História Insônia - Último Evento

Estava devidamente arrumada e ansiosa. Ansiosa era a palavra da noite. Um vento fresco da rua soprou sobre si suavemente, e ela respirou fundo.

Tentava não suar de nervosismo dentro do vestido preto divino que havia ganhado. Não poderia levar sua bolsinha para essa noite, por isso Tikki estava devidamente escondida dentro de seu pequeno chapéu coco preto, outra peça divina de Gabriel Agreste.

Conferiu o horário em seu celular pela décima vez, segurando firme o aparelho para não escorregar com seu suor frio.

Sentiu o coração acelerar mais à medida que o carro prata se aproximava. Ele parou em frente a porta de sua casa, onde ela já o aguardava.

— Uau meu amor, você está linda! - Adrien disse assim que saiu do veículo para cumprimentá-la.

— Eu que devia dizer isso, Agreste. - Ela quase babou ao vê-lo com terno preto, que devia ser caríssimo. Reparou também que ele usava o chapéu coco que ela havia feito. Ficou feliz com aquele detalhe.

Tomou a mão dele de bom grado enquanto entrava no banco de trás. Assim que namorado se ajeitou ao seu lado, o carro começou a ir em direção ao local do evento.

Marinette sentiu o coração se acelerar novamente, nervosa pelo o que poderia acontecer naquela noite. Até que sentiu uma mão quente pousar sobre a sua de leve.

— Não se preocupe com hoje, vou ficar ao seu lado o tempo inteiro, ok? - Adrien abriu um sorriso lindo, que fez todos os medos da garota voarem para longe.

— Você é o melhor namorado do mundo. - Ela devolveu o sorriso, encantada com o carinho que sempre recebia dele. Aproveitou para lhe entregar seu celular, já que seu vestido não tinha bolsos, obviamente.

— Eu sei, eu sou incrível! - Bom, quase sempre carinhoso. Ela deu uma risada ao notar a personalidade do alter ego dele tomando conta. - Ah, perdão, você não gosta quando… - Ele interrompeu sua fala, olhando de esgueira para o motorista, que parecia alheio à conversa dos dois. Não podia dar mole e acabar falando o que não devia.

— Eu gosto. - Os olhos verdes moveram em direção à namorada novamente. Marinette possuía um sorriso travesso, que alcançava o olhar de topázio dela. Prendeu a respiração quando o corpo dela se aproximou do seu, colando ao seu lado. Os lábios dela se aproximaram do pescoço dele, fazendo arrepios percorrerem por todo o local. Então, com um sussurro, Marinette falou ao pé do seu ouvido. - Eu vi que você era perfeito, por isso eu te amei. - Levou uma mão até o rosto dele, para mantê-lo perto. - Então eu vi que você não era perfeito, e te amei ainda mais. - Ela finalizou dando um beijo no pescoço do garoto, que aliás possuía um cheiro ótimo de seu próprio perfume. Era engraçado pensar que o Adrien cheirava à "Adrien". Depois disso, ela se afastou novamente, voltando a se sentar do seu lado do banco.

Olhou para o lado, vendo Adrien com as bochechas coradas, a respiração pesada e uma mão sobre a boca. Ela se sentiu vitoriosa internamente por aquele feito. Era sua vingança pela provocação dele mais cedo.

O loiro sabia que à fala dela se referia ao seu lado gatuno, e ele sabia que ela o amava de todas as formas, mas ouvi-la afirmar isso sempre fazia seu coração acelerar. E ter o corpo dela tão perto do seu, foi como se tivesse uma eletricidade no ar, o fazendo ofegar. Mas o sorriso estampado no rosto dela o fez compreender melhor a situação.

— Você é má. - Foi tudo o que conseguiu dizer entre uma respiração e outra. Um sorriso triunfante de Marinette se alargou, deixando todos os dentes dela à mostra. E, como um lampejo de memória, Adrien se lembrou de sua parceira joaninha. Marinette havia agido exatamente com ela naquele momento. Audaciosa e autoconfiante como só a Ladybug sabia ser.

Seus pensamentos do garoto foram interrompidos ao notar o carro parando em frente ao enorme local onde estava acontecendo o International Celebrity Luxury. Adrien olhou para a multidão que estava lá fora, paparazzi e fãs devidamente contidos com barras de proteção. Havia muitas luzes no local. Coisas que ele já estava acostumado, mas que faziam sua namorada tremer de nervosismo.

O loiro virou para ela enquanto Gorila saía da porta do motorista para abrir a deles.

— Vai ficar tudo bem, só segura a minha mão, ok? - Viu Marinette assentir em silêncio, enquanto parecia engolir à seco, se preparando para sair do carro.

Quando a porta foi aberta, às vozes da multidão, antes abafadas, foram ouvidas com clareza.

— É ELE! É O ADRIEN AGRESTE! - O garoto ouviu alguém gritar, mas não estava ligando para o que diziam. Se concentrou em estender a mão e ajudar a namorada a sair do carro.

— Ele está acompanhado! Quem é ela, Adrien Agreste?

— É uma namorada?

Marinette achou que poderia ficar cega com a quantidade de luzes e flashes que estavam sendo refletidos em seu rosto. Usou uma das mãos para tentar amenizar essa exposição. A outra estava, fortemente, segurando a mão do namorado.

Começaram a andar pelo tapete vermelho, com o barulho das câmeras disparando para eles.

— Só sorria e acene, logo eles vão para a próxima celebridade que chegar, ok? - Adrien falou em seu ouvido. E Marinette pode jurar que o número de flashes e disparos das câmeras aumentou com a proximidade dele com o seu rosto.

— AQUI AGRESTE! AQUI! - Alguns repórteres gritavam, solicitando atenção.

Marinette apenas observou como Adrien sorria e acenava para o máximo deles que conseguia, totalmente à vontade com o monte de lentes sobre si. Os olhos dele nem pareciam doer com toda aquela luz. Ela apenas tentou imitá-lo, mesmo custando a abrir seus olhos.

— Qual o seu nome, convidada do Adrien??

— Vocês estão juntos?

— Qual a marca do vestido que está usando?

As perguntas eram feitas no ar, e Mari não sabia se devia respondê-las ou não. Mas então, enquanto acenava, sentiu um puxão de leve ser dado em sua mão entrelaçada. Adrien a chamava para continuar andando e adentrar no salão, deixando os paparazzi curiosos para trás.

Assim que passaram pelas portas luxuosas do local, a garota respirou fundo, grata pela calmaria do interior.

— Eu acabei esquecendo de te explicar algumas coisas. Não precisa responder às perguntas deles. Vão acabar sabendo quem você é e nosso namoro hora ou outra. - Ele sorriu, e parecia sem graça. Coçou a nuca logo em seguida. - Eles só tiram algumas fotos e pronto. - Ele começou a andar pelo local perfeitamente decorado, com Marinette ao seu lado, cumprimentando com a cabeça alguns conhecidos que estavam ali.

— Ah, entendi. - Quis demonstrar que já havia compreendido como todo aquele mundo funcionava, mas a verdade é que estava tão perdida quanto às vítimas de Hawk Moth ficavam depois que os libertava. - Eu podia ter respondido pelo menos uma… quando perguntaram a marca do vestido. - Ela falou, sondando para ver se Adrien sabia sobre sua roupa.

— Ah, é claro, que idiota. - O loiro levou a mão livre até o próprio rosto. - Eu podia ter te deixado dizer que era uma peça sua, assim você teria reconhecimento… - Adrien parecia refletir se voltavam ou não lá para fora, e nem reparou no rosto franzido de Marinette. As sobrancelhas juntas, formando um vinco entre elas.

— Não, eu…

— Adrien! - A voz do homem chegou aos ouvidos da garota, que se virou, a tempo de ver Gabriel andar em direção à eles, com a secretária em seu encalço. - Que bom que chegou meu filho!

— Oi pai. - Adrien cumprimentou o progenitor de um jeito mais seco, e Mari não entendeu o porquê daquilo.

— Sr. Agreste, boa noite! - Ela fez uma reverência com a cabeça, sendo retribuída pelo homem. Nathalie também os cumprimentou, mas de forma silenciosa.

— Vejo que o vestido lhe caiu bem, Marinette. - Ele deu um sorriso ladino. - Fico feliz que tenha vindo. - A garota ruborizou com o comentário, de pela visão periférica, viu Adrien olhar para ela e para o pai de maneira confusa.

— Sr., o diretor comercial acabou de chegar. - Nathalie chamou a atenção do homem.

— Tudo bem, com licença crianças, o dever me chama. - Passou ao lado dos dois com a intenção de sair, mas antes de ir, virou-se para o casal. - Aproveitem a noite.

Gabriel saiu, com Nathalie o seguindo.

— Ela veio com o vestido, Senhor. - A secretária observou.

— Sim, ela veio. - O Agreste deu uma olhada para trás, vendo os dois adolescentes conversando. - Espero que ela não entenda que foi um presente de despedida, e que tudo vai mudar amanhã. - Ele abriu um pequeno sorriso diabólico, já se sentindo ansioso para saber como tudo aconteceria no dia seguinte. - Por hora, deixe-a aproveitar a festa e se sentir feliz.

— É o que dizem, Senhor. - A mulher o acompanhou, sorrindo também. - Quanto maior a altura, maior a queda. - Nathalie sorriu. O plano de Gabriel era simplesmente brilhante.

Levar uma pessoa ao seu ponto de maior alegria, para logo em seguida, para a maior tristeza. Será isso que Marinette Dupain-Cheng vivenciará após aquela noite.

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Depois que o mais velho se retirou, Adrien para a namorada como se tivesse um ponto de interrogação sobre a própria cabeça.

— O seu pai me deu esse vestido! - Ela jogou de uma vez. - Desculpa não ter dito antes, mas eu achei que você já sabia.

Isso só fez Adrien ficar mais perdido. Conhecia bem o pai para saber que ele não fazia esse tipo de coisa.

— Isso foi… estranho. - Adrien não conseguiu pensar melhor sobre isso. Talvez essa era a maneira que seu pai havia encontrado de dizer que aprovava os dois. - Mas se você gostou do vestido, então tudo bem! - Ele sorriu, admirando novamente a linda garota ao seu lado. - Você está realmente linda hoje.

Marinette sorriu abobada, como em um planeta em que Adrien Agreste existia, ela podia ser chamada de “linda”? Era como se fosse uma afronta. Ela era, no máximo uma "arrumadinha" ao lado dele.

Depois das coisas esclarecidas, ela se sentiu incomodada ao lembrar a maneira que Adrien se dirigiu ao progenitor, lutando internamente para saber se deveria perguntá-lo ou não.

— Adrien… - Ela o chamou, deixando a curiosidade a vencer, enquanto caminhavam pelo salão de entrada. Viu o garoto desviar o olhar do local e se virar para ela. - Está tudo bem… com você e seu pai?

— Ah, isso. - O garoto abriu um sorriso sem graça após ver que ela havia percebido seu mau comportamento, enquanto levava uma mão à nuca. - Desculpa, mas é que eu não gosto muito de como meu pai acaba me tratando nesses eventos. Ele acaba sempre me exibindo para alguns conhecidos.

Uma onde de pena invadiu Marinette, lembrando de todas as conversas que eles haviam tido sobre a família de Adrien e como era a relação dele com o pai.

— Eu sinto muito… - Ela então pode compreender porque o namorado parecia não ligar para o tal evento, o chamando de bobo e chato nas vezes que conversaram naquela semana. - Você parecia tão animado quando foi me buscar.

— E eu estou. — Ele levou a mão entrelaçada do dois para cima, beijando a dela em seguida. - De verdade, pela primeira vez, estou animado porque nunca te vi tão feliz. E você merece ser feliz, Marinette. E o fato de poder te proporcionar um pouco de felicidade nos seus dias nublados, me contagia. - A garota tentou não corar com aquilo, mas sabia que suas bochechas vermelhas já podiam ser vistas até por quem estivesse do outro lado do salão.

Estavam andando lado a lado, indo em direção aonde o desfile ocorreria, quando Adrien sentiu algo vibrar em seu peito. Por um minuto o loiro empalideceu, achando que estava ronronando sem perceber. Mas então levou a mão ao paletó e percebeu que era o celular de Marinette, suspirou aliviado.

— Acho que alguém precisa de você. - Entregou o celular à namorada, e Mari logo sorriu ao ver o nome da amiga, Alya, piscando no visor a cada mensagem que chegava.

— Acho que ela quer conversar. — Deduziu pelo números de notificações da conversa.

— Vai no banheiro e conversa com ela, eu te espero aqui, ainda temos tempo. - O loiro sugeriu, recebendo um aceno de cabeça da namorada logo em seguida.

Foram para a lateral do local de entrada, onde localizava a porta para o toalete feminino.

— Já volto! - Mari só teve que se esticar um pouco hoje para alcançar a bochecha de Adrien na hora de depositar um beijo ali. Graças aos pequenos saltos pretos que usava naquele dia.

Assim que entrou no banheiro, agradeceu mentalmente por ele estar vazio. Vasculhou um pouco do local com o olhar, e foi até a pia de mármore branco, escorando na mesma enquanto abria a conversa com Alya, dando atenção às últimas mensagens.

Alya BFF:

É SÉRIO AMIGA [22:05]

Você precisa ver isso [22:06]

Você tá famosa! [22:06]

Abaixo das mensagens, havia um vídeo. Sabia que Alya estava acompanhando o evento através da TV, mas não imaginou que poderia ser. Abriu o vídeo e logo entendeu o que Alya queria dizer com “famosa”.

Era a reportagem da Nadja, e ao fundo, uma foto de momentos atrás, quando ela e Adrien haviam chegado ao evento.

“— As meninas de Paris estão com o coração partido. O supermodelo, Adrien Agreste, está namorando a colega de turma, Marinette Dupain-Cheng.”

Marinette se assustou com aquilo, não haviam explicado nada aos paparazzi sobre quem era, mas óbvio que Nadja a reconheceria, elas eram próximas afinal de contas.

Ficou com medo daquela notícia. E roeu a unha perfeitamente feita de seu polegar. Não havia pensado nisso até o momento, mas meninas com corações partidos podiam ser alvos fáceis de Hawk Moth depois daquela reportagem.

Sentiu seu fôlego ficando mais pesado, como se o ar tivesse ficado difícil de respirar de repente.

— Me salva…

Deixou o celular cair com o susto. A voz melancólica de Chat fez o coração de Marinette doer como se estivesse despedaçado, a fazendo curvar seu corpo para frente. Mesmo não o tendo visto, foi como se pudesse vê-lo sofrendo, chorando, completamente sozinho.

Todo aquele medo do mau agouro roubou ainda mais seu fôlego, e ela se segurou na pia atrás de si para não cair, com o corpo todo trêmulo. O mármore frio parecia quente em contato com suas mãos geladas pelo suor. 

Ainda estava na missão de tentar controlar sua respiração quando ouviu alguém a chamando.

— Marinette? Você está bem?

Estava tão focada no que havia acabado de acontecer, no pedido de socorro sôfrego que ouviu, que mal reparou em Kagami entrando no banheiro e chegando perto de si.

— Meu Deus, o que houve? - A japonesa a ajudou a se reerguer, sentiu as mãos quentes dela na lateral de seus braços. E mesmo apoiando no mármore chique da bancada, achou que podia cair novamente a qualquer momento, tamanha era o tremor em suas pernas.

— Kagami, obrigada. - Ela se esforçou para se recompor, se continuasse em pânico, só iria piorar sua situação. Quase não conseguiu pensar em algo para explicar à garota o motivo do seu mal-estar. - F-foi só uma queda de pressão, estou bem.

— Quer que eu chame o Adrien? Ele está na porta, como um guarda-costas. - A garota disse, sorrindo no final da frase, o que fez Marinette a acompanhar, já se sentindo um pouco melhor.

— É mesmo? Gostaria de ver isso. - Ela falou, aliviada por já estar conseguindo respirar com mais calma, e sentindo o calor voltar ao seu rosto aos poucos, à medida que as batidas de seu coração normalizavam.

— Soube que vocês estão juntos. - Isso fez o sorriso morrer no rosto de Marinette. Sabia bem que Kagami tinha interesse amoroso em Adrien, e apesar de amá-lo muito, ainda se sentia triste pela garota. - Está tudo bem Marinette. Se você é melhor do que eu, então aceito a derrota. - Aquela frase, típica da criação de competitividade em que Kagami foi submetida, fez Marinette bufar.

— Kagami, não era uma competição. - Disse firme, ou o mais firme que conseguiu em seu atual estado.

— Tudo é uma competição, Marinette. Aceite sua vitória. - A japonesa já parecia mais tranquila quanto a deixar Marinette se erguer por conta própria. - Está melhor?

— Estou sim, obrigada. - Ela limpou a garganta, se abaixando devagar para pegar seu celular caído ao chão. - Já vou indo então.

— Nos vemos no desfile. - A japonesa lançou um sorriso, que Marinette correspondeu, antes de sair pela porta.

Assim que passou pela porta, Marinette viu Adrien encostado na parede ao lado da mesma, e pelo cenho franzido, soube que o namorado estava incomodado com alguma coisa.

— Ah! Você saiu inteira! - Adrien disse de modo dramático assim que a avistou.

— Achou que Kagami ia fazer picadinho de mim lá dentro Agreste? - Ela brincou. - Porque se for isso, então você é o pior guarda-costa de todos. - Ela entrelaçou o braço ao dele.

— Eu conferi se ela não tinha uma katana, antes de deixá-la entrar. - Isso arrancou uma gargalhada da garota. - Mas é sério, ficou tudo bem lá dentro?

A pergunta fez o sorriso de Marinette morrer, mas não pelos motivos que Adrien achou que seriam.

— Eu ouvi Chat Blanc enquanto estava lá. - Assim que as palavras saíram da boca dela, Adrien apertou o entrelaçar de seus braços de modo protetor. - Mas já estou bem, não se preocupe. - Quis garantir antes que o olhar sério do loiro ficasse pior.

E estranhamente, ele não disse nada.

Entraram nas portas ao fundo do salão, que levava a um corredor escuro, no fim, o burburinho de pessoas aumentava, e assim que atravessaram, Marinette viu a enorme passarela iluminada no meio do local, com centenas de cadeiras em ambos os lados. Uma música suave tocava ao fundo, aumentando a expectativa das pessoas enquanto aguardavam o início do evento.

— Uau, que lindo! - A garota disse, e Adrien achou fascinante tentar imaginar aquilo pela óptica da namorada, que estava com os olhos brilhando enquanto admirava o lugar.

Dirigiram-se aos lugares já marcados com o sobrenome “Agreste”, no meio da primeira fileira. Gabriel e Nathalie ainda não estavam lá, o que deixou os dois sozinhos por mais alguns minutos.

Marinette sentia que seu coração acelerava com a animação. Imaginou como estaria os bastidores do desfile naquele momento, com um monte de modelos correndo para se aprontarem, os estilistas incríveis que deviam estar lá dentro, dando os toques finais nas peças que seriam exibidas hoje.

Deu graças a Deus por Adrien não desfilar hoje, e ser somente um convidado de honra para apreciar o desfile. Não que não gostasse de vê-lo modelar, na verdade, amava. Mas compartilhar essa experiência, ao lado dele, estava sendo a melhor parte.

— Obrigada por me convidar hoje. - Ela disse no ouvido do loiro. E enquanto se afastava, o viu moldar os lábios em um sorriso.

Adrien passou o braço atrás do encosto da cadeira dela. Aproveitando a proximidade dos dois.

— Você está bem mesmo? - Disse em um sussurro. Ele quis ter certeza que ela estaria completamente recuperada antes de fazer aquela pergunta, para que a resposta dele não carregasse nenhum resquício de mentira. Se surpreendeu quando Mari fez que sim com a cabeça, junto de um sorriso.

— De verdade, estou sim. Foi só a voz dele hoje. - Ela não gostou nada do olhar ainda sério do namorado.

— O que ele disse? - Marinette respirou fundo. Ainda era difícil para ela dividir tantos detalhes com ele, principalmente por não poder explicar tudo sem mentir em algumas partes.

— Ele me pediu… ajuda.

— Ajuda? - Os olhos verdes se estreitaram para ela, confuso. - Achei que ele só te ameaçasse nos sonhos.

— Sim, mas ele… parece estar sofrendo… não sei. - Marinette crispou os lábios. Voltou o olhar para frente, para a passarela ainda vazia, evitando contato visual em um claro sinal de desconforto. Ouviu Adrien soltar um suspiro ao seu lado, e voltar a sua posição original na cadeira, mas distante dela. Mordeu o lábio com isso, sabia que ele havia desistido de saber mais detalhes no momento em que ela o afastou, e foi esse sentimento de frustração que a fez continuar.

— Isso é confuso, às vezes…- Sentiu quando o rosto dele se virou para ela, esperançoso. - Tem dias que tenho tanto medo dele que fico paralisada pelo pavor. - A garota voltou o rosto para o do namorado. - Mas, em raras vezes… sinto pena dele, como foi hoje. - Ela alcançou a mão de Adrien sobre a cadeira. - Acho que isso é porque lembro que debaixo daquela máscara branca, é você que está lá.

O rosto de Adrien suavizou com aquilo, e ela sabia que agora ele estava mais feliz por vê-la compartilhar.

— Mas se ele é a personificação dos seus medos, o que isso significa? - A lógica para entender os pesadelos de Marinette ainda parecia um mistério.

— Que eu tenho medo de te ver sofrer. - A garota afirmou. Sendo uma revelação para ela mesma também.

O rosto de Adrien suavizou ao ter, aos poucos, suas dúvidas sendo sanadas.

— Enquanto você estiver ao meu lado, princesa, tenho certeza que isso não vai acontecer. - Adrien finalmente virou sua mão para poder segurar a dela. Mari já sorriu com o ato, e sabia exatamente o que ele ia fazer em seguida. Então, foi mais rápida, puxando as mãos entrelaçadas dos dois para o próprio rosto, beijando a aliança dele. - Ei, sou eu quem faz isso! - Adrien falou, e queria se demonstrar bravo, mas o sorriso aberto nos lábios o denunciava.

Mari suspirou de alívio ao perceber que já estavam bem novamente, logo, uma voz anunciou o início do desfile, e Adrien perdeu toda e qualquer atenção que poderia ter da namorada naquele momento.

Enquanto garotas normais babariam pelos modelos, Mari babava pelas roupas que eles usavam. O garoto riu com sua própria constatação, achando esquisito o fato de sentir ciúmes de jaquetas e calças.