vivia dentro se sua cabeça perturbada, e realmente vivia, mas era assustador como ela arranjava um espaço para ter total conhecimento sobre aquilo que lhe cercava.


Jiwoo estava em alerta. Ela não tinha certeza sobre as próximas vítimas já que Chaeyoung atacou a ela e a Jinsoul duas vezes, mas de acordo com a sua lista, faltavam apenas Jihyo e Jisu. A Kim não dormiu muito bem na noite anterior; ela teve insônia depois de passar horas conversando por mensagens com Sooyoung por debaixo dos cobertores. 


Ela estava um pouco cansada e só queria que as aulas terminassem mais depressa para que tivesse a oportunidade de dormir à tarde. Os corredores estavam silenciosos, as garotas estavam cumprindo seus horários nas aulas, exceto aquelas que estavam em horário vago. Jiwoo estava sentindo falta de Jihyo, elas não tinham se falado desde a segunda-feira e, tendo o pressentimento de que algo poderia acontecer, ela pôs-se a procurar a amiga. 


Checou pelos corredores e optou pelas escadas ao tentar pensar com a cabeça maléfica de Chaeyoung, encontrando Jihyo com os olhos lacrimejados a olhar para andares mais abaixo. Ela estava parada pela escadaria de emergência, imóvel, deixando que lágrimas escorressem de seus olhos e pingassem no que ela olhava. Jiwoo se aproximou devagar e olhou para baixo, dando de cara com o desenho de um corpo feito com pequenas fotografias do corpo de um homem sobre uma poça de sangue. Pelo pouco que a Kim sabia de Jihyo, temia que aquele fosse o desenho da preservação da cena de um crime, o crime em que ela estava envolvida.


Jiwoo virou com lentidão o corpo de Jihyo e a abraçou, permitindo-a chorar em seu ombro.


— V-você não sabe o quão i-isso mexe comigo — gaguejou Jihyo tentando manter o controle.


— Eu não posso te pedir calma sabendo de como isso te afeta. Esse homem tentou te assediar e você se defendeu, não se culpe pelo resultado dessa ação.


— Ela poderia ter me atacado de t-toda e qualquer outra forma, menos e-essa — Jihyo se calou quando vira Jungeun e Heejin se aproximando.


— O que ela tem?! — perguntou Heejin enquanto alisava as costas de Jihyo.


— Por que vocês estão juntas?! — essa foi a primeira pergunta de Jiwoo.


— Jungeun está interessada na reforma da nossa capela. Faremos uma bela pintura no afresco — Jiwoo encarou Jungeun em busca de algo que lhe remetesse a algum plano.


Não que fosse absurdo Jungeun ter uma vida religiosa, ela só não parecia ser a pessoa mais dedicada a se envolver nessas questões.


— O quê?! Eu gosto de pintura e isso pode me trazer mais pontos nas disciplinas obrigatórias — revirou os olhos com as bochechas avermelhadas. — Jihyo, está tudo bem?!


Jiwoo acenou com a cabeça para que as garotas olhassem para baixo. Jungeun foi a primeira e logo quando vira, deu passos para trás de olhos arregalados, negando com a cabeça. Heejin preferiu não se aproximar, ela sentia que não tinha estômago para ver seja lá o que tinha deixado Jihyo naquele estado.


— Eu sinto muito por tudo o que Chaeyoung está causando — disse Heejin —, ela está um tanto descontrolada, mais que o normal. Ninguém naquele grupo me ouve, elas acham que eu sou uma crente fanática. Me juntei a elas para tentar tirar esse desejo absurdo de prejudicar os outros mas venho falhando com elas e comigo, eu me acomodei por não ser alvo delas. Sei que nada do que eu falar vai lhe fazer acreditar em mim, Jiwoo, mas se serve de algo, eu posso cuidar de Jihyo até que ela esteja bem.


— Por favor, cuide dela. Jungeun, ajude Heejin, tenho que encontrar Jisu.


— Por quê?! Ela está bem?! — perguntou Jungeun ao passar um dos braços de Jihyo por cima de seus ombros.


— Não sei, mas preciso protegê-la antes que coisas desse tipo aconteçam com ela. Leve Jihyo daqui, depois encontro vocês.


Jiwoo deixou Jihyo com as outras duas garotas e seguiu corredor afora em busca de Jisu. Vasculhou cada canto ao qual ela conhecia da nave com exceção do andar proibido e do banheiro próximo ao refeitório. Choi não devia conhecer o andar, quanto mais o banheiro, mas resolveu checar por desencargo de consciência. Seguiu discretamente pelo refeitório e se dirigiu para o sanitário, quando ia abrir a porta, sentiu um par de palmas em sua cintura, o que lhe fez pular para trás em susto.


Sooyoung sorria apaixonada para Jiwoo, que não partilhou da mesma alegria.


— O que foi?! Não está feliz em me ver?!


— Não é isso, estou em busca de Jisu. Eu sabia que Chaeyoung ia atacar mas temo que sejam duas ao mesmo tempo.


— O que aconteceu?! Você está tremendo.


— Jihyo estava em desespero próxima às escadas, Chaeyoung recriou a cena do crime em que... Você sabe, como aquele homem morreu. Várias fotos com o corpo do cara em cima do sangue, foram imagens péssimas a se ver, realmente não sei como ela as consegue se claramente são imagens pericionais.


— Sobre isso, não precisa se preocupar. Uma nave auxiliar estará indo para a Lotus Berthelotii para que nossos pais encaminhem os valores das presentes e uns trocados, ações básicas para fingirem que ainda se importam conosco. Pedi uma grana para o meu pai e vou usá-la com Tzuyu.


— A garota hacker?!


— Ela mesma. Tzuyu tem o controle de todos os aparelhos móveis dessa nave, pagando bem, ela pode monitorar os itens de navegação de Chaeyoung, isso nos ajudará a antecipar nossos atos aos dela.


— Boa! Você é incrível! — Jiwoo deu-lhe um beijo na bochecha para intensificar o seu orgulho. — Agora preciso encontrar Jisu para mantê-la perto de mim. Chaeyoung pode tentar atacá-la mas pelo menos estarei a lado de Jisu.


— Acha que Jisu está aí?! Quase ninguém sabe ou usa esse sanitário, Jiwoo.


— Eu sei, mas prefiro checar e tirar esse peso das minhas costas do que não olhar e me sentir mal caso não a encontre em outro lugar.


Jiwoo deu as costas para Sooyoung e girou a maçaneta, abrindo vagarosamente a porta e se assustado pelo mau cheiro de bebida.


Esquadrinhou o local com os olhos e vira Jisu com uma garrafa de vodca em uma mão e, na outra, um secador pregado na tomada. Havia uma pia cheia de água em sua frente e seus olhos estavam com a maquiagem borrada. Jiwoo tentou não fazer alarde mas assim que ouviu Choi acionar o secador, ela entrou no sanitário em pura velocidade e a agarrou pela cintura, jogando a garota para longe quando o equipamento elétrico se chocou com a água.


Com o impacto, uma explosão fez faíscas se suspenderem, deixando-as encurraladas com o início de um pequeno incêndio.


Sooyoung, que assistia a ação da porta, retirou-se do local e buscou os extintores que ficavam espalhados por toda a nave. Ela lembrava do treinamento que recebeu há alguns meses sobre extintores, para incêndios com equipamentos elétricos energizados, ela deveria usar aquele com gás carbônico. O nome "classe c" em alto-relevo se destacou entre os demais, o que a fez carregar o equipamento e retirar o lacre com os dentes, chutando a porta do banheiro e mirando o cabo na direção do fogo, acionando a válvula e fazendo o conteúdo ir em direção à pia. O alarme de emergência foi acionado e, com o susto, Sooyoung foi arremessada para dentro do banheiro por outro corpo que tentava encontrar algum seguro ou simplesmente aprisioná-la.


Sooyoung buscou com os olhos a figura que lhe empurrou para dentro do banheiro e seu semblante mudou de imediato. Jiwoo, que antes protegia Jisu em seus braços, mirou no rosto assustado de Chaeyoung e semicerrou os olhos, rangendo os dentes como se mastigasse um pedaço de noz bem dura. A Kim se levantou bruscamente e avançou na direção de Park, só não a agredindo pois a de fios borgonhas segurou-a pela cintura.


— VOCÊ É LOUCA!! ME SOLTA, SOOYOUNG, EU VOU RASGAR A CARA DESSA GAROTA!! — Jiwoo socava o ar ao passo que Chaeyoung se afastava da porta para não ser atingida.


— Jiwoo, você nem tem unha pra isso! Se acalma.


— ELA QUASE NOS MATOU, ELA QUASE MATOU A TODAS NÓS! ELA INDUZIU JISU A ISSO!


— Se tivessem morrido, seria apenas a lei do retorno — disse Chaeyoung segura pois achava que Sooyoung conseguiria segurar Jiwoo por muito tempo.


Jiwoo deu cotoveladas propositais em Sooyoung para poder se soltar e foi em direção de Chaeyoung, que protegeu o rosto e escondia-se dos olhos vermelhos da Kim. Ela era como uma leoa a proteger os seus filhos, a respiração ofegante dizia muito mais sobre as suas ações do que qualquer fala. Ela estava tentando escolher o que faria com a Park para retribuir todo o sofrimento que vinha sendo ocasionado desde que chegaram na nave, poderia retribuir com seus punhos, suas curtas unhas ou seus golpes de taekwondo, porém preferiu acalmar-se por lembrar de seu irmão.


Chaeyoung, por outro lado, escolheu empurrar Jiwoo de volta para dentro do banheiro e puxou a porta de vez, ouvindo-se a fechadura trincar na aldraba e passos se distanciando do local. Ao tentar abrir, percebeu que a porta estava trancada e isso a fez enfurecer-se ainda mais. Com a falha no sistema elétrico, as portas com travas manuais e antigas eram acionadas e só conseguiriam abrir por fora ou quando tivessem eletricidade.


— Merda! Aquela vadia nos trancou aqui!


— Não foi ela, quando o alarme é acionado, as portas mais antigas são trancadas automaticamente, ela só sabia da informação e usou ao seu favor — explicou Sooyoung.


Porra! — Jiwoo socou o ar novamente e se direcionou para perto de Jisu, que estava abraçada ao próprio tronco e olhando para o nada. — Você está bem?!


— Eu acho que pus tudo a perder — disse Jisu com os olhos lacrimejados.


— Onde conseguiu a bebida?!


— Eu não sei, eu sempre vinha para esse sanitário quando queria ficar sozinha, ninguém vinha aqui, então era um bom lugar para ajustar as ideias. De uns tempos para cá, bebidas eram deixadas no airlock e eu passei a digeri-las, elas me ajudavam a me acalmar.


— Por isso o cheiro constante de bebida no dormitório — murmurejou Jiwoo.


— Isso me ajudou a piorar o meu psicológico, então eu queria acabar de uma vez comigo. Pensei em usar o secador de Yeji, mas... Só consegui foder com o sistema da nave... E agora estamos aqui com esse cheiro horrível de fumaça, presas e sem energia — Jisu escondeu o rosto em suas mãos.


— Calma, nós vamos sair daqui — disse Jiwoo.


— Não dá, a porta está trancada, esqueceu?! — disse Sooyoung.


— Todas as portas?! — Jiwoo apontou com a cabeça para a porta secundária.


— Vocês querem entrar no almoxarifado?! — perguntou Jisu. 


— Isso não é um almoxarifado, é uma passagem secreta para o andar proibido, só colocaram essa placa aí para manter as alunas afastadas — disse Sooyoung. — Jiwoo, o andar proibido só tem uma passagem disponível para entrada e saída, mesmo que entremos lá, não conseguiremos voltar.


— Não, não tem apenas uma — disse Jiwoo andando para lá e para cá, pensativa. — Lembra quando eu disse que tinha pego o elevador e me perdido?! Então, eu apertei algumas teclas sem querer e foi gerado um código que me levou até o andar proibido. Parecia que o elevador não descia lá há muito tempo pois ele rangeu, aquele mesmo rangido de quando os ferros enferrujados são acionados depois de anos. Eu não me lembro o código que acionei, mas existe sim uma forma de chegar até o andar proibido sem ser por essa passagem.


— Que estranho colocarem um código para chegar até um andar da nave — disse Jisu.


— Você sabe que o andar proibido era ponto de encontro de casais, foram aplicado códigos nos elevadores que impedem as alunas de irem para vários lugares da nave, inclusive o andar proibido, que já foi palco de grandes tragédias também.


— Essa nave tem tantos segredos que faz a minha vida parecer um livro aberto — disse Jisu.


— Jiwoo, se você não sabe o código que acionou para chegar ao andar proibido, não adianta irmos lá — disse Sooyoung —, as monitoras da nave não sabem que nós conhecemos e temos acesso ao andar, se souberem disso, podem impedir de vez as nossas passagens. Ficaremos aqui, com certeza o curto circuito na nave já deve estar sofrendo reparos, consigo ouvir as turbinas auxiliares ligadas para que o motor não sofra consequências e fiquemos em estado de extremo perigo, já passamos por incêndios, quedas de energia, queima de turbinas e a nave principal sempre nos dá apoio com brevidade. Eles já devem estar procurando o local em que começou esse incêndio, logo nos encontrarão.


— E eu estarei fodida! — disse Jisu com a fala embolada e entupida.


— Calma, nós daremos um jeito — disse Jiwoo.


— E esse cheiro de fumaça?! Ele é tóxico! — disse Jisu.


— Usaremos nossos coletes de lã como máscaras — disse Jiwoo se despindo do colete e o amarrando na altura de suas narinas, sendo observada pelas outras garotas. 


As outras garotas copiaram a ação de Jiwoo, Sooyoung até foi ajudada pela mesma a amarrar a peça de roupa para proteger os seus pulmões. Elas sentiam um vento bem lento e fraco vindo das tubulações, o que ajudava o ar a circular e o cheiro de borracha e fios queimados diminuir a intensidade.


— Eu fiz merda — disse Jisu enquanto Jiwoo umedecia seu rosto com um pouco de água.


— Não foi culpa sua. Chaeyoung se aproveitou de sua fragilidade para te afetar.


— Eu devia ter ouvido vocês, devia ter contado o que estava acontecendo desde o dia que vi uma bebida no airlock, vocês poderiam ter me ajudado. Eu me deixei levar pelo ressentimento, pelo o que ocorreu com o marido da minha irmã, a minha mente está uma bagunça e eu não conseguia mais administrar meus sentimentos. Estou me sentindo Jennie Kim!


— Não precisa se humilhar, querida — disse Sooyoung.


— Você não fez nada sozinha, estava sendo induzida por alguém ruim. Quando sairmos daqui, você começará a frequentar as sessões de terapia. Temos mais de um problema agora, não quero que você ache que bebida é escapatória. Nós ficaremos do seu lado, eu prometo — disse Jiwoo sorrindo por debaixo do colete que cobria parte do rosto. 


Jisu sorriu e respirou aliviada, abraçando a amiga que se levantou em seguida. Jiwoo se direcionou para a pia; pensou em retirar o secador de dentro da água e o tampão do ralo, entretanto, lembrou-se que precisava deixar todos os pertences de acordo com a última movimentação para que a análise da cena fosse perspicaz. Sentou-se ao lado de Sooyoung e esticou as pernas, deitando a cabeça em seu ombro.


— Eu podia ter evitado — sussurrou Jiwoo.


— Está brincando?! Você evitou uma morte, Jiwoo — disse Sooyoung enlaçando discretamente o mindinho ao da menor. — Você foi incrível.


— Isso porque você não se viu. Parecia o Peter Venkman, você deu o maior chute na porta enquanto segurava o extintor — Jiwoo falava um pouco abafado por conta do colete cobrir a sua boca.


— Está parecendo uma gângster! — brincou Sooyoung. 


— Isso foi um elogio?!


— Eu acho sexy!


Jiwoo riu pelo elogio de Sooyoung. Ela estava suada, com o rosto levemente sujo pela fuligem e o colete amarrado ao rosto para evitar inalação do mau cheiro. Tudo isso era observado também por Jisu escorada na porta de uma cabine, que sentia um pesar imenso por ter contribuído para estarem presas no banheiro. 


A interação de Jiwoo e Sooyoung era boa de se assistir, elas tinham uma sintonia alegre e divertida, conversavam coisas banais e pareciam próximas o suficiente para não conseguirem esconder o que estava acontecendo entre elas. Quiçá todas já soubessem, incluindo Chaeyoung, ela só não queria admitir mais uma derrota para Jiwoo. Possivelmente por isso que ela empurrou Sooyoung para dentro do sanitário e trancou-as ali dentro.


Para Chaeyoung, era horrível ter a sensação de estar perdendo o seu foco e poder para alguém que em sua mente, era muito mais baixa e repudiada que a si mesma e esse pequeno momento de reflexão era nada mais que um pensamento profundo sobre tudo o que ela via na garota era o que ela era; mesquinha, arrogante, má, mentirosa, trapaceira, esses eram os adjetivos que constituíam Park Chaeyoung e não Kim Jiwoo.


Chaeyoung estava andando pelos corredores em fila indiana, como mandava os protocolos e, pela primeira vez em anos, sentiu um aperto no peito e uma vontade inestimável de voltar ao sanitário e libertar as garotas. Para Jiwoo, era melhor que ela se corroesse em ressentimento para ter mais um desvario que lhe fizesse repensar as suas ações.


— Será que ficaremos aqui por muito tempo?! — perguntou Jiwoo enquanto checava Jisu.


— Não, quando essas coisas acontecem, eles agem rápido pois precisam entregar relatórios sobre o ocorrido. Já devem estar no nosso rastro.


— Farei questão de dizer quem contribuiu para isso. Eles não podem jogar 100% da culpa em Jisu sabendo que ela não está bem mentalmente.


— Não se preocupe, eu estarei dando força para ela, a diretora Lee sempre escuta bastante quem é do grêmio — disse Sooyoung ao suspirar pelo tédio. — Enquanto esperamos, eu posso cantar.


— Isso é uma ameaça?! — Sooyoung deu tapas no ombro de Jiwoo, o que a fez gargalhar.


As garotas foram interrompidas por Jisu, que se aproximou e sentou na frente delas. Ela ainda expressava olheiras profundas e um olhar cansado, mas a embriaguez estava indo embora bem devagar.


— Vocês estão juntas, não é?! — nenhuma resposta. — Isso explica porque vocês somem ao mesmo tempo às vezes.


Jisu evitava o contato visual com Jiwoo. Apesar de serem amigas, elas tinham um pouco de noção sobre os temperamentos apresentarem constantes oscilações e não queriam que um olhar fosse mal interpretado. Aquela cicatriz e suas pupilas dilatadas como um lobo em dias de caça a faziam se sentir um alvo fácil e esse não era o seu objetivo.


— Desde quando estão saindo?!


— Há algumas semanas — disse Jiwoo. 


— Me parecem boas em esconder esse relacionamento... — Jisu torceu a boca e respirou profundamente. — Me desculpem, eu estou tentando pensar em outra coisa mas só consigo imaginar que vou me dar muito mal...


— Não se preocupe, eu vou dar um jeito — disse Sooyoung. — Essa nave tem câmeras, com certeza deve ter alguma filmagem da Chaeyoung por estas bandas antes de ficarmos presas aqui dentro. Eu contarei tudo para a diretora Lee.


— E você acha que ela vai acreditar?!


— Passou da época em que a palavra de Chaeyoung era considerada verdade absoluta, eu sinto isso. Ela revirou nossas vidas, colocou-as em risco, colocou um filho de um mafioso aqui dentro, e para quê?! Para mostrar quem manda aqui?! Ela é tão insegura que não consegue nem jogar limpo para sustentar a sua posição — Jiwoo esbravejava com tanto rancor que era como se ela materializasse Chaeyoung em sua frente ou enviasse as falas por telepatia.


Era verdade, ela tinha surtado sem necessidade por conta de uma garota que poderia ter passado despercebida, sem afetar o seu reinado, mas ela mesma contribuiu para a popularidade de Jiwoo e ela era a grande ameaçada da vez.


— Eu não sei muito bem como essas riquinhas lidam com frustrações, de onde eu venho, a gente já nasce aprendendo que tomamos no cu sempre e raramente temos momentos de glória — disse Jisu levantando a cabeça para conter os enjoos. — Talvez nós não entenderíamos a posição delas diante de onde elas vêm.


— E nem quero. O que aconteceu hoje foi bizarro, absurdo, poderia ter acabado com toda a nave — assim que Jiwoo se calou, o som dos holofotes e luzes da nave anunciou o retorno da energia e rapidamente a porta foi destrancada. — Mas que rápido! Se fosse em meu antigo alojamento, ficaríamos sete dias presas aqui.


— Os absurdos dessa sociedade espacial me enoja — disse Sooyoung se levantando e ajudando Jiwoo a levantar também. — Vamos, Jisu?!


Jisu não se levantou, ela tinha inalado muita fumaça e a mistura com o álcool em seu estômago tinha acabado com as suas energias. Jiwoo passou um braço da amiga por seus ombros e a levantou, esperando Sooyoung destravar a porta — que com o retorno da eletricidade, voltou ao seu funcionamento normal — para sair.


Como as alunas foram liberadas da proteção pela queda de energia, algumas retornaram para o refeitório, incluindo Chaeyoung. Quando as três garotas saíram do banheiro, vários olhares estavam voltados para elas, incluindo aqueles que Jiwoo mais temia: a capitã Jessica Jung estava presente na nave. Chaeyoung, com um pequeno sorriso, apontou para Jisu e Jiwoo e vociferou com precisão:


— Foram elas, capitã Jung, elas são as responsáveis pelo incêndio e pela queda de energia. Foram aquelas terroristas!



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