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História Intenso - III - Dúvidas


Escrita por: Lightside

Notas do Autor


- Olar, turu bom?

Gente mil desculpas por ter demorado tanto tempo para postar. Aconteceram tantas coisas, o penúltimo ano da faculdade tem me tomado tanto tempo... Se não fosse com a quarentena não iria pegar para rever a história. Calma, para quem estava ansioso (a) pela festa da Elsa kkk. Esse capítulo será o próximo, garanto que será o mais comprido pq irei dividir em partes para incluir os personagens da Operação Big Hero e der um pouco de destaque ao elenco secundário.

Ah! Quero agradecer a todos os favoritos e comentários! <3

O link para as músicas estarão nas notas finais.

Sem mais, boa leitura (:

Capítulo 3 - III - Dúvidas


Fanfic / Fanfiction Intenso - III - Dúvidas

 

C A P Í T U L O  III:

 

Dúvidas

 

Dizem que, não importa qual seja a verdade, as pessoas veem o que querem ver.

 

Gossip Girl

 

Em silêncio, Merida caminhou até a sala. A cada passo a jovem se sentia mais tensa. 

Ao adentrar na sala, viu Stoico Haddock sentado na cadeira presidencial com o queixo apoiado pelas mãos. Sem desviar o olhar ele a cumprimentou.

— Boa tarde Srta. Sente-se — O magnata apontou para uma das cadeiras acolchoadas.

Nervosa, ela sentou-se e sussurrou:

— Boa tarde, Sr. Haddock.

Ele balançou a cabeça em reprovação e falou:

— Não precisa de tanta formalidade, pois temos uma política de tratamento igualitário, ninguém é melhor e nem pior do que ninguém.

Merida se surpreendeu com a resposta do homem à sua frente, ela não pode evitar de abrir a boca feito um peixe fora d'água.

— Sinto muito Sr… Quer dizer Stoico — disse ela, corrigindo o erro. O homem apenas esboçou um sorriso satisfeito.

O tempo havia parado para a garota, enquanto mantinha a mesma posição ereta, seus músculos doíam e nada parecia capaz de aliviar a tensão.

— Bom, primeiramente gostaria de parabenizá-la pela sua conquista e, espero que a Haddoscorp lhe ajude abrir portas futuramente. — disse o empresário com sinceridade.

— Muito obrigada! — A jovem sorriu levemente.

— Srta, você entrou para nossa equipe em boa hora. Hoje teremos uma pequena recepção em comemoração aos vinte anos da empresa no mercado, gostaria que você comparecesse no evento — falou em tom cortês.

— É c-claro — balbuciou Merida, tentando controlar as mãos trêmulas pousadas em suas coxas. — A que horas devo estar?

— Por volta das 19 horas — respondeu o Sr. Haddock seriamente. — Antes do seu expediente acabar, passe na recepção a Srta Bell lhe dará mais instruções. 

— Certo — a adolescente concordou parecendo estar um pouco mais aliviada devido a expressão serena do homem.

— Srta Dunbroch, encerramos por aqui.

A ruiva levantou-se e caminhou lentamente para porta, mas antes virou a cabeça em direção ao dono da corporação. A sensação familiar e de pertencimento estava presente presente na figura dele, mas a jovem não sabia dizer se já tinha o visto antes de hoje. 

[…]

O silêncio reinava na mesa, sendo quebrado apenas pelo som dos talheres no prato. 

Jack olhava com veemência o ravióli de carne moída com diversas ervas que estava intacto na louça branca. O rapaz quase não tinha fome, especialmente quando executava as refeições em casa. Não gostava daquele ambiente hostil e tão pouco daquela situação em que ele e seus pais tentam manter inutilmente a relação familiar que foi desfeita há muito tempo. 

— Mande eles continuarem com a busca, Smee! — gritou sua mãe ao celular, na outra extremidade da mesa. 

Os olhos azuis do adolescente ergueram sem demonstrar nenhuma emoção. Com sua habitual frieza, observam Emma encerrar a ligação e deixar o aparelho eletrônico sob a mesa.

— O que foi dessa vez? — perguntou Killian, seu pai, logo em seguida, ele bebericou um pouco do vinho do Porto em sua taça de cristal.

— O Ministério Público quer arquivar o caso da Alice — comentou a mulher ao alternar o olhar entre o marido e o filho, então notou que o prato do rapaz estava intocado. — Jack coma!

O jovem teria rolado os olhos se não soubesse que aquele gesto não passaria despercebido aos olhos atentos da Xerife de Storybrooke.

— Emma, já faz cinco anos…

— Não importa! — Ela esmurrou a mesa com força, inclinando o corpo mais para frente de modo que pudesse encarar os olhos do Sr. Frost. — É da Alice que estamos falando, Killian. Eu não vou abrir mão dela!

Um único nome foi tudo o que foi preciso para fazer com que Jack se levantasse da mesa imediatamente. 

— Com licença — disse ele, saindo do cômodo, pouco se importando com os olhos frios, ultrajados de seus pais em suas costas.

Depressa, subiu as escadas do terceiro andar e abriu a porta de madeira branca. Ao entrar no local, as luzes acenderam automaticamente. 

Um turbilhão de emoções tomou o rapaz que desabou de costas na cama de casal confortável, fitando o teto branco. Passou as mãos pelos fios loiro acizentado, puxando seu cabelo com tanta força que poderia arrancá-los. 

Respirou fundo. 

Então seus olhos pousaram sob a mesinha de cabeceira ao lado de sua cama, onde havia dois porta-retratos. Na primeira imagem encontrava seus pais o abraçando de forma calorosa. Já na segunda figura, ele estava nas costas de sua irmã mais velha fazendo o sinal de paz em uma das mãos. A garota esboçava um lindo sorriso que fez com que Jack tomasse o porta-retrato nas mãos, analisando a fotografia mais atentamente.

Alice era uma jovem muito bonita. Seu rosto era redondo, com traços harmoniosos e delicados, lembrando muito uma boneca de porcelana. Ela tinha herdado de sua mãe os cabelos loiros e lisos, e também, os olhos azuis límpidos. Mas o nariz arrebitado e a pela branca, quase translúcida, era definitivamente de seu pai.

De repente, seus pensamentos o levou para o dia em que sua vida se tornou um pesadelo sem fim. 

Tudo acontecera muito rápido que ele mal conseguira compreender o que se passara. 

O som de pneus cantando, a frieza nas vozes daqueles homens vestidos de terno preto e na face haviam máscaras de palhaço. A imagem borrada misturava com os sentimentos de medo e desespero.

Jack prometa que irá correr o mais rápido que conseguir.

O garotinho estava petrificado.

N-não vou deixar você, Lice! 

O pavor no rosto de Frost era evidente. Seu coração parara de bater quando vira o homem apontar a arma para cabeça de Alice. 

Ele gritara. Aquele som partira sua alma reverberou em seus ouvidos. 

Jackson Overland Frost, se você me ama, apenas corra! — ela gritara, as lágrimas escorreram de seus olhos azuis. 

Em resposta, a garota recebera dos raptores uma coronhada na cabeça.

O garotinho de cinco anos hesitava, aterrorizado; mas no último segundo cumprira o que sua irmã havia lhe ordenado. 

Os berros desesperados e cheios de dor de Alice fizeram com os passos apressados desacelerar, para logo em seguida, retornar ao beco.

Coloque o fedelho no carro! — ordenara um homem com a cicatriz profunda no braço esquerdo. 

Alguém o capturara pela cintura e o trancafiara em uma Van. Jack conseguira ver sua irmã lutar inutilmente contra os homens que a segurara com força, procurando um meio de escapar. Ele em contra partida, continuara a gritar o nome dela, na expectativa de que Alice conseguisse lhe salvar.

Taparam-lhe a boca, mas a criança mordera a mão do homem, rasgando-lhe a carne e sentindo o gosto repulsivo do sangue do sujeito. O sequestrador se afastara o suficiente para que o garotinho tivesse a chance de se soltar e correr até a direção da primogênita, mas fora dominado assim que alcançara a Van preta em que a irmã mais velha se encontrara amarrada e com uma mordaça na boca.

Alice!

O grito ecoara pela rua estreita, mas não havia ninguém para ajudá-los. Ambos os sujeitos que estava próximo a ele se contraíram ao ouvir aquele clamor, e fora então que algo atingiu a parte de trás da cabeça do menino, silenciando-o. 

Desde então, o destino de ambos foram separados.

Ao sair das memórias turvas, atirou o porta-retrato do outro lado da cama e seguiu para o banheiro, onde encarou o próprio reflexo no espelho; o rapaz estava abatido e confuso. Seus olhos estavam vermelhos, inchados e carregava uma tristeza profunda. 

Aquela imagem deplorável de si fez com que o pouco autocontrole dissipar esmurrando o espelho que quebrou no mesmo instante. Cacos de vidro começaram a se espalhar pelo banheiro à medida que ele continuou socando até que o objeto estivesse totalmente destruído e não pudesse identificar seu reflexo.

[...]

Deitada no sofá, coberta por uma manta lilás, Rapunzel deixava apenas a cabeça para fora. Ela estava se entretendo com uma comédia romântica em sua televisão de plasma cinza de vinte nove polegadas.

''Eu sei o que é ter medo de mostrar quem você é. Eu tinha, mas acabo de perder.''

Os olhos verdes e redondos estavam cheio de lágrimas quando o barulho da chave destravou a tranca. A dona do apartamento se sentou, ainda enrolada no cobertor. Ela limpou rapidamente os olhos e viu a prima fechar a porta e encostar as costas na madeira velha de olhos fechados.

Havia algo de errado, Corona notou de imediato. 

A Dunbroch soltou um suspiro exasperado e só então abriu os olhos para lançar a mais velha um cumprimento. Tirou os sapatos, deixando-os num canto próximo a porta.

— A Nova Cinderela… — murmurou Merida reconhecendo o filme, ao se aproximar da prima, acomodando-se no sofá dando uma bufada forte que fez seus cachos subirem.

— Mer, está tudo bem? — perguntou a loira, preocupada com a expressão da outra.

— Haddock! — Soltou a garota exasperada. Rapunzel apenas assentiu, como se tudo se explicasse por si só diante daquele sobrenome. — Eu conheci o Sr. Haddock… Stoico Haddock.

— Verdade?!

— Não imaginava que ele fosse uma pessoa amistosa.

— O que é isso? — Rapunzel perguntou, apontando para a capa protetora preta que a ruiva largou na poltrona juntamente com sua mochila.

Não contendo a curiosidade, a garota abriu o zíper e ficou de boca aberta ao ver o conteúdo.

— Para onde você vai toda elegante?

— Depois de Stoico Haddock me parabenizou pela minha pontuação, acabei sendo intimada para comparecer ‘’a pequena confraternização’’ dada a ele em comemoração aos vinte anos da Haddoscorp — explicou a Dunbroch, observando sua prima admirar o vestido preto tomara que caia.

— Mer, terão repórteres e tudo mais? — questionou a mais velha sorrindo, ao mesmo tempo em que se divertida maravilhada. 

A ruiva maneou com a cabeça em concordância.

— Ele te comprou esse vestido? Olha, porque se for assim, me avisa quando tiver o próximo concurso de estágio para que eu já possa me inscrever.

— Não boba — riu. — Ele mandou que alugassem para mim.

Rapunzel abraçou Merida pelos ombros e disse:

— Priminha é bom que esteja preparada, pois você está prestes a fazer parte da alcatéia Haddock.

— Como assim, Punzie? — indagou a outra, franzindo o cenho não entendendo o teor da divagação da Corona.

— Não é óbvio? — Rapunzel colocou o vestido na capa protetora e voltou a se enrolar no cobertor. — Você vai estar no território das pessoas ricas e famosas.

De repente, Merida sentiu uma vertigem e achou melhor ficar com a coluna ereta. 

— Vai ficar tudo bem Mer. — Piscou divertida ao discar o número de Elsa no celular.

— Esquadrão da moda. — Atendeu uma voz feminina do outro lado da linha fazendo a Corona rir.

— Gostaria de contratar seus serviços, mas não é para mim. É para Merida.

— Qual é o lance? — perguntou a Snow divertida. Podia-se ouvir os latidos graves de Olaf.

— Ela tem evento social da Haddoscorp e precisa estar à altura do lugar — respondeu Rapunzel animada, piscando para Merida que arqueou a sobrancelha.

— Que horas devo estar aí?

— Mer, que horas você deve estar lá? — a loira perguntou.

— Por volta das nove — respondeu a ruiva, massageando a testa.

— As nove, Elsa — informou Corona.

— Para transformação Elsa dar certo, fala para a fera tomar banho. Por volta das sete e meia chego aí para transformá-la numa bela. — Ambas as garotas riam, a ruiva já estava ficando impaciente por não estar conseguindo ouvir Elsa.

— O que ela falou? 

— Sete e meia ela passa aqui, ela disse para você tomar banho — comentou a outra rindo.

Merida apenas limitou a rolar os olhos.

— Já que você interrompeu o meu filme, gostaria que me fizesse um chocolate bem caprichado — disse Rapunzel em seu tom divertido ao pausar o filme.

— Eu mal cheguei em casa e você já está me fazendo de empregada? — A ruiva fez uma careta e levantou-se.

— Aproveita e faz a pipoca também. — Da cozinha, ela pode ouvir a prima falar num tom um pouco mais alto do que o habitual.

Alguns minutos depois, Merida aparece com uma bacia verde limão cheia de pipoca de microondas e duas xícaras fumegantes. Repousou as louças na mesa de centro. A Corona pegou a bacia das mãos da garota para que ela pudesse se acomodar no sofá.

''E tem mais, eu realmente não ligo para o que pensam de mim porque eu acredito em mim mesma e sei que tudo vai dar certo! Apesar de não ter família e nem emprego e nem dinheiro pra faculdade, é de você que eu tenho pena.''

— Por que gosta tanto desse filme? — questionou a mais nova mastigando.

— Me identifico com a Sam — respondeu a outra soprando o líquido da xícara.

— Só porque ela é garçonete está no último ano do colegial?

 A loira riu. 

— Porque ela é corajosa e batalhadora. Mesmo com toda a maldade de sua madrasta e irmãs, ela continuou com o coração puro e cheio de esperança — explicou Rapunzel, colocando a mão no balde de pipoca.

— Você é muito otimista e sempre vê o melhor nas coisas e pessoas, Punzie — falou Merida sorrindo com admiração. 

—  E você deveria ser menos pessimista, mocinha — brincou a outra ao jogar uma pipoca nos cabelos encaracolados de sua prima.

— A realidade me mostrou o quanto ela dura, Punzie — falou com amargura ao balançar a cabeça para afastar a pipoca do cabelo. — Os contos de fadas só existem apenas para dar alguma esperança para as crianças.

— Está errada. Os contos de fadas existem para lembrar as pessoas de que elas podemos realizar seus sonhos e lutar pelo o que realmente acreditam. — Rapunzel pegou as mãos da prima e as segurou com força. — Todos podem ter o seu final feliz, inclusive você.

— Bom, chegamos em um ponto em que nossas opiniões divergem e eu não quero brigar com você. Então vamos voltar a ver o filme, certo? 

A mais velha assentiu ao pegar o controle e dar o play.

[…]

Assim que a limusine foi estacionada, Hiccup respirou fundo. Então, deu seu famoso sorriso meia-lua, desceu do veículo luxuoso quando o motorista abriu a porta e imediatamente foi bombardeado pelos flashes das câmeras em seu rosto.

Diferente de seu pai que era a imagem da empresa, o mesmo mal aparecida em revistas, pois preferia resguardar sua privacidade.

— Querido! — chamou Valka, ao se aproximar do filho e lhe abraçar.

O rapaz sorriu para a mulher, exibindo os dentes brancos alinhados.

Valka Haddock é uma mulher belíssima. 

Ela possui os cabelos longos e castanhos que no momento, encontravam-se presos em uma trança holandesa. Os traços simétricos e suaves de seu rosto pequeno estavam cobertos por uma maquiagem mais básica. Nos lábios finos encontravam-se pintados por um batom cor nude. Já os olhos verdes estavam com delineado dramático. 

O vestido longo modelo jóia de malha de metal brilhante dourada combina os scarpins pretos.

— Olha para você mãe, está linda! 

A Sra. Haddock beijou a bochecha direita de seu herdeiro e pegou a mão dele.

— Você também está lindo. Devia usar mais vezes esse terno, ele combinou com você, querido. — Ela lhe sorriu gentilmente e Hiccup fez uma careta desaprovando o comentário.

Caminharam para dentro do prédio, onde o Sr. Haddock os aguardava com sorriso largo estampando seus dentes brancos.

— Aí está ele! — falou Stoico ao colocar a mão sobre o ombro direito do filho.

— Você vai desfazer os negócios com aquele corrupto? — sussurrou o filho apenas para que seu pai escutasse.

— Já conversamos sobre isso Hiccup. — Stoico falou com um sorriso amarelo, tentando manter as aparências. — Apenas sorria.

O rapaz ergueu a sobrancelha, em seguida sorriu para câmera mais próxima.

— Meu trabalho por aqui já está feito — resmungou para o mais velho. — Agora posso me embebedar. — Piscou ao se livrar da mão do Sr. Haddock em seu ombro.

Stoico apenas limitou a balançar negativamente a cabeça em nítida reprovação.

— O que foi querido? — perguntou Valka se aproximando do marido.

— Deixa para lá. — O dono da festa puxou sua esposa para o centro do salão.

No outro canto do evento, Hiccup se encontrava sentado no bar. Ele girava o copo de vidro contendo gelo e whisky. 

Ao observar ao redor, ele constatou que as panelinhas não eram diferente das existentes em Boulevard. A hipocrisia estava em qualquer lugar, era tudo uma grande porcaria.

Seu mundo era cercado por hipócritas, falsos. Ele mesmo se considerava um, às vezes.

Mas não se envergonha disso, afinal, sabia que no mundo em que vivia, os fracos não tinham vez. E, eram facilmente esmagados pela sociedade.

Já estava no terceiro whisky, agora observava seu pai dar uma entrevista coletiva.

Desviou o olhar, fixando-os para todas as mulheres que passavam no salão. Elas olhavam para ele de forma sugestiva.

 O rapaz pensou em Eugene. Se o melhor amigo estivesse ali, com certeza ele faria a farra com as mulheres mais velhas.

Suspirou fundo quando viu um grupo de garotas nobres o rodear.

Hiccup passou as mãos em seus cabelos desalinhados.

Ele usava um terno Calvin Klein da coleção outono que marcava bem seus ombros largos, denunciando um corpo bem esculpido por debaixo daquelas vestes sociais.

— Senhoritas — cumprimentou, sorrindo de lado para elas que suspiraram. — Saúde. — Levantou o copo de whisky.

Com um sorriso fatal, ele pediu licença e foi e para varanda. 

Assim que chegou no local franziu o cenho. Um sorriso travesso surgiu em seus lábios. A noite finalmente começou a se tornar divertida.

Matou o resto da bebida alcoólica numa gole único e entregou o copo cristal para o garçom que o recolheu na bandeja.

Em passos lentos, Hiccup caminhou até a jovem ruiva que estava com os cabelos presos em um coque alto e trançado por tiras finas do cabelos que mostravam estar alisados.

O vestido modelo coração rodado era um autêntico Chanel preto que  destacava o belo par de pernas e deixava as costas nuas. Nos pés, calçava Louboutin salto plataforma alto de couro.

A moça parecia perdia em seus próprios pensamentos, observava o céu com tanta devoção.

— Olha só… Parece que a Fada Madrinha resolveu te fazer uma visita — disse divertido, ao parar em frente a Merida que só então o fitou. — Quase não te reconheci sem o uniforme escolar ou sem as roupas que usa na empresa, as quais parecem ter saído de um brechó .

Em resposta, a jovem apenas limitou revirar os olhos e fechar o semblante que anteriormente se encontrava sereno.

— Oh! Puxa! Minha vida mudou com a sua opinião — disse sarcástica, arqueando a sobrancelha para ele.

— Relaxa Marrenta, só estou zombando… Você sabe que está linda, não é preciso que eu te diga isso. — Piscou sedutor, Merida sentiu suas bochechas queimarem.

A ruiva controlou a raiva. Ela tinha que parar com esse joguinho de sedução estúpido. Deslizou uma das mãos na testa e então encarou as íris verdes com profunda seriedade.

— Quer parar com isso?! — explodiu, de repente, do nada. 

Hiccup apenas limitou a franzir o cenho.

— Isso o que? — Se fez de cínico.

— Isso! — Merida apontou para o sorriso galante que ele tinha nos lábios. — Não sou energúmena como as outras para cair nesse truque de quinta categoria! Quer saber mais, eu não tenho nenhum interesse em você, seu Cabeça de Alga!

— Não o que me pareceu da última vez que trombamos no colégio… Se Flynn não tivesse nos atrapalhado, você teria me beijado de novo — disse vitorioso ao ver a carranca que a garota fez.

— ARGH!

— Aposto que até a meia noite a Cinderela beija o Príncipe Encantado. — Ele lançou um novo desafio a ela.

— Quê? — A Dunbroch não acreditava no que tinha escutado.

— Aposto que até a meia noite a Cinderela beija o Príncipe Encantado — ele tornou a repetir de maneira muito simples, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia.

A garota sentiu novamente a raiva descontrolada crescer em seu interior, mas dessa vez a lascívia era mínima diante da vontade de socá-lo.

— Só se for nos seus sonhos, imbecil! — Ela foi firme, o encarando com a mesma intensidade com a qual ele a encarava. 

As íris faiscavam, como se a eletricidade fosse sair de seus corpos causando um curto circuito. 

Hiccup deu um passo para frente.

— Veremos… — ele sussurrou para ela que apenas o olhou com os olhos tremeluzentes.

— Aqui, tire uma foto com meu filho e minha nova estagiária — disse Stoico, colocando as mãos grandes nos ombros dos adolescentes.

Merida apenas limitou a sorrir e Hiccup rolou os olhos por tamanha idiotice.

[…]

— Lar doce lar... — murmurou Kristoff ao chegar na república estudantil. 

Subiu as escadas, tirou rapidamente do bolso direito da calça jeans um molho de chaves. Ao abrir a porta, ele suspirou aliviado ao largar a mochila no sofá, em seguida, abriu as janelas do cômodo para que o vento gélido da noite pudesse arejar o lugar e mandar embora o cheiro incômodo que sempre ficava quando o apartamento permanecia fechado por muito tempo. 

Servir mesas, andar de um lado para o outro, pegar condução era algo bem exaustivo, mas ao menos era um treinamento bom para quando ele se tornasse um grande neurologista.

Deslizando as mãos pela testa, o rapaz se acomodou no sofá de qualquer jeito, soltando um longo suspiro cansado, fechando os olhos. Sua mente foi tomada pela figura de Anna Snow com os cabelos ruivos todo ensopado de café. 

— Ah… Estou ferrado! — admitiu sorrindo, pensando nas consequências de ter a irmã caçula de Elsa como rival. — Que se foda! — Deu de ombros, não se importando mais, afinal, o que estava feito, estava feito. Nada tiraria de si o prazer imensurável de contemplar a face furiosa daquela patricinha arrogante.

Abriu os olhos ao sentir o celular vibrar no bolso da camisa. Rapidamente viu a mensagem de texto de Cabeça Quente.

Kris, tá a fim de ganhar uma grana extra amanhã?

Não sei… De quanto estamos falando?

De duzentas pratas.

Du-duzentas pratas? Uau! Mas o que tenho que fazer?

Substituir o Jones na batera no aniversário da Elsa.

Cê é louca? Eu nem toco bem assim…

Para de modéstia cara! 

Sei não… Mais da metade do colégio vai estar nessa festa, eu odeio quase todo mundo!

Também odeio, mas pensa na grana. São duzentas pratas por algumas horas. Além do mais, você pode comer e beber de graça.

Pelo bem da Elsa, eu vou.

Deixa de ser fingido Kris! Você só tá indo pela grana que te conheço hahaha.

O rapaz riu do comentário da amiga que não deixava de ser uma verdade. 

[...]

Os olhos azuis observavam tudo com atenção peculiar. Os bons modos e a elegância era fascinante, Merida não podia negar que o mundo de Hiccup era muito convidativo, mas, ainda assim, não valia a pena. Não quando o preço a se pagar era alto demais.

A hipocrisia, a futilidade e a falsidade que andava junto com todo o luxo daquele lugar encantador, o tornava muito intimidador.

— Quer? — ofereceu um rapaz  uma taça de champagne.

Antes que a garota dissesse ou fizesse qualquer movimento, Hiccup surgiu entre eles como um relâmpago.

— Saia! — ordenou Haddock para o rapaz ao lado, do qual a jovem mal tinha reparado em sua presença.

Contrariado, o outro saiu.

— Qual é o seu problema? — esbravejou a Dunbroch.

— Garçom — chamou. 

O homem pareceu com a bandeja com novas taças contendo a bebida espumante.

— Pegue — ele ordenou e Merida sem entender, apenas o fez.

— Repare.

Ela viu que a coloração da a qual a poucos minutos poderia ter tomado estava diferente do normal.

— Aquele ali é Franz Prince, neto do rei das ilhas do Sul de Arendelle. Ele gosta de drogar garotas bonitas como você para dormir com ele. Então, de nada, Cinderela. — Sorriu arrogante.

Os olhos da garota ruiva arregalaram, assim como instintivamente colocou as mãos em sua boca em tamanho espanto. Ela lançou o olhar para o mesmo rapaz e viu ele retirar um pequeno frasco do bolso e colocar na bebida da nova vítima.

Hiccup pegou a taça com o teor adulterado e pediu para barman jogar fora o líquido. A jovem o acompanhou com os olhos, assim que ele voltou, viu que estava com um novo copo cristal de whisky.

— Não tem rim que aguente — comentou mudando de assunto. — Você bebe demais.

— E você é muito petulante e inconveniente — ele retrucou, a encarando com misto de seriedade e diversão.

— Ah, é mesmo? E você tem um terrível hábito de se achar bom demais. Um gostosão! — rebateu ela com seriedade.

— Não é um hábito, Marrenta, apenas é quem eu sou. — Ele passou a mão nos cabelos alisando-os para trás.

Merida tentava se manter atenta às outras pessoas, no entanto, era difícil quando Hiccup estava com seus olhos verdes focados em si.

A promessa de ficar longe dele não estava adiantando. Aliás, ela nem estava sendo posta em prática. Mesmo que eles não estivessem falando nada, nenhum dos dois queriam se afastar um do outro. Precisavam arrumar qualquer desculpa esfarrapada para justificar o contato.

A melodia country na voz da cantora Wynonna Judd começou a tocar. 

A música era uma versão nova de I Want To Know What Love Is da qual Hiccup gostava muito. Sorriu ao ver alguns casais se juntarem na pista improvisada de maneira elegante.

— Me concede a honra, Srta? — ele sussurrou no ouvido de Merida que estremeceu com o ato. Ela o fitou brevemente, então o rapaz estendeu a mão em sua direção.

Diga não Merida, foi o que a sua mente tentou lhe alertar, porém, seu coração estava sucumbido pelo desejo de estar com Hiccup Horrendous Haddock.

Que mal teria? É só uma dança. 

As emoções estavam ganhando espaço, deixando sua razão de lado.

A mão do herdeiro Haddock pousou em sua cintura trazendo-a para mais perto de seu de corpo enquanto a outra alinhava-se perfeitamente com a mão de Merida.

A Dunbroch sentia suas pernas tremerem.

— Está nervosa? — perguntou gentilmente, a voz grave saiu baixa.

Ela não conseguiu respondê-lo, pois estava perdida nos olhos verdes. Agradecia por Hiccup ser um bom dançarino, pois ele a conduzia tão bem de maneira tão leve que fazia parecer que ela também fosse uma boa dançarina.

Sem perceber, Merida sorriu dócil. Estava tão imersa nas sensações conturbadas que sentia naquele momento, sequer reparou nos olhares ultrajados das outras moças cheios de inveja por ter roubado a cena.

Os olhos azuis viram Stoico Haddock dançarem com Valka. Algo em seu estômago começou a queimar. Não havia se aproximado do magnata para no fim se apaixonar pelo filho dele. Ela precisava ser forte e resistir a tudo isso. 

Foco em sua vingança, Merida.

— Devia sorrir mais vezes — Hiccup comentou ao conduzir a dança, sem quebrar o contato visual com a moça em seus braços.

— O que está fazendo? — ela o questionou num fiapo de voz, enquanto mantinha os olhos presos sob os dele.

— Relaxa Merida, apenas curta o momento. — Foi tudo o que ele pode dizer de maneira sussurrada, antes de cobrir a boca dela.

Não houve resistência.

Ela fechou os olhos quando sentiu os lábios quentes dele sobre os seus.

Já não dançavam mais. Eram apenas um casal parado no meio da pista de dança se beijando intensamente. 

Era errado o que fazia o beijo ser ainda mais saboroso. As línguas se encontravam numa dança erótica, lenta, suave e cheia de desejo. 

Uma das mãos de Hiccup foi para o rosto de Merida, segurando-o com delicadeza.

Para ele, aquela garota temperamental, complexa e imprevisível tinha o melhor beijo que ele já provara. O sabor dos lábios dela eram doces e viciantes.

As mãos de Merida estavam em volta do pescoço do rapaz, os dedos estavam segurando os fios de cabelo cor de mel.

Aquele maldito! Qual o poder que ele exercia sobre ela? 

O cheiro, as mãos grandes, o perfume Ferrari Scuderia Black, os lábios macios. Tudo naquele rapaz parecia atrair tanto quanto a irritava.

A música estava no fim, seus pulmões gritavam por ar; separaram os lábios um do outro, muito embora a mão de Hiccup se manteve firme na cintura de Merida, enquanto a outra simplesmente caiu ao lado de seu corpo.

A Dunbroch se encontrava de olhos fechados. Ela não sabia quanto tempo havia se passado. Ao respirar fundo, parecia ter recordado o controle de sua mente.

— E aí, estou esperando — disse ela, ao abrir os olhos e obrigando-se a não se perder no intenso verde dos olhos do rapaz.

— Esperando pelo quê? — perguntou Hiccup confuso. A voz rouca e sedutora fez com que a garota em seus braços engolisse em seco.

— Estou esperando você dizer que estava certo e que me rendi aos seus encantos — confessou com certo nojo. Viu um sorriso de lado brotar no canto do lado direito da boca dele.

— Não farei isso. 

Diante daquelas palavras, Merida voltou sua atenção ao herdeiro Haddock. Ele parecia sério, notou pelo seu olhar. Não havia brincadeira, zombaria, deboche ou arrogância.

O coração da moça bateu acelerado em seu peito, agradeceu mentalmente pelo braço dele estar em sua cintura, mantendo-a firme, pois sabia que suas pernas não fariam esse papel sem apoio.

Sentiu-se estranhamente importante devido a resposta de Hiccup. Abriu a boca diversas vezes, mas, infelizmente, não conseguiu concluir nenhuma frase coerente.

O sentimento de culpa e remorso tomaram sua mente para o último dia em que vira seu pai.

A investigação concluiu que eu sou o culpado por desviar dinheiro da empresa — falara Fergus de forma apressada, ao entrar no quarto. Sonolenta, uma Merida dez anos se sentara em sua cama e vira seu pai sentar-se na beirada.

Mas porque você está fugindo? — falara aturdida, notando a mala no chão do lado direito do pé de seu pai.

Porque no momento, não posso provar a minha inocência, minha filha — falou com pesar. — O advogado disse que a minha prisão preventiva foi decretada. Se não fugir, eu vou ser preso.

Merida arregalara os olhos e colocara as mãos em sua boca, não acreditando no que tinha escutado.

Então fica pai… Seja preso, mas se defenda! — pedira a garota.

Não posso Merida. Na cadeia, vou ser um alvo fácil — confessara o homem cabisbaixo.

Isso vai pesar e muito sobre você, pai — falara com preocupação, segurara uma das mãos de seu pai fazendo um leve afago.

Você cuida da família enquanto eu não puder voltar, minha filha! — Fergus abraçara Merida com força, sua voz saíra tremida devido as lágrimas que escorriam sobre sua face redonda. 

Não faz isso pai, por favor… fica! — a garota implorara, o abraçando de volta.

Fergus se afastara da filha, rapidamente, pegara a mala caminhando até a porta. Mas antes de sair, dissera:

Nunca deixe de acreditar na minha inocência

— Você está bem? — perguntou Hiccup, a voz saiu baixa por motivos desconhecidos, como se estivessem conversando algo secreto.

Merida não respondeu de imediato, pareceu hesitante como se ela buscasse a resposta para a pergunta que ele lhe fizera. 

— Eu não gosto da maneira como estou me sentindo agora — falou com sinceridade, deixando o moreno confuso.

Algo dentro dele gritava, pois precisava saber a resposta.

— Como se sente? — ele perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

Se sentia perdida e traída por si mesma. Sequer conseguiu cumprir a promessa de se manter o mais longe possível daquele garoto. Não podia começar a ter sentimentos por ele. Hiccup Horrendous Haddock é seu inimigo assim como Stoico Haddock. Ela não podia trair seu pai por conta de sentimentos estúpidos que começaram a surgir em seu coração.

— Viva — respondeu, seguido de um suspiro. — Fazia um bom tempo que não me sentia assim.

A música havia se encerrado. Ouviram o Sr. Haddock fazer os agradecimentos devido a uma doação feita para uma instituição de caridade para crianças com síndrome de down. 

As pessoas aplaudiram.

Hiccup engoliu em seco. Merida viu o pomo de adão subir e descer. Lentamente, ele puxou a mão direita dela e assim, seus corpos ficaram próximos.

— Eu nunca me senti assim com ninguém antes — confessou, estranhando sua voz ter saído doce, enquanto um leve sorriso surgiu em seus lábios. 

— Esqueça tudo o que aconteceu hoje — sussurrou ao ouvido de Hiccup — , por favor… não se apaixone por mim.

Os olhos verdes acompanharam por completo quando ela se afastou indo em direção a saída do hotel.

Seu coração bateu forte no peito, sentiu arfar levemente. 

— Como ela pode dizer algo assim de forma tão provocante? — falou consigo. — Ah, Marrenta… O que você não sabe é que eu não fujo de desafios. E, a minha maior qualidade é ser persistente.

— Hiccup. — Ao ouvir o chamado de seu pai, ele subiu no palco. Sorriu largamente para a platéia.

Então, tirou uma nova foto com seu pai que apertava firmemente sua mão.

[…]

— Noite agitada? — perguntou a loira com um sorriso de pura malícia.

— Você nem faz ideia, Prima — respondeu com cansaço, fechando os olhos com força. Era nítido sua irritação.

— Quer conversar sobre isso Mer? — perguntou Rapunzel gentilmente.

Merida apenas balançou a cabeça negativamente, ainda com os olhos fechados.

— Falamos sobre sua noite amanhã — disse Corona divertida. — Boa noite!

A ruiva sentiu os lábios de sua prima em sua bochecha e, lentamente, abriu os olhos sorrindo.

Viu a garota arrastar-se para o quarto com o corpo enrolado no cobertor.

Quando ouviu o trinco da porta, ela aproveitou que tinha o sofá para si e deitou todo o corpo no móvel gasto. Sua cabeça doía tanto.

Quando se deu conta estava presa em memórias do passado em que seu pai estava vivo.

Fergus, a essa hora em casa? — questionara Elinor, ao se levantar do sofá.

Eu só vim buscar uns papéis e… — respondera o marido apressadamente.

Você não vai sair de casa enquanto não explicar o que está acontecendo… Eu tenho o direito de saber! — exigira a mulher ao cruzar os braços. A postura altiva, o olhar severo demonstrava determinação da qual o Sr. Dunbroch não poderia escapar.

Tá bom. Fizeram uma denúncia anônima de corrupção na empresa.

Como assim? Corrupção? — indagara confusa.

As pessoas pagam por um plano de saúde, mas esse dinheiro não está sendo repassado para os hospitais — explicara o homem nervoso. — E como eu sou o diretor financeiro da empresa, tá todo mundo desconfiado que eu roubei essa grana.

— De quanto foi esse desvio?

Cinquenta milhões.

Não é atoa que você está tão estressado — concluíra Elinor ao massagear a têmpora.

Atrás da porta da sala, Merida ouvira toda a conversa de seus pais.

Os olhos redondos acompanhavam seu pai andar de um lado para o outro com celular no ouvido.

Sim, é a minha assinatura. E daí?

Notara a expressão dele ficar espantada, para logo mudar para desespero e medo.

Eu vou ser responsabilizado? Como isso foi acontecer? — perguntara Fergus para a outra pessoa do outro lado da linha. — Tá, vou pensar em algo.

Aconteceu alguma coisa, querido? — perguntara a Sra. Dunbroch impaciente.

Elinor, estou completamente ferrado! — confessara o homem com lágrimas nos olhos. — Posso até ser preso.

Preso? — repetira horrorizada.

Não tem saída… A bomba vai estourar na minha mão.

Fechou os olhos e a mente vagou para festa do Sr. Haddock.

Eu nunca me senti assim com ninguém antes.

Bufou irritada, se pondo de pé. Então foi para o quarto pegar a toalha azul pendurada atrás da porta. Um banho lhe faria bem, a relaxaria. E que sabe a faria esquecer de Hiccup e dos seus lábios atraentes.

— Imbecil! — resmungou enquanto se despia no banheiro. A raiva oscilava em sua fala. Só não sabia realmente se estava a xingar o rapaz ou a si própria.

[…]

Seus passos eram rápidos e largos ao atravessar a faixa de pedestre.

Rapunzel caminhava pelas ruas estreitas do centro de Storybrooke com algumas sacolas plásticas contendo alguns mantimentos para limpeza, passando por pessoas muito apressadas que não se importavam de ignorá-la, assim como ela os ignora.

A expressão serena da jovem foi substituída por espanto ao passar por um beco. Ela pode ouvir sons de socos e chutes desferidos contra um indivíduo que gemia de dor. Não contendo a curiosidade, a adolescente usou a caçamba de lixo para esconder seu corpo e assim ver o que estava acontecendo. 

A única coisa que Corona podia atestar que vultos seguravam alguém. Ora surrando, ora chutando. 

Estreitou os olhos na esperança de ver mais.

— Eu disse que você iria se arrepender, seu merdinha, filhinho de papai! — ameaçou o homem, depois de dar mais um soco na boca do estômago do rapaz que cuspiu um pouco de sangue, o encarando.

A respiração da garota ficou presa e seus olhos verdes arregalaram ao reconhecer o jovem que era segurado por dois brutamontes.

Então, uma nova sequência de socos e chutes foi desferido contra aquele que conhecia; mesmo em desvantagem, ela viu que havia um brilho intenso que chamuscou por vingança, no canto da boca do conhecido que sustentava um sorriso macabro. 

Rapunzel deveria ir embora enquanto sua presença não era notável, mas suas pernas não lhe obedeciam, parecia que elas haviam enraizado naquele lugar. Sentia seu estômago embrulhar, a garganta seca, o corpo suar frio. Seu coração parou de bater quando os brutamontes passaram por onde ela se escondia. 

A garota se encolheu e fechou os olhos, esperando que eles fossem fazer algo com ela pelo fato dela ter testemunhado o ocorrido, no entanto, ao contrário do que ela imaginou, os homens passaram por ela, seguindo reto.

Puxou o máximo de ar para seus pulmões deixando as sacolas caírem, revelando assim, sua presença.

— Eu te conheço — o rapaz disse ao estreitar os olhos e se levantar.

Tamanho o choque, a loira nada lhe respondeu. Engolia em seco por diversas vezes em intervalos muito curtos. Não havia motivos para Jack Frost a reconhecer, era nessa ideia que Rapunzel se sustentava, de ser um alguém insignificante para ele.

Ambos permaneceram em silêncio por breves segundos; por fim, um lampejo de reconhecimento passou diante dos olhos dele.

— Você é a Representante de classe, amiga da Elsa.

As íris azuis se chocaram contra as verdes assustadas da Corona que refletiam algo que ele mais detestava, o sentimento de piedade.

— Não me olhe assim! — ele exclamou. Num curto espaço de tempo, o rapaz a prensou contra a parede, apoiando uma mão na mesma e a outra segurava um dos pulsos dela.

— A-Assim… C-como? — balbuciou, piscando algumas vezes com a boca levemente aberta, respirando fundo, inalando o ar gélido daquela noite fria, fechando as mãos em punhos, tentando manter a postura firme.

— Como se estivesse com pena de mim! — grunhiu o jovem em resposta, trincando os dentes, intensificando o aperto no pulso da garota. — Eu não preciso da sua compaixão ou qualquer sentimento seu. Apenas esqueça o que viu aqui!

Rapunzel fechou os olhos com força, então ele colocou uma mexa do cabelo dela atrás da orelha, com os olhos ferozes disse com a voz serena:

— Para seu próprio bem… É bom que não diga nada para Elsa ou quem quer que seja, porque ninguém será capaz de impedir de destruir você se caso resolver entrar no meu caminho.

A Corona estremeceu apreensiva. Era notável que ele falava sério, o que fazia seu medo se intensificar cada vez mais.

— Estamos entendidos? — questionou o loiro em tom de ameaça, uma de suas sobrancelhas estava erguida, seu olhar sobre a moça à frente era venenoso que a fez encolher os ombros e manear com a cabeça em concordância.

Respirou fundo quando Jack lhe lançou um sorriso sádico, então ele se afastou de si. 

Ela apenas encostou na parede fria e úmida, vendo-o pegar um saquinho transparente e o colocar no bolso da calça jeans suja de sangue. 

Suspirou balançando a cabeça ao fechar os olhos e deixar lágrimas escorrerem pela face.

Forçou as orbes verdes abrirem, limpando-as com a palma da mão, viu que o beco escuro estava completamente vazio. Se perguntou por quais motivos um rapaz tão jovem como ele, cheio de regalias, desperdiçava a vida com droga.

O flash dos olhos azuis de Jack lhe pediam desesperadamente por ajuda, ainda que ele não admitisse. Rapunzel não sabia dizer ao certo, mas aquilo tocou seu coração. Ela decidiu deixar todas essas dúvidas em torno do rapaz para longe, e assim, com as pernas trêmulas, apanhou as sacolas e resolveu pegar um ônibus para voltar para casa.

[...]

Era possível sentir o cheiro de sexo no ar no quarto de luxo que era preenchido por sons de gemidos, denunciando o prazer. 

As cortinas cor carmim moviam-se com vento gélido que entrava pela janela aberta, mas não incomodava os corpos nus em movimento na cama. O gemido mais longo denunciava o fim do ato, chegando o ápice para ambos. 

O corpo atlético do moreno tombou para o lado, suado e ofegante, assim como a mulher de belos seios e cabelos negros e ondulados que a pouco estava de quatro para si.

— Isso… Caramba… Foi simplesmente incrível! — exclamou a bela mulher ofegante ao observar o rosto do rapaz que fitava o teto.

Eugene apenas limitou a sorrir de lado. Em seguida, voltou seus olhos para a mulher ao lado e piscou.

— Me conte mais sobre a sua relação com deputado — falou o rapaz, logo em seguida entregou uma taça cheia de vinho.

— Você é muito ciumento sabia… — murmurou, estendendo a mão para Eugene lhe servir mais.

— Garanto que sou muito melhor do que seu do que esses velhotes que você costuma sair — ele falou de forma retórica, enchendo a taça da mulher.

— Sair com deputado Rumpelstiltskin não é tão ruim assim… Recebo um bom suborno por isso — respondeu ao aproximar-se mais do rapaz, dando beijos molhados no pescoço.

— Suborno? —  questionou com cinismo.

— A construção recebe subornos. As relações internas, toooooda a equipe recebe — resmungou a mulher já entorpecida.

— Você viu isso? — perguntou sorrindo de lado. — Você viu o deputado entregando o dinheiro pessoalmente?

— Eu não vi, apenas ouvi a conversa — confessou a prostituta de luxo.

— De quanto?

A mulher apenas deu-lhe em resposta um sorriso amplo.

— Milhões… 

Eugene estreitou os olhos, agradecendo mentalmente por seu celular tocar naquele exato momento. Ele se livrou das mãos da mulher em seu pescoço, sentando-se na cama. Tirou a proteção, dando um nó na mesma e jogando-a no lixo. Levantou-se, vestiu sua boxer preta, tendo total consciência do olhar desejoso em suas costas.

O aparelho continuou a tocar e o rapaz o achou no meio das roupas jogadas ao chão, no bolso da calça jeans. Revirou os olhos ao ver no visor de quem se tratava. Buscou o maço de cigarros e o isqueiro e foi até a varanda, observando a vista do alto.

— O que foi? — falou de forma desinteressada. 

— Eu vi no noticiário, a Procuradoria não encontrou nenhuma prova contra aquele desgraçado do Rumple. Mas achei muito digno o discurso do seu pai falando que ele vai reunir provas para fazer justiça a todos — respondeu Hiccup. — Antes que eu me esqueça, Jack levou uma surra — Riu com gosto.

O rapaz continuou a ouvir a sonora gargalhada de Haddock, mas pode ouvir também o resmungo de Frost. Balançou a cabeça, levando o cigarro a boca, dando uma nova tragada, dessa vez expelindo a fumaça pelos lábios no ar.

— Depois eu que sou o otário que arruma briga em todo lugar não? — comentou com cinismo.

— Vocês dois são dois grandes filhos de uma puta, isso sim — concluiu o amigo do outro lado da linha. — Traga alguns analgésicos para esse bunda mole, pois ele tá reclamando de dor!

— Arruma briga e ainda apanha?! — debochou Eugene, arrancando mais risos de Hiccup.

— Vai se fuder Rider! — Ouviram o sonoro cumprimento de Jack em forma de despedida, então encerrou a ligação.

O rapaz jogou o cigarro no chão e pisou em cima, então retornou ao cômodo.

— Eu vou te ver de novo? — Ouviu a pergunta quando já estava próximo a porta. 

Olhou de relance para a mulher deitada na cama.

— Se você tiver sorte — respondeu ao lançar uma piscadela e viu ela lhe lançar um sorriso pervertido.


Notas Finais


❀ Divulgação de one-shots:

Gosta de Jelsa e do universo de Harry Potter? Amortentia é a escolha certa.

https://www.spiritfanfiction.com/historia/amortentia-19086075

Gosta de mitologia nórdica e Mericcup? Venha conferir

https://www.spiritfanfiction.com/historia/sintonizando-as-estacoes-13814776

Gosta de fenômenos astronômicos, fluffly e Jackunzel?

https://www.spiritfanfiction.com/historia/predestinados-13512720

❀ Músicas do capítulo:

Jack Frost ― Iridescent ― Linkin Park

https://www.youtube.com/watch?v=xLYiIBCN9ec

Dança Mericcup ― I Want to Know What Love is. A música original é da banda Foreigner, mas eu gosto bastante desse cover da Wynonna Judd.

https://www.youtube.com/watch?v=QO26nLoEzl8

Mericcup ―Do I Wanna Know ― Arctic Monkeys

https://www.youtube.com/watch?v=bpOSxM0rNPM

❀ Para quem não sabe, o Frank é um dos irmãos do Príncipe Hans. Ele tem uma pequena participação na série Once Upon a Time.

❀ Olha que sortuda essa Merida, mal começou a trabalhar e já tem eventos da empresa para comparecer hahaha. Eu tenho que confessar que o dialogo entre a Merida e Stoico não me agradou muito, mas foi isso que consegui pensar.

❀ O ponto alto desse capítulo são as partes do Jack. Que passado tenso, coitado. A irmã dele foi raptada e ele se sente culpado por não ter conseguido resgatá-la. E agora, será que ela está viva? Qual é propósito do rapto? Isso será explicado nos capítulos futuros com detalhes. Só vou dar uma dica, tem a ver com interesses econômicos hahaha.

Quanto aos pais do Jack são Emma e Gancho da série Once Upon a Time.

Um ponto que gostaria de explicar é que Jack é usuário de drogas e por conta das regras do Spirit resolvi deletar boa parte da narração. Uma coisa é certa, ele tá devendo uma grana alta para uma gangue e a Rapunzel presenciou tudo.

E agora? Vocês acham que a loirinha vai ficar quietinha? Será que Jack ficará de olho nela?

❀ Parece que Eugene vai se sair muito bem como investigador haha. As pistas que ele está seguindo estão certas.

❀ O que falar da Merida e seu dilema? Eu coloquei em flashback um pouco do que ela presenciou sobre a ruína de seu pai. Não sei se ficou muito claro, mas o foco da história é abordar o tema corrupção. Eu quero explorar um pouco mais o passado da Merida e tudo que ela e sua família ainda sofrem com a morte de Fergus.

Fugir da justiça só demonstra que Fergus não era tão santo assim.

Quanto a relação dela e Hiccup? Eles estão começando a ficar atraídos um pelo outro, Hic então nem quer disfarçar hahaha. Agora já deixou bem claro que vai fazer de tudo pra conquistá-la.

Por favor, tenham paciência e não desistam da história! Não deixarei vocês na mão <3

Sei que mereço uns tapas ao invés de comentários kkk Mas considerem deixar algum, mesmo que seja para puxar a minha orelha hahaha.

Obrigada por tudo é até mais!

Xoxo :3


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