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História Intense Love - A verdade


Escrita por: terenifeyes

Capítulo 13 - A verdade


Angeline

Fiquei o resto do fim de semana sem manter contato com nenhum dos meus amigos. Minha mãe soube do ocorrido no dia seguinte e disse que poderia faltar de aula na segunda se quisesse para tentar lidar direito com o acontecimento no baile de caridade.

Francamente, não havia um jeito claro de lidar com aquilo. Eu estava surpresa demais. Triste demais. Entretanto, tomei a decisão de tentar não parecer abalada com o conflito e retornar às aulas, por mais que isso possa trazer risadas e olhares estranhos.

Eu não sabia quanto tempo estava parada me encarando no espelho. Eu só sabia que eu respirava rápido demais.

Quando desci as escadas minha mãe estava acordada me esperando, suspirei ao ver que ela ainda não havia como agir nesse tipo de situação.

— Tá tudo bem, mãe. — Disse a ela que me abraçou. — Vai dormir, eu tô bem, sério.

— Não quer que seu irmão te leve na escola hoje?

— Não precisa. — Estiquei os lábios até eles se formarem um sorriso. — Fica tranquila. — Minha mãe sorriu depositando um beijo carinhoso na minha testa. 

— Qualquer coisa eu estou lá no quarto, tá bom? — Balancei a cabeça e ela retornou a subir as escadas.

Tomei um café da manhã bem balanceado, joguei a mochila nas costas, abri a porta saíndo de casa respirando o ar úmido de grama molhada da manhã. Peguei o celular e coloquei os fones preparada para escolher uma música,  quando de relance vi uma sombra; um vulto, caindo de cima do muro da minha casa. 

O susto foi tremendo. Passei os olhos pelo gramado procurando o que havia caído quando eu vi um garoto de cabelos pretos resmungar e soltar um gemido. 

— Eu sabia que tentar fazer parkour não iria dar certo. — O mesmo esfregou as costelas esbaforido.

— Felps! — Chamei a atenção dele logo que reconheci a voz e andei na direção do mesmo, tanto assustada quando preocupada. — O que você está fazendo? Você está bem? — Encostei a mão nas costas do garoto que encolhia um pouco apoiando as mãos nos joelhos. Ele assentiu com a cabeça.

— Só foi mal jeito Angie, não tô acostumado a fazer isso. — Felipe fez uma careta e disse com a respiração entrecortada. Olhei para trás para verificar se alguém havia visto o que acabara de acontecer

— Por que você pulou o muro da minha casa? Ficou louco? — Dei uma bronca nele murmurando entredentes. O moreno sacudiu uma das mãos no ar.

— Precisava de falar com você e pular o muro seria uma entrada dramática, e eu sou retardado também. — Ele falou para mim em um fôlego só enquanto retomava a postura.

— O que você quer?

— Angeline... Você... — Felps tentava retomar o fôlego. —  Quero que você não vá a aula hoje... — Revirei os olhos impaciente.

— Ah, fala sério. 

— E-eu sei que provavelmente vai parecer loucura o que eu vou falar... Mas você precisa acreditar em mim. Marco Túlio... Ele...

Minha expressão mudou para frustração. Antes mesmo de ele terminar a frase eu o atropelei impedindo o mesmo de falar qualquer coisa sem nexo.

— Sério que agora você e Rafael vão meter Marco Túlio no meio?! Só pode estar zoando comigo. — Eu caminhei até o portão da minha casa e Felipe me seguiu.

— Rafael não tem nada a ver com isso, eu vim por conta própria.

— Felipe, sai da minha frente.

— Eu sei que você gosta desse garoto, mas eu descobri algo e não vou deixar de te atormentar até você me ouvir. _— Parei momentaneamente, fitando o chão, pensativa. — Por favor. — Ele suplicou. Alguns segundos se passaram até eu decidir ceder para ele.

— Você vai me levar a escola.

***

— Marco Túlio e Rafael sempre tiveram brigas sabe... E acho que deu pra você notar pelos minutos que os dois passaram juntos não é mesmo? — Felipe brincou com seus dedos de nervoso. Havíamos parado em um parque próximo e sentado em um dos bancos, Felps estava mais tenso do que eu já o vira antes. — Vai ser duro dizer isso a você, fiquei o dia de ontem todo tentando achar uma maneira menos estressante de te contar, porém não tem nenhuma.

"Há dois dias atrás, quando eu estava procurando por você e por Rafael eu, indevidamente escutei algo bem desagradável sabe, e me incomoda desde então. Não quero fazer cerimônias e provavelmente você não vai acreditar em mim."

— Fale isso logo. — O apressei de uma forma educada.

— Ambos desses dois tem um histórico muito conturbado de brigas, Rafael fez algo quando era mais novo que manchou muito a boa imagem que Marco tinha – é uma longa história, eu não vou te contar isso hoje. A questão é: você foi usada por ele. — Semicerrei os olhos tentando entender alguma coisa. — Uh... Isso saiu mais grosso do que o esperado.

— Como assim?

— Angie, Rafael gosta de você. — Baixei os olhos e meu rosto corou. — Marco Túlio está usando sua fraqueza para afetar a imagem dele, humilhando você e fazer ele sair como o 'bom' da historia. Assim, Rafael é exposto como o culpado.

— Por que você está mentindo

— Você precisa de acreditar em mim. — Peguei a minha mochila e levantei. 

— Eu sabia que você ia defender Rafael, eu nem sei porque perdi meu tempo tentando me convencer do contrário. — Não consegui conter a decepção. 

— Angie...

— Não, Felipe. — Levantei a mão, dando um basta. — Não precisa me levar a escola tá, deixa que eu pego um ônibus ou coisa assim. — Minha voz saiu expressivamente calma.

...

Rafael não parava de me ligar e me enviar torpedos, eram tantas mensagens e ligações que decidi desligar o celular. Independente das histórias, eu não conseguia acreditar em mais nada.

Faltava quinze minutos para o sinal bater quando cheguei a escola, andei até a sala onde Marco Túlio estudava afim de esclarecer algumas coisas na minha cabeça. Ele já havia chegado e estava no final da sala de aula mexendo em um notebook que provavelmente era seu. A sala tinha um nível considerável de pessoas mas mesmo assim ele me avistou, sorrindo e fazendo sinal para eu me aproximar.

Caminhei até ele com certo receio, sentia que tinha alguma coisa errada ali. 

— Oi! O que está fazendo? — O moreno sorriu e deu de ombros.

— Só estou vendo algumas fotos, você está melhor? Sabe... O baile e...

— Acho que sim. — Cortei sua fala. 

— Quer ver as fotos? — Assenti com a cabeça e me sentei em seu colo, ele se surpreendeu por um momento mas logo entrelaçou suas mãos na minha cintura. 

— Você era uma graça quando era criança. — Eu comentei ao ver uma foto onde ele estava sorrindo com um chapéu inapropriadamente maior que sua cabeça.

— Ainda sou. — Afirmou rindo.

— Claro que é. — Olhei debochado.

— Marco. — Uma garota loira berrou o nome dele enquanto adentrava na sala. — Tem um garoto lá fora querendo falar com você. — A mesma disse. O moreno me olhou soltando um sorriso suave.

— Me dá um minuto, ok? Eu já volto.— Ele disse.

— Tudo bem. — Assenti com a cabeça. 

—Pode ficar vendo as fotos aí, se quiser. —Ele se dirigiu a mim e foi para fora da sala junto com a garota loira. 

Intuitivamente, decidi procurar na galeria dos vídeos e fotos recém vistos para realmente saber se ele tinha algo a ver com todo o ocorrido de Sábado. Meu subconsciente dizia que Felps não inventaria uma história desse gênero apenas para encobrir o amigo, ele parece ser responsável demais para inventar uma mentira tão sem nexo como o que ele me dissera hoje de manhã. Aquilo me intrigava demais. Se eu tivesse a chance de descobrir algo, aquela chance era agora.

No canto superior da galeria tinha um ícone endereçado com o nome de "angeline.png", pairei com a seta do mouse sobre ela, mas meu corpo todo gelou ao pensar na grande possibilidade daquilo ser o que eu estava pensando. Respirei ultrapassado e cliquei no arquivo.

Fui encaminhada para uma página cheia de fotos e alguns vídeos sem nomes. Abri um dos primeiros vídeos da pasta, mas eu já sabia do que ele se tratava.

Felipe estava certo o tempo todo

Eu desviei o olhar repleto de frustração do vídeo. Era apenas o começo de tudo, a pasta era repleta de fotos e montagens inapropriadas sobre mim. Meu estômago embrulhou e fui tomada por uma sensação nauseante, como se a qualquer momento eu fosse vomitar. Não sentia tristeza, muito menos decepção, meu corpo na verdade, foi tomado por uma raiva incessante e nojo de toda aquela obcessão doentia em humilhar uma pessoa apenas para se vingar da outra. Era impossível de acreditar que aquilo tudo era real.

Marco Túlio havia voltado, retornei rapidamente a pasta anterior, fingindo que não havia visto nada além daquilo.

Será que ele seria burro o suficiente para deixar eu mexer em seu notebook mesmo sabendo que correria risco de eu achar todas aquelas informações sobre mim?

— Você era tão amável que dava vontade de te guardar em um potinho para sempre. — para você morrer asfixiado dentro dele lentamente. Pensei.

Vamos brincar.

— Aposto que você também era fofa assim quando era criança. — Ele disse sorrindo.

Todo aquele garoto doce que eu sempre vira derreteu pelas rachaduras da minha mão. Não conseguia mais achar algum tipo de encanto nele, até seu sorriso que tanto adorava se tornou podre e feio.

— Nah. — Abanei as mãos. — Eu era uma bolinha branca e gorda. — Afirmei e ele riu. — Parecia um pão de queijo. — O sinal de entrada finalmente bateu.

— Você é tão exagerada. — O moreno disse. — Vejo você no intervalo, tá?

— Até mais tarde então. — Lhe dei um selinho e fui para a minha sala.

***

Passei três horários sem falar com completamente ninguém. Ignorei todas as tentativas falhas de Rafael falar comigo, os torpedos diversos que Lydia mandava para mim e até mesmo a bronca que os professores me davam por estar tão desatenta. Meu olhar estava distante, não conseguia pensar uma forma de retribuir tudo que aquele garoto havia feito para mim. Eu queria o fazer hoje mesmo, mas como?

O sinal havia batido, sem nem mesmo hesitar caminhei diretamente para a cantina. Porém, não tinha fome alguma. 

— Você não vai comer? — Marco Túlio perguntou a mim, sentando ao meu lado.

— Estou sem fome hoje. — Falei antes de voltar os olhos para o mini palco que ficava ao lado da porta onde a coordenadora da escola estava avisando algo no microfone para o pessoal no nono ano. Uma luz acendeu-se na minha mente. Era isso. — Marco! — Voltei para ele, empolgada. 

— Hum. — Retrucou enquanto mordia uma maçã.

— Eu... Não sei se eu aguento mais esperar você tomar uma iniciativa. — Falei, fingindo estar constrangida.

— Como assim? — Ele me olhou sem entender.

— Eu quero te dizer algo. 

— Fala, então. — Marco Túlio disse, começando a ficar com curiosidade. Eu mordi os lábios. Não sabia se aquilo iria dar certo. — Ei, eu tive uma ideia! — Levantei-me. — Não sai daí! — Virei e me dirigi a coordenadora ainda escutando o garoto ainda resmungar de ansiedade.

Eu conversei com a coordenadora suplicando para a mesma me deixar usar o microfone, e depois de tanto insistir, por milagre, ela havia permitido. Subi no pequeno palco e peguei o microfone.

— Oi gente. — Eu disse antes do microfone fazer um barulho extremamente irritante. — Uh... Desculpa atrapalhar a conversa de vocês, mas eu preciso falar algo que queria que todos testemunhassem, porque isso é muito importante para minha pessoa. — Anunciei. Toda a multidão estava concentrada em mim, e no fundo da cantina eu encontrei Rafael me fitando com os olhos radiantes, por um momento me senti culpada por te-lo julgado tão mal. — Bem, acho que a maioria aqui já conhece esse garoto aqui; Marco Túlio. — Apontei para ele que estava a duas mesas de distância. — Eu precisava de dizer algo para ele e... Queria que todos vocês também ouvissem. — Umideci os lábios. — Sabe, conheci ele a pouco tempo atrás, e com um tempo acabamos virando ficantes, ele se tornou muito importante para mim. E... Por mais que tenha passado apenas algumas semanas, acho que cheguei a conclusão de que Marco Túlio Vaz Áscoli... — Voltei meus olhos novamente para o moreno que tinha um sorriso de orelha a orelha. — É o único, ou talvez um dos únicos homens... Mais falsos e medíocres que eu já conheci em toda a minha vida. — Meus olhos marejaram mas mesmo assim eu sorria com sarcasmo, Marco havia levantado e o seu semblante tinha mudado imediatamente. — Ele me usou, me usou de uma maneira mais suja que qualquer pessoa poderia usar, porque além de criar uma dupla personalidade, ele me humilhou na frente de todo mundo, sabe por quê? Apenas para... — A coordenadora tentou tomar o microfone de mim com um sorriso amarelo, mas eu a impedi e prossegui. — Apenas para se vingar de um garoto que ele supôs gostar de mim. Ele achou que assim, me machucando e expondo com algo que ele não fez, faria o outro garoto sair como culpado. — Todo o pessoal fez vozes debochadas para ele, soltando alguns "uuuh" ou às vezes um "toma essa!". Ele se prontificou de ir para a porta de entrada, entretanto um motim o impediu de passar, certificando dele ver tudo aquilo. Não sabia que aquilo iria acontecer, porém, eu estava feliz por ter acontecido. Eu fiz sinal para deixarem ele ir embora. — Marco Túlio sempre teve medo de ser desmascarado dessa forma e ter sua imagem de garoto perfeito arruinada, mas agora todos vocês sabem o que ele é. Uma pessoa artificial, que faz de tudo apenas para conseguir o que quer. Da mesma forma que ele fez comigo. — Minha voz saiu falhada, eu larguei o microfone no chão com meus lábios trêmulos, andei até a porta de saída no mesmo momento em que o sinal tocou, desatendi todas as pessoas que me entupiam de perguntas insignificantes. Eu não me importava mais.

Eu só queria sair dali.

A neblina estava baixa mesmo estando em torno das nove da manhã, o sol se escondia entre as nuvens e chuviscava de leve, eu saí da escola sem nem mesmo dar alguma explicação para os guardas que ali ficavam. De fato a coordenadora ligaria para minha mãe alertando ela sobre o que havia ocorrido, mas não acho que ela vai ficar nervosa, ela sabia que correria risco de eu cometer algum deslize hoje devido a situação delicada que andei passando.

Apertei minha blusa de frio contra meu corpo, minhas mãos tremiam um pouco por causa do nervosismo, mas eu me sentia livre de um grande peso agora. Virei a primeira esquina e andei reto até encontrar a pequena praça que ficava um pouco logo após a escola. Sentei em um velho balanço que encontrei por ali e fitei a poça de água que tinha embaixo dele, encarando meu próprio reflexo. Uma lágrima ligeira escorreu do meu rosto e caiu na poça, fazendo a água dela estremecer e deixar meu reflexo distorcido, logo veio outra e mais outra. 

Não dava mais para esconder; eu estava mesmo chateada. Eu comecei a chorar desesperadamente, lágrimas vinham sem controle e embaçava minha visão junto com os soluços descontrolados. Estava decepcionada, assustada e triste, aquilo foi a chave para aflorar tudo que eu estava guardando dentro de mim.

Angie. — Ouvi uma voz rouca atrás de mim me chamar, virei imediatamente e deparei com Rafael me encarando.

Rafa. — Retruquei, levantando rápido demais e o abraçando mais forte do que podia, sem nem mesmo hesitar. O loiro se surpreendeu por tal ato, mas em questão de segundos ele colocou um de seus braços envoltos na minha cintura e o outro no meu cabelo. Sentia seu perfume amadeirado e de alguma forma aquilo me fez sentir segura.

— Me desculpa por ter duvidado de você, me desculpa por ter te tratado tão mal, Rafael. — Eu balbuciava de uma forma intensa. — Não acredito que cai na dele, você tentou me avisar mas eu fui trouxa o suficiente para não acreditar em você.

— Você não fez nada de errado. — Ele beijou minha testa. — Não precisa se desculpar por nada, Angi. — O mesmo voltou a me abraçar e eu acabei molhando o seu moletom favorito com minhas lágrimas, ele pareceu não se importar dessa vez. Ficamos daquela forma por uma porcentagem de tempo até eu me acalmar. — Queria te dizer obrigado. — Ele murmurou próximo ao meu ouvido. — Obrigado por não deixar eu sair como culpado dessa vez. — Levantei a cabeça e o encarei. Meus lábios formaram um sorriso, verdadeiro dessa vez. Pela primeira vez eu estava feliz por ele estar perto de mim. 

Amigos fazem isso, Rafaela. — Eu disse. O loiro levantou a sombrancelhas, um pouco impressionado, daí ele soltou um sorriso bobo olhando para mim. — Que foi? — Perguntei.

— Nada... — Retrucou soltando o ar pela boca. — É bom saber que você é minha amiga


***


Notas Finais


Olá leitores!
Voltei! Desculpe ter demorado mas eu tentei fazer esse capítulo parecer menos fantasioso o possível.

Comentem pessoal, eu trabalho muito pra fazer capítulos como esse e não custa nada vocês tirarem um tempo pra fazer um comentário descente sem ser "continua" ou "atualiza" — isso são para os leitores q só comentam iss, desculpa eu precisava falar. ISSO É BROXANTE SCR

Perguntinha básica: O que vocês estão achando da história? Acham que eu preciso melhorar na linguagem ou algo do gênero? Por favor me deixem saber

Até a próxima vadiaas!


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