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História Interlude (Suga) - Burning up (fire)


Escrita por: _Andreadis

Notas do Autor


Vocabulário:

Hyung (형) = Homens falam para homens mais velhos

Noona (누나) = Homens falam para mulheres mais velhas

Unnie (언니) = Mulheres falam para mulheres mais velhas

Capítulo 10 - Burning up (fire)


Fanfic / Fanfiction Interlude (Suga) - Burning up (fire)

A pergunta ficou ecoando infinitas vezes na mente de Greta antes dela entender tudo o que ela significava. Ficou encarando August lhe sorrindo esperançoso e pensou em como estava se sentindo incomodada apenas por estar em meio àquela quantidade de pessoas que sempre ficavam ao redor dele. A partir do momento que subisse ao palco, sabia que tudo ia mudar e ela não seria mais anônima, pelo menos não no Porão. Ia ter muita gente ao redor dela mesma e ela sabia que não estava preparada para esse tipo de atenção.

– Por favor, noona. – pediu August com um olhar esperançoso que a lembrou muito o de um filhote de gato.

Sorriu sem jeito, pensando em Micha e em como as duas gostavam desses momentos cantando rap juntas, sejam dos meninos do BTS, seja de outros artistas coreanos e brasileiros e balançou a cabeça. Não, ainda não era o momento. Rap era uma coisa entre ela e a filha e dividir isso com todos aqueles desconhecidos seria se arriscar por muito pouco.

– Outro dia eu tento, prometo. – respondeu com um sorriso triste. – Quem sabe não podemos fazer isso sem a pressão do espetáculo... – argumentou.

– Qual é, unnie, ta com medo? – falou uma das amigas dele presente no grupo.

– Não é medo... não quero ofuscar a grande estrela da noite. – brincou. Riu com a reação do grupo, como se ela tivesse acabado mesmo de vencer uma batalha.

August não se deu por vencido, quanto mais tempo ele passava com aquela moça, mais encantado e curioso ficava. Quando a viu sorrindo e acenando do outro lado do salão, perto dos bares, ficou intrigado porque não se lembrava de jamais ter visto uma mulher como aquela. O cabelo cacheado e laranja contrastava com a pele escura e os olhos amendoados, grandes e redondos, fazendo um conjunto muito bonito de olhar. Bastava olhar para ela para perceber que aquela mulher era puro hip hop e não era apenas pelos brincos grandes e o batom escuro marcando os lábios grossos. Era todo o conjunto e foi isso que fez com que ele decidisse por se aproximar. Agora, a ouvindo falar um coreano quase sem sotaque, sobre conhecer o trabalho dele, gostar e ainda fazer rap em português e coreano, ele sentiu que não podia desistir assim tão fácil.

– Por favor, noona. Nem que seja aqui, entre nós... – pediu com carinha de pidão. Sabia muito bem da semelhança que tinha com um cantor de k-pop e começara a usar um nome parecido com o do alter ego dele de propósito. Funcionava com os espectadores do Porão e muitas vezes com as mulheres.

– Outro dia... hoje eu só quero curtir a noite, esquecer meus problemas e continuar sendo apenas uma fã de rap. – concluiu ela em um tom maternal que usava apenas com Micha, mas que sempre funcionava para encerrar qualquer discussão.

***

As luzes no palco piscavam e rodavam anunciando o início das batalhas iniciais quando Yoongi finalmente entrou. A pouca luz e a quantidade de pessoas indo em direção ao palco dificultava muito a busca dele por Hoseok e a mudança de cor dessas luzes dificultava a busca por um certo cabelo colorido. Assim como o amigo havia dito, ninguém olhava para ele mais do que uma vez, desviando dele sempre que parava quando tinha a impressão de ter visto o cabelo laranja ou o amigo, sempre um alarme falso.

Parou ao lado dos controladores de som, atento ao movimento do lugar e tentou mandar mensagem para Hobi. As três últimas ainda não tinham sido lidas, então desistiu. Teria que procurar no modo antigo mesmo. Foi só enquanto olhava ao redor para encontrar Hoseok ou a garota que reparou no Porão como um todo. O lugar era amplo e transmitia aquela atmosfera hip hop como se tivesse sido planejado nos mínimos detalhes. O palco, no centro do salão, era aberto para que qualquer pessoa em qualquer ponto do lugar pudesse assistir às rinhas e suspenso acima dele ficava um telão onde ele supunha que seria lançado o tema da batalha.

Alguém que provavelmente seria o apresentador do evento subiu ao palco agitando o público. Por algum tempo Yoongi se esqueceu do motivo de ter insistido tanto para entrar naquela festa, entretido com o duelo que começou em seguida. A batida era variada e muitas vezes os rappers ainda acrescentavam um novo flow conforme rimavam. Instintivamente ele se pegou formando versos e rimas mentalmente como se ele estivesse participando da rinha também. Como seria se sugerisse isso aos irmãos e eles fizessem algo parecido em casa? Namjoon e Hoseok com certeza topariam, Jungkook muito provavelmente também, mas e os outros.

Deixou o olhar vagar perdido pelas pessoas na festa ate que a viu. Não precisava mais apelar para ver o cabelo colorido, naquela luz baixa e constantemente mudando era bem difícil reparar nas cores dos cabelos, mas a reconheceu pelo olhar. Estava rodeada por um grupo grande dessa vez e ele não viu sinal da amiga nem de Hoseok. Mesmo assim ele se viu andando e abrindo caminho na multidão para ficar mais perto dela. Antes que finalmente chegasse ao grupo, o apresentador anunciou a batalha de August, o cara que ela achava que era ele.

Saindo do meio do grupo e puxando Greta pela mão, August subiu ao palco sorrindo e acenando para todas as direções com a mão livre. A moça parecia deslocada, mas não tentou puxar a mão da dele, provavelmente com medo de como seria julgada caso fizesse. Yoongi não conseguiu reparar no cara, apesar dele parecer muito familiar assim de primeira, estava atento ao olhar perdido da moça.

– Oh, August, vejo que trouxe uma companhia! – falou o apresentador com um sorriso grande que não lhe chegava aos olhos.

– É meu amuleto da sorte! Quero que ela escolha o tema dessa vez, pode ser?

– Claro! O que o nosso campeão pede, nós damos, não é mesmo? – o público aplaudiu com entusiasmo, incentivando ainda mais a presença da moça ali.

– Merda.

***

Nari estava rindo alto das tentativas dela e do moço do sorriso bonito – que se apresentou simplesmente como Hope – de adivinharem os temas das batalhas que estavam acontecendo. Nenhum dos dois acertou nenhuma, mas aquela meia hora falando sobre música fez com que Hoseok finalmente ficasse mais a vontade com aquela moça. Tinha se esquecido quando foi a ultima vez que saiu com uma garota sem se preocupar se ela estava interessada nele como Hoseok ou como J-Hope, e Kang Nari parecia não se importar com nada além da presença dele ao seu lado.

Foi só quando eles ouviram a risada do apresentador – que quase nunca falava nada além do tema e os nomes dos participantes – que ela reparou em Greta no meio do palco. Apertou a mão de Hoseok involuntariamente, séria de repente.

– Droga.

– O que foi, noona?

– Vamos ter que nos separar, lindo. Tem alguém precisando de mim mais do que eu de você. – respondeu Nari com um olhar triste para ele. Enfiou a caneca de cerveja ainda pela metade na mão dele e ficou nas pontas dos pés para dar-lhe um beijinho no rosto. – Eu amei te conhecer. Por favor, não esquece meu nome e venha me procurar. – completou transformando o beijo no rosto num selinho rápido e saindo em direção ao palco.

Ele ficou ali, parado sem saber o que fazer em seguida. Pensou em ir atrás da moça, mas antes que o fizesse viu Yoongi passar por onde ele estava e decidiu ir atrás dele. Deixou a caneca em cima de uma caixa de som perto de onde estava e seguiu Suga abrindo caminho pelas pessoas. Pensou em chamá-lo, mas lembrou de que ninguém ali parecia saber quem eles eram e talvez fosse melhor continuar desse jeito, então o seguiu em silêncio, alcançando-o pouco antes dele chegar à entrada da área vip. De alguma forma Nari já estava la dentro e não pareceu ver nenhum dos dois.

– Hyung! Onde vai?

– Hobi! – não conseguiu ficar feliz com o encontro, ainda tinha que ajudar Greta a sair do palco. Percebeu de longe que ela não era esse tipo de pessoa e estava extremamente desconfortável ali, em baixo de tantas luzes e tanta atenção. Nem todo mundo gosta de ser famoso. – A gente precisa tirar ela de lá.

– Quem? De onde?

– A moça no palco. Era ela que eu queria que você procurasse, lembra? Achei que tivesse de olho nela e na amiga.

– Mas eu estava e... – o rosto dele ficou vermelho, mas ele não desviou o olhar. – Achei que ela estivesse perto da gente. Não vi quando se afastou. – justificou. – Mas como assim tirar ela de lá, por que?

– Depois eu te explico. Primeiro a gente tem que passar para aquele lado da festa. – falou apontando para a corda que separava a área vip. Yoongi soltou um suspiro, já tinha visto aquela cena. – Tem dinheiro aí? – perguntou esticando a mão para o irmão.

– Tenho, mas... – Hobi abriu a carteira enquanto falava, mas não teve tempo de completar o raciocínio. Yoongi tirou todo o dinheiro de dentro dela e enfiou na mão do segurança.

No palco Greta procurou Nari com os olhos e a viu se aproximando com pressa. Viu claramente quando ela enfiou todo o dinheiro que tinham trazido na mão do segurança que ficava no final da escada para o palco. Como ela havia passado pelo outro segurança, da área vip, ela não fazia ideia, mas não conseguiu desprender os olhos da amiga. August tentou chamar sua atenção, mas ela já não queria mais ficar ali perto dele. Talvez num outro momento, mas não agora. Tudo o que queria fazer era voltar para casa.

– Vem, Noona, é tranquilo. Confie em mim. – falou segurando a mão dela. Greta olhou para a própria mão e depois para o rapaz e tudo pareceu ficar em câmera lenta de repente. Olhou para escada e Nari já estava quase chegando a ela. Olhou para August e ele tinha um olhar esperançoso no rosto, como se precisasse se afirmar em frente à toda aquela gente para garantir que ela ia gostar dele. Nunca sentiu tanta pena de alguém como naquele momento. Viu-se segurando a mão dele com a outra e empurrando-a para baixo.

– Eu disse que não ia participar, porra. – falou em português, o mundo entrando na velocidade normal de novo.

– O que? Pode repetir em coreano?

– Ela não fala coreano. – interrompeu Nari segurando a mão, agora livre, de Greta e a puxando para a escada. O publico começou a vaiar, porque a moça não fizera questão de fazer aquela afirmação longe o suficiente do microfone e agora August era o centro das atenções por ter convidado uma estrangeira que sequer falava a língua deles para fazer rap. Como iam considerar isso justo em meio a uma batalha?

– Noona! – elas ouviram ele gritar de onde estava.

– Oh, parece que alguém acabou de levar um fora! – começou o apresentador. – E é justamente esse o tema dessa batalha. Vamos aplaudir o segundo participante... – mas as duas pararam de ouvir o que acontecia no palco, desviando das pessoas e saindo da área vip sem nenhuma intenção de voltar. Passaram por Hobi e Yoongi e sem realmente vê-los. Nenhum dos dois tentou pará-las, ambos impressionados com a rapidez com que Nari alcançou a amiga e a tirou do palco.

– Você está bem? – perguntou quando elas finalmente pararam. Estava bem longe do palco e da bagunça e mais ninguém prestava atenção nelas.

– Estou. – respondeu Greta com um suspiro, arrumando o cabelo.

– O que aconteceu?

– Achei que ia só até o limite da escada, mas quando me toquei já estava lá no meio. Me lembre de nunca mais aceitar elogio de homem nenhum. – respondeu emburrada.

– Por que você não me pediu ajuda? Era só fazer nosso sinal!

– Amiga, eu não achei que fosse precisar, entende? Estava tudo sob controle, até eu abrir minha boca e contar que gosto tanto de rap que faço alguns com a Micha.

– Você contou da Micha?

– Não. Só do rap. Mas por causa disso ele queria de todo jeito que eu cantasse antes dele, tipo em dupla, sabe? Tem gente que simplesmente não sabe ouvir "não". – concluiu frustrada. Estava tudo indo bem de fato, até ela contar demais sobre si mesma. Nunca falava tanto assim de si mesma num primeiro encontro, mas não considerava aquele exatamente o primeiro, então acabou se deixando levar. Ficou se lamentando por não ouvir a própria intuição, enfurecida por ter se deixado levar por um sorriso fofinho e um olhar de gato pidão. – Me lembre de nunca mais ser legal com cliente nenhum. – pediu colocando as mãos na cintura e finalmente olhando para o palco.

August e seu oponente faziam suas rimas num ritmo rápido e difícil de acompanhar e, pela primeira vez, ela não teve vontade nenhuma de tentar. Gostava muito de rap, mais ainda do que aquele cantor fazia, mas estava se sentindo estranha. Quase como se tivesse voltado doze anos e saído com o pai de Micha novamente. A lembrança lhe provocou um arrepio na espinha, como um mau agouro.

– E o seu moço? Como ele chama? – perguntou tentando ignorar aquela sensação.

– Ah, depois eu te conto. Primeiro vamos comer alguma coisa. Cansei desse lugar. 

 

 

 



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