Emma voltou ao seu sombrio mundo interno da adolescência melhor amiga da solidão. Ela mergulhava cada momento mais fundo em descobertas sobre si que nunca pensou existirem, e, agora, apesar da presença de Regina o tempo todo, sentia-se como quando pequena, abandonada pela mãe que lhe prometia sempre voltar. Alguma sugestão sombria e convicta dizia a ela para acreditar na teoria de Belle como a mais provável, um mal pressentimento de que não ia se orgulhar em saber quem é seu pai verdadeiro.
Ingrid nunca ia contar para ela, porque ela era fruto de um golpe que deu errado. Por que Ingrid só pensava em si mesma? Será que se o golpe desse certo, ela a amaria?
Regina observava Emma, com muita pena, durante a caminhada até casa na esquina, e, depois de entrarem, sem se atrever a falar qualquer coisa sobre o que ouviu, porque também estava sentindo um terrível aperto no lado esquerdo do peito, o mesmo mal pressentimento. Quando chegaram novamente, a escritora fechou a porta, vendo a jovem se afastando para dentro como se a qualquer momento ela decidisse desabafar as mil e uma coisas que seu semblante não conseguia definir. Emma caminhou diretamente até o armário na sala, empurrou para o lado os livros impressos que Regina presenteou guardados ali e não demorou para achar o que estava procurando – o álbum de fotos da família Swan. A moça sentou-se no sofá e começou a virar as primeiras páginas, olhando foto após foto com os rostos familiares, até encontrar o da mãe, perdido em alguns retratos alheios aos presos no álbum.
Pegou uma foto do dia em que se mudaram para a casa onde ela estava agora. Ingrid estava nela com um sorriso doce, amparada pelo irmão e a mãe. Os cabelos dela eram claros, era isso que Emma mais gostava nela quando era pequena e tinham seus raros momentos juntas, quando Emma enrolava seus dedinhos nos cachos compridos e olhava fundo nos seus olhos imensamente azuis que não herdou dela. Nunca ia entender como aquela mulher tão bonita na verdade se tornara uma pessoa tão feia por dentro.
Se não tivesse passado pelo o que passou por causa dela, seria enganada por aquela foto e as outras da juventude de Ingrid. Numa delas reconheceu Anita Lucas, mas não era segredo que as duas foram amigas quando cursaram o colegial. Em outra, Ingrid ajudava o irmão a montar um enorme pinheiro de natal no canto da sala. E conforme as fotos seguiam, Emma via a mudança nos olhos da mãe, cada vez mais densos e distintos, deixando de pertencer a gentileza e humildade dos Swan.
Corrompida, pensou Emma, estudando o sorriso de canto desenhado na boca da mãe em outra foto. Talvez ela tenha sido corrompida pela ambição...
Emma fechou o álbum abruptamente, largando-o com a mesma violência no chão. Escondeu o rosto com os cabelos, mas preferiu não chorar, nem gritar, nada.
Regina estava o tempo todo observando, mas Emma permaneceu calada se consumindo de uma raiva que ela jamais imaginou possuir, ainda que achasse que não era raiva, porém ódio.
— O que você vai fazer agora, Emma? — perguntou Regina, finalmente.
Os lábios da moça tremiam fechados até ela escolher poupar suas emoções.
— Vou atrás da verdade. — respondeu. — Já basta que ela me esconda sobre o meu pai e o que ela andou fazendo antes de eu nascer. Eu estou cansada de não saber coisas sobre mim e pagar pelo o que ela foi. Acho que vou me arrepender de ter escolhido voltar, mas eu nunca tive tanta vontade de dizer a ela como me sinto. A hora chegou e estou com medo, sei lá porquê. Eu não posso mais permitir ser uma vítima do egoísmo dela. Você sabe o que eu escutava cada vez que um cliente das lojas onde trabalhei me reconhecia? — Regina sacudiu a cabeça, apreensiva. — Escutava que não ia demorar muito para começar a agir feito ela. Me diziam que eu era a cara dela quando jovem e que certamente os meus patrões deviam tomar cuidado para não serem seduzidos, que eu roubaria o caixa para comprar bebidas e drogas e que daria muita vergonha para os meus tios.
— Emma, você não tem culpa. — disse Regina chocada. — Você sabe que é muito diferente dela.
— Ela fugiu de mim, não teve a capacidade de me olhar nos olhos. Se não tivesse nada a esconder, por que teria voltado para cá então? A Belle está certa.
— E o que vai fazer se ela contar a verdade? — Regina parecia exausta só pela voz.
— Vou me sentir livre da sombra dela. — respondeu a moça bastante séria.
Regina se sentou ao lado de Emma no sofá, tentando livrá-la dos cabelos cobrindo o rosto jovial e que a escritora aprendeu tanto a amar. Emma a fitou, sentindo o calor das mãos da mulher envolvendo seu queixo, bochecha e orelhas.
— Me prometa que vai tomar cuidado. Eu não a trouxe de volta para que sofresse.
— Sofrer é minha consequência, você é quem não pode sofrer por mim. — Emma dizia depressa. Seus olhos de repente escurecendo, pupilas dilatadas para Mills.
Emma deitou a cabeça no ombro da mulher se apertando contra ela. Fechou os olhos e viu o primeiro abraço que deram exatamente ali naquela sala. Viu também o primeiro beijo, tão ardente. Se viu no colo de Regina, nuas, se beijando, se roçando vorazmente nela; Dava tudo para voltar no tempo e viver de novo seus dias mais felizes, então pensou que quando seus dilemas com Ingrid acabassem, ela faria tudo de novo com Regina.
— Quero voltar a viver os dias mais felizes da minha vida com você. — Regina pensava nas mesmas coisas. Seus pensamentos e os da moça estavam ligados como um só na ansiedade de se amarem sem freios.
— Eu também, meu amor. É o meu maior desejo. Mas acho que você também tem algo a resolver, não é? — Emma colou as mãos no rosto da amada, ao mesmo tempo Regina mudou de expressão. Seus olhos baixaram em etapa e ela passou um tempo refletindo.
— Ainda que pareça simples é um assunto inacabado.
— Talvez com o que aconteceu ele tome uma decisão... — Emma ia falar uma coisa que depois acabaria se arrependendo, desistiu para não aborrecer Regina, porém descobriu que na cabeça da escritora nada era menos pior quanto seu pensamento equívoco.
— E pensar que eu quis vê-lo morto um dia. Só me resta ter pena do Daniel.
— O Daniel fez muito mal a você escondendo uma traição, por mais que tenha acontecido há muito anos, você jamais deverá perdoá-lo.
— Venho pensando que tudo o que ele passou foi um grande castigo e o que reste a ele seja um fim solitário. Não falo de viver sozinho apenas, falo de uma solidão em que nada sobre para ele, nada, até a vontade de pintar os quadros. O tipo de solidão que tira tudo o que você mais ama. — concluiu Regina, com um brilho estranho nos olhos.
— É o mínimo que ele deve pagar por ter te deixado tão infeliz. — Emma disse honestamente.
A sra. Mills se perturbou internamente, mas conseguiu disfarçar.
— Ouça, Emma, quero que me dê sua palavra...
— ... de que não vou desistir de você até que se resolva com o Daniel e eu com a Ingrid? — perguntou a moça com desconfiança.
— Aconteça o que acontecer, ouça o que ouvir, não desista de nós. — Regina nunca esteve tão apreensiva.
— Por que eu desistiria da única coisa que me faz querer estar viva?
O que restava da conversa deixou de existir com a questão de Emma. Do silêncio surgiu um beijo calmo e despreocupado com o que esperava por ambas.
O dr. Whale decidiu em manter Daniel em observação no hospital por mais um dia. O pintor não fez objeção, mas pediu para Belle recrutar Graham para ajuda-lo quando fosse necessário. Novamente à mercê dos movimentos do corpo, ele passava a maior parte do tempo se lamentando por ter deixado de se medicar. Sabia que tinha tomado uma atitude tola e infantil, até mesmo prepotente, mas o sentimento de não conseguir se mexer livre e curado era perturbador. Teve de começar uma conferência particular em que toda a vida passava diante dos olhos como se ele precisasse reformar os conceitos novamente.
Em um desses momentos de conferência consigo mesmo, Ingrid apareceu na porta do quarto segurando um lindo buquê de flores feito por ela na loja do irmão. Ela esperou até ser vista, embora seu sorriso, meio lá, meio cá, não o enganasse.
— Achei que não viesse — disse ele, com a voz embargada como se algo dolorido tampasse sua garganta.
— Demorei, eu sei, me perdoe. — Ingrid deixou as flores na cômoda ao lado da cama de hospital e sem cerimônias tocou a mão grande e imóvel dele. — Estive resolvendo uns assuntos. — desfilou seus olhos pelo rosto dele, ainda assim não conseguia sentir pena dos inúmeros hematomas que se distribuíam na pele pálida do pintor.
— Imagino quais assuntos.
Ela meneou a cabeça.
— Não, você não imagina o que fiz e com quem estive, mas antes de entrar nesse assunto, me diga, como se sente? Olhe só para você, está cheio de marcas roxas. O que houve?
— Cai da escada.
Ela colocou a mão sobre o peito e buscou ar formando uma sílaba nos lábios: “Oh!”
— Como foi que aconteceu?
— Perdi o equilíbrio. — respondeu ele desviando a face envergonhada. Para um homem que se mostrou a maior parte do tempo forte e viril para ela, isso era no mínimo uma vergonha. — Não senti meus pés, minhas pernas não obedeceram e cai pelos degraus da escada como se eu mesmo tivesse me jogado.
— Eu sinto muito, querido. — Na verdade, ela não sentia nada. — Foi um acidente. Está tudo bem agora, não está?
O cuidado excessivo nas palavras de Ingrid tornava sua atitude muito suspeita, uma verdadeira atuação recheada de deboche. Daniel, porém, faria um pedido inusitado a ela para testar até onde seu cinismo era capaz de ir.
— Não vou melhorar tão cedo, Beija-Flor.
Ela o odiou mortalmente ter sido chamada assim de novo. O rosto antes falsamente sereno tomou sua real forma mesquinha.
— Dr. Whale foi categórico ao me avisar que eu não devia ter deixado de tomar a medicação. Voltei a ser um quase invalido. — Ele tornou a vê-la. — Suponho que não se interesse por homens na minha condição.
— Quer saber de uma coisa? — Ingrid se afastou da cama, andou pelo quarto abraçada ao casaquinho de lã azul escuro no corpo. — Já se foi o tempo em que escolhia os homens com quem me envolvia, afinal eu procurava você em todos eles.
Dessa vez ela disse a verdade.
— Iria para a mansão comigo? — Do outro lado do quarto Daniel soou como um tiro.
Ingrid pestanejou assustada.
— Com qual finalidade? — rebateu a pergunta dele sem se virar ainda.
— Com a finalidade de minha companheira. — ele logo tratou de dizer. — Reconheço que seja uma mulher livre e não pense em gastar o seu tempo ao lado do homem que a trocou no passado e que ainda por cima está invalido hoje. Mas eu penso, Ingrid, que se estiver disposta a esperar um pouco, podemos recuperar o tempo perdido. Case-se comigo. Eu assinarei o divórcio que a Regina está me pedindo e dentro de pouco tempo podemos oficializar aquilo que você sempre sonhou.
Ingrid sentiu os pelos do braços por baixo da roupa se arrepiarem. O frio na espinha parecia-se com o mesmo sentido há muito tempo toda vez em que se encontravam. Ela foi se virando devagar, olhando para ele meio que por cima do ombro esquerdo, com uma das mãos fechando a boca para que nenhuma palavra sem noção saísse dela.
— O que me diz? — ele esperava a resposta dela. Sentia um suor gelado descendo desde os cabelos no alto da testa até a bochecha. Talvez em breve a febre ia voltar.
— Você pode me dar um tempo para pensar? — disse ela.
— Obviamente.
— Não quero estar enganada sobre você uma segunda vez, Daniel.
— Não estará, assim como não estou sobre você. Por essa razão, quero que compreenda que se aceitar o meu pedido, terá de cumprir a promessa de um relacionamento entre apenas nós dois. Não concordo com o que tem feito para ganhar dinheiro. Se estiver casada comigo, pago todos os seus luxos, contanto que obedeça as minhas vontades.
Ingrid rangeu os dentes e falou:
— Vai me amar com a mesma paixão que teve pela Regina?
— Preciso. — Quando ele disse, Ingrid achou que ele estivesse piorando.
— Vai me dar cada coisa que deu a ela?
— Tudo.
— Ah — disse Ingrid. — Tudo. Hum. — Eram muitos anos desperdiçados para ele querer consertar agora. Estava prestes a aceitar o pedido do pintor, só que talvez fosse mais vantajoso deixa-lo esperando pelo “sim” por mais um tempo. — Quero que me convença a acreditar na sua palavra. Se conseguir, eu juro passar o resto da minha vida sendo sua mulher.
Ingrid deu as costas de uma vez e saiu do quarto.
Daniel sabia que não conseguiria tão rápido. Ele devia tê-la tratado com menos frieza, embora estivesse sendo honesto a todo o momento. Sua febre de fato voltara, e, dois minutos depois, sozinho, ele esticou o peso do braço para cima com a ajuda do outro a muito custo apertando o botão que chamava a enfermeira.
Emma deu as costas à janela do sobrado e seu olhar atingiu M. Margaret que acabara de derrubar uma xícara de café no chão. O susto dela não foi nem de perto o que David sentia após todas as coisas que Emma contou sobre sua mãe. Ele não imaginava o quão pretenciosa ou, como ele mesmo pensou, repugnante, a irmã pudesse ter sido com a sobrinha.
David continuava a ouvir Emma contar a história; Durante dez anos, Ingrid ia embora com a promessa de retorno, mas quase sempre quando voltava estava ainda mais falida e sedenta de vícios. Para sustentar suas novas viagens atrás das vítimas que iria seduzir atrás da vida que nunca teve, ela levava as joias de Elizabeth Swan, ainda que poucas ludibriando a velha mãe. Quando a avó morreu, restou a mãe de Emma caçar o que existisse de valor na casa. Sobrou para a pobre menina Emma e seus presentes de aniversário, quase sempre o pouco de valor que David mandava fazer para a sobrinha na joalheria. Emma nunca foi de desfilar com suas pulseiras, mesmo as mais simples e agora David sabia o porquê. Emma também contou a eles sobre a teoria de Belle e foi nesse instante que Margaret derrubou o café, sujando o tapete sob a mesinha de centro com uma mancha negra da largura de um prato.
— Sabíamos que Ingrid era complicada, como papai dizia, desenfreada. Mentirosa, também podia ser, mas roubar o que meu pai deixou para a sua avó e depois o que eu dei para ser seu, Emma... Isso é um pouco perturbador. — David segurava os próprios dedos entrelaçados olhando a poça de café se formando no tapete e a esposa tentando ser ligeira para limpá-la.
— Nunca duvidei que Ingrid fosse capaz de coisas piores. Sinto tanto por você, Emma. — Mary recolheu a porcelana quebrada, jogou fora e voltou com as mãos limpas para acolher a moça.
— Me desculpem por de repente vir aqui e revelar coisas das quais não dão orgulho nenhum a vocês em especial a você, tio. Eu sabia que ficaria decepcionado quando soubesse. — disse Emma, confortada pela tia.
David soltou um suspiro conformado.
— É como Mary disse, não duvidava do que ela era capaz, só não queria acreditar que ela fosse roubar da própria família.
— E essa história sobre o seu pai? Será que é verdade? — Mary se antepôs.
— É o que estou querendo saber. — a moça fez um carinho nos braços da tia.
David coçou o queixo, fitou a esposa como se ela lembrasse de alguma coisa a ser dita para Emma.
— O que sei sobre ele é o tanto quanto você sabe, filha. O tempo que passamos longe daqui serviu para sossegar as línguas das pessoas e o tempo suficiente para ele deixar a cidade. Era um político muito influente, o mais promissor candidato a prefeito da cidade. Depois da sua mãe ter subido no palco do Town Hall com a cidade inteira de plateia, contando que estava esperando um filho dele, fomos obrigados a ir embora por uns tempos. A poeira baixou, voltamos para a casa em Blue Hill e você já devia ter uns três anos. Se lembra quando ela trabalhou por uns meses na floricultura? — Emma fez que não para o tio. — É verdade, você era muito pequena. Ela disse que estava farta das pessoas olhando torto para ela e sentia-se desesperada para deixar esse lugar. Sua mãe aguentou mais quatro anos. Viajava, sim, ela viajava sempre, porém voltava com mais frequência. Até que se limitou a vir uma vez por ano nos ver, ver você. Sua avó e nós nunca sabíamos o que dizer quando perguntava por ela.
— Por isso tantas vezes sugerimos que viesse morar conosco. Queríamos te livrar do azar de ser filha de uma mulher como ela. Você sabe que não posso engravidar não é, minha querida? Você lembra o seu tio, esses olhões verdes! E olhando um pouco de longe lembra até a mim. Não me incomodaria em nada ser a sua mãe adotiva. — Mary completou.
Emma sorriu de gratidão. Era verdade, Regina não era a única a querer protege-la das eventuais mágoas que sofresse, mas era tarde para dizer a eles e, até para si, que não ia falar com Ingrid.
— Sendo esse homem meu pai ou não, ela precisa ouvir algumas verdades também. — Gentilmente se desvencilhou da tia. — Obrigada por esse amor de vocês comigo. Eu vou retribuir a altura.
— Já faz sendo quem é, filha. — David devolveu o sorriso.
— Preciso saber onde ela está. — disse a moça.
David novamente fitou a esposa, depois a sobrinha e contou o que sabia.
— Eu não a via desde a noite em que ela foi embora daqui, mas hoje cedo ela veio buscar um buquê de flores para fazer uma visita a alguém no hospital.
Emma franziu o cenho com a informação.
— Tá, mas ninguém viu de onde ela veio?
— Zelena acha que ela está hospedada no Hotel. — Mary Margaret tornou a se adiantar.
— O Hotel... Archie... Eu sabia! — desabafou a moça.
. . .
No balcão do hotel, Archie teve um sobressalto quando a mão de Emma espalmou o tampo, tirando-o de um transe momentâneo. Ele ergueu os olhos para a moça antes de ajeitar a armação do óculos levemente torta pelo susto.
— Emma! — disse ele. —Tu-Tudo bem? — gaguejou.
— Não precisa disfarçar, nem mentir, eu só preciso de uma informação que eu sei que você tem.
Archie meneou a cabeça pensando em mentir, pois sabia justamente o que Emma queria dele. Enxergava um brilho voraz nos olhos da jovem, uma decisão de que ela não sairia dali sem saber o que queria. Ele não teria alternativa a não ser entregar sua adorada Ingrid.
— É... É que...
— Só diga onde ela está. — Emma permaneceu firme e séria.
— Su-Sua mãe? Ela... Ela deixou o hotel essa manhã.
Impaciente, Emma o puxou pela gola da camisa polo por cima do balcão.
— Não minta pra mim, você deixou ela ficar aqui, não deixou?
— Sim, sim... Eu... eu juro, Emma. Sua mãe esteve aqui por vários dias hospedada, mas alugou um quarto na pensão dos Lucas... E-Eu juro que ela fez isso! Ela deixou uma mala inclusive, dizendo que voltaria para buscar hoje à tarde. — desembuchou ele, todo apertado entre o balcão e o rosto da moça, apontando para mala deixada num canto da recepção.
Emma reconheceu a mala antiga que a mãe carregava quando viajava. Ela olhou Archie de novo.
— A pensão dos Lucas? Tem certeza?
— Absoluta. Foi o que ela me disse. — A moça o soltou, andou até o objeto e o puxou para tirar do lugar, carregando-o consigo. — Onde está indo com isso?
— Eu mesma vou levar para ela.
. . .
A caminhonete estava parada há alguns minutos nas cercanias da pensão que pertencia a família Lucas. David levou a sobrinha até a rua da biblioteca onde Ingrid supostamente tinha se hospedado mais cedo. Trouxe na caçamba a mala da irmã que Emma resgatara no Hotel Hooper e esperava ao lado da moça o momento em que ela tomaria coragem para entrar na pensão e procurar pela mãe. Emma alisava a correntinha de prata no pescoço olhando para um ponto aleatório da rua. Deve estar ansiosa, pensou David.
Preocupado com ela, David deu um tempo para pensar se queria mesmo entrar na pensão, ele também estava com um mal pressentimento. Descansou um braço sobre o volante, observou o movimento que a sobrinha fazia com a unha ruída do dedo indicador sobre a corrente e perguntou:
— Quer que eu vá junto?
— Obrigada, tio, mas tenho que mostrar pra Ingrid que não dependo mais de ninguém. — Emma respondeu com calma. Puxou o celular do bolso e enviou uma mensagem para Regina, dizendo que havia descoberto onde Ingrid estava.
— Está avisando àquela mulher, não está?
Emma olhou para ele surpresa.
— Sim. Disse que avisaria quando tivesse encontrado minha mãe. — Emma ficou quieta, segurou os lábios, mas não havia necessidade de não confiar em David. Então, comentou: — Foi ela quem me deu forças para voltar. Sabe, ela e eu chegamos a sair da cidade, íamos para Boston, mas eu pedi para voltarmos quando soube que a Ingrid estava aqui. Ela ia me dar tudo o que eu mais queria, sair daqui e viver uma nova vida ao lado dela, mas eu escolhi voltar.
— Por que fez isso, filha? — David parou para escutá-la com atenção.
— Me deu uma coisa, um sentimento. Eu não sei, essa superproteção de todo mundo comigo agora me pareceu esquisito, como se eu não fosse capaz de encarar minha mãe, que só tivesse medo dela, entende? Eu tenho medo sim, medo de me ferir com as coisas que ela disser, só que por outro lado sinto vontade de saber muita coisa que ela nunca me contou. Ela me roubou a verdade por muito tempo, eu sinto.
— E o que essa mulher de quem você falou acha?
— Ela também tem medo de que eu me magoe, mas ela me ama. — Os olhos de Emma brilharam novamente do jeito estranho. — Há uma coisa que me diz que meu destino é com ela, e eu não vejo a hora de descobrir a verdade sobre Ingrid para ir embora de consciência limpa.
— Quando vai me apresentar essa mulher por quem se apaixonou, Emma? — Por um momento, David acreditou que a mulher em questão nem existisse, porém aquele brilho nos olhos da sobrinha dizia muita coisa.
— Logo. Você vai gostar dela. — Emma suspirou e sorriu para ele, prestes a beijar a bochecha do homem, mas um movimento na rua fez ela olhar. — A Ingrid — Sua mãe acabara de aparecer na calçada da pensão, andando apressadamente. Com os cabelos soltos e cheios e uma roupa comum, eles a reconheceram. — Ela está aqui. É ela, tio.
David também viu a irmã entrando na pensão.
— Sim, é ela. Vá rápido, filha, ela pode sair o quanto antes para buscar a mala no hotel.
— Só que não vai.
Emma saltou da caminhonete. Pegou a mala com a ajuda do tio e a puxou pelas rodinhas até a pensão. Deu uma olhada de relance por cima do ombro e viu o tio pronunciar um “Boa Sorte” antes de conseguir atravessar a rua. Quando entrou na pensão alguém a reconheceu.
— Ah, olá, Emma. Sua mãe acabou de passar por aqui. O quarto dela é o seis, você sabe onde fica? Vire nesse corredor e siga até a penúltima porta. — disse a pessoa que Emma custou a reconhecer, mas pela fisionomia magricela devia ser da família de Anita, então ela se lembrou que aquela era uma pensão que levava o nome deles. Bem, não importava, ela precisava seguir até a mãe e foi o que fez depois de agradecer um pouco sem jeito para a recepcionista tão generosa em lhe dar aquela informação.
A moça puxou a mala tão desajeitada quanto entrou, veio pelo corredor e de repente estava se sentindo exausta ou era seu coração acelerado. O quarto número seis estava diante dela, não tinha mais volta. Emma ouvia o barulho de sapatos pisando firme no chão, vinha de dentro.
Emma pedia a si mesma com a voz bem baixinha:
— Coragem, coragem, Emma. — Então o nó de sua mão foi erguido até a madeira da porta e ela bateu duas vezes com força.
O som dos passos cessou lá dentro, seguido de:
— Quem é? Não preciso de toalhas novas.
A moça engoliu em seco e bateu novamente, com mais força. Não demorou muito para tirar a paciência de Ingrid.
— Escuta aqui, eu já expliquei que não preciso de...
A mãe de Emma abriu a porta encontrando a filha encarando-a com uma cara nada amistosa. Emma empurrou a mãe antes de olhar nos olhos dela e puxou a mala para dentro, voltando para fechar a porta e trancá-las ali, guardando a chave do quarto no bolso da calça jeans. Foi tudo muito rápido para Ingrid raciocinar e, quando ela viu, sua filha estava de pé diante dela com aqueles cabelos escuros cobrindo metade do rosto e uma pose autoritária.
Ingrid encontrou a parede as suas costas e franziu as sobrancelhas para Emma, sem entender.
— Eu vim entregar a mala que a senhora deixou no hotel e que com certeza ia buscar mais tarde. Achei que seria útil trazê-la até você, dessa forma finalmente eu saberia onde está escondida.
A mulher encolheu os ombros, nunca esteve tão acuada. Não disse nada por enquanto, continuou olhando a filha desafiá-la com a pose. Emma bufava entre uma palavra e outra, tentando exorcizar aquele pavor de rever alguém que lhe fez tão mal. Aos poucos, Ingrid parecia muito mais inofensiva do que esperava, foi se acalmando.
— Nós duas precisamos conversar e essa foi a única forma que encontrei de fazer isso. — Frisou a moça. — Por que fugiu de mim quando te vi no Anita’s?
— Para quem vivia trancada naquela casa em Blue Hill você está bem esperta, minha filha. — Ingrid descolou da parede, se endireitando, decidindo entender o que Emma queria tanto falar com ela.
Emma rangeu os dentes, via a mãe se aproximando.
— Procura saber onde estou, investiga, me encontra e invade o meu quarto nessa simpática pensão como se estivesse desesperada para solucionar um crime. Você faria uma bela carreira como detetive, meu anjo. — Ingrid debochou, ficando no meio do caminho, entre a cama e uma escrivaninha. Também fez pose, cruzou os braços e ergueu suas sobrancelhas evidenciando os olhos azuis, intimidando a moça com intenção.
— Não mude de assunto. Por que não quis falar comigo antes? Está há tantos dias na cidade e não me procurou. O que está acontecendo que eu não posso saber?
Ingrid fez um sinal com a mão.
— Acalme-se, querida, não seja tão apressada. Vamos por partes. O que exatamente quer saber primeiro?
Emma sentiu maciez na voz da mãe, um tom proposital que sempre usava para conseguir o que queria. Não podia ser deixar abater.
— Quero entender o que está fazendo. Por que voltou?
A loira abriu um sorriso pela metade, os lábios cobriam parte dos dentes que mal mostrou para a filha.
— Não conhece mesmo sua mãe. Eu sempre volto, querida, passe o tempo que eu passar fora. Porque demorei mais desta vez, você achou que eu nunca mais viesse a Mary Way Village. — Ingrid prestava atenção na tensão da filha, o jeito com o qual segurava a chave do quarto no bolso da calça para esconder a tremedeira na mão. Os olhos de Emma estavam esbugalhados, mas nesse instante agitados, e os cabelos escurecidos e brilhantes. Ingrid não gostava da cor. — Emma, meu amor, minha doce criança, não fique ofendida com minhas ausências, tive muitos empregos temporários, você sabe que eu sou orgulhosa demais para ficar e trabalhar na floricultura. Odeio depender dos outros assim, ainda mais do seu tio, meu irmão maravilhoso...
— Chega. — pediu a moça, virando a cara, se odiando por sentir coisas contraditórias quando olhava a mãe. Qualquer explicação que ela tentasse dar era uma absoluta mentira. Então por que estava com aquela sensação de morte, uma dor no peito transformada em pena pela mulher? — Eu não quero cair no seu conto de novo. Não vim atrás de você pra isso e eu sei que você preferia milhares de vezes ficar longe de mim porque eu sempre fui um estorvo na sua vida.
Com um suspiro de desagrado, Ingrid disse:
— Quem colocou essas ideias na sua cabeça?
— Não importa. Depois que cresci, especialmente depois que deixei de ser um bebê, você ignorava completamente a minha existência. Obrigou a minha avó a cuidar de mim, mesmo que ela jamais se opusesse, mas eu sei que todos esses anos em que esteve ausente você fez coisas horríveis pra ela e pra mim.
Ingrid colocou a mão sobre o peito tal como fazia em suas melhores atuações, porém isso se tornara um habito.
— Do que está falando, garota?
— Estou falando que você prejudicou muito a sua família. — Emma colocou uma mecha comprida de cabelo para trás da orelha e tornou a olhar para a mãe. — Suas escolhas prejudicaram muitas pessoas.
Outro meio sorriso, uma risada irônica abafada.
— Você não sabe nada sobre as minhas escolhas. O que contam por aí são mentiras que as pessoas aumentam com o passar do tempo. Por mais que esteja revoltada, não acho que seja prudente acusar sua mãe, afinal de contas eu ainda sou a sua mãe. — Ingrid deu um passo à frente, ficando ainda mais perto de Emma. — Você quer saber por que voltei, acho que a razão é simples. Foi por sua causa. Houveram alguns contratempos, alguns problemas. Eu estava procurando coragem para ir falar com você e pedir para ficar em casa, sabia que estava aborrecida. Então eu estava arrumando dinheiro, um pouco que eu pudesse usar para nos sustentar, eu não queria aparecer para você de mãos abanando.
Emma segurou um murmúrio. Não acreditava em nada do que a mãe dizia. Estava chegando a hora em que o que dissesse para ela ia doer nas duas.
— Pensou que eu não fosse deixar você voltar para casa? Estava certa. Não queria te ver nunca mais.
— Todos me diziam isso. Todos me diziam que você não queria me ver nem se eu tivesse um milhão de dólares numa mala para te dar. Compreendo, Emma. Sinto muito por todos esses anos que desperdicei. — Ela engoliu em seco, balançou a cabeça, procurou as lágrimas onde não existiam para impressionar a moça. — Você passou muita necessidade por minha causa. Querida, se eu pudesse consertar eu já estaria fazendo isso.
— Para de mentir, você nunca quis consertar nada. — Emma disse, dura. — Sempre pensou apenas em você. Sempre foi tão ambiciosa que nunca teve a capacidade de pensar nos outros. Pode até ser que no fundo, bem dentro de você exista arrependimento, mas não me convence.
— Bem que me disseram que não seria fácil. — Ingrid se aproximou da filha, ainda tentando compreender toda aquele comportamento exasperado. A moça deixou Swan tocar o rosto dela, ainda assim não enxergava brilho nos olhos da mãe. — Você ficou tão bonita. Tem traços da sua avó. Ficou uma menina forte, saudável. — Sorriu, fazendo a mão cair pelas maçãs do rosto da filha e encostar no cabelo enegrecido. Ingrid desaprovava a cor escura que Emma dava a ele desde menina. — Só não gosto dessa cor. Não combina com você.
Emma ficara imóvel até aquele momento.
— Não gosta porque faz você se lembrar do meu pai. — soltou as palavras como se precisasse desde o início.
Ingrid foi pega de súbito.
— Não é verdade.
— Não precisa esconder. Eu imagino o quão perturbador deve ser me olhar e se lembrar de um plano que deu errado. É por isso que não falou comigo aquele dia no Anita’s, é por isso que vem me evitando e escondendo tudo de todo mundo esses anos todos. — atacou Emma, se empertigando.
Ingrid congelou, sentindo um arrepio desconfortável subir-lhe a espinha.
— Seu pai está há anos longe dessa cidade, pode até estar morto — falava ela com voz trêmula. — De onde tirou essas ideias malucas?
— Pouco importa, Ingrid. Eu quero que me diga a verdade sobre tudo. — Emma ia apertar os braços da mãe, e, pela forma como a segurou perto dos cotovelos, Ingrid teve uma visão assustadoramente familiar.
Ela olhava a filha aflita por uma resposta. O jeito como mirava a mãe, a boca entreaberta respirando exageradamente... Semelhanças.
— Seu pai e você se parecem muito. — Ingrid falou em um sussurro, bem perto do rosto da filha. — O jeito como para e olha às vezes... Sabe? Herdou os olhos verdes e os cabelos loiros da minha família, mas eu diria que o resto você herdou dele.
Emma soltou-se dela, dividida entre a surpresa e a curiosidade.
— Então é verdade.
— Tenho muitas recordações dele.
— Se encontrou com ele, o homem que é meu pai de verdade.
— Não, Emma, não foi isso.
— Não minta, por favor. — A jovem balançou a cabeça negativamente.
— Juro que não estou mentindo.
— Então fala logo quem é esse homem. Por que me escondeu uma informação tão simples por tanto tempo?
— Meu Deus, Emma, o que fizeram a você?! — Ingrid entrou em desespero. Colocou as mãos sobre a testa, deu uma volta pelo quarto e ofegou feito alguém que acabara de fazer um grande esforço. — Além de esperta, está abusada. — Se recompôs. — Eu não sei o que ela fez a você.
Ingrid andou pelo quarto, procurou cigarros na bolsa e ascendeu mais rápido do que sabia abrir garrafas de conhaque. Tragou na frente da filha. A fumaça quase fez Emma tossir. Esse era um velho truque para mudar de assunto.
— Ela? — Emma pensou em Regina.
— Aquela mulher com quem você tem um... Arg, eu não sei como se chama esse tipo de coisa. Foi ela que colocou esses absurdos na sua cabeça ou vai negar? Han? Você é quem não precisa esconder agora, querida, eu conheço esse tipo de mulher. Ela quer se vingar de tudo o que o marido dela fez!
Era de Regina a quem Ingrid se referia, mas como ela sabia que estavam juntas Emma não fazia ideia.
Emma sacudiu a cabeça, aturdida.
— Como você...?
— Ah, querida, eu vi vocês se atracando, uma cena lamentável. — Ingrid falou com nojo. Tragou o cigarro mais duas vezes e soprou o ar para longe. Quando se deu por satisfeita, jogou-o fora ainda aceso pela janela. — Como sua mãe eu devia protege-la dessa mulher, mas eu sabia que você viria como uma fera atrás de mim depois que ela infernizasse a sua cabeça. Tome cuidado, Emma, tome muito cuidado com ela.
Emma achou que aquele era mais um jogo da mãe para convencê-la. Não sabia como ela descobriu Regina, agora não era o momento para refletir sobre isso, mas talvez se entrasse no jogo Ingrid finalmente entregaria a verdade.
— Mas eu a amo, mãe. — disse a moça em um falso tom de lamento, embora dissesse a verdade.
— Você é muito nova para saber o que é amor!
“E você nunca soube e nem vai saber o que é.” Pensou a moça, olhando para uma esquizofrênica Ingrid.
— Eu sim sei, fui loucamente apaixonada pelo seu pai e quase me matei quando ele me deixou!
A loira se aproximou de Emma novamente.
— Por que devo tomar cuidado com ela?
Ingrid encarou a filha, superiormente.
— Essa coisa que vocês duas têm. Não confie nela, Emma, não pode.
Ao dizer isso, pensou na filha correndo para casa e questionando a escritora sobre a história. Em um instante ela conseguiu preocupar Emma, e sentia-se convicta de que agora a sra. Colter e ela não tinham volta.
Era demais para a cabeça de Emma. A moça sentiu o estômago embrulhar, uma vontade de pôr o café da manhã para fora e correr para sempre. O que Ingrid estava fazendo com ela de novo? De onde Ingrid conhecia Regina? Emma se lembrou da conversa que tiveram no dia anterior, a promessa que Regina pediu para ela fazer.
Ingrid mostrou pena da filha, fazendo ela erguer o rosto com um dedo.
— Sinto muito, minha criança.
Emma empurrou o dedo dela para baixo rispidamente e correu para a porta, a abriu e bateu a mesma pelo lado de fora antes de correr todo o corredor de volta.
Deixou a pensão tonta, cheia de náuseas e uma dor de cabeça enorme. Precisava sentar em algum canto, entender o que aquela mulher tinha lhe dito lá dentro. Não era assim que ia arrancar as respostas da mãe.
. . .
Emma fugiu para a orla, se sentou no píer e fitou o mar sozinha. Estava com tanto ódio, tanto rancor de Ingrid. Não havia espaço para o perdão, não havia uma forma de compreender as razões pela qual a mulher sempre lhe envenenava. Emma sequer conseguia pôr para fora sua frustração. Nenhuma lágrima desceu do rosto dela enquanto via o mar batendo nas pedras e subindo a maré. Mas ela deu um jeito de esquecer o encontro com Ingrid por alguns segundos, fugindo mentalmente para o dia em que esteve sentada naquele mesmo banco no píer com Regina ao seu lado a desafiando. Uma poesia se formou enquanto olhava a água, era tudo o que ela se lembrava e a prece que acalmou o veneno de Ingrid.
Quando abriu os olhos, viu a sombra de Regina cortar a brisa que passava ao seu lado. Ela a abraçou no instante seguinte.
— Eu esperei por você fora da pensão, vi quando veio para cá. Como foi a conversa? — a voz de Regina era baixa o suficiente para só Emma ouvir.
— Não consegui. Ela me enganou de novo. — Emma falou abafada no ombro da escritora.
Regina a manteve nos braços, protegendo-a. Passava a mão por seus cabelos. Elas só tinham o mar como testemunha naquela hora.
— Ainda tem certeza de que precisa dessas respostas?
— Estou começando a pensar que elas não vão surgir da Ingrid. — disse a moça, fechando os olhos no colo de Regina.
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