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História Insomnia - Beachboy


Escrita por: starlitsky

Capítulo 2 - Beachboy




Em uma semana, Kaminari Denki havia conquistado o posto de amigo mais irritante que Shinsou Hitoshi já teve.

O loiro lhe mandava mensagens todos os dias. A maior parte delas era para perguntar coisas aleatórias e jogar papo fora. Denki se comunicava na maior parte das vezes por meio de figurinhas. Hitoshi nunca viu muita graça nelas, mas era uma maneira mais fácil de conversar ─ ao menos não precisava escrever.

Felizmente, Denki perguntava coisas normais. Acabou descobrindo os nomes dos amigos que ele realmente considerava. Conheceu brevemente Sero Hanta, que também fazia engenharia, porém mecânica, quando cruzou com o loiro no campus, e também já havia conversado vez ou outra com Eijiro Kirishima, um ruivo espontâneo que cursava educação física. 

Shinsou também acabou contando sobre algumas de suas aventuras de infância com Kendou, Tetsutetsu, Neito e Hatsume Mei, que cursava robótica. Não que sua infância tenha sido muito agitada, mas teve seus momentos.

Naquele dia em específico, uma quarta-feira, uma semana depois do aniversário de Neito, Shinsou recebeu uma mensagem enquanto andava pelo campus.

Shinsou, está ocupado? ─ Kaminari perguntou, e sentiu uma tentação em mentir e responder que estava.

Não. ─ Digitou, e quase se arrependeu ao receber a resposta.

Quer almoçar comigo?

Depende de onde você está. ─ não que Shinsou não quisesse, mas continuava um tanto relutante quando o assunto era Kaminari Denki. 

No Starbucks do campus com uma amiga minha. Quer vir? ─ Hitoshi suspirou. Se fosse qualquer outra pessoa, teria dito não no mesmo instante. Mas durante aquela semana que se passou, havia descoberto que o loiro era de fato insistente e não iria parar até receber um "sim".

Tá. Cinco minutos.

Ah, ok. Essa foi rápida kkkk. Quer que eu peça alguma coisa? ─ Shinsou anotou que teria que xingá-lo assim que se encontrassem.

Um expresso. ─ Bloqueou a tela e guardou o celular no bolso. 

Hitoshi estava excessivamente cansado naquele dia. Conseguiu dormir normalmente depois do aniversário de Monoma, mas nos dias seguintes, foi como se sua insônia tivesse piorado. Dormia por meia hora, às vezes uma hora inteira, quando tinha sorte, mas isso na parte da tarde. Passava as madrugadas em claro e ficava acordado o dia inteiro.

Tinha um sério problema com remédios, então não tomava nada para ajudar ─ e sim, ele sabia que precisava tratar aquela sua questão com remédios com um psicólogo. Até futuros psicólogos precisavam de psicólogos. Chegou a ligar para seu pai, que costumava ter o mesmo problema, mas Aizawa apenas disse que depois que se casou, começou a ficar tão cansado de lidar com seu marido que só tinha paz quando dormia. Foi engraçado ouvir os dois discutindo pelo telefone, mas não ajudou muito. 

As olheiras debaixo de seus olhos estavam piores também. Kendou se ofereceu para cobri-las com maquiagem, mas Shinsou nunca se incomodou com elas antes, não começaria agora.

Conseguiu enxergar Kaminari pelo vidro da Starbucks antes mesmo de entrar. Era difícil não notar os chamativos cabelos loiros dele, além dos cachos volumosos, bem arrumados e rosados de Ashido Mina.

Não conhecia muito bem a garota, mas já ouviu falar sobre. Ashido era a única garota negra da faculdade, e ninguém se atrevia a desrespeitá-la ─ não queriam apanhar dela, muito menos de Bakugou Katsuki, com quem ela normalmente andava. 

O sino da porta chamou a atenção de Denki, que se distraía com qualquer som ─ Hitoshi tinha certeza de que ele tinha TDAH ─, e o loiro acenou e sorriu.

Andou até a mesa dos dois sem muito charme, e sentou-se na cadeira vazia ao lado de Kaminari.

─ Aqui. ─ O loiro empurrou uma xícara de café pela mesa. ─ Expresso duplo. Eu sei que você pediu expresso normal, mas você tá com cara de quem precisa de cafeína se quiser não dormir no meio das aulas.

Um sorriso sarcástico cruzou o rosto de Hitoshi.

─ Eu não iria dormir nas aulas nem se eu quisesse ─ ele bebeu o café ─, e acredite, eu quero.

─ Dá 'pra notar. ─ Kaminari riu. ─ Enfim, Shinsou, essa é minha amiga, Ashido Mina. Mina, esse é Shinsou Hitoshi.

Parando para observar Mina, Shinsou notou, ela era bem mais bonita e muito menos ameaçadora de perto. Os cachos rosas eram definidos, porém estavam começando a ficar castanhos nas raízes. Ela tinha olhos redondos e íris amareladas que criavam um contraste incrível com a cor de sua pele. Vestia um cropped amarelo com uma jaqueta bomber preta por cima e uma saia jeans azul escura com uma pochete da mesma cor da jaqueta. Somando aos All Stars também amarelos, ela parecia saída dos anos oitenta. Quando ela sorriu, também notou que ela usava um batom rosado e brincos de argola dourados.

─ Oi! Prazer finalmente te conhecer. ─ Ela estendeu a mão, e Hitoshi a apertou, esforçando-se para sorrir e não parecer desinteressado. ─ Denki não cala a boca sobre você!

O loiro ao seu lado limpou a garganta, as orelhas ficando vermelhas, e encarou a garota do outro lado da mesa, que claramente o estava provocando.

─ Vocês se conheceram na festa do Monoma, né? Fiquei sabendo que foi o máximo.

Shinsou deu de ombros.

─ Foi uma festa normal.

Mina riu.

─ Nenhuma festa na casa de Monoma Neito é normal. ─ Ela tinha um ponto ─ Eu pretendia ir, mas acabei ficando presa com um trabalho do curso em casa.

─ Mina faz educação física com o Kiri. ─ Disse Kaminari. ─ Mas acho que te contei isso, não?

─ Você comentou.

─ Olha, dizem que fazer o mesmo curso que seu melhor amigo é o máximo, mas verdade seja dita, se eu tiver que fazer outro trabalho com o Kirishima, um de nós sai morto. 

A maneira como ela falou podia ser levada tanto na brincadeira quanto a sério, o que fez Shinsou se preocupar um pouco com o destino do pobre ruivo.

Mina gostava de jogar papo fora. Perguntou sobre Tetsutetsu, que também cursava educação física e aparentemente era um dos melhores amigos de Kirishima Eijiro no curso, e também perguntou sobre a matéria de psicologia. Ela parecia entender um pouco do assunto. 

Ficaram conversando por um bom tempo, até que as coisas subitamente começaram a ficar estranhas. O sino da porta tocou, e Mina engasgou-se com seu milkshake de morango. Nenhum dos garotos entendeu o porque, estavam de costas. Passos leves se aproximaram, e uma garota parou na frente da mesa antes de pular sobre a Ashido e abraçá-la.

Hitoshi viu o exato momento quando Kaminari travou no lugar, seu rosto tentando ficar pálido e vermelho ao mesmo tempo, o que não funcionava muito bem.

Nunca havia visto aquela garota na vida. Ela não era tão alta ou forte como Mina, tinha cabelos curtos, na altura do queixo, lisos e escuros, e brincos longos que batiam em seus ombros. Ela vestia uma jaqueta de couro preta sob uma camiseta vermelha e calças jeans também pretas.

─ Jirou! O que está fazendo aqui?

─ Oi, Mina, Denki… e oi pra você também. ─ A garota, Jirou, acenou, e Shinsou acenou timidamente de volta. Não gostava de estranhos, especialmente estranhos que se jogavam em cima de outros no meio da Starbucks.

─ Oi, Kyoka… O que… ─ Kaminari perdeu a voz.

─ Estava passando e vi vocês, faz tempo que não nos vemos! ─ Ela soltou a Ashido, apoiando os dois cotovelos na mesa e se ajoelhando.

─ Ah, pois é… Como… como está a Momo?

─ Bem, bem. Ela e Yuga estavam brigando esses dias por causa de um projeto e pediram minha opinião. Aparentemente, eles tinham que tentar algo fora da zona de conforto deles e decidiram apostar em moda gótica. Eu lá tenho cara de gótica?

─ Tá mais para emo. ─ Shinsou acabou respondendo, a voz completamente sem emoção, porém fez a tal Kyoka rir do mesmo jeito.

─ Exatamente. Enfim, Momo e eu estamos bem. ─ O rosto da garota ganhou tons de vermelho. ─ Vamos fazer um ano de namoro hoje.

Assim que Jirou disse aquelas palavras, as peças se juntaram na cabeça de Shinsou. Kyoka provavelmente é uma antiga crush de Denki, que talvez não faça ideia que ele gosta dela, mas ela já namora e ele ainda não superou isso.

Às vezes ser bom em avaliar o comportamento das pessoas tirava parte da graça de observar o caos ao redor.

Jirou sentou-se com eles e ficou cerca de quinze minutos conversando principalmente com Mina. Kaminari ficara assustadoramente sério e calado até o momento que a garota teve que se despedir. Um silêncio desconfortável caiu sob a mesa. Denki terminou seu milkshake e suspirou alto.

─ Eu preciso ir. ─ disse, buscando algo nos bolsos da calça. 

─ Kami… ─ Mina tentou chamá-lo, mas o loiro levantou-se e deixou dinheiro na mesa.

─ Por minha conta. ─ ele deu as costas e saiu da loja.

Ashido suspirou, deslizando na cadeira.

─ Ele tomou um fora ou algo do tipo? ─ Shinsou reuniu coragem o suficiente para perguntar.

─ Algo do tipo. Não sei. Ele nunca me explicou a história direito. Só disse que ele não tinha chance porque Kyoka é lésbica, mas que continuariam amigos de qualquer jeito. 

─ Oh…

─ Mas eu tenho certeza que tem algo que ele não me contou sobre aquele dia. ─ Mina ajeitou a postura, bebendo outro gole de seu milkshake ─ Sabe, depois que eles conversaram, Denki parecia muito abalado. Nunca me contou o por que.

─ Ela disse algo?

─ Não, apenas que foi uma conversa normal. Mas Denki… ─ os olhos amarelados da garota se perderam na mesa ─, eu não o conheço há tanto tempo quanto meu namorado, Sero, mas sei que ele tem uma autoestima muito frágil e não é nem um pouco confiante, por mais que ele se esforce para parecer. Eu sei que algum detalhe, talvez algo besta que Kyoka tenha dito ficou preso na mente dele e o abalou completamente. 

─ Isso é bem provável. 

─ Ele te contou? ─ ela o encarou, como se procurasse os segredos mais profundos de sua alma ─ Sobre como as pessoas não acreditam que alguém como ele possa ser inteligente? Eu sei que parece fútil…

─ Não é. As pessoas tem essa mania de pensar que uma característica específica pode anular a outra. É assim que as pessoas se separam em grupos. É difícil ver alguém que gosta de artes assumir ser bom em matemática, ou vice-versa. As pessoas acham que, por ser DJ e gostar de música e todas as coisas que Kaminari gosta, é impossível para ele ser bom em engenharia elétrica.

Ashido riu.

─ Céus, você é bom.

─ Não é questão de ser bom. Qualquer um com mais de dois neurônios no cérebro consegue chegar a essa conclusão se analisar bem.

─ Tem razão. ─ Mina ajeitou o cabelo atrás da orelha. ─ Sabe o que Denki disse quando passou em engenharia elétrica?

─ O que?

─ Que ele teve sorte. Agora me diz, quanta sorte você precisa ter para passar em segundo lugar em um dos cursos mais difíceis dessa faculdade?

─ Uma… Quantidade absurda de sorte. ─ Hitoshi piscou. Sabia que Denki era muito mais inteligente do que ele dizia ser, mas para passar em segundo lugar, ele deveria ser algum tipo de gênio. 

Mas na visão de Shinsou, qualquer um que resolvesse uma equação com expoentes e raiz quadrada já era um gênio. 

Se despediu de Mina quando terminou seu café, e seu dia caiu em na monotonia de sempre.

Mas não exatamente. Denki não mandou mais mensagens. Depois de passar uma semana com o loiro o atazanando, havia se acostumado. Não sentia falta, mas achava estranho que Kaminari subitamente decidiu se calar pelo resto do dia.

Voltou tarde para casa, como sempre. Seu pai o ligou no meio do caminho, e acabou conversando por horas sem nem notar o tempo passar. 

Colocou comida e água para a gata e deitou no sofá. A graça foi que Shinsou sequer percebeu quando dormiu, e não eram nem duas horas da manhã. Sentiu-se estranho ao acordar no horário, sem o cansaço típico de todas as manhãs. Apenas tomou café, um banho e vestiu-se. Nada de fadiga.

E nada de mensagens irritantes de bom dia de Kaminari Denki.

Esperava que fosse encontrar o loiro pelo campus, mas nem sinal de sua aura escandalosa. 

O dia parecia cinzento. Perguntou-se se iria chover. Deveria ter levado um guarda-chuva.

As horas corriam, e Hitoshi se perdia em sua própria mente. Será que Denki estava chateado por ter encontrado Kyoka no dia anterior? O quanto ele gostava dela? Talvez fosse completamente apaixonado. Por mais que o próprio Hitoshi nunca tenha experimentado da fruta da paixão ─ aliás, não acreditava em paixão, apenas em desejo súbito, amor à primeira vista era mito ─, sentia empatia com o pobre Kaminari. Tinha certeza que se algum dia Miss Midnight decidisse lhe trocar por um gato qualquer, ficaria bem magoado. Deveria ser doloroso ver algo que ama ali, todo dia, mas não ser capaz de alcançá-lo.

Uma ideia estúpida atravessou sua mente. Talvez pudesse conversar com ele. Hitoshi era um bom ouvinte, e era sempre melhor conversar com alguém imparcial quanto à situação. E de acordo com Hatsume Mei ─ na época que ela admitiu seu crush em Tenya Iida e foi rejeitada, dado que o garoto de óculos quadrados era apaixonado por Uraraka, mas isso é assunto para outra história ─, Shinsou sempre sabia os conselhos certos para dar.

Mas Denki era diferente. Não havia uma maneira fácil de se aproximar dele. Tudo ao seu redor talvez fosse intenso demais para Hitoshi lidar. Estaria disposto a correr aquele risco? 

Concluiu que sim.

No momento em que pisou em casa, eram quase oito horas da noite. Não sentia sono nenhum. Não teriam aula no dia seguinte. Pegou o celular do bolso e mandou uma mensagem para Kaminari antes que mudasse de ideia. 

Ei, 'tá vivo? ─ A resposta demorou apenas alguns segundos para chegar.

Isso é discutível. Por que?

O humor sarcástico com pontadas de auto depreciativo era novidade.

Sei lá, faz um tempo que você não me atazana com mensagens. Tá tudo bem? ─ Perguntou. Talvez tivesse escolhido mal suas palavras. Não sabia. Não tinha certeza de nada quando o assunto era Kaminari Denki.

É, acho que sim. Foi mal, fiquei com dor de garganta. 

Jura? Ou só não queria encontrar com certa garota emo que gosta de pular em cima de pessoas na Starbucks? ─ daquela vez, a resposta demorou um pouco mais.

Mina te contou? ─ Era óbvio que ele não queria entrar no assunto, mas também não via para onde fugir.

Não. Quer dizer, ela me explicou, mas eu meio que já tinha deduzido. ─ Shinsou não queria culpar Ashido pela situação. Ele realmente havia sacado tudo antes da hora.

Pois é, maior fracasso.

Eu não diria que levar um fora é um fracasso.

E o que é então? ─ Shinsou não conseguiu evitar um sorriso ao digitar as próximas palavras. 

Uma chance. Vai saber o que te espera depois do fora.

Uau. ─ Kaminari mandou uma figurinha ridícula de JoJo ─ isso foi uma cantada, Hitoshi?

─ Teria que ter uma séria conversa com Denki sobre figurinhas de JoJo ─ Claro que não, Kaminari. Enfim, tem certeza de que está bem?

Sim, sim. E tá, você me pegou. A dor de garganta foi migué. ─ Não que Shinsou já não soubesse.

Então, 'tá ocupado? ─ precisava perguntar antes que sua coragem decidisse desaparecer do corpo. E antes que sua bateria acabasse também. 

Não, não muito. Sero e Mina foram ao cinema, então meio que estou vivendo um "Esqueceram de mim" no momento. Por que? ─ Ao menos Denki tinha bom gosto para filmes.

Sei lá, quer fazer alguma coisa?

Está me chamando para sair?

É. Quer dizer, não sair "sair", mas fazer algo. Como futuro psicólogo, não gosto muito da ideia de você sozinho depois de reviver memórias tristes. ─ e era verdade, Shinsou sequer podia imaginar o que estaria se passando pela mente do loiro naquele instante.

Já dizia o ditado, "o maior inimigo do homem são seus próprios pensamentos".

Eu acho que o certo é "mente vazia, oficina do Diabo", mas isso também conta.

Ok. Quer fazer o que? ─ Shinsou para pensar e notou que não fazia ideia de como responder aquela pergunta.

Não sei. Nunca cheguei nessa parte.

Outra figurinha de JoJo. A situação já estava ficando preocupante. 

Beleza, acho que sei onde podemos ir. Chego na sua casa em quinze minutos.

Tá bom. ─ Mas Denki não leu a mensagem. 

Em desespero, Hitoshi fez o melhor possível para estar minimamente apresentável. Colocou uma calça jeans larga qualquer, uma blusa cinza e um casaco jeans claro por cima. Escolheu o All Star azul bebê naquela noite. Era o mais perto de ousado que ele poderia chegar.

Denki demorou bem menos do que quinze minutos, o que lhe poupou a ansiedade da espera.

As portas do elevador se abriram no térreo, e pôde ver, além do vidro das portas principais do prédio, Kaminari Denki, camuflado no próprio carro, com um moletom e jeans preta rasgada pelas coxas até os joelhos. Parte de seus cabelos estavam cobertos pelo capuz. Ele olhava para cima, mas assim que Hitoshi saiu noite a fora, começou a falar.

─ Eu nunca entendi aquele ditado. Sobre a mente vazia. ─ Kaminari não baixou o olhar. Não o encarou. Apenas continuou a fitar o céu.

Shinsou apoiou-se ao seu lado no carro.

─ Muitas pessoas usam ele da maneira errada, na verdade. Já vi gente usar como desculpa para diminuir a depressão. Na essência, o ditado só quer dizer que passar muito tempo sozinho com os próprios pensamentos pode ser veneno para alguém. Ou pode ser o contrário também. Pode significar que os momentos onde ficamos sem pensar em absolutamente nada é quando surgem as melhores ideias. 

Denki finalmente o encarou, os olhos cor de âmbar brilhando e um pequeno sorriso no canto dos lábios. Hitoshi não saberia dizer a razão exata, mas o loiro parecia cansado.

─ É um belo jeito de interpretar. ─ Kaminari sorriu e tirou as mãos do bolso ─ Enfim, vamos. Tem um lugar que eu quero te mostrar.

O rádio tocava uma playlist indie diferente da última. Shinsou precisava admitir que tinha certo apreço pelo gosto musical do loiro. Um das músicas, Hitoshi não sabia se ela se encaixava no indie, mas não ligava, era Devil Town, uma de suas favoritas. Murmurou baixo a música, e Denki o acompanhou, batucando no volante e às vezes fechando os olhos e se deixando levar pela letra quando paravam em algum sinal vermelho.

Hitoshi sentia-se estranhamente confortável. Kaminari nunca tentava tirá-lo da bolha onde vivia. Ao contrário, parecia querer conhecê-la e explorar cada canto de quem era Shinsou Hitoshi. E mais estranho ainda, não o fazia de maneira invasiva. Denki era do tipo de pessoa que não precisava forçar aquele tipo de interação. Apenas acontecia. 

Logo notou que estava indo em direção à uma das praias da cidade. Aquela era uma vantagem de se morar em um conjunto de ilhas; praias não eram um problema. 

Quando avistou o mar ao longe, escuro, refletindo apenas a lua, as estrelas e as luzes da cidade, Kaminari ainda avançou mais um pouco até que o carro estivesse na areia, e então estacionou.

─ Por que estamos na praia? ─ Hitoshi perguntou, tirando o cinto.

─ A pergunta certa é: por que não estaríamos na praia? ─ Denki sorriu, abriu a porta e pulou na areia, os tênis brancos ficando sujos no mesmo segundo. 

Shinsou aumentou o volume do rádio e desceu do carro. Ophelia começou a tocar, seu ritmo animado melhorando seu humor. 

Kaminari sentou-se na areia, metade das costas contra o carro. Hitoshi sentou-se ao seu lado.

─ Consegue ver aquilo? ─ O loiro apontou para o céu. 

─ Não. Só vejo as estrelas.

─ Tem uma nuvem ali. Vai chover. ─ E como se confirmasse as palavras de Kaminari, um trovão cortou o céu ao longe.

─ Uau. Você por acaso tem poderes mágicos e não me contou?

Denki riu, negando com a cabeça. 

─ Foi há um ano atrás. 

─ O que?

─ Quando me declarei 'pra Jirou. Eu fui a primeira pessoa para quem ela se assumiu lésbica. Foi bem legal ser alguém em quem ela podia confiar. ─ o loiro começou a desenhar formas disformes na areia ─ Ela tentou melhorar a situação. Disse que eu era um ótimo amigo, mas que ela nunca iria conseguir me ver como mais do que só um amigo.

─ Foi só isso?

Outro trovão retumbou, mais alto. Kaminari negou, com um sorriso triste no canto dos lábios.

─ Ela disse que eu era "o amigo bobo". Achei fofo no começo, mas aí eu notei que ela quis dizer que eu sou o bobo da corte entre nossos amigos. Eu estou lá porque os faço rir. E eu me pergunto… Eu ainda estaria entre eles se eu fosse apenas eu?

─ O que muda entre você e o você de quando está com eles?

─ Sei lá. ─ Deu de ombros. ─ Acho que não me forço a ser engraçado quando sou só eu. Às vezes sai. Às vezes não. Kyoka… Eu entendo que ela não disse por mal, mas ela não me leva a sério, sabe? Como pessoa. E eu também entendo que muita gente não leva.

Hitoshi sentiu um peso de culpa. Ele mesmo não havia levado à sério.

─ Eu acho que é questão de impressão. Admito que minha primeira impressão também não foi de alguém que cursa engenharia elétrica. Mas essa é a graça das impressões. Elas mudam.

─ Hm…

─ E honestamente, quem liga se você também é DJ e gosta de humanas? Isso não te impede automaticamente de ser bom em engenharia. E eu ouvi por aí que você é muito bom, aliás. 

Kaminari riu, e mesmo no escuro da praia, com a penumbra causada pelas luzes distantes, Shinsou conseguiu ver um brilho animado nos olhos do loiro.

O rádio começou a tocar Problems. Denki respirou fundo e encarou o céu.

─ Não quero me prender nisso. Eu já superei a Jirou. Somos só amigos, e eu 'tó bem com isso. O que me machucou foi pensar que ela não me leva a sério.

─ Ela leva. Confia em mim, qualquer um levaria o cara que ficou em segundo lugar em engenharia elétrica a sério.

─ Ei! ─ Ele riu, o encarando com o rosto levemente vermelho, a expressão indignada. ─ Mina te contou isso?

─ É, foi ela mesma. Mina também estava preocupada com você. 

─ Eu sei. Mina é uma pessoa incrível. Mas às vezes eu sinto que eu sou um estranho no nosso grupo.

─ Por que?

─ Bom, Mina e Kirishima são amigos de infância. Kirishima e Bakugou são dois idiotas completamente loucos um pelo outro mas aparentemente não fazem ideia disso. E Mina e Sero são um casal perfeito. Eu… Acho que eu fico sobrando. Sou a terceira roda. Pago papel duplo de vela. Sempre foi assim.

─ Eu meio que sei como é.

─ Você sabe?

─ Algo assim. Sabe, eu fui adotado.

─ Sério?

─ É. Eu tenho dois pais. Eles são gente boa e eu me dou bem com eles. Eu nasci em Tóquio. Me mudei pra cá com três anos. Desde essa época, Kendou, Tetsutetsu e Monoma já se conheciam. Eles cresceram juntos. Eu não tomei coragem de conversar com eles até o sexto ano. E na verdade, Monoma veio falar comigo primeiro. Ele sempre tentou me incluir, mas sabe como é. Kendou e Tetsu namoram desde o quarto ano.

─ Uau. ─ Kaminari sorriu. ─ É um longo tempo.

─ Não é? Não sei como eles se aguentam. Apostei com o Monoma uma vez que eles vão acabar se casando.

─ Provavelmente. 

Os dois riram.

─ Ser uma criança com dois pais não era fácil. Sabe como o mundo é. Repleto de babacas. Então era bem chato. Muitos dos garotos mais velhos viviam me irritando. Me chamaram de coisas que eu sequer sabia o significado na época. 

─ Isso é um saco.

─ Eu nunca fui de ficar quieto, na verdade. ─ Shinsou deu de ombros. ─ Quando eles ficavam me esperando no portão da escola, eu perguntava se eles gostavam tanto assim de mim. Era engraçado vê-los irritados.

─ Você é terrível. 

─ Eu sou.

A noite caiu em um silêncio confortável. Os trovões caíam vez ou outra. As luzes fracas eram confortáveis. Ouviram as ondas batendo ao som de Don't make me fall in love. Kaminari suspirou e apoiou-se no ombro de Shinsou.

─ A vida é uma droga. ─ Denki concluiu.

─ A vida é uma droga. ─ Hitoshi concordou.

Ficar ali, apenas observando o cenário noturno da praia, enquanto sentia a respiração de Kaminari bater em seu pescoço o fez pensar que talvez a vida não fosse tanto assim uma droga. Haviam momentos bons. Aquele era um deles.

─ Vai chover. 

─ Você já disse isso.

─ Eu sei. Mas dessa vez é porque vai chover logo. Aquelas nuvens estão quase aqui.

─ Quer voltar?

─ Vamos pegar algo para comer antes.

─ 'Pra viagem? ─ perguntou.

─ 'Pra viagem. ─ Denki respondeu.

Se levantou, batendo a areia da roupa. Por um segundo, se encararam. Kaminari sorriu, e ele sorriu de volta.

Voltaram para o carro no momento em que o rádio começou a tocar California.

─ Não sabia que você escutava Yungblud. ─ Shinsou fechou o cinto.

─ Tem muitas coisas que não sabe sobre mim. ─ riu, fingindo uma aura misteriosa ─ Mas sim, eu também tenho meu lado de adolescente rebelde.

─ É uma boa música. 

Andar pelas ruas vazias da cidade com Denki gritando a letra de California enquanto dirigia foi uma experiência estranhamente agradável. Era reconfortante vê-lo tão animado e imerso, e Hitoshi sentiu como se entendesse um pouco mais sobre quem realmente era Kaminari Denki.

Pediram dois combos no primeiro drive-thru que encontraram e comeram em silêncio, no estacionamento, enquanto escutavam Starboy. A luz roxa que vinha da placa da lanchonete brilhava contra os cabelos loiros de Kaminari, e Shinsou não conseguiu não reparar. Seus olhos cor de âmbar estavam banhados em luz violeta, o que os deixava hipnóticos. Denki sorriu, tímido, ao notar o olhar fixo de Shinsou em si.

Nenhum dos dois disse nada. 

A música mudou para Stressed Out. Voltaram para a rua, dessa vez, na direção do apartamento de Hitoshi. Enquanto Denki dirigia, começou a chover. Ele riu e se gabou dizendo "Eu avisei".

Kaminari não parecia ter pressa, e quando avistou o prédio de Hitoshi, pareceu decepcionado. 

Estacionou.

─ Você deveria correr para dentro ─ aconselhou ─ Ou vai acabar ensopado.

─ Eu sabia que deveria ter trazido um guarda-chuva.

Denki sorriu, o corpo escorregando contra o banco, e virou-se para Shinsou.

─ Nos vemos na segunda?

─ Nos vemos na segunda.

─ Ok. 

─ Ok.

Hitoshi abriu a porta, sentindo algo pesar dentro de si. Uma onda de arrependimento o arrebatou por um segundo. Deu alguns passos, e na metade do caminho, virou-se para trás. Denki encarava o volante. Voltou-se para o portão do prédio e buscou sua chave no bolso.

Ouviu a porta do carro abrir, e então bater. Se virou. Denki colocou as mãos no bolso e arrumou o capuz sob os fios loiros. 

A chuva estava fria e parecia cortar sua pele.

─ O que foi? ─ Shinsou perguntou quando o loiro se aproximou. 

Denki não respondeu. Apenas o encarou, a expressão confusa e um tanto hesitante.

Hitoshi nunca havia experimentado aquela sensação. A vontade. Ou melhor dizendo, o desejo. Por um segundo, desejou o garoto à sua frente. E depois, decidiu que não iria apenas desejar. O tornou realidade. 

Não pensou se poderia se arrepender mais tarde, e provavelmente foi sua ação mais instintiva em anos, mas Hitoshi o beijou.

E beijou, e beijou, e beijou.

E Denki o beijou de volta. Notou que a expressão das borboletas no estômago apenas amenizam a experiência real. Sentia como se elefantes estivessem dançando tango dentro de si.

Com um cuidado extremo, tocou o rosto de Denki, e o loiro não o afastou, o que considerou que era algo bom.

A chuva de repente se misturou ao beijo. Eles não se importaram. 

Se beijaram por mais alguns segundos. Separaram-se, e Denki o encarou. Shinsou encarou de volta.

─ Desculpa. ─ O loiro pediu. ─ Não queria te deixar na chuva. Está todo molhado agora.

─ É, você também. ─ Os dois riram. ─ Você… quer entrar?

─ Oh. ─ Kaminari deu um passo para trás. ─ Você está pensando em…

─ Céus, não! ─ Exclamou, sentindo o rosto esquentar. ─ Não, eu só… Você está encharcado. Vai acabar ficando resfriado. Só… Não seria mais fácil só passar a noite aqui?

─ É um ótimo argumento ─ Denki riu ─ E eu estou morrendo de frio.

─ Vamos entrar.

Com as roupas e cabelos respingando, os dois entraram no lobby do prédio, e em seguida, pegaram o elevador, em silêncio. Suas mentes pareciam ainda tentar entender os acontecimentos dos últimos cinco minutos.

Chegaram ao andar de Shinsou, que abriu a porta de seu apartamento. A gata miou da sala.

─ Hm… Eu vou ver se tenho roupas que te servem. Pode usar o banheiro da segunda porta, à direita.

─ Ok. ─ Kaminari parecia animado. ─ Sua casa é incrível. 

Hitoshi deu de ombros, olhando ao redor. Ao menos estava arrumada.

─ Não tem nada demais.

Denki negou. 

─ É incrível. 

─ Se você diz.

Shinsou caçou em seu guarda-roupas as poucas peças que ele sequer havia experimentado, por serem pequenas demais, mas nunca chegou a trocá-las, por pura preguiça de ir até a loja.

Bateu na porta do banheiro. Denki demorou alguns segundos para abrir. Se não fosse por aquele momento, talvez Hitoshi nunca tivesse notado o quanto o loiro era magro. Pensou se deveria se preocupar, mas concluiu que poderia perguntar em algum outro momento, até porque, por mais que fosse magro, tinha um corpo estranhamente forte.

Se obrigou a parar de reparar e lhe entregou as roupas sem dizer uma palavra. Kaminari sorriu quando seus olhos se encontraram, e voltou a fechar a porta.

Hitoshi tomou um banho quente. A chuva fria logo era apenas uma lembrança. Sua mente viajou. 

Havia realmente beijado Kaminari Denki. Tinha sido o primeiro beijo que deu em sua vida. Era estranho, quando parava para pensar. O ato em si era desconfortável. A sensação era hipnótica. Por um segundo, pensou que poderia fazer aquilo por um dia inteiro. No segundo seguinte, juntou as mãos e jogou água no próprio rosto.

Kaminari Denki estava tomando banho em sua casa. Se conheciam fazia apenas uma semana. Acreditava que o loiro era uma boa pessoa, porque de fato parecia ser. Ainda assim, sentia-se estranho. Em seu ponto de vista, não era normal. Pessoas deveriam levar algum tempo até se conhecerem para seguir para o próximo passo.

A voz de Monoma soou em sua mente.

Você não precisa amar alguém para beijar essa pessoa. Você só beija. Não é nada demais.

Precisava parar de pensar demais.

Desligou o chuveiro e suspirou. Pela primeira vez desde que havia recebido Kendou, Tetsu e Monoma em sua casa, Hitoshi estava inquieto. 

Vestiu-se e pensou de novo. Repreendeu-se, e deixou o quarto. Assim que atravessou a porta, notou que o ar ao redor do apartamento tinha um forte cheiro de sabonete. Segundos depois, Kaminari entrou em seu campo de visão. 

O loiro estava sentado em seu sofá. As roupas que o emprestou ainda ficaram largas em si, o que deixava assustadoramente adorável. Miss Midnight estava em seu colo, miando alegre, enquanto Denki a segurava pelas patas da frente e a esticava, sorrindo.

─ Ela gostou de você. ─ Shinsou sorriu, sentando-se ao seu lado. Kaminari não encontrou seu olhar.

─ Eu nunca tive um gato. Acho que prefiro cachorros, mas nada contra felinos. ─ Denki riu ─ Qual o nome dela?

─ Miss Midnight. Ou só Mid. 

Hitoshi notou os fios negros da gata se espalharem pelo sofá branco. Seus olhos verdes se fecharam, e os bigodes brancos estavam reluzentes. 

─ Ela é linda.

─ Não é? Foi um presente do meu pai quando me mudei. Ela tem dois anos. ─ Shinsou acariciou a cabeça da gata, que miou.

─ Então… Deveríamos conversar sobre aquilo? ─ Denki ainda evitava olhá-lo diretamente nos olhos.

─ Ahn… Não sei. Deveríamos?

─ Acho que não faria mal. ─ ele colocou a gata no chão, que saiu andando em direção à cozinha, provavelmente até sua ração ─ Foi meu primeiro beijo, na verdade. 

Kaminari deu de ombros, abraçando os próprios joelhos e encarando o chão. 

─ Pois é… Curiosamente, foi o meu também. 

─ Sério? 

─ É. Você e o Monoma são os únicos estranhos o suficiente para enxergar qualquer coisa em mim.

─ Ei. ─ Seus olhos finalmente se encontraram, e Denki o fitou com uma mistura de falsa raiva e preocupação ─ Não é verdade. 

─ Honestamente, eu não ligo. ─ Deu de ombros. ─ Não preciso que o mundo inteiro me ache bonito. Na verdade, não quero isso. 

─ Mas não é verdade, Shinsou. Você é bonito. Ao menos eu acho. Mina também acha. Meus amigos também acham.

─ Espera, seus amigos me conhecem? ─ confuso, arqueou uma sobrancelha, e o rosto de Denki se tornou um vermelho vivo e vibrante. 

─ Eu talvez tenha comentado sobre você, já que nós quatro moramos juntos no mesmo dormitório. E, ahn, eu talvez tenha mostrado uma foto sua, sabe como é.

Hitoshi riu.

─ Eu não faço ideia de como é, mas vou considerar um elogio. Lisonjeado. 

─ Lisonjeado? Quantos anos você tem, cinquenta?

Kaminari riu, e Shinsou o acompanhou. A risada do loiro era contagiante. Seu tom o deixava calmo e sua expressão irradiava alegria. Era quase como ver uma criança sorrindo por algum motivo banal, sem nada por trás, apenas o mais puro sorriso em si.

─ Piadas à parte… Você já gostou de alguém antes? ─ Denki perguntou.

─ Não, nunca. Monoma já deu em cima de mim algumas vezes… Ok, várias vezes, mas sempre foi platônico. Hatsume já me chamou para sair uma vez também, mas eu recusei. 

─ Hm… Então eu seria o primeiro?

─ É, algo assim. ─ Shinsou sentiu o coração martelar contra o peito. Estava ansioso. 

Kaminari o encarou por tantos segundos que o deixou tonto. Talvez seu rosto estivesse vermelho, mas já não tinha mais noção. 

Quando se deu por si, seu rosto estava à centímetros de distância do loiro. Os olhos de Denki vacilaram para seus lábios. Sua própria boca tremia um pouco. 

Esperou até os olhos do outro se fecharem lentamente. O beijou.

Sequer se lembrava o porquê de estar ansioso. Naquele momento, apenas sentia como se nada pudesse tirá-lo dali. Honestamente, sentia como se pudesse socar uma parede de concreto e atravessá-la sem problemas. 

Kaminari segurou seu rosto com ambas as mãos. Ele tinha gosto de milkshake de chocolate, o que combinava tão perfeitamente que chegava quase a ser irônico. Shinsou levou as mãos trêmulas até sua cintura, e os dois se inclinaram no sofá até que estivessem deitados.

─ Hitoshi… ─ Seu nome escapou baixo dos lábios entreabertos de Denki.

─ Hm?

─ Podemos… Podemos não passar disso?

─ Eu não pretendia. ─ Sorriu, e o loiro sorriu de volta, o rosto corado e a respiração acelerada, passando ambos os braços ao redor de seus ombros. 

─ Ok. ─ Denki voltou a beijá-lo.

Mais uma vez, Shinsou não sabia ao certo quando pegou no sono.

Mas quando acordou, Kaminari Denki estava relativamente deitado por cima de seu corpo, dormindo de maneira serena.

As memórias da noite anterior lhe atingiram como um soco.

Precisava seriamente ligar para Kendou. 






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