História Insolente (Boruto x Mitsuki) - Thirty six

Eu estava praticamente acordado quando tomei um leve susto com o Boruto bem ali - ao meu lado. Parte do seu corpo estava fora da cama e apenas a sua cabeça estava repousada em cima desta.

— B-Boruto? — Esfreguei meus olhos e me sentei com cuidado. Afinal, eu ainda estava bem dolorido. — O que está fazendo aí...?

— Hã... Ah, senpai... Eu vim te chamar. — Ele ergueu a cabeça e eu dei uma risada baixa quando vi metade do seu rosto com um tom avermelhado e meio amassado. — Mas eu achei você tão lindinho e precioso dormindo, que eu me encostei aqui para o admirar e acabei pegando no sono... Desculpa. — Ele cora um pouco ao dizer isso.

— Haá... Entendo. Mas por que vir me chamar tão cedo? — Perguntei olhando para o relógio na parede.

— Íamos para o médico... Nós vamos ainda na verdade. — Ele se levanta e se inclina para mim. — Eu posso?

— Pode... — Respondo e o Boruto me dá alguns selinhos.

— Bom dia, senpai! — Ele sorrio largo e gentil como sempre. Era aquele tipo de sorriso que fazia o meu coração descompensar os batimentos. — Quer ajuda? Ou...

— Bom dia! — Balanço a cabeça negativamente. — Não, eu já consigo fazer as coisas sozinho agora. Então você me espera?

— Ah, okay... Leve o tempo que precisar, faça tudo devagar e fique com o celular por perto para me mandar alguma mensagem se precisar. Vamos ficar esperando você para o café da manhã...

Eu vou tomar café com a família dele... Mais uma vez... Eu gosto dessa sensação.

— Okay, obrigado. — Eu disse, e ele ficou parado me olhando por mais um pouco. Em seguida, saiu do quarto.

Eu não entendo bem o que ele vê em mim para gostar tanto de me encarar. Até quando estou dormindo... Mas bom, eu não estou em posição de julgar... Eu faço o mesmo com ele. Porém, os meus motivos são claros...

Apesar deu ter demorado um pouco para dormir, o meu corpo não estava tão cansado e eu me sentia bem. Então, eu começo a me levantar da cama com muita calma e sem muita dificuldade - vou em direção ao banheiro, começo a me despir e em seguida, entro no box.

Eu tomo um banho demorado, mas era porque estava difícil de me mexer, e assim que terminei fui me vestir para poder descer. Ainda estava um pouco tímido por estar aqui, mas eles estavam reagindo tão bem a minha presença, que eu tentei não pensar muito nisso e agir o mais naturalmente possível.

Boruto e Naruto estavam pondo o café na mesa enquanto a Himawari e a senhorita Uzumaki estavam conversando sobre algo aparentemente, muito engraçado. Pois, o som que suas risadas faziam davam a entender isso.

— Bom dia... — Sorrio fino de lado e me sento na cadeira.

— Bom dia, querido! Está melhor? — Ela parou de conversar assim que entrei na cozinha, voltando sua atenção a mim.

— Estou... — Assenti com a cabeça.

— Bom dia, Mimi-senpai! — A Himawari disse animada como de costume.

— Que bom, toma café para te dar força. O dia será longo! — O senhor Uzumaki disse enquanto se sentava e começava a comer.

Mesmo tendo muitas opções na mesa, ele escolheu comer lámen, assim como da outra vez que eu estive aqui. Ele parece feliz enquanto come isso... É um pouco divertido ver.

— Longo... — Eu já imaginava do que se tratava. Não podia reclamar muito, não estava em condições de negar nada afinal.

— Eu não vou poder ir com vocês. Preciso cuidar dessa garota aqui! — Ele diz apontando para a Himawari.

— Ele tem medo de hospital, senpai... — O Boruto disse rindo travesso enquanto pusera quase metade do pote de melado em suas panquecas. Eu sei que ele gosta de doces, mas sempre fico surpreso quando ele exagera assim. — É pior que eu, hm. — Ele fala bem convencido, o que me faz dar uma risadinha.

— E alguém te perguntou alguma coisa? — O senhor Uzumaki perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— Não precisa me perguntar nada, eu comento por vontade própria! — Boruto inflou as bochechas e ergueu as duas sombrancelhas. E antes que o senhor Uzumaki conseguisse rebater, a senhorita Hinata os interrompeu.

— Já chega vocês dois.. não envergunhem o M-Mitsuki-kun. — Ela disse com o rosto bem vermelho. Porém, ela manteve um sorrisinho no canto dos lábios.

Para mim não era vergonhoso, e sim divertido de ver a relação que eles dois tem.

Eles ficaram quietos rapidamente e começaram a tomar o café da manhã em silêncio - assim como eu.

Posteriormente, quando terminamos - eu, Boruto e a mãe dele, saímos de casa. Eles me levaram até o hospital mais próximo. A essa altura, eu meio que já tinha cedido um pouco. E, não demoramos para chegar ao nosso destino - eles dois ficaram esperando em uma sala e eu fui fazer alguns exames. Dentre algumas horas eu pude ficar em um quarto descansando.

Já estava entediado de ficar olhando para o teto branco e sem graça daquele quarto mas, felizmente, o médico voltou para conversar comigo minutos depois.

— Mitsuki-kun. Eu soube que você não quis vir ontem... Sabe quantos traumas em seu corpo poderíamos ter evitado? — O doutor disse sério, assim que ficou em minha frente. — Agora é tarde, então... vamos cuidar de você do jeito que está.

— Desculpa... — Murmurei.

— Então, os seus tios... Eles são os responsáveis por você? Ou as duas pessoas que estou lá fora?

— Não, eu sou responsável por mim mesmo. Mas o senhor e a senhorita Uzumaki, estão me ajudando. Então por favor, faça apenas o básico. Eu consigo me virar depois... — Falei gesticulando minimamente com as mãos.

— Oh, entendo. Você já é maior de idade. — Ele diz olhando uma ficha. Provavelmente com os meus dados. — Está me pedindo para ignorar vários dos seus ferimentos? E passar por cima dos meus princípios e deveres como médico?

— Não foi isso que eu quis dizer... — Eu disse acanhado.

— A senhorita Uzumaki, me disse que você se preocuparia com dinheiro... E eu digo, para você aproveitar essa chance. Estamos fazendo uma bateria de exames e pelo que vi... Você tem carência de várias vitaminas, você está praticamente anêmico. Se você aceitar a ajuda deles, vamos cuidar da sua saúde em geral. Eles não estão se importando nem um pouco, eu vi isso enquanto conversávamos. Pense nisso! — Ele terminou de falar, pontuando com a sua opinião pessoal.

Fico um pouco cabisbaixo - eu não sabia que minha saúde estava ruim assim. Preciso me cuidar melhor. Não posso ficar pensando só no dinheiro que guardo para entrar em uma boa faculdade.

Eu não queria de forma alguma explorar os pais do Boruto mas, também não nego que gostaria de aceitar essa ajuda a mais. Ainda sim, é difícil...

— Eu vou pensar...

Se eu puder pagá-los, eu posso até concordar. Pagar tudo que eu dever a eles...

— E eles não me disseram exatamente o que ocorreu. Mas, você terá um acompanhamento psicológico. Certo? Foi o que o garoto de olhos azuis recomendou...!

— Recomendou? — Perguntei confuso.

— Sim, eu perguntei o "por que" ele estava recomendando isso, mas ele não quis dizer... Só falou que era para incluir isso também. Como eu não sou dessa área, vou apenas te encaminhar.

— Ah... Está bem.

— Descanse bem, por hora. Há uma policial lá fora, mas eu disse a ela que poderá entrar só quando você estiver pronto para falar. Okay?

Assenti com a cabeça.

Já havíamos conversado sobre isso durante o caminho quase todo. Eu concordei em depor. Se fosse algo isolado, apenas comigo... Eu poderia até deixar para trás o que Gaara-senpai fez. Mas, eu temo que algo ruim aconteça com o Boruto e como o próprio Gaara disse, aqueles amigos dele já fizeram coisas bem piores com outras pessoas. Eu não posso ser negligente, esse tipo de coisa deve ser denunciada. Eu devo aproveitar, eu conheço e tive uma relação anterior com ele, então sei sobre algumas coisas... Se não conseguiram os punir antes, agora podem ter uma chance.

O doutor saiu do quarto, e alguns minutos depois, eu me senti pronto para falar com a policial. Ela foi bastante educada, e disse para eu falar apenas o que me sentia bem para dizer e não me forçou a entrar em detalhes. Mas, eu fiz questão de dizer exatamente tudo que aconteceu... E após um longo tempo, ela anotou tudo e foi embora.

O Boruto entrou no quarto assim que ela saiu. Não esperou nem o chão que ela pisava esfriar.

Ele ficou me incomodando um pouco, dizendo o quanto eu estava "fofo" com aquela roupa de hospital. E até tentou tirar algumas fotos minhas... Mas, a mãe dele o repreendeu quando viu os seus atos.

Ele definitivamente, é a mesma pessoa boba que conheci a alguns meses atrás. E isso é satisfatório de jeito que faz eu pouco me importar com suas atitudes um tanto infantis.

Eles dois ficaram no quarto comigo e só a noite eu pude ser liberado. Eles passaram o domingo inteiro aqui comigo, palavras não são o suficiente para demostrar minha gratidão... E exceto a minha mãe, eu achei que nunca mais receberia tanta atenção e carinho assim novamente... Parece que eu estava errado... Coisas boas podem vir a acontecer, de repente.

— Me diga, Mitsuki-kun... Onde fica a sua casa? — Ela me pergunta assim que paramos no sinal.

— Hã...?

— A sua casa... Precisamos pegar algumas peças de roupa, para você poder ficar confortavelmente mais dias lá. A não ser que não queira...

— Oh... Eu não vou dar mais trabalho a vocês!

— Nós gostamos de você, não será nenhum incomodo. Queremos você lá!

— Ah... hm, está bem...

Falei qual direção ela deveria seguir para chegar mais rápido no bairro onde eu moro. Quando chegamos, nós pegamos algumas peças de roupa, coisas pessoais e voltamos para a casa deles.

Estava bem cansado, como o senhor Uzumaki disse, o dia foi realmente longo. Mas eu estava por parte aliviado... E me sentia bem melhor depois de ter conversado brevemente com aquele terapeuta. Eu o veria algumas vezes por semana, e por não estar em muitas condições, tive que tirar uma folga do trabalho até me recuperar completamente.

— Eu não ficarei o dia todo em casa, minhas provas começam amanhã. Mas vou deixar os seus remédios bem ali! — Ele aponta para uma cômoda de madeira cor beje, ao lado da cama onde eu estava deitado. — Não esqueça de tomar, senpai! E coma direitinho... Meus pais irão providênciar suas vitaminas. — Boruto disse parado na porta do quarto. Ele havia me pedido para dormir com ele novamente, mas eu ainda não tinha dado uma resposta. — Está me escutando? — Ele estala os dedos.

— Oh.. Uhum, ouvi. Eu vou me cuidar sim... Obrigado. — Disse rapidamente. — Hm... Você tem alguma dúvida para a prova de amanhã? Eu posso tira-las antes de ir dormir.

— Não, eu estou bem confiante!

— Oh... isso é bom!

— Sim... Hmm... Então... Err... Posso dormir aqui hoje? — Ele perguntou novamente, juntando os indicadores e eu logo desviei o meu olhar. — Isso é um não? Mas... Você pode pelo menos me dizer por que não quer que eu durma com você?

— Você... Você pode ficar aqui comigo, só até eu dormir... — Disse e me enrolei até cobrir parte do meu rosto. — Venha logo... — Disse abafado.

O que eu mais queria era dormir com ele - acho que estava escrito de forma bem notória em algum lugar do meu corpo.

— Ah... Pelo menos é alguma coisa... — Ele deu de ombros e veio até a cama.

O Boruto se deitou atrás de mim e acolheu o meu corpo.

— Senpai... Eu tenho tanta saudade de você... Até quando está bem aqui comigo... — Ele disse cheirando o meu pescoço. O que me fez arrepiar.

— Isso não é possível, eu estou aqui...

— Parece que sou doido, não é? Mas é verdade. — Ele faz um beicinho que eu consegui ver por cima dos meus ombros, e eu incrivelmente relaxei em seus braços. Era confortável e quente.

— Se está dizendo... — Sorri pequeno e suspirei depois. — Eu estou assim... Porque estava com medo... Eu não fui sincero ontem, quando disse que achava que fomos feitos um para o outro...

— Eu sei... Você é sempre sincero, então quando não está sendo... Eu sei indentificar... — Ele comentou.

— Ah... Eu fiquei com medo de você sentir nojo de mim, por eu ser fraco... Eu não queria contaminar você com a minha burrice... Eu estou sujo por ter deixado eles fazerem o que bem queriam comigo. Essa é a razão... Não queria ser tão egoísta, mas, eu quero estar com você o tempo todo, eu gosto quando me abraça assim. E é difícil dizer não a você, principalmente quando é algo que eu quero também. — Falo de uma vez, deixando tudo apenas sair boca a fora.

— Entendo... As vezes você é ainda mais bobo que eu. — Ele ri baixinho. — Você não está sujo e nem é burro e não tem nada de errado em você que vá me contaminar. Bom saber que gosta tanto assim de mim... — Ele diz me apertando mais e eu viro o meu rosto vendo que o dele estava bem vermelho. — Senpai, esqueça. Esqueça tudo de ruim que aquele cara disse.

— É difícil...

— Então continue tentando... Não se sinta inferior por causa dele. Por favor...

— Eu vou tentar. — Disse e desci meu olhar até os seus lábios. Boruto entendeu rapidamente o que eu queria, então se aproximou e selou os nossos lábios em um beijo de língua bem suave até.

Até então, nós demos apenas selinhos... E fazia uns dias que não nos beijamos dessa forma. A sensação era a melhor, definitivamente.

Separei nossos lábios lentamente, e virei o meu rosto em seguida. Fiquei em silêncio, apenas escutando nossas respirações calmas. O Boruto estava me apertando como ele sempre costuma fazer, com aquela força como se eu fosse fugir... Mas essa seria a última coisa que faria. Por que sairia desse local seguro e agradável?!

Minha mente não estava tão confusa agora, e eu não precisei pensar tanto antes de acabar pegando no sono. Eu sabia que Boruto não sairia dali... Ele ficaria ali para cuidar de mim.

Ainda estou aprendendo com ele e acho que ele está aprendendo algo comigo também...