História Internato para (não) Héteros - Irei esperar o tempo que for

Dos dias mais tensos, com certeza naquela quarta-feira estava sendo o pior para Park Chanyeol. Não era nada virado para suas notas, na verdade seu rendimento escolar só melhorava a cada prova que passava, tinha que dar valor ao que sua família estava lhe pagando, e queria entrar na universidade que sempre desejou desde pequeno.

Byun Baekhyun também não era o motivo de tamanha tensão, ambos estavam mantendo uma relação calma e ‘’gostosa’’, onde cada um respeitava o espaço necessário que o outro desejava, ou seja, Park tinha o tempo que precisava para aceitar o seu colega de quarto como um simples ‘amigo’.

Pois era isso que Baekhyun esperava de Chanyeol. Não conseguia negar, quando Kyungsoo e Jongin lhe perguntavam se estava feliz com a relação que crescia entre ele e o maior, porém também não escondia que se sentia inseguro demais, às vezes até triste, por nunca saber de fato o que Park desejava ter consigo.

Mas no momento o que mais importava era conseguir acalmar o garoto que lhe abraçava com certa força, por conta do medo e da insegurança, enquanto ambos estavam deitados confortavelmente em uma das camas.

— E se eles não aceitarem isso, Baek? — Chanyeol falou enquanto encarava a parede branca do quarto e sentia uma das mãos de Byun acariciar seus cabelos.

— Olha… Você não precisa necessariamente falar tudo de uma vez, sabe? — o menor ditava enquanto abria um sorriso pequeno. — E isso é uma escolha sua, falar que está tendo um interesse no seu colega de quarto vai ser um ‘’baque’’ forte pra eles, não vou mentir, isso aconteceu comigo quando eu me assumi. — suspirou baixinho. — Mas, se eles te amam de verdade, uma hora ou outra, irão te aceitar sim, o que ou de quem você gosta não vai mudar a sua pessoa e personalidade, entende? E quando vê, Chan, seus pais vão te apoiar e tudo isso que você está imaginando, de ser deserdado e até mesmo não ter onde morar, não vai acontecer. — Baekhyun falou com calma na voz, rezando para conseguir acalmar o coraçãozinho nervoso do seu amado.

Já Chanyeol escutava todas as palavras de Byun com uma atenção extrema, não sabia o que havia passado em sua cabeça para enviar uma mensagem pra sua mãe perguntando se podiam sair naquele final de semana que viria pela frente, porém não estava conseguindo mais segurar seus sentimentos pelo menor que lhe enchia de carinho e beijos todos os dias.

Ficar prendendo Baekhyun, sem ter um relacionamento ou alguma coisa que seja parecida com ele, sem assumir para as pessoas em sua volta, fazia com que Park sentisse o desconforto do menor. Oras, era muito óbvio aquilo, Chanyeol podia ser lerdo, mas conseguia ver no olhar de Baekhyun que ele queria ser pelo menos assumido para todos, nem que fosse somente para seus colegas de classe e time, mas ele precisava de algo para se prender sem ter medo de se machucar no final.

Não iria pedi-lo em namoro, na verdade Park não se sentia pronto para ter algo sério de fato com Byun Baekhyun, mas também não queria se afastar. Precisava estar seguro de tudo aquilo, assim como sabia que precisava da sua família ao seu lado, mesmo sendo ausente boa parte do tempo, não conseguia fingir que não se importava ou não tinha nenhum sentimento de carinho pelos seus pais.

— Fique tranquilo, ok? Eu vou estar sempre aqui ao seu lado pra lhe apoiar. — Baekhyun ditou um selar demorado no topo da cabeça do jovem que apenas fechou os olhos fortemente ao sentir tal carinho.

— Obrigado. — Park sussurrou baixinho enquanto se posicionava confortavelmente, sentindo o sono bater ao dar atenção somente ao carinho que recebia em seus fios de cabelo.

Baekhyun continuou aproveitando o momento com o maior até o instante que o jovem pegou em um sono profundo, sentiu-se aliviado em vê-lo finalmente de olhos fechados, já que sabia bem que Chanyeol estava em uma luta contra si mesmo, e isso fazia com que Byun se sentisse impotente em não poder ajudá-lo.

Porém, não importava o que viria pela frente, Baekhyun jurou para si mesmo que estaria ao lado de Park Chanyeol em qualquer situação.

[...]

Nem o silêncio confortável da enorme biblioteca fazia com que Zitao conseguisse se concentrar no dever que tinha em mãos naquele instante. Não que o jovem fosse péssimo em tal matéria, mas se pudesse escolher, com certeza descartaria matemática de sua vida.

— Mas que droga! — o garoto de fios platinados murmurou frustrado pela milésima vez, apagando o cálculo do seu caderno novamente. — Eu não nasci pra matemática, não mesmo.

— Quer ajuda? — Zitao levantou seu rosto rapidamente ao escutar a voz tão conhecida bem próxima de si.

— Todo a apoio está sendo bem vindo nesse instante. — respondeu enquanto apontava com seu lápis para a cadeira vaga ao seu lado.

— Hum… Deixe eu ver isso aqui. — o jovem arrastou o caderno até si assim que sentou-se na cadeira ao lado de Tao, para que assim pudesse visualizar o exercício que era dado. — Ah, Chanyeol me explicou essa matéria semana passada, você não tem o valor de n, então apenas vai utilizar a forma do arranjo simples, não dá combinação simples, é somente a fórmula do cálculo que está errada. — Baekhyun ditou lentamente enquanto intercalava seu olhar dos números para Zitao.

— Nossa… Não acredito que estou a quase uma hora em uma conta só por causa de uma fórmula errada… — Tao murmurou enquanto voltava a prestar atenção nos números que escrevia com certa agilidade no caderno. — Realmente não nasci pra cálculos…

— Normal, eu também não sou muito bom nessas coisas — o Loiro deu de ombros.

— Tá, certo, pode falando o que está acontecendo. — o maior tirou sua atenção da matéria e largou o lápis em cima do caderno. — Por que você está assim comigo? Quem é você e onde está o Byun Baekhyun original?

— Byun Baekhyun original? — Baek murmurou baixinho para após deixar uma risada alta escapar. — Sério isso? — arqueou as sobrancelhas, contendo o riso ao notar o rosto sério do mais velho. — Certo… Eu vou ser direto, ok? A alguns dias atrás o Xiumin me entregou uma carta que ele achou ‘’perdida’’ no dormitório ele, que deveria ter sido entregue no primeiro dia de aula para mim, mas ele acabou se perdendo nos assuntos quando nos encontramos e deixou o que tinha pra fazer de lado… — Baekhyun gesticulava com as mãos enquanto observava Zitao concordar com a cabeça ao escutar cada frase. — E então eu apenas li a carta e…

— E? — Tao perguntou assim que o garoto em sua frente parou de falar por alguns segundos enquanto apenas continuava com seu olhar fixo em si.

— E eu não vejo motivo para não aceitar as suas desculpas… Tipo, talvez eu tenha sido muito otário com você também… Acho que na época que te conheci eu não estava de bem com a vida e no final acabei descontando em você, entende? — Baekhyun deixou um pequeno sorriso nascer em seus lábios. — O que você acha? Tipo, de começarmos de novo?

— Se eu escrevi aquela carta pra você, com certeza eu não vou me importar de ter uma amizade com você, Baekhyun. — Ambos sorriram verdadeiramente enquanto se encaravam. — Podemos começar com você me ajudando na tarefa de matemática, não é?

— Nem começamos direito e você já está me usando, seu folgado. — Byun cruzou os braços enquanto fechava a cara.

— Oras, a gente precisa aproveitar todos os momentos, não é? — Zitao riu ao sentir um tapa no seu braço esquerdo.

— Não me faça me arrepender da minha escolha. — Baekhyun murmurou antes de arrastar sua cadeira para mais perto de Tao. — Agora foca aqui em mim que eu vou fazer você engolir essa matéria de cima a baixo.

[...]

Chanyeol sentia que sua própria respiração estava lhe sufocando cada vez que o ponteiro de minutos do relógio se movia, lentamente e dolorosamente em sua mente. Não queria pensar que sua escolha de falar com sua mãe sobre seu romance com Byun Baekhyun fosse uma coisa errada, de fato não era, fazia tempo que seu coração batia tão forte por alguém, nem ao menos a garota que estava tendo um pequeno romance antes de ir para o internato conseguiu fazer tal sentimento ser tão forte quanto Baekhyun conseguiu.

Sem falar que tinha sorte de tê-lo em seu lado ainda, já havia perdido as contas de quantas vezes o ‘seu pequeno’ havia lhe dito antes de pegarem no sono a mesma frase, todas as noites, desde o dia que finalmente ficaram juntos: ‘’eu irei esperar o tempo que for para te ter oficialmente comigo, pra sempre.’’

Não segurou um pequeno sorriso ao pensar em tal frase. Oras, era Byun Baekhyun ali consigo todas as noites, abraçando-o e confortando-o sempre, a todo instante, não importava onde e como. Sempre era ele ao seu lado, desde o início, e sua mente começava a lhe dizer que queria isso até o final.

— Chan? — a voz tão conhecida por si fez com que o maior olhasse para a pessoa parada em sua frente.

— Y-Yora? — levantou-se rapidamente para abraçar sua irmã com certa força. — Não sabia que você ia vir junto com a mamãe. — murmurou apenas para o menor escutar, sentindo os braços finos da mesma lhe abraçar com mais força.

— Seu idiota, eu não consegui me despedir de você, quando cheguei em casa e fiquei sabendo que você já havia ido embora, tive vontade de sair quebrando tudo pela frente, você é como se fosse minha base, imbecil. — a garota de cabelos longos e escuros sussurrou antes de afastar-se do abraço com os olhos úmidos.

— Não é como se eu tivesse tido escolha. — murmurou antes de largar sua irmã e permitir o afastamento, encarando-a com certo carinho em seu olhar.

— Filho… — Chanyeol levou seu olhar para a mulher parada atrás de sua irmã, seus olhos, que já estavam lacrimejando, acabaram por não conseguir segurar algumas lágrimas.

A saudade estava mais grande do que imaginava, e por conta disso não deixou de ir até sua mãe rapidamente para abraçá-la com força e carinho. Amava ela, apesar de tudo, seus sentimentos sempre foram puros perante a sua família, não importava a maldade que eles faziam as vezes, o amor nunca mudava. Nunca.

— Mãe… — o maior sussurrou enquanto segurava seus soluços.

— Me desculpa por ter sumido, meu filho, me desculpa. — Chanyeol arregalou os olhos ao escutar a voz carregada de tristeza de sua própria mãe, sentindo as lágrimas da mesma molhar sua camiseta.

— Ei. — Afastou-se de sua mãe rapidamente, segurando-a fortemente pelos ombros enquanto visualizava o rosto cansado da mesma. — Não se preocupe, ok? Eu te entendo, mãe, apesar de tudo, eu te entendo. — sorriu pequeno, sentindo seu coração apertar ao observar a mulher que tanto amava estar carregando certo peso em suas costas.

— Podemos ir para o seu quarto? Temos muitos assuntos para tratar. — Chanyeol concordou com a cabeça ao escutar sua mãe, abraçando-a pelo ombro antes de começar a andar com sua irmã ao seu lado até o quarto.  

— Sim, temos muitos assuntos para tratar mesmo. — falou baixinho, engolindo seco ao pensar em Baekhyun.

Não podia esconder seus sentimentos pelo seu próprio colega de quarto para sua família, precisava ser sincero, acima de tudo, precisava amar Byun Baekhyun assim como o mesmo lhe amava.