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História Into The Dead - Capítulo 17


Escrita por: control5h

Notas do Autor


a barricada é algo assim, só que beeeem maior!

O que aconteceu comigo por estar postando em menos de uma semana?! Não sei. Só em deu vontade de agilizar essa história, porque MUITA COISA ainda vai acontecer!
Detalhe: No último capítulo que escrevi (que não é esse, só avisando) eu já matei uma pessoa... então... preparem os corações e vão dizendo adeus para que vocês acham que vão partir para uma melhor... Até porque, a partir de agora, só morte vai chegar!
Boa leitura e me perdoe pelos erros!

Capítulo 17 - Capítulo 17


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 17

CAMILA PDV

- Ai! – Lauren choramingou quando eu toquei de leve a região próxima de seu corte no supercílio. – Isso dói, Camila!

- Eu sei que dói, está sangrando de novo! – suspiro, pois não tinha nada limpo para pressionar o local. Então eu simplesmente jogo um pouco de água perto do corte para tentar evitar uma infecção. – Os pontos se romperam. Tente não deixar nada entrar em contato com isso, ok?

- Ok... – Lauren sussurrou.

Apenas seus olhos verdes estavam em destaque em seu rosto. Sua pele estava suja e repleta de sangue seco negro de zumbis. Podia-se ver sua expressão cansada e amedrontada, mas, ainda assim ela mantinha a pose firme.

- Você está bem? – Lauren perguntou e olhou para minhas roupas sujas de sangue. – Não foi mordida ou arranhada?

- Não... eu estou bem. – respondo com um sorriso de agradecimento.

Viro-me devagar porque cada articulação de meu corpo resmungava de dor.  As pessoas ali se encontravam exaustas. Dinah e Normani estavam sentadas escorando suas costas à grande pedra e Taylor e as crianças ainda se encontravam em cima da mesma; Troy e Christopher conversavam mais afastados e Austin, Ally e Keana estavam em pé, mas escorados também à escavadeira. Harry continuava desacordado dentro cabine e as meninas estavam de olho nele.

Ao nosso redor corpos e mais corpos de zumbis estavam uns sobre os outros formando quase uma segunda camada sobre o chão empoeirado. Os mosquitos estavam aos montes por causa da carniça. O dia já nascia e graças à luz dos primeiros indícios do Sol podíamos ver os cadáveres no chão. A horda felizmente havia se repartido, mas ainda assim quase sessenta corpos se encontravam devidamente mortos à nossa frente.

Meu corpo dava leves espasmos provenientes da adrenalina que ainda corria em minha corrente sanguínea. A faca ainda se encontrava apertada em meus dedos da mão esquerda, porque eu me negava a soltá-la. O medo de mais abutres aparecerem era maior que a minha vontade de desabar no chão e descansar.

Passamos a noite ali. Cada rodada de zumbis que aparecia nós a abatíamos. A última remessa veio com vinte ao mesmo tempo.

Mas matamos todos.

Juntos.

Cada um cuidou da retaguarda alheia. Eu ajudava Lauren quando vários acumulavam em cima dela, Troy salvou Ally tantas vezes que eu mal pude contar, até Dinah quase levou uma mordida por segurar uma zumbi que estava prestes a pegar Normani. Austin chegou a ajudar Christopher e Lauren ao mesmo tempo.

O que não me agradou foi Keana precisar ser salva o tempo todo por Lauren... O que me obrigava a salvar a retaguarda da de olhos verdes.

A mulher bonita que aparentemente tinha descendência francesa não parecia ser uma donzela em perigo. Lembrava-me muito bem de como fora rápida em salvar a Lauren na casa de campo. Mas, a todo tempo, aquela maldita gritava por Lauren: para que ela a salvasse.

Não é ciúme, longe de mim, mas por que fingir?

Ela não me engava. Não mesmo.

Mas Lauren parecia aos poucos cair nas graças da francesa. As duas agora conversavam sentadas no degrau da escavadeira. Keana gesticulava enquanto Lauren olhava para o braço da mesma onde algumas manchas de sangue em sua gaze no antebraço indicavam que os pontos do corte também haviam rompido.

- Eu queria ter forças para zoar você agora, mas nem isso tenho. – Dinah apareceu do nada do meu lado, o que me fez dar um passo para o lado assustada. Sua voz estava longe por causa da exaustão. – Larga de babar, idiota!

- Fica caladinha pra poupar energia, ok? – eu bufo, finalmente guardando minha faca no cós da calça.

- Posso te fazer uma pergunta inocente? – questionou já na defensiva quando viu minha carranca. Dinah virou-se para mim de modo que seu corpo tampasse meu campo de visão para a escavadeira. – Você viu... quase morremos essa noite. E se fosse realmente a sua última noite... você estaria feliz com o que fez até agora?

Fico em silêncio absorvendo suas palavras. Minha amiga dá um sorriso amistoso e afaga de leve minha bochecha antes de se distanciar. Continuo parada e pensando em tudo o que aconteceu.

Eu só queria ter um tempo para descansar e raciocinar direito.

- Precisamos ir! – Christopher falou com o tom cansado enquanto esticava os braços para frente, provavelmente doloridos.

O rapaz perdera seu boné no meio da madrugada quando uma andarilha velha e caquética agarrou e retirou o negócio da sua cabeça com suas mãos esqueléticas. O boné agora estava banhado por massa encefálica e sangue seco no chão, então o jovem decidiu deixá-lo lá mesmo. Com isso, via-se o suor acumulado nos fios negros grudados na cabeça.

- Precisamos levar o Harry o mais rápido possível para o CDC. Se ele perder mais sangue pode morrer.

- Além que o cheiro e o barulho podem atrair mais deles. – Troy acrescentou ao amigo e limpando sua faca em um tufo de grama livre de gosma de zumbi.

- Vamos, então. – digo com um leve afirmativo com a cabeça.

Vou até a escavadeira abrindo a porta da cabine e uma Sofia trêmula rapidamente pulou em meus braços. Dinah também foi até a irmã e a amparou. Os rapazes ajudaram a tirar o corpo desacordado de Harry de dentro da cabine. A blusa de Christopher já estava toda embebida de sangue envolvida no tornozelo do de cabelos longos.

Troy, Austin e Christopher dessa vez carregaram Harry enquanto Lauren e Keana abriam caminho de volta para rodovia. As duas pareciam trabalhar como uma boa dupla quando cada andarilho aparecia em nosso caminho, os matando com uma tamanha agilidade que eu pensava que só nós duas tínhamos... Até porque nos considerávamos uma dupla de busca.

Ally estava por perto segurando Claire nos braços e Normani estava junto à Taylor, ajudando a jovem que parecia ter problemas para respirar novamente. Suas bombinhas de ar haviam acabado depois de ela inspirar a última naquela madrugada. A Jauregui mais nova, além do peso do próprio corpo, também suportava o peso do colete a prova de balas que agora usava constantemente. Lauren havia percebido que pelo fato de sua irmã não conseguir se defender ela precisaria de mais proteção e desde a casa do condomínio lhe deu o colete.

- Eu estou com medo... – Sofia choramingou contra o vão do meu pescoço.

- O pior já passou, meu bem... – eu respondo e tento dar um sorriso para tranquilizá-la. – Você foi muito corajosa ontem. – digo e deixo um beijo terno em sua testa.

- Você está machucada? – perguntou a pequena ao olhar alguns arranhões em meu ombro. Minha blusa havia rasgado em vários lugares por causa das unhas compridas e afiadas dos zumbis.

- Não. Eu estou bem.

Passamos por perto de algumas árvores com as raízes elevadas, o que me fez precisar segurar a pequena com mais maestria e pulá-las. Caminhávamos com pressa, mas dessa vez não corríamos.

Até porque não tínhamos forças para tal ato.

- Harry vai ficar bem? – questionou Sofia e virou-se em meu ombro para ver o rapaz desacordado logo atrás de nós.

- Vamos chegar ao CDC e eles vão nos ajudar. – respondo e solto um longo suspiro.

Aquilo era mais uma promessa para mim do que para ela.

Demoramos cerca de uma hora para voltarmos aos carros na rodovia e só então percebo o quanto havíamos corrido na última noite. Os carros estavam no mesmo lugar, devidamente trancados.

Sofia já estava adormecida em meus braços por causa do tamanho cansaço e estresse. Normani caminhava à frente e abriu a porta do Honda para mim, sinalizando com a cabeça para o banco de trás. Caminho com minha irmã até perto do veículo e a coloco ainda adormecida no acolchoado. Acaricio seu rosto angelical e coloco suas mechas suadas atrás da orelha.

Saio do carro e Normani me ofereceu uma garrafa de água.

- Ela está bem? – a morena perguntou olhando para minha irmã.

- Sim. Está. – respondo tomando um gole daquele líquido milagroso. – Você lutou bem ontem. – dou um sorriso amistoso.

- Nada que a necessidade não faça, não é? – ladeou a cabeça.

Dinah apareceu logo em seguida com Regina nos braços e a colocou ao lado de minha irmã. A sapequinha tinha marca de lágrimas nas bochechas e também estava adormecida.

- Ela é durona! Chora, mas chora em silêncio. – a loira alta comentou quando saiu do veículo devagar.

- Me lembra de alguém... – Normani cantarolou esperando que nós duas não ouvíssemos, mas saiu alto demais.

- Devo levar isso como um elogio? – Dinah elevou uma sobrancelha sugestiva.

- Um elogio sobre você nunca sairá da minha boca, Jane. – Normani resmungou fechando a cara no mesmo instante. A morena murmurou mais alguma coisa baixinha e puxou a garrafa de água que eu havia dado para a loira alta.

Dinah riu com a boca cheia de água.

- O que tem vocês duas, hein? Não conseguem ficar um momento sem trocarem farpas? – reviro os olhos, amarrando meu cabelo em um coque frouxo por causa do calor.

- Me lembra de outras duas pessoas... – Dinah alfinetou ao ver o tom sugestivo da minha fala.

Eu lanço um olhar de soslaio para ela e a loira alta apenas deu de ombros, caminhando para perto do Nissan para ver como estavam as coisas.

Tento desamassar minha roupa e retirar o excesso de gosma seca dos meus braços, mas aquela porcaria já estava impregnada no tecido e em minha pele. Só um bom banho nos faria ficar limpos.

Eu já caminhava em direção de onde Lauren retirava a moto de meio os arbustos quando Keana se aproximou de mim, toda sorridente.

- Eu vou com a Lauren agora... Você precisa cuidar da sua irmã. – ela ergueu uma sobrancelha, como se estivesse me desafiando.

Eu até parei de andar, não acreditando que estava ouvindo aquilo.

- Como é que é? – ladeio a cabeça, descrente.

- Ela é convidou para ir com ela. – Keana respondeu e abriu um sorriso forçado demais para mim... como se ela estivesse tentando passar alguma impressão.

Aquela era, na verdade, a primeira vez que a francesa direcionava a fala para mim. Desde o dia que cheguei na casa de campo após a viagem do condomínio e até aquela parte do trajeto Keana apenas sabia lançar-me olhares: uma hora sugestivos, outrora desafiadores.

Analiso a mulher alta e magra de cima abaixo. A cintura era bonita, braços e ombros bem desenhados, expressão jovial e lábios carnudos. Mesmo coberta por gosma de zumbi a filha da mãe era maravilhosa.

Viro-me para Lauren que já estava montada em sua motocicleta. Aponto, com um dedo, para Keana e faço uma expressão de “Isso é realmente verdade?” com os olhos bem abertos e lábios apertados uns nos outros para controlar minha raiva.

- O quê? – Lauren se enrijeceu ao ver minha expressão e franziu as sobrancelhas, confusa por minha reação totalmente indignada.

Mas eu via em suas órbitas verdes que ela estava me testando.

No canto dos lábios bonitos estava um sorrisinho debochado.

Engulo seco para não mandá-la para aquele lugar.

- Tudo bem... – dou de ombros sarcasticamente.

Viro-me e não me dou o trabalho de encarar Keana, pois sabia que ela tinha um sorrisinho todo vitorioso no rosto. Caminho de volta para o Honda em que minha irmã dormia e sento-me no banco do carona. Austin adentrou do outro lado, do motorista, e se assustou a me ver ali.

- Cansou da garupa da idiota? – resmungou colocando a chave na ignição do Honda e fechando a porta.

- Já estava passando da hora... – bufei sem nem ao menos entender direito o que o homem havia falado.

O policial semicerrou os olhos para mim como se estivesse desconfiado de alguma coisa. Provavelmente procurando algum resquício de ciúmes na minha fala, mas minha expressão neutra vidrada no horizonte felizmente não demonstrava isso.

O rapaz então deu partida no Honda e Ally adentrou no banco de trás, sem Claire dessa vez que foi com o pai no Nissan em que Dinah estava.

Através do vidro vejo Lauren acelerar a motocicleta e dar uma leve buzinada sinalizando que já estava se movimentando. Keana estava devidamente abraçada ao seu corpo.

Não demorou muito para que os Nissans a nossa frente também acelerassem e Austin também pegar a rodovia.

Como ela poderia ter convidado tão facilmente a tal francesa e comigo fazer toda aquela carranca na casa de campo?

Argh, eu odiava a Lauren!

Tentávamos ignorar nossos estados grosseiros de sujeira. Estávamos imundos, mas não possuíamos água suficiente e nem panos para nos limparmos. Então as peças de roupas que estavam muito banhadas por gosma simplesmente as descartamos e pegamos outras nas malas. E, por fim, retiramos os excessos de gosma do rosto com os trapos.

Alguns bons minutos foram gastos precisando desviar de grupos pequenos de zumbis, talvez dez ou quinze, que estavam nas laterais da rodovia, atraídos por toda a barulheira feita por nós na madrugada.

A pequena viagem durou por uma hora até do nosso lado esquerdo, atrás dos pinheiros restantes da floresta, uma área ocupada por parques industriais ficasse visível. Do outro lado, o direito, uma linha férrea abandonada cruzava a estrada adentrando até a área industrial, provavelmente sendo a responsável por alimentá-la quando ainda era utilizada. Os vagões abandonados estavam enfeitados com rolos de papeis higiênicos velhos e pichações ofensivas como: “Os Zumbis vão comer seu cu agora!”. “A Cidade dos Mortos vai foder com você!”. E outras menos como: “Deus nos perdoe!”. “Que o Bom Senhor tenha misericórdia”.

Então, quando tudo aquilo apareceu em nosso campo de visão, rapidamente escutamos uma buzina à frente, sinalizando que parássemos.

Saio do Honda ao ver Christopher caminhar em nossa direção.

- O que foi? – já pergunto ao abri a porta.

- Há uma série vagões no meio da estrada. – respondeu o Jauregui coçando a cabeça nervosamente.

Caminho até a metade da rua e observo os vagões velhos pela chuva e pelo Sol intenso que estavam estagnados nos trilhos que cruzavam a estrada. Atlanta era vista ao fundo. Não havia como nos desviarmos mais do grande centro que provavelmente abrigava não dezenas, nem centenas, mas milhares de almas penadas perambulantes.

Da última vez, de acordo com a contagem da cidade, Atlanta estava registrada com mais de seis milhões de habitantes – contando também a região metropolitana. Matematicamente falando após um ano e meio desde o início da desgraça se pelo menos dois terços da cidade tiver se tornado andarilhos cambaleantes haveria então cerca de quatro milhões de zumbis por ali. Do ponto de vista otimista e de acordo com experiências próprias, a tendência dos mortos é se agrupar. E vamos dizer que pelo menos um quarto deles tenham se agrupado e seguido para as regiões do subúrbio – observação: a qual nos encontrávamos.

Então pelo menos um milhão de zumbis zanzavam por perto.

Animador, não?!

Por sorte o Centro de Prevenções ficava em uma área na periferia. Eu sabia, graças as incansáveis horas de estudo e morte de minha vida social por causa disso, que Centros de Controles de Doenças se localizavam o mais longe possível da metrópole, porque, caso algum acidente acontecesse as amostras de doenças que poderiam ser tóxicas não afetariam tão rapidamente e tão facilmente a grande massa da população.

E, o nosso objetivo de viagem se localizava atrás daqueles vagões abandonados.

Lauren pulou da moto em um movimento rápido e sacou a Beretta do cós da calça. Keana tentou impedi-la ao segurar seu braço direito, mas a de olhos verdes bufou e puxou o  braço com força voltando a caminhar no centro da rodovia.

Em milésimos de segundo uma chama de desespero por sua saúde e bem estar aflorou em mim.

- O que aquela louca vai fazer? – eu pergunto assustada e apontando em direção de sua silhueta.

- Vai olhar o que tem depois dos trilhos...? Nada demais... – Ally me respondeu e ergueu uma sobrancelha para mim perguntando silenciosamente “Por que toda essa preocupação?”.

E só então eu percebi que Lauren não estava fazendo aquilo sozinha. Dinah também estava por perto lhe dando cobertura e Troy se mantinha mais afastado, mas atento.

Eu prefiro fingir que não havia dado um pequeno e rápido surto de desespero e volto a olhar para frente meio sem graça. Keana, agora, estava próxima da jovem de olhos verdes, protegendo sua retaguarda. Lauren pisou em uma das divisões entre os vagões e subiu na mesma passando por cima dos pistões e travas de segurança. Até que então ela parou e começou a analisar a situação do outro lado.

Ao vê-la coçar o alto da cabeça eu soube que algo não estava certo.

Esse ato significava que ela estava pensando arduamente.

Lauren pulou de costas e virou-se em nossa direção. Eu por conhecer algumas de suas expressões faciais sabia que a jovem estava tentando manter a situação calma. Ela então fez um sinal com as mãos que indicava “Vamos precisar pulá-lo”.

- Peguem suas coisas... – Christopher ordenou após dar um suspiro cansado. – Vamos ter que abandonar os carros aqui.

Vejo todos resmungarem e recomeçarem a retirar as coisas de dentro dos veículos. Pego todas as mochilas pertencentes a mim e a Sofia para só então me aproximar da garotinha que continuava desacordada. Ela não havia pregado os olhos por nenhum segundo naquela noite e deveria estar exausta como todos nós estávamos. Mas mesmo assim precisei acariciar seu rosto e acordá-la devagar.

- Já chegamos? – Sofia sussurrou sonolenta.

- Estamos quase lá, querida. – murmuro.

Minha irmã pulou do carro e me deu a mão caminhando devagar. Ela pelo visto havia notado que eu não tinha mais forças para carregá-la por mais que quisesse.

Logo todos se reuniram com seus pertences no meio da rodovia e começamos a marchar até perto dos vagões abandonados. O lugar cheirava a ferrugem e algum animal ou humano em decomposição por perto, o que explicava os mosquitos rondando por todos os lados.

- Eu nem quero saber o que tem dentro disso. – Taylor resmungou com uma careta de nojo para o vagão.

Com cuidado para não fazer nenhum barulho alarmante começamos, cada um de uma vez, a pular a interseção entre os vagões. Christopher e Taylor pularam na frente para ajudarem Troy a levar Harry desacordado para o outro lado. Lauren e Dinah levavam as mochilas mais pesadas, enquanto Keana e Normani estavam atrás com as medianas. Ally estava com Claire e Regina e ganhou ajuda de Austin para levantar as crianças e fazê-las pular.

Quando chegou nossa vez eu fiz com que o policial levantasse minha irmã primeiro e que a enfermeira a pegasse do outro lado. E quando chegou a minha vez Austin colocou as mãos em minha cintura para me ajudar no impulso.

Eu suspirei alarmada com sua respiração quente tão próxima do meu pescoço.

- Fico feliz que tenha voltado para mim... – sussurrou perto de meu lóbulo esquerdo, provavelmente se referindo aos momentos que tivemos no dia anterior perto do galpão e a minha volta para seu carro.

Meus pelos na nuca chegaram a arrepiar por causa do hálito quente, mas eu mal tive tempo de retrucá-lo, pois ele pegou uma boa respiração e me ergueu para cima facilmente.

Eu estava meio atordoada quando pulei para o outro lado.

Mas logo precisei esquecer isso, pois a realidade bateu à porta novamente.

Pelo visto aqueles vagões não estavam ali por acaso: Eles eram uma barreira muito bem pensada.

À nossa frente estava um prédio grande com detalhes arquitetônicos bem trabalhados: à esquerda as paredes eram feitas de um vidro azul grosso, provavelmente à prova de balas e explosões, que agora estava coberto por uma leve camada de poeira; à direita sua entrada era larga e seu brilho denunciava o metal pesado de sua constituição. À frente do prédio uma rotatória servia como uma espécie de “Boas-Vindas”, cercada por arbustos que os galhos saltavam para fora da antiga forma que haviam sido podados.

Uma enorme placa na frente da rotatória dizia: CDC, Centers For Disease Control And Prevention

Mas, antes do prédio que esperávamos conter nossa salvação, havia uma base muito bem organizada do exército dos Estados Unidos da América. Arames farpados grossos cercavam o Centro em todo seu perímetro criando uma espécie de bloqueio. Sacos de areia de quase meio metro serviam de barricada. No jardim, que estava a uns cinquenta metros da entrada do Centro, alguns buracos foram cavados e aparentavam serem trincheiras improvisadas.  

Humvees estavam estacionados estrategicamente para uma fuga que nunca aconteceu. Barracas com o pano camuflado característico do exército estavam desgastadas, algumas armadas com grossas vigas presas ao chão compactado do jardim e outras, na área de cimento, em pé por causa de suas armações de metal. Alguns caminhões com carrocerias enormes e cheias de objetos que não consegui identificar estavam abandonados no meio do caminho entre nós e os sacos de areia que formavam a barricada. Viam-se, graças à incidência do Sol neles, diversos cartuchos usados de bala no asfalto.

- Eu disse que eles iam proteger esse lugar... – Troy comentou satisfeito.

- Não tem uma alma viva aqui. – Austin rosnou e olhou para o loiro. – Como pode estar contente?

O sorriso momentâneo de Troy morreu segundos depois ao ver que o policial tinha razão.

Rosnados típicos ecoaram ao longe, o que nos fizeram ficar alarmados procurando pela fonte.

Um muro improvisado de sacos de areia não nos dava visibilidade suficiente do quarteirão à esquerda do Centro de Prevenção. Novamente Lauren caminhou até perto da barricada e escalou com dificuldades os sacos empilhados. Dessa vez soltei a mão de Sofia e lhe acompanhei para fazer o mesmo. Seguro-me nas laterais soltas dos sacos e impulsiono meu peso para cima a cada pisada em uma área estável.

- Puta que pariu... – ouço Lauren exasperar ao chegar ao topo dos sacos empilhados.

Engulo seco e dou o último impulso antes de chegar à parte superior. E quando cheguei meus olhos quase saltaram de minhas órbitas.

Não eram duzentos dessa vez.

Deveria ser o dobro.

Alguns estavam estáticos e letárgicos. Outros chegavam a cambalear e trombar com outros, fazendo-os rosnar irritados. Cheirava a decomposição e fezes, revirando meu estômago por completo.

Eu e Lauren descemos rapidamente da barricada de sacos de areia e só graças às nossas expressões aterrorizadas os outros já choramingaram sabendo que estava algo errado.

- Trezentos, no mínimo. Isso sendo otimista! – Lauren foi direta.

- Que merda! – Christopher rosnou e coçou com as duas mãos a barba no rosto.

- Só nos resta passar por entre os arames. – Keana apontou para o lugar entre as barracas e caminhões vazios. – E em silêncio!

Não seria um plano fácil de executar. Nas laterais da barricada que segurava os zumbis a quantidade de sacos de areia era menor, então seria visível para as almas penadas nosso deslocamento por entre as barracas até a portaria do CDC. Pelo visto quem criou aquilo queria apenas um paredão contra as coisas que vinham da rodovia e não daquelas que poderiam se deslocar horizontalmente.

- Nós temos um sinalizador aqui. – Dinah se pronunciou abrindo uma mochila que estava em seu ombro direito. – Trouxemos em uma das buscas no condomínio.

A loira alta retirou o bastão vermelho e entregou para Christopher. O rapaz analisou o objeto em mãos.

- Vamos jogar naquela direção! – Troy apontou para uma direção acima dos sacos de areia e para o lado oposto do Centro. – Isso vai atrair alguns deles para lá e vai nos dar chance de passarmos pelos arames.

- Boa ideia, cara. – Christopher murmurou e bateu a mão no ombro do loiro. Troy fez um afirmativo com a cabeça e deu um sorriso amistoso para o amigo.

Lauren pegou seu isqueiro e entregou para o irmão. Christopher riscou e acendeu o sinalizador que logo começou a emitir fumaça e luz avermelhada. O rapaz pegou um bom impulso e o lançou por cima da barricada de sacos de areia, na direção de onde Troy apontou.

Logo os gemidos e rosnados dos zumbis se intensificaram, provavelmente procurando a fonte da luz e do barulho.

- Vamos! – Christopher ordenou já correndo em direção das barracas abandonadas.

Começamos então um lento e perigoso caminho por entre os arames farpados grossos e por entre as trincheiras improvidas que tinham em seu interior estacas finas e pontiagudas. Passamos primeiro as crianças para que elas não se machucassem e depois jogamos nossas mochilas por cima das farpas e sacos de areia.

Eu segurava os grunhidos de dor sempre que algum arame rasgava superficialmente minha pele. Minha blusa já estava aos trapos e agora parecia mais que eu havia passado meses na floresta sem nenhum tipo de cuidado.

- Deixe-me te ajudar... – ouço a voz de Lauren ao meu lado.

A jovem segurou um par de arames e os levantou para que eu passasse meu corpo por entre eles. Olho para ela e vejo um sorriso fraco em seu rosto, suas órbitas verdes transmitiam alguma tentativa de paz. Eu torço os lábios e respondo outro sorriso fraco como agradecimento.

As mudanças de humor dela se aparentavam muito com as minhas.

- Droga... – Normani choramingou logo à minha frente. – O Harry está acordando...

O de cabelos longos resmungava em dor e já se remexia intensamente. Provavelmente com sua consciência voltando a dor das dilacerações em seu tornozelo também vinham à tona. Sua respiração já estava irregular e ele fechava os punhos com força.

- AAAH! Isso tá doendo para caralho! – ele berrou abrindo os olhos desesperado. Ele estava atordoado por não saber onde estava. Olhava para os lados, confuso. – Onde estou?!

- Cala a boca dele! – Austin rosnou atrás de mim e olhou para trás.

Os grunhidos de Harry e o cheiro de seu sangue pingando por entre o tecido da blusa de Christopher estava se misturando com as nossas essências corporais. Os zumbis tinham o sinalizador como distração, mas ainda assim boa parte do grupo que se encontrava mais próximo de nós se virou em nossa direção.

Os zumbis abriram as bocas e começaram a gritar. O som parecia o sino gutural do Inferno. Boa parte dos andarilhos vestiam fardas militares e poucos aparentavam ser civis.

Meus olhos quase pularam do meu rosto quando eles começaram a correr e se chocar contra os sacos de areia. Esses estavam mais furiosos que normal certamente por não estarem tão decompostos como os que viviam vagando por aí. Eles chocavam os corpos, as cabeças, qualquer parte para tentar se livrar do obstáculo que os dividia de nós.

Harry já estava pronto para gritar mais outra vez por causa de uma contração em sua perna, mas Lauren foi mais rápida.

- Me desculpe... – ela falou e simplesmente elevou o punho, o acertando no meio do rosto do rapaz.

Harry caiu apagado nos braços de Troy.

- Eficiente... – Dinah deu uma risadinha nervosa, ainda tendo humor para caçoar.

- Vamos! – Christopher implorou ao ver os primeiros sacos de areia começar a desmontar.

Voltamos a passar por entre os arames com mais rapidez, acarretando mais arranhões e grunhidos de dor contidos. Quando finalmente terminamos aquela parte dos obstáculos nos deparamos com as trincheiras. Precisamos pegar bons impulsos para pulá-las sem cair em meio às estacadas apontadas.

Corremos por entre as barracas abandonadas. Dois andarilhos saíram por entre os panos verdes rasgados, mas foram facilmente abatidos por Christopher e Lauren.

- Ai, porra! – escuto alguém resmungar. Era Dinah. – CORRE!

Viro-me de costas e vejo todos os sacos de areia desmontando ao chão e os zumbis tropeçando em meio a eles, mas já correndo em nossas direções. Eles batiam as mandíbulas, tinham os braços esticados e o característico passo fantasmagórico. Alguns tinham as veias do rosto saltadas roxas, outros pedaços de membros faltando e uma gosma negra escorrendo.

Viro-me e pego Sofia nos braços às pressas em menos de três segundos. Meu coração parecia sambar dentro do meu coração e meus pulmões ardiam por oxigênio, por havia até esquecido de respirar. O grupo todo soltou as mochilas no meio do caminho livrando-se do peso que parecia nos retardar. Corríamos por nossas vidas, consequentemente olhando para trás e vendo as almas penadas se acumulando em cima dos arames. Os primeiros eram estraçalhados pelas farpas, mas os que vinham atrás os pressionavam e passavam por cima, caindo logo em seguida nas trincheiras. Mas eles eram muitos, e logo os que vinham atrás desses os usavam como ponte para continuar a correr em nossa direção.

Corríamos desesperados pelo jardim frontal do centro. Olhávamos por todos os vidros do prédio procurando por alguém para nos ajudar. As portas da frente estavam trancadas por uma grande e grossa porta de titânio.

- ABRAM A PORTA! – Christopher berrou para uma câmera que estava do lado de fora. – ABRAM ESSA PORCARIA!

- SOCORRO! – Normani e Taylor gritavam para as janelas transparentes.

As crianças choravam nos braços de seus respectivos parentes. Eu olhava para trás constantemente vendo apenas a distância entre nós e os mortos famintos diminuir perigosamente rápido. O cheiro azedo se aproximava cada vez mais.

- ABRAM A PORTA! – Troy gritava e batia sua AK-47 contra a porta de titânio. – DESGRAÇADOS!

- NÓS VAMOS MORRER! – Keana anunciou como se não já soubéssemos disso. Ela tremia segurando sua faca em mãos.

Dinah já choramingava junto a sua irmã, ambas trêmulas ao meu lado. As lágrimas já se acumulavam no canto de meus olhos enquanto Sofia chorava audivelmente contra meu corpo.

- Kaki... – Sofia me abraçou apertado.

- Shhh... eu te amo, pequena. – murmuro e coloco um beijo em sua testa.

Eu não poderia protegê-la de todos aqueles monstros como eu havia prometido que faria. Eu não seria sua super heroína que a colocaria em segurança na cama.

Iríamos morrer.

Todos nós.

- ABRAM ESSA MERDA! – Lauren nunca desistia e insistia a chocar seu ombro contra a porta de titânio, ao lado de Troy. – NÓS TEMOS CRIANÇAS AQUI, SEUS DESGRAÇADOS! EU SEI QUE TEM ALGUÉM AÍ!

Os zumbis pareciam formar uma grande onda que já percorria o jardim frontal. Eu nunca havia visto eles tão furiosos e tão agrupados como daquela forma. Nunca havia imaginado que tantas pessoas poderiam correr tão sincronicamente como estavam.

E então um estrondo ecoou.

Viro-me de costas a tempo de ver a porta de titânio subir com rapidez e três figuras vestidas com seus jalecos nos encararem aterrorizadas.

- Entrem ou vamos fechar essa porcaria! – o homem entre as duas mulheres gritou já com a mão em um botão em um painel na parede lateral.

Minhas pernas trêmulas demoraram milésimos de segundo para responder aos estímulos de meu cérebro. Mas, logo em seguida, eu já corria com minha irmã nos braços para o interior do CDC. O grupo todo fez o mesmo.

O cientista apertou o botão quando Lauren, a última, passou por ele. A porta de titânio tocou o chão quando a primeira remessa de zumbis enfurecidos chocou-se contra ela.

Demos passos para trás escutando as criaturas gritando e arranhando as paredes do lado de fora. Viam-se, através dos vidros, seus rostos em decomposição irritados. Batiam as cabeças, os ombros, qualquer parte do corpo para entrarem.

Viramo-nos todos exaustos e ofegantes para os três cientistas. Mal tive tempo de me recuperar da onda de adrenalina e já me assustei ao ver uma das cientistas segurando um fuzil em mãos. Ela parecia atordoada, mas segura de si se precisasse puxar o gatilho.

- Soltem as armas, agora! – ela ordenou.

Christopher, que segurava sua espingarda, e Troy, que segurava sua AK-47, hesitaram por alguns segundos se entreolhando.

Não tínhamos escolha ali.

Eu retiro minha pistola do cós da calça e a coloco na minha frente no chão. Logo em seguida todos do grupo seguiram meu exemplo e colocaram suas armas em frente de si.

- As facas também! – a mesma falou, balançando o fuzil em mãos.

A cientista era alta e magra. Os cabelos estavam amarrados em um coque, mas podia-se ver que eram madeixas loiras curtas. Seus olhos azuis estavam marcados por uma carranca nada boa em seu rosto quadrado. No bolso de seu jaleco um crachá estava: Dra. Swift.

Dessa vez ladeio a cabeça para engolir um xingamento. Não devíamos ficar tão desprotegidos assim, mas se estávamos procurando repostas e uma estadia precisaríamos cumprir as ordens deles.

Coloco minha faca no chão ao lado da minha pistola e chuto os dois na direção dos três cientistas.

O homem tinha os cabelos desgrenhados e barba rala por fazer. Seus olhos eram claros e rosto fino. Não era forte, na verdade, era franzino demais para o jaleco que usava. No tecido branco tinha o crachá com seu sobrenome: Dr. Tomlinson.

Ao seu lado estava a segunda cientista. Ela tinha o cabelo cortado na altura do ombro, com madeixas negras. Seu rosto era arredondado e expressivo. Possuía um belo corpo por mais que o jaleco manchado não o deixasse tão visível. No bolso do pano branco estava um crachá escrito: Dra. Lovato.

Após todos terem colocado suas facas no chão e as chutado em direção dos cientistas, finalmente a Dra. Lovato abriu um sorriso amigável. O Dr. Tomlinson fez o mesmo. Exceto, a Dra. Swift. Ela continuava mirando o maldito fuzil em nossa direção.

- Já chega, Taylor! – o homem rosnou, colocando a mão no ombro da loira. – Eles já estão desarmados e devidamente assustados. Devemos ajudá-los!

- Ajudá-los?! – a cientista abaixou a arma, mas sua expressão ficou apenas mais irritada. – Eles vão é nos matar! Olha o que fizeram! Trouxeram mordedores para nossa porta!

- Não tínhamos muita escolha... – Lauren resmungou sem paciência.

- Obrigada por terem abrido a porta. – Christopher logo tratou de tomar a frente da conversa, pois sabia que se deixasse a irmã fazer isso provavelmente já sairia em tapas com a loira encrenqueira. – Seremos eternamente gratos por terem salvados nossas vidas.

- Haverá um momento no futuro que você não será grato... – a Dra. Swift rosnou.

Ela nos deu as costas e começou a caminhar pelo grande salão branco da entrada. Só então tenho a oportunidade de analisar o lugar. Havia corredores em todas as direções, escadas que levavam para o segundo andar, cadeiras de espera e balcão vazio à direita. O lugar por inteiro estava coberto por poeira e papeis jogados no chão.

- Onde estão todos? – Austin perguntou, com o cenho franzido.

- Somos os últimos que sobreviveram. – Dra. Lovato respondeu e deu de ombros, tristonha.

- Espera... vocês não acharam a cura? – o policial estava tão decepcionado que seus punhos se fecharam.

- Ainda estamos tentando... – o cientista Dr. Tomlinson começou a responder, mas foi interrompido por uma risada irônica da Dra. Swift. Ela digitava uma sequência de números em um painel na porta à frente de nós, no corredor direito.

- Vocês querem a cura desse inferno? – perguntou e nos olhou com suas orbitas azuis por cima do ombro. – Então vão morrer sem ela... – rosnou e sumiu no corredor quando a porta se abriu.

O gosto amargo da bile voltou por minha garganta e eu segurei para não vomitar. Aquilo havia sido uma pancada no meu estômago, matando toda a esperança que tínhamos.

Olho para o lado e vejo que Lauren estava vidrada olhando para o nada.

E então seu olhar levantou para o meu. Ela analisou Sofia agarrada ao meu corpo e suspirou, passando as mãos por suas madeixas negras.

- Vocês são os últimos em qual sentido? – Troy perguntou ainda esperançoso.

- Perdemos contato com os outros estados e outros países há meses, então não temos certeza do que está acontecendo por lá. – o cientista falou. – Na última vez que entramos em contato com eles havia alguns Centros que estavam trabalhando arduamente na busca pela cura.

- Qual deles estava com um quadro clínico melhor? Qual estava na frente? – Dinah perguntou enquanto acariciava as costas de Regina que tinha a cabeça descansando no ombro da irmã.

- No Brasil. – Dra. Lovato respondeu, mas logo em seguida abriu um sorriso mais amigável. – Por favor, entrem. Podemos conversar lá dentro. Há tempos não temos a oportunidade de opiniões alheias de como está lá fora. Quem sabe possam nos ajudar...

- Como assim? – eu questiono surpresa. – Há quanto tempo são apenas vocês três? Há quanto tempo não vão lá fora?!

Os dois cientistas se entreolharam, temerosos.

- Estamos aqui dentro há mais de dez meses. – o cientista respondeu.

Arqueio as sobrancelhas, descrente. Olho para os dois e percebo que aquilo de fato era verdade. Eles não continham hematomas, nem roxos, nem cortes, nenhum sinal de luta pela sobrevivência em meio ao caos do lado de fora. Estavam até relativamente “gordinhos” o que mostrava que estavam se alimentando direito.

- Só precisamos de uma coisa para deixar vocês entrarem. – o Dr. Tomlinson continuou. – Precisamos de testes de sangue. Aquele ali... – sinalizou para Harry que estava desacordado e amparado pelos braços de Normani, Taylor e Ally. – Ele foi mordido?

- Não. – respondo balançando a cabeça. – Uma armadilha de urso prendeu o tornozelo dele.

- Já devem estar cientes que não é a mordida que passa o vírus certo? – Dra. Lovato ergueu a sobrancelha, duvidosa. – Todos nós temos o vírus em nós!

- O quê? – Keana, a única ali que parecia não saber, questionou surpresa.

- Pelo visto temos muito a explicar... – a de cabelos curtos suspirou. – Entrem... temos comida e água quente nos quartos.

- Água quente? – os globos oculares de Dinah quase pularam de seu rosto. – VOCÊ DISSE ÁGUA QUENTE?!

- Temos um sistema de geradores de combustível que alimenta a energia do lugar. – o homem de jaleco respondeu tentando não rir do jeito estabanado da loira alta.

- E quem trouxe combustível para vocês? – Lauren ergueu uma sobrancelha, desconfiada. – Tinham o suficiente para mais de dez meses?

A Dra. Lovato gaguejou sem saber o que responder e o Dr. Tomlinson pigarreou limpando a garganta após engolir seco.

- S-sim... Sempre tivemos esse sistema de segurança. – ele respondeu e sorriu fracamente. – Vamos... vocês precisam de banho e um pouco de cuidado nos machucados. Parecem ter vindo da guerra. – tentou amenizar o ambiente, com uma risadinha.

- Você não faz ideia de como é lá fora... – Austin rosnou sem tempo para brincadeiras.

- É uma guerra contra os mortos. – Lauren completou e cruzou os braços na frente do corpo, hesitante em aceitar a situação.

Mas, ao contrário de todos ali, uma Dinah toda sorridente já esticava o braço direito livre para a Dra. Lovato.

- Pode ir tirando o quanto quiser, Doutora. Quero um banho quente, pelo amor de Deus...

Eu reviro os olhos e balanço a cabeça negativamente. Mas não havia muito o quê fazer no momento.

Ir embora? Não. Estávamos cercados por mais de duas centenas de zumbis.

Continuar? Pelo visto era o único modo de obtermos respostas.

 

O problema era que estávamos tão absortas com as tentações oferecidas por eles que não estávamos notando certos detalhes, como: marcas no chão de botas diferentes dos sapatos de borrachas dos cientistas, alguns cartuchos de bala ao longe...

E uma maldita câmera que não parava de mexer no canto superior esquerdo do salão.


Notas Finais


Uma onda de personagens está chegando... uma onda de mortes está chegando... uma onda de vilões está chegando... então segurem as pranchas de vocês! hahaha
Ah, e só digo, sou bastante amigável, se quiser conversar comigo é só chamar no chat haha
E ATENÇÃO: Se alguém acertar ou pelo menos chegar perto do que vai acontecer ou de quem se trata o "Eles" e essa "Câmera Mexendo" eu posto um capítulo domingo... ou até maratona se alguém acertar em cheio ou der ideias bem legais! hahaha
Até a próxima e estou à espera de suas opiniões!


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