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História Instituinte de Memória (Yoonmin) - Museu de História


Escrita por: MashiroHanabi

Notas do Autor


Olá, pessoas! Sejam todos bem-vindos! Happy Valentine's day!
Eu não vou me alongar muito nas notas iniciais, mas eu peço que leiam as finais, pois nela tem o link para a playlist da fic e pro trailer!

Perdoe qualquer erro que eu tenha deixado passar, e boa leitura.

Capítulo 1 - Museu de História


Fanfic / Fanfiction Instituinte de Memória (Yoonmin) - Museu de História

Dias de sol como esse me lembram da primeira vez em que eu te vi. Não importa que no momento do nosso encontro estava chovendo canivetes. E sabe por que? Porque se eu tivesse sonhado que ia chover... Se eu tivesse a mínima ideia, teria levado um guarda-chuva, e nós nunca teríamos nos encontrado.

Chega a ser engraçado pensar no quão ensolarado e bonito estava aquele dia. Dia da minha entrevista de emprego na Daiwon. Desde que fui morar em Seul para frequentar mini cursos de desenho e aperfeiçoar minha técnica como quadrinista, trabalhar na maior editora de manhwas do país se tornou meu maior sonho, e depois de vencer um concurso, finalmente fui chamado para mostrar meus trabalhos. Nem acreditei quando me ligaram agendando a entrevista.

Eu havia levantado cedo, tomado um banho demorado, na esperança de diminuir minha tensão, tomado um café da manhã digno de um ansioso(ou de um preguiçoso, se preferir classificar assim...E eu sei que você prefere, hyung), e passado horas escolhendo roupas, acessórios e cadernos para pôr na bolsa.

Confesso que quase pintei o cabelo de preto na véspera, por medo da empresa ser muito conservadora e não simpatizar com um garoto de cabelos descoloridos e tingidos de um adorável tom de loiro. Um dos melhores cabelos que já tive na vida, aliás. Arrumei-o cuidadosamente, passei uma quantidade razoável de cosméticos e escolhi uma roupa que se encaixava muito bem à minha personalidade. Jeans rasgados numa lavagem clara, um par de tênis branco e uma blusa de mangas compridas, listrada em preto e branco. Hoje eu vejo o quanto aquelas roupas eram inapropriadas para uma entrevista de emprego, mas fazer o quê? Eu era muito jovem e ingênuo. Minha bolsa estava cheia com meus melhores sketchbooks, pastas e portifólios. Tudo era material para provar meu valor. Saí de casa bem adiantado, e só aproveitei o céu azul e os pássaros que cantavam, enquanto eu caminhava lentamente, tentando conter o furacão que havia dentro de mim naquele dia.

- Park Jimin? - Uma voz masculina me chamou. Levantei-me da desconfortável cadeira da sala de espera e me deparei com o homem de meia idade que me esperava em frente à uma porta aberta. Caminhamos rapidamente para dentro do cômodo, e em instantes eu já estava balançando as pernas embaixo da mesa, consumido pelo desespero, enquanto respondia as mais variadas perguntas sobre mim mesmo.

- Sim, senhor. Tenho total disposição de horário. Não faço faculdade, nem tenho qualquer outra obrigação. - Respondi, enquanto o homem folheava meu material, observando minuciosamente cada traço.

- Entendo. E o que o senhor tem feito para se manter, senhor Park? - Encarou-me sobre os óculos de armação fina, a voz grossa e um tanto intimidadora.

- Eu recebo ajuda dos meus pais, que estão em Busan, e também trabalho como freelancer. - Esforcei-me para encará-lo.

- Entendo. - Fechou a pasta e empilhou junto de todo material que eu havia levado para a entrevista. Ele suspirou profundamente, tirou os óculos e me encarou com a cara mais convincente que podia fazer naquele momento. - Você tem muito talento, senhor Park. Porém, estarei mentindo se disser que esta vaga está esperando apenas por você. Há outros candidatos, e mesmo que não possuam o mesmo talento, cursaram uma faculdade de artes visuais antes de se prestarem ao serviço. Meu trabalho é passar essas informações aos meus superiores, esperar a resposta deles, e então, ligar para aquele que for contratado. - Lembro-me até hoje da angústia que senti naquele momento.

Meu dia, que começara tão bem, havia sido estragado pela incerteza. Não apenas por ela, eu também não confiava em mim o suficiente, e não me achava melhor que um estudante de artes visuais.

Caminhei cabisbaixo pelas ruas da cidade, trilhando meu caminho de volta até a estação de metrô. Lembro-me de ter feito o caminho de ida tão alegre e ansioso que nem percebi que a distância era tão longa. E como se as coisas não pudessem piorar, pensava eu, começou a cair uma chuva colossal. Sim, aquele sol todo simplesmente sumiu e deu origem à um céu cinza e triste.

Antes mesmo da chuva começar a cair, eu já me amaldiçoava por ter esquecido de pôr um guarda-chuva na bolsa. Ainda faltava metade do caminho, e não havia um único estabelecimento comercial naquela rua para que eu me abrigasse dos pingos que já começavam a cair. E quando eu comecei a ficar molhado e desesperado pelos meus trabalhos dentro da bolsa, eu encontrei aquele lugar.

O lugar.

O nosso lugar.

 

“Museu de História de Seul”

 

Eu corri pela construção antiga, parei na bilheteria apenas para ter certeza de que a exposição era gratuita, e segui meu caminho até estar coberto por um teto. Obviamente, a primeira parada fora o banheiro, pois eu queria ter certeza de que tudo estava bem com meus desenhos, e caso não estivesse, eu secaria o que fosse preciso com papel higiênico. Felizmente nada fora danificado além do meu cabelo, maquiagem e dignidade. Alguns minutos em frente ao espelho foram suficientes para ficar mais apresentável, então eu logo saí de lá.

Quando saí do banheiro e pude finalmente ver o local em que tinha entrado, fiquei surpreso com a beleza de lá. As paredes brancas, os detalhes em madeira e as grandes janelas davam um ar de filme antigo. Através do vidro, era possível ver e ouvir o quanto a chuva havia aumentado de intensidade. Aquele era apenas o hall de entrada, e era possível ver outras salas mais à frente, menos iluminadas pela luz natural, e que emanava uma aura muito mais silenciosa.

Já fazia anos que eu não pisava num museu, e naquele, em especial, eu nunca havia ido, e nem sabia de sua existência. Havia um funcionário assobiando e andando calmamente, enquanto organizava a fachada da loja de lembrancinhas. Notei que além dos sons que ele produzia, não havia som algum vindo das outras salas. Nenhum arrastar de pés sobre o piso de madeira, nenhum som de passos e nem mesmo uma movimentação. Aproximei-me do funcionário.

- Senhor, vocês estão fechando? - Perguntei, receoso em perder meu abrigo.

- Não. Na verdade ainda falta mais de uma hora e meia para fecharmos. É que terças são dias muito pouco frequentados, principalmente neste horário. - Sorriu amigavelmente. - Fique a vontade, filho.

- Obrigado. - Caminhei calmamente até a primeira sala da exposição.

    Quando passei pela porta, bem ao meu lado esquerdo, perto do batente, sem me dar nenhum tipo de aviso ou pista de que estava ali, havia um garoto. Não era um garoto qualquer. Era o garoto mais lindo do mundo. Era você, hyung.

    Os cabelos pintados num tom clarinho de azul, a pele alva, os olhos pequenos e lábios finos estavam emoldurados por roupas muito bonitas, e como acessório apenas brincos de argola, alguns anéis, uma bolsa lateral e um pequeno sketchbook pautado em mãos. Você estava tão concentrado que não me notou ali, e continuou observando a exposição e fazendo anotações minuciosas. Eu só conseguia ficar hipnotizado com você, amor. Total e completamente.

    Eu andei por todo o museu, alternando os olhos entre os artefatos e você. Quanto mais o jovem Jimin olhava para as peças expostas, para os documentos na parede, para os detalhes da ambientação, menos ele entendia o que propósito daquilo, e mais tentado ele ficava em observar o anjo que continuava praticamente no mesmo lugar, fazendo anotações.

Não diria que foi amor à primeira vista, porque nós dois sabemos o quê construímos e como, mas não vou negar que meu interesse foi imediato. Também, pudera, né, Yoongi hyung? Você sempre foi esse pedaço de mau caminho. Sempre foi meu ponto fraco.

Normalmente, um alguém que se interessa por outro alguém vai até essa pessoa pra conversar, saber seu nome, faz qualquer coisa. Mas não Park Jimin. Park Jimin é um trouxão tímido que nem teve culhões de ir falar com o rapaz que tava ali sozinho dando sopa. Park Jimin fez o que? Fez o que? Isso mesmo, meus amigos, ficou dando voltas e voltas no museu pra ficar olhando o crush dele, sem abrir a boca.

Sabe o que é pior? Você não me notou.

Mas tudo bem, eu nunca te culpei por isso. Você sempre foi assim, uma pessoa com uma concentração invejável, e um foco que te leva mais longe do que você mesmo almeja. Eu meio que já estava conformado em não ter sido notado, e até considerei a possibilidade de você ser hétero (mesmo que meu gaydar fosse excelente e estivesse apitando desde que entrei naquela sala).

Mesmo estando conformado, a sua beleza era tanta que eu não queria sair dali sem me lembrar do quão perdido na sua órbita eu fiquei. Puxei meu sketchbook de dentro da bolsa, peguei um lápis azul para esboço, e comecei a decidir em qual posição eu te desenharia. Quando me dei por satisfeito com o esqueleto, peguei uma caneta extrafina e comecei a adicionar os detalhes.

Eu andava em torno de você, rabiscando mais e mais as suas características naquele pedaço de papel cor-de-creme. Tentei ser discreto, mas as vezes eu só parava do seu lado, com uma boa distância e ficava te observando por minutos incansáveis. Eu fiz um desenho tão lindo, Yoon. Amo aquele rabisco até hoje. O bom e velho sketch.

Claro que, depois de tanto tempo ali, eu cansei e quis ir embora. Mas não pude, porque a chuva continuava impiedosa lá fora. Já estava cansado de ficar em pé, de ficar andando de um lado para o outro. Até que eu avistei um sofá no final do salão. Um sofá escuro, que mais parecia um divã. Sem pensar duas vezes, me sentei no mesmo e comecei a encarar o nada.

Eu estava no seu campo de visão. Você estava olhando o último documento, na parede oposta à que estava quando cheguei.

Magicamente, nem um minuto depois que eu havia me sentado, você olhou pra mim. Sua expressão era indecifrável pra mim naquela época, mas hoje eu saberia exatamente o que queria dizer. Seus passos foram em minha direção, e eu congelei. Meu coração acelerou. “Meu deus, ele veio falar comigo! Vai perguntar meu nome, vamos conversar, sair, namorar, casar e adotar oito filhos!” eu pensei. Quando chegou bem perto, você se inclinou um pouco, ficou quase na altura do meu rosto e disse:

- Você poderia não se sentar na exposição? - Eu sequer registrei o significado das palavras. Meus olhos arregalaram, e um arrepio percorreu meu corpo quando ouvi sua voz grave e rouca.

- P-Perdão?

- Você está sentado numa parte da exposição. Esse sofá é um artefato. - Levantei rápido, como se o sofá estivesse pegando fogo. Trombei em você no processo, e pude ouvir um riso muito baixo. Não sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha. É, eu não dou uma dentro.

- Meu Deus, que vergonha! Eu não sabia! - Tapei a boca e voltei os olhos pro seu rosto. O vermelho das minhas bochechas dobrou de intensidade quando vi sua expressão de divertimento. Você ria baixinho, mostrando esses dentinhos pequenos, me derretendo com o som que saia de ti.

- Tem uma faixa amarela no chão. Não pode cruzá-la. - Apontou, e eu segui o sentido do seu dedo pálido.

- Não fazia ideia que era pra isso. - Ri, cada segundo mais constrangido.

- Você não vem muito à museus, né? - Você segurou meu braço, me puxando para fora do limite da faixa. Eu desviei os olhos pro chão e comecei a brincar com a barra da blusa.

- Não. Na verdade, eu não pisava num museu desde os...sei lá, 12 anos. - Ri de nervoso, arriscando um olhar na sua direção, e sendo contemplado com seu sorriso bonito.

- Desculpe te perguntar isso, mas, por que veio ao museu hoje? Quer dizer, é uma terça-feira, no meio da tarde. Você não vem nesse tipo de lugar há anos, e resolveu vir logo hoje e sozinho. Por quê? - Você cruzou os braços e me encarou de uma maneira suave, numa postura elegante. Eu fiquei envergonhado por ter que dizer que só não queria tomar chuva, e acho que você percebeu isso, porque se apressou em corrigir o que havia dito. - Eu não estou dizendo que deveria ir embora. Por favor, não me entenda mal. Eu só estou curioso. É meio que a minha área de pesquisa, sabe? Eu me interesso em saber o que traz as pessoas ao museu.

- D-Digamos que...Não foi muito uma questão de escolha. - Sorri sem graça, você levantou uma sobrancelha.

- Imagino que não. Normalmente as pessoas escolhem museus de arte ou de ciências pra ir, quando não vão há muito tempo. Por isso estou curioso em saber o que te trouxe ao museu de história.

- Foi a chuva. - Você me pareceu muito decepcionado. Tipo, muito. Desviou seu olhar e se afastou devagar, indo guardar o pequeno caderno na bolsa, que eu nem havia percebido que estava encostada num canto do salão.

- Entendo. - Suspirou. Eu fiquei triste em ver que seu interesse em mim havia sumido. Imagino que eu tenha parecido um rapaz muito fútil.

- Mas - Você virou seu rosto para mim novamente, ansioso pelo que eu tinha a dizer. - eu acho que foi a melhor decisão que eu tomei hoje. - Sorri com sinceridade. Você sorriu de volta, se levantou do chão e caminhou até mim novamente.

- Gostou do museu de história, então? - Suas mãos pálidas nos bolsos e uma expressão suave faziam um contraste adorável com o tom que você usou pra falar. Você sempre fala nesse tom quando o assunto é parecido com esse.

- Eu não entendi muito, mas eu gostei de ver. Acho que nunca vim num lugar assim. É tudo tão diferente, o ambiente é tão agradável. É como fazer uma viagem no tempo. - Eu vi aquele sorriso de gengivas pela primeira vez. Acho que você viu meu eye smile pela primeira vez naquele momento também. Quando o silêncio se fez constrangedor, eu resolvi quebrá-lo. - Então, disse que era sua área de pesquisa. O que isso quer dizer?

- Sou estudante de história. Me formo esse ano e meu TCC é sobre museologia e cultura material. -  Disse de maneira orgulhosa, e eu abri minha boca num perfeito “o”. Sua postura, sua confiança, seu sorriso orgulhoso, tudo te deixava ainda mais bonito.

- Nossa, isso é muito legal! Você deve ser um gênio. - Ouvi aquela risada soprada, gostosa.

- Eu gosto de dizer que eu sou, pra tirar onda. Gênio mesmo é o meu orientador. Ele sabe tudo sobre o assunto, lê os materiais na língua original, e não importa o quão descabido possa parecer o tópico, ele sempre vai ter uma bibliografia pra indicar.

- Nossa. Não consigo nem imaginar uma pessoa tão inteligente.

- Não te culpo. Às vezes eu também tenho dificuldade nessa parte. - Ambos rimos, e eu me apressei para não deixar que ficássemos sem assunto.

- Se está terminando a faculdade, provavelmente é meu hyung, então. - Isso, Jimin, muito interessante o seu assunto. Parabéns!

- Oh, mas eu não tenho dúvida. Você parece um adolescente. - Tocou meu ombro, me incitando a caminhar pelo salão contigo.

- Eu tenho 22. - Coloquei as mãos no rosto, bancando o fofo. Não fez efeito em você. Nunca faz.

- É, eu tenho 24. A diferença não é grande. Aliás, qual o seu nome?  - YES!

- É Jimin. Park Jimin.

- Muito prazer, Jimin-ah. Eu sou Min Yoongi. - Só me responde uma coisa, hyung. Por que tava tão difícil a gente conversar sem que as coisas ficassem estranhas? A cada duas palavras trocadas, um silêncio constrangedor se fazia. Que droga! - Então, Jimin, que faculdade você faz?

- Ah, eu não faço faculdade. Eu faço alguns pequenos cursos por aqui, para aperfeiçoar a técnica de desenho, mas não me interessei em fazer faculdade. - Sorri comigo mesmo, caminhando contigo pelo salão. - Eu sou um artista amador, freelancer, tentando se tornar profissional.

- Hmmm, um artista, é? - O ressonar agradável da sua voz rouca me passava conforto, mesmo com o estranhamento. - E mesmo sendo um artista, não frequenta museus de arte? Isso é uma pena. - Era uma piada, mas não entendi de primeira, então apenas você riu. - É brincadeira, ok? Muitos jovens não frequentam museus. É normal, e isso não muda nem um pouquinho o artista que você é. - Eu sorri, desviando os olhos pra baixo.

- Depois de hoje, acho que eu vou frequentar mais museus, sabe? - Você não percebeu, mas era meio que uma cantada, sabe?

- Isso seria ótimo! Museus são muito complexos quando você tenta entendê-los melhor. Você aprende muito, a cada visita fica mais divertido. - Eu sorri, ao mesmo tempo que me deixei levar por uma insegurança desnecessária, sobre não entender o quê você realmente quis dizer com aquilo. Hoje eu entendo melhor.

- Imagino. Foi por isso que você estava tão concentrado fazendo anotações? - Você assentiu de maneira animada, sendo tomado um segundo depois pela preguiça, quando viu a quantidade de coisas que tinha escrito e que depois deveriam ser passadas a limpo. Eu sei, hoje eu te conheço bem. Seu dilema sempre é esse. - Mas já que essa é a minha primeira vez aqui, por que não me ensina algo sobre esse museu? - Você sorriu e suspirou profundamente, enquanto olhava ao redor, admirando o conjunto do ambiente e dos itens

- Bom, isso é um museu de história, como eu disse antes. Como eu também tinha dito, existem os museus de ciência e de arte. Cada um deles tem uma função. Você sabe me dizer qual seria a de um museu de história? - Me deu um frio na barriga tão grande. Era medo! Medo de errar feio, e ter que sair correndo de lá para não ver sua cara de decepção.

- Imagino que seja...contar uma história, não? - Sorri amarelo, me sentindo suar.

- Sim, mais ou menos isso. - O hyung balançou a cabeça de um lado para o outro, avaliando o peso das minhas palavras. - Na verdade, seria documentar os acontecimentos históricos sobre o tema que ele se propõe. Por exemplo: esse é o Museu de História de Seoul. A proposta dele é mostrar a história de Seoul de forma mais detalhada e inteligível possível. Tanto é que essa parede está cheia de documentos e cartas de pessoas importantes na história da fundação dessa cidade. - Você me mostrou a parede novamente, e então eu pude entender melhor o que aquilo tudo significava.

- Meu deus, quantos! Está me dizendo que todos esses papéis enquadrados são de pessoas que participaram da fundação da cidade? - Talvez eu parecesse uma criança maravilhada com a primeira excursão escolar, mas você pareceu gostar disso.

- Sim. Tem pessoas envolvidas na fundação de hospitais, de patrimônios públicos, de linhas de trêm e até mesmo do aeroporto. Acredite, foi um trabalhão anotar tudo isso. - Eu meio que ria de desespero por olhar em volta e ver que aquela sala era feita só para dispor todos aqueles documentos. Devia ter uns 300 deles.

- E por que tem objetos tão comuns...tipo aquele sofá que eu sentei? - Você gargalhou alto, e eu não sabia se apertava suas bochechas ou se escondia a cara de vergonha.

- Bom, digamos que eles são instituintes de memória. - Seu sorriso, mesmo que lindo, só conseguiu me deixar mais intrigado, naquele instante. O hyung me guiou para as salas que eram cheias dos objetos mais comuns. Todos muito antigos, gastos, e preservados com todo o cuidado atrás de expositores de acrílico ou vidro.

- Desculpa a minha ignorância, mas o que é instituinte de memória, hyung? - Você soltou outro daqueles suspiros apaixonados de quando vai falar sobre o assunto, e virou a cabeça para mim lentamente. O tom que usaste para continuar era tão, mas tão doce, tão lindo e tão sutil, que se eu não estava doente de amores por você antes, agora com certeza estava.

- O que você faz quando quer preservar a memória sobre algo ou alguém, Jimin-ssi? - Olhei para os lados, pensando numa resposta adequada, colocando a mão sobre a bolsa e tentando sentir meu sketchbook.

- Eu tiro fotos. Às vezes faço desenhos sobre isso também, mas se for um momento muito especial, muito importante para mim, eu prefiro ter algo mais físico pra me lembrar.

- Exatamente! O instituinte de memória é exatamente isso. É algo que te lembra de um acontecimento, de alguma coisa, ou de alguém. É algo que prova a existência daquilo, tal como uma memória. - Novamente, o seu tom foi tão doce e o conteúdo de suas palavras era tão bonito, que não pude evitar sorrir, mesmo que contido.

- Então é pra isso que o sofá está aqui? Ele representa uma memória? - Perguntei num tom baixo, tentando ser equivalente ao seu.

- Também. Digamos que ele está aqui para montar um cenário que leve a pessoa até a memória do acontecimento, mesmo que ela não tenha feito parte dessa memória. A ideia é fazer com que as pessoas entendam e conheçam esses acontecimentos, tal como se estivessem lá. - Seu sorriso se alargou, e o meu também.

- Que incrível. E pro museu a memória é assim tão importante? - Ah, eu estava bobo. Bobo por você, hyung, porque aquela pergunta me parece tão estúpida hoje.

- Sim. Porque veja bem, Jimin-ssi: a memória é importante para todos. A memória é o que nos faz entender sentimentos e saber quem nós somos. É com ela que nós podemos saber história. Por isso é tão importante preservar os instituintes de uma memória. -  A intensidade dos seus olhos foi tão forte naquele momento, que eu simplesmente sorri como um idiota e coloquei o cabelo atrás da orelha.

- Isso é tão bonito. - Se era de você ou das suas palavras que eu estava falando, já não importava. Os dois podiam ser qualificados da mesma maneira.

- Sim, eu também acho.

    Depois daquilo, nós ficamos um bom tempo falando sobre a exposição, e quando o museu fechou, nós nos sentamos nas escadas dele, na parte de fora, até a chuva passar.

    Ali nós continuamos conversando, e eu só precisava mesmo era de um pouco mais de coragem. Coragem pra te mostrar o desenho que eu tinha feito, pra te chamar pra sair, pra dizer que tinha te achado lindo, talvez até pra te roubar um beijo. Mas digamos que eu era tão medroso quanto você era lerdo, né? Ainda somos, pra falar a verdade.

- Fiquei sabendo que tem uma exposição muito interessante no museu central de arte dessa cidade. Como artista, e agora, um frequentador de museus, acho que você deveria dar uma olha no final de semana. - Confesso que quase pulei de felicidade quando ouvi aquilo. Pra mim era mais do que óbvio que era um convite.

- Ah, seria super legal. Eu amaria ir. Quando? - Você coçou o queixo, procurando pela informação em sua mente. Percebi então que o seu semblante era muito indiferente para alguém que estivesse me chamando pra um encontro.

- Acho que fica em exposição até o final do mês que vem. Se você não se importar com lugares um pouco mais lotados, aos finais de semana é gratuito. Durante a semana a entrada é paga, mas vale a pena se você gosta de sossego. - Aí eu já tinha percebido que era uma sugestão, e não um convite. Suspirei triste, mas não me dei por vencido.

- Mas eu nem sei onde fica esse museu. - Disse com olhos grandes e pidões. Na verdade era a coisa mais fácil do mundo encontrar o museu, eu só queria que se oferecesse pra ir comigo, ou que pelo menos pegasse meu telefone pra me mandar o endereço.

- A linha de metrô aqui do lado tem uma estação lá. É uma depois da prefeitura. Saindo do metrô você já vê o prédio. - DROGA! Fiz um bico, e você disse que a chuva tinha parado. Fomos juntos até a estação, e descobrimos que pegávamos o mesmo sentido daquela linha, e que você descia só uma estação depois da minha

Acabou então que nós fomos o caminho todo conversando e rindo, e eu ficava cada vez mais triste, porque já comecei a achar que você era hétero (ilusão). Eu tentei jogar umas indiretas pra você me chamar pra sair ou pegar meu telefone, mas não adiantou nada. O assunto acabou sendo “Vou carregar o cartão do metrô quando descer. Odeio quando esqueço de fazer isso antes, hyung. Só quero ir embora!” Quando faltava apenas uma estação, eu tirei meu sketchbook da bolsa, e mostrei o desenho que tinha feito de você.

“É a minha maneira de preservar uma memória tão linda quanto a do dia de hoje”

Nunca vou saber dizer que expressão foi aquela sua quando viu meu desenho. Você me olhou nos olhos e o ar ficou pesado, tudo ficou em câmera lenta enquanto nós dois nos olhávamos, sem saber o que dizer. Uma voz eletrônica nos disse que a estação tinha chegado, nos tirando daquele momento.

- Tudo de bom pra você, viu, Yoongi hyung! Espero que a sua pesquisa seja um sucesso! Eu me diverti muito hoje. Obrigado! - Eu te dei um abraço rápido e desajeitado. Foi tão sofrido. Você mal assimilou tudo, e nem retribuiu direito, por causa disso. Nem deu pra sentir muita coisa daquele contato.

- Tudo de bom pra você Jimin-ah. - Você sorriu amarelo, e eu não percebi isso na hora. Saí do vagão, e antes que a porta fechasse e nos separasse, eu te disse mais uma coisa.

- Talvez eu vá mesmo naquela exposição, mesmo que sozinho, né? - Eu ri sem humor, e a sua expressão ficou confusa enquanto a porta se fechava.

Eu acenei e te vi sumir de vista. Suspirei pesadamente e resolvi traçar meu caminho até em casa. Me arrastei até a escada rolante mais próxima, subi até o final, sem pressa alguma, sem vontade alguma. Quando finalmente encontrei um lugar para recarregar meu cartão do metrô, havia uma fila gigantesca por causa do horário. Pelo menos vinte pessoas na minha frente, igualmente cansadas e frustradas com alguma coisa.

A entrevista parecia ter sido um fracasso, minha tarde de flertes a mesma coisa. Não estava muito melhor do que aquelas pessoas que passaram o dia inteirinho trabalhando dentro de um cubículo sem ar-condicionado. Quando finalmente chegou minha vez, e eu terminei de carregar, senti que o dia podia finalmente acabar. Saí andando em direção à saída, mas nem três passos depois da máquina de cartões, eu ouvi meu nome ser chamado. Gritado, na verdade.

Não acreditei nos meus olhos quando vi você correndo até mim, hyung. Você corria de um jeito tão engraçado, tão desajeitado, quase atropelando todo mundo. Foi fofo. Quando chegou até mim, você colocou as mãos nos joelhos e tentou recuperar o ar. Claro que não foi fácil, porque desde aquela época você já era super sedentário, que eu sei!

- Yoongi hyung? O que está fazendo aqui? - Abaixei um pouco para olhar seu rosto, que estava vermelho e engraçado. Depois de quase dois minutos de silêncio e de eu ter te encostado na parede ao lado para se sentir melhor, você olhou nos meus olhos com o cenho franzido e tentou falar num tom normal.

- Eu sou um idiota. Me desculpa. - Fiz uma cara confusa, mas te deixei continuar. - Só depois que o metrô saiu dessa estação, é que eu fui perceber que devia ter te chamado pra ir comigo ao museu de arte. Eu saí correndo, dei a volta na estação e peguei o sentido oposto pra te procurar aqui. Eu tinha certeza que não ia te encontrar, mas precisava vir mesmo assim. Não é todo dia que eu encontro um cara legal, que se interessa pela minha pesquisa, e que ainda faz um desenho de mim. - Eu sorri largo e você desviou os olhos, as orelhas vermelhas como pimentões. - Não me julgue! Eu ia me culpar pra sempre se não fosse atrás de você.

- Não estou te julgando. Foi muito fofo da sua parte! - Toquei seu braço, tentando te afirmar, com a intensidade do meu sorriso, o quanto você tinha me feito feliz ali. Puxei meu celular do bolso e dei na sua mão. Você me olhou confuso, mas ansioso. - Salva seu contato. A gente marca um horário bom pros dois. - Na mesma hora, você puxou, sem parcimônia alguma, o próprio celular do bolso, e me entregou para fazer o mesmo. Quando destrocamos os celulares, você encostou na parede numa pose descolada, semicerrando os olhos e bancando o bonito.

- Então...sábado? - Eu só pude rir. Te dei um tapa no braço e você fez cara de indignado.

- Você foi lerdo o dia todo! Não banque o playboy! - Nós rimos muito da situação. Rimos até hoje, pra falar a verdade. - Sim. Sábado, na estação mais próxima do museu central de arte.

 


Notas Finais


Link da Playlist da fic no spotify:
https://open.spotify.com/user/cellaveronezzi/playlist/3vlRlLLlBcbHUgeFIOvego?si=8qCxDsVzQzqTs_3jPoGYzA
SEGUE LÁ!

Link do trailer da fic
https://www.youtube.com/watch?v=sOosIF8d6Ag

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Para quem quer saber, essa é uma short-fic, e terá 4 capítulos. Às pessoas sensíveis eu já aviso que NÃO irei tratar nenhum tema que possa ser um gatilho. Essa é uma fic amorzinho mesmo!
Os capítulos serão postados nos dias: 21/02, 01/03 e 08/03 (em comemoração ao aniversário do Yoongi!)
Eu sei que vou agradecer de novo no final, mas eu gostaria de já começar aqui, agradecendo a May, a melhor roommate do mundo, que fez a matéria "Museu, Patrimônio e Cultura Material". Também quero agradecer à minha irmã @Flafsss, que fez a capa pra mim, à @Tksbts por meio que ser a minha beta e à @Sassypotato por não me deixar desistir!


Ah, e o desenho que tem na capa do capítulo fui eu que fiz, só queria me exibir mesmo! HASHASHASHSHA

Obrigada a todos os amigos que me ajudaram nisso também, DMX, Brubs, Laís, Thaty, Cass, vocês são lindos!

Até semana que vem!


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