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História Into The Moonlight - Amarelo como o sol


Escrita por: bugshuntz

Notas do Autor


Retornei Manas! Finalmente, não é?? Bom... eu enrolei pouco para atualizar, pois eu ia atualizar bem no dia do meu aniversário, que foi na quinta-feita, e queria aguardar um resultado do wattpad.
Queria, com toda a felicidade, comunica-las que a nossa fanfic "into the moonlight" recebeu terceiro lugar no projeto flores de ouro no wattpad, na categoria de vampiros.

Enfim... Manas, agradeço por terem sido pacientes com o desenrolar da Emma e Roni (Regina)! Não sei se se recordam que, Whale está criando um soro para Emma poder andar na luz do sol, e falta muito pouco para conseguir... Então se preparem para que as interações comecem a acontecer :)
O foco deste capítulo é Alice, Jennifer, Lana e Killian. Espero que gostem!

Capítulo 9 - Amarelo como o sol


Fanfic / Fanfiction Into The Moonlight - Amarelo como o sol

Romênia – 1455

Um ano antes da decadência da família mais influente de toda a Romênia, Lana e Jennifer completavam cinco anos de sua união, e criaram, como todos os outros casais, uma pequena filha. A menina, cujo nome era Alice, assemelhava-se perfeitamente às mães fazendo com que qualquer um acreditasse que realmente era fruto das duas moças.

Ao entardecer, o colossal campo de girassóis ficava ainda mais deslumbrante quando o sol amarelado do ocaso tocava os girassóis. Os fios dourados dos cabelos de Alice quase se comparavam a cor daquelas flores, ou a cor do sol. Suas enormes órbitas azuladas, sem sombra de dúvidas, eram idênticas às de seu pai Killian. No entanto, os cabelos ondulados como as ondas oceânicas e dourados como os raios solares, eram como os de Jennifer. E, o brilho contido em seu olhar, assim como pequenos traços de sua face, assemelhava-se à Lana. Principalmente a personalidade implacável de bondade e esperança, que a morena junto com Killian lhes ensinou enquanto Jen se ausentava em batalhas.

Lana repousava sobre a grama verde, ao mesmo tempo em que Jennifer colocava as flores de girassóis em volta do corpo da morena, e moldava seu corpo perfeitamente ao de sua esposa.

– Jen, o que estás fazendo? – Lana perguntou entre sorrisos, que se mesclavam às gargalhadas que Alice dava ao longe.

– Apenas beijando a mulher que mais amo em toda a minha vida. – respondeu sorrindo e apoiando a própria cabeça com o braço. Seus olhos pareciam brilhar, assim como o sol acima de suas cabeças, e, em seguida, aproximou-se de Lana a fim de sentir outra vez seus lábios se encontrarem. – Eu te amo, meu amor.

Os longos e ondulados cabelos negros moldavam seu rosto, enquanto observava a face clara de Jennifer. Observava os orbes tão vivos como os verdes diamantes. Sentia o aroma doce dos cabelos dourados de sua esposa, ao mesmo tempo em que se aproximavam para mais um beijo. Como um pastor ao apascentar suas ovelhas crê que voltará com todas elas, Lana confiava nas sinceras palavras de sua esposa ao pronunciar que protegeria tanto ela quanto a pequena filha que carregava o nome de ambas. Sentia a vibração em seu peito, indicando que era verdade tudo aquilo que ouvia. No entanto, temia por saber quem seus inimigos eram.

– Eu também te amo, Jennifer... – sussurrou Lana, colocando para trás as mechas de cabelos dourados que caíam sobre a face de sua amada conforme a brisa batia nas madeixas. – Eu te amo de uma forma que jamais amei alguém antes, e... Eu amo seus pais por terem me aceitado de braços abertos. Amo nossa pequena filha. Amo a família que construímos juntas, mesmo sem a aceitação da Ordem que vós servis há décadas.

O sorriso que ainda pouco estava desenhado à face de Jennifer desapareceu como se jamais estivesse ali. Lana estava certa sobre não serem aceitas pela Ordem, mas os membros nunca mais se opunham contra a união das duas.

– Jen, afaste-se dessa Ordem. – implorou Lana ao sentir a necessidade de fazer aquele pedido à esposa, que era imensuravelmente influente em toda a Romênia. Porém, não tanto quanto a igreja. – Eu sei que eles não nos aceitam, meu amor. Por que andais entre pessoas que julgam quem tu realmente és? Olham-me como se eu fosse algo asqueroso... Encaram-me com desprezo. E não é por mim que lhe suplico para afastar-se! É por ti e por nossa filha. Temo que me tirem os meus bens mais preciosos. E sei que eles irão mostrar o que realmente sentem por nós.

– Lana, eu prometo que não deixarei que te façam mal ou que façam mal a nossa filha. – Jennifer abaixou a cabeça, tendo certeza de que sua esposa estava certa. No entanto, ela e seus pais estavam ali pela Ordem. A igreja tinha maior influência naquela época, e, caso os renunciasse, os membros pronunciariam calúnias e trariam revoltas do povo contra elas. – Eu não posso deixar de servi-los. Décadas que minha família se aliou à Ordem. Sabeis que eles têm o dom de persuasão, e conseguiriam colocar todo o povo contra nós.

– Eu os temo... – sibilou Lana, abraçando sua esposa e afundando seu rosto enxugado por lágrimas. – Temo o que podem fazer conosco... Com Alice.

– Eu juro que jamais tocarão em um fio de cabelo teu, tampouco de Alice. – abraçou fortemente sua esposa, que se apertava vigorosamente contra seu corpo. – Diga-me, meu amor, o nome de quem tu mais temes naquela Ordem... Diga-me, e mandarei Killian ficar de olho nele. Diga-me, e jamais deixarei que ele se aproxime de ti outra vez.

Lana afastou a face do tórax da loira, e olhou para os lados como se buscasse ter certeza de que ninguém as ouvia. Em sua volta continha apenas a macieira que as abrigava, os girassóis virados para a direção que o sol alcançava, para, em breve, adormecer por de trás das montanhas. O Rio Arges calmo, deslumbrante e dono de águas verdes, tão profundas, como as órbitas de Jennifer. O silêncio era constante, tal que poderia fazer eco por entre as árvores. Não havia mais ninguém ali, exceto elas e sua pequena família. Sendo assim, Lana poderia lhe contar o nome que tanto a assombrava.

– Robin... Robin Locksley Mills. – pronunciou quase como num sussurro aos ouvidos de Jennifer, que se irou internamente contra aquele homem.

Jennifer sucedeu em tocar, com as costas de suas mãos, fazendo carícias ao rosto alvo de Lana. A loura assentiu ao ouvir o nome que, por toda a sua eternidade, jamais saiu de sua mente. Robin Locksley Mills. A face do homem surgia em sua mente, trazendo a imagem do jovem Mills, de cabelos lisos e louros, escondendo por de trás de sua barba um sorriso cruel.

Lana fechou os olhos ao sentir o toque quente das mãos de Jen tocando seu rosto. Nada mais lhe disse, embora sentisse o temor de que algum dia fossem vítimas daqueles quem a família de sua esposa tanto protegeu. Levantou, então, as mãos até conseguir retribuir as caricias ao rosto de sua amada, que abriu um sorriso tão brilhante quanto às órbitas esverdeadas. Seu coração se acalmou temporariamente, sabendo que junto à Jennifer, a melhor cavaleira de toda a Romênia, ela estaria segura. Ou, pelo menos, Alice estaria totalmente segura.

– Mamães! – as duas foram despertas de toda aquela ligação que sentiam; de todo o rubor em suas faces; de todo o sentimento de que havia apenas elas ali, ao ouvirem o doce som da voz de Alice mesclando-se às gargalhadas. – Mamães!

Entreolharam-se. Os verdes e os castanhos, numa ligação tão intensa que poderiam afogar-se ao olhar uma da outra.

– Ei... – disse Jen ao dedilhar o braço de Lana, e, em seguida, estendendo a mão para levanta-la. – Vamos ver o que tanto diverte Alice?

– O que Killian deve estar ensinando para ela desta vez? – segurou a mão de Jennifer, que a impulsionou para que se levantasse.

– Conhecendo Killian, pressuponho que está a ensina-la a caçar borboletas. – ambas gargalharam, abraçando-se firmemente sem se soltarem uma vez sequer.

Ainda aconchegadas, abraçando-se, caminharam vagarosamente em direção às risadas de Alice. Ao longe, puderam avista-la tentando acompanhar Killian ao jogar pedrinhas no rio, fazendo-as quicar quatro vezes na água. Seus cachinhos louros mesclavam-se à cor amarelada de todo o colossal e magnifico campo de girassóis atrás de si, enquanto, com seus olhinhos azuis, observava atentamente seu pai lançando as pedras ao rio.

Encantador era observar a pequena menina tentar, desastrosamente, lançar as pedrinhas, fazendo-as quicar diversas vezes seguidas, como se tivesse algo invisível por de baixo do manto azul que as fizesse saltar. Como mães observadoras, suspirando alegremente ao ver como seu bem mais precioso crescia cada dia mais, as duas mantinham seus rostos encostados um ao outro, sorrisos desenhando suas faces, mãos entrelaçadas e corações calmos, batendo em sintonia e emoção.

Os cachinhos dourados de Alice escorregavam em seus olhos, ao mesmo tempo em que sua respiração acelerava conforme as batidas de seu coração aumentavam. A pequena garota observava todos os movimentos de seu pai e o ouvia atentamente, pois ansiava em fazer algo grande para orgulhar suas mães e seu genitor. Suspirou tristemente em achar que Jennifer e Lana não assistiam sua pequena conquista, pois não prestou a atenção que ambas estavam, ao longe, observando-a soar para conseguir fazer algo que a mesma julgava árduo.

– Alice, meu amor, eu irei repetir os mesmos movimentos e, em seguida, tente repeti-los... – disse Killian com um enorme sorriso estampado em seu rosto. Cada dia que passava ao lado de sua filha, criando-a com as mães, vendo-a crescer era algo que jamais teria a chance de fazer. No entanto, alegrava-se e agradecia por Jen e Lana lhes dar essa chance. – Estás quase lá, pequenina.

– Papai, – a pequenina esfregou os olhinhos com as mãos e se abaixou, sem ânimo algum, para pegar uma pedrinha para fazer outra tentativa. – minhas mamães não estão aqui para me ver jogar as pedrinhas no rio... Eu queria que elas pudessem ter orgulho de mim.

Durante fracionados segundos, Killian permaneceu calado, apenas acariciando e enrolando os pequenos cachos dourados dos cabelos da garota. O que dizer a ela naquele momento? Tinha total certeza de que, assim como ele, Lana e Jennifer tinham muito orgulho da filha que criavam com todo o amor e carinho que possuíam em seus enormes corações. Contudo, o que Alice mais desejava naquele instante era tê-las ali com eles. Era ter a família reunida para que pudesse alcançar sua árdua conquista: fazer as pedras quicarem sob as águas.

– Assim como eu, suas mães te amam e tem orgulho de ti, minha pequenina... – sorriu ao pronunciar o que tinha absoluta certeza de que era verdade. E, ao olhar para o longe, abaixo de uma enorme macieira, enxergou a loura e a morena com enormes sorrisos a observa-los. – E suas mamães também estão aqui, observando-te! Olhe, Alice! – apontou em direção às ambas, que iniciaram suas caminhadas a fim de se juntarem aos dois. – Elas estiveram, mesmo que não a tarde inteira, olhando para ti.

Um brilho simbolizando felicidade pôde ser visto em suas órbitas azuis ao avistar as pessoas que faltavam ali com ela e seu pai. Seguiu, então, o conselho de Killian, que sussurrou ao pé de seu ouvido: “Vá ao encontro de tuas mães... Abrace-as, pequena Alice.” E ao ouvir as contentes palavras, que pareciam causar uma vibração de felicidade em seu âmago, a pequena correu contra a brisa das árvores e girassóis ao encontro de suas graciosas mães.

– Mamães! – a lourinha correu com quase toda sua força, gastando quase todo o ar de seus pulmões, guardando um pouco apenas para continuar a tentativa de lançar as pedras ao rio. – Mamães, eu vou jogar pedrinhas igual o papai! – exclamou entre gargalhadas estridentes, ao ver a loura e a morena se abaixarem e abrirem os braços para recebe-la num apertado enlace.

As duas mães abraçaram tão fortemente a doce criança, tão frágil como um papel molhado, em seus braços protetores. O amor que as três sentiam, para com a outra, era notório. Era inegável. Mais uma vez era provado que para amar não precisa de laços sanguíneos, tampouco de algum interesse envolvido. Elas eram o exemplo de amor sem precisar do mesmo DNA em suas veias, e Killian também se encaixava nesse requisito.

Separaram-se, mas não se puseram a se distanciar. Mantiveram-se apenas em centímetros de distancia, ainda deliciando-se com a boa sensação de ter uma família. De amar.

– Alice questionou-se se realmente estavam olhando por ela! – exclamou Killian, sem se levantar da beirada do rio.

– Meu amor, nós sempre estaremos aqui... – disse Lana, segurando as duas mãos da filha, e dando um sorriso tão radiante quanto o de Alice. Embora a pequenina não tivesse tamanha semelhança para com a morena, era possível notar igualdade em seus gestos. Em um tímido sorriso que davam, ou em seus lábios finos, porém, perfeitamente desenhados. – Olhe em meus olhos, pequenina. – pediu carinhosamente, recebendo a obediência da menina. – Jamais pense que não estamos te olhando, tampouco não importando com ti. Saiba que mesmo que não estejamos aqui fisicamente, vos sempre estaremos com vós. Sempre. Ao amanhecer, ou ao adormecer do sol... Não importa a ocasião.

– Como, mamãe? – perguntou Alice, sorrindo abertamente, deixando a amostra seus pequeninos dentes de leite. – Não dá para estarem distantes e próximas...

– Oh, Alice, tu nos amas? – a pequenina assentiu. – Saibas que teu sentimento por nós é reciproco, assim como os de Killian. Então, quero que jamais esqueças de que, o afeto de uma família não é deslembrado. Sempre estaremos aqui... – Jennifer guiou a mão de Alice até a altura do peito, fazendo-a sentir as batidas do coração. – Tu e tua outra mamãe sempre estarão aqui comigo, assim como estarei com cada uma. Teus avós também têm um espaço em meu coração, e teu pai também.

– Não achas que é muita gente para um coração? – perguntou curiosa.

– Nunca é muito para amar, Alice. – respondeu Lana. – E teu coração, de bom grado, há de aceitar mais pessoas.

Após aquela pequena conversa, as três caminharam ao encontro de Killian, que as aguardava na margem do rio. Os três responsáveis pela menina, observaram-na tatear a terra na beirada da água e pegar uma pedrinha.

– Preste bem atenção, meu amor... – pronunciou-se Killian, pegando a pedrinha das mãos sujas de Alice. – Primeiramente deves selecionar a pedrinha certa. Encontre uma pedrinha fina, plana e pouco arredondada. Essas são essenciais para ter sucesso em sua tentativa.

Alice assentiu e se distanciou poucos metros dos três. Finalmente o homem poderia ensinar para valer como se lançar pedras sobre as águas e fazê-las quicar. Tudo o que aguardou foi a companhia de Lana, que também seria uma ótima professora para a menina. Jennifer, por sua vez, apenas observava a pequena criança, que, ao encontrar a pedra perfeita, abriu um enorme sorriso e veio a correr em direção de seus pais. Jen se atentaria a todas as explicações que fossem ditas, para que algum dia pudesse aprender também.

– Eu achei, papai! – exclamou sorridente, e, em seguida, entregando a pedra para ele.

– Esta é perfeita! – agradeceu beijando o alto da cabeça da menina. – Agora, eu acho que sua mãe adoraria terminar de te ensinar... – segurou as mãos de Lana, impulsionando-a para se levantar. – Ou ela ficará chateada em não poder provar que é uma professora melhor que eu.

– A mamãe é melhor? – perguntou rindo, enquanto puxava sua mãe para mais perto do rio.

– Lana é a melhor. – leu o olhar de Lana, que agradecia por tudo o que ele fazia para com elas. Sua forma em deixar tão natural uma criança viver com duas mães e um pai. – Agora fique do jeitinho que lhe ensinei, okay? Lembre-se de deixar os pés afastados.

Lana se abaixou para ficar da altura de Alice, e aproximou seus corpos enquanto posicionava as mãozinhas da forma certa.

– Coloque seu dedo indicador aqui... – posicionou o dedo indicador da menina na borda da rocha, segurando os lados lisos com o polegar. –... Agora encare bem a água e atire. – guiando as pequenas mãos de Alice, indicou-a quando deveria lançar a pedra, e assim foi obedecido.

As órbitas azuladas permaneciam encantadas ao ver a pedra quicando uma, duas, três, quatro e cinco vezes sobre a superfície calma da água. Seu coraçãozinho parecia seguir o ritmo da pedrinha, pois batia em seu peito conforme a rocha quicava sobre a água, até finalmente afundar. Ao olhar para trás, seu pai possuía o enorme dos sorrisos e sussurrava “Eu lhe disse que sempre teríamos orgulho de ti”. Lana ainda olhava ao horizonte, ainda pensando em como a menina ficou contente ao conseguir alcançar o que queria; ao mesmo tempo em que também sussurrava “És uma excelente aluna, Alice!”. E, quando virou para sua outra mãe, as órbitas verdes estavam marejadas expondo seu amor e orgulho para com a filha.

– Conseguiste! – exclamou Jennifer, abraçando fortemente a menina. – Sabia que conseguiria!

– Calma, mamãe, tu estais me apertando! – protestou ao mesmo tempo em que gargalhava.

 

Romênia – 1891

Os fracos feixes do inicio da manhã traspassavam as finas cortinas da sala principal, deixando metade daquele âmbito iluminado. Emma encontrava-se sentada na poltrona, que ficava próxima ao canto da parede, onde os feixes não alcançavam. Passara a noite inteira sentada, com suas mãos apoiando a cabeça, enquanto pensava. Pensava em Roni, que repousava em um de seus quartos de hóspedes, e em como deveria protegê-la. Pensava em Alice, e o quão necessitava em saber seu paradeiro misterioso.

– Parece que alguém não dormiu direito durante a noite. – a voz doce e suave de Roni ecoou por toda a sala, fazendo com que Emma virasse o olhar em sua direção. Era como um sonho ver o rosto de sua amada sem ser durante a noite.

Emma havia virado o olhar rapidamente ao ouvir o som da voz da jovem. A presença dela era como a paz após uma enorme tempestade, pois conseguia afastar quaisquer pensamentos que tomassem conta do subconsciente da vampira. As órbitas verdes percorreram por todo o corpo da jovem, que trajava um vestido antigo que Swan comprara, anos atrás, por aparentar aos que Lana usava. O vestido azul royal, porém, com o espartilho pouco antigo possuía um discreto decote, que lhe caiu muito bem, principalmente quando os longos cabelos caiam de lado.

– Granny me permitiu que o usasse. – quebrou o silêncio ao perceber que Emma tinha parte de sua atenção ao antigo vestido empoeirado no fundo do guarda roupa. – Ela disse que jamais te viu usá-lo... Então, pensei que não houvesse problema em vestir.

– Não há problema algum, Roni. – sorriu após piscar três vezes. – Muito pelo contrário. Eu o comprei anos atrás, porém, jamais pretendi vesti-lo, pois como tu sabes, eu não me sinto confortável ao usar um vestido. E... – suspirou com seu olhar estupefato dado a visão que estava sob seus olhos. – Ele lhe caiu muito bem.

– Obrigada... – respondeu com gratificação ao sentir um leve rubor em sua face. Seus passos foram guiados, assim como a folha é guiada pela brisa, em direção à vampira. – Se me permite, por que comprastes um vestido o qual jamais pretendia vesti-lo? – perguntou ao fitar as órbitas esverdeadas, que olhavam para a tonalidade que os cabelos negros tomavam ao entrar em contato com a luz do sol.

– Digamos que criei um sentimentalismo para com esta roupa... – respondeu Emma, e, em seguida, colocou a mão em suas têmporas, fazendo movimentos circulares a fim de controlar sua sede. – Deixei-a guardada por tanto tempo que mal me recordava de quão bela ela é. – ergueu ainda mais sua cabeça, estupefazendo a figura de Roni exposta ao sol, e, posteriormente, levantou-se de sua poltrona. – É um pecado deixar algo tão belo corroer com o passar do tempo, tornando-se alimento para traças e poeiras... É um pecado não deixar que desfrute de algo tão belo... – prosseguia ao se aproximar, vendo que um obstáculo a impedia de tocar e sentir a face de Roni. – Seria um ato de puro egoísmo se não deixasse que duas combinações tão belas não se juntassem.

Emma locomoveu-se até onde sua maldição permitia, ficando numa distância de alguns centímetros de sua amada. Elas eram diferentes. Emma escondia-se nas trevas como um monstro. Roni expunha-se à luz como um anjo. E, entre elas, naquele instante, possuía uma única barreira: a divisão entre o lado em que a luz solar não alcançava, e o lado em que o sol aquecia a pele de Roni.

A vampira ousou levantar sua mão para acariciar a face da morena, porém, interrompeu o ato ao chegar perto da barreira que as separava. Contudo, não se atreveu e expor sua mão ao sol, aproximando-se apenas até a barreira, que, por centímetros, a luz não queimava sua pele. Se não fosse sua maldição, estaria a se unir ao lado de Roni e sentir o que jamais conseguiria outra vez: o aquecer do sol em sua pele. E, a única esperança que tinha era a de Whale obter sucesso em seu soro.

– Emma, – chamou Roni, observando a forma de como a loura tomava todo o cuidado para não se expor ao sol. Sendo assim, a morena que mergulhou nas sombras em que a vampira de escondia. – poderíamos passear qualquer dia desses... Às vezes a praça central torna-se maravilhosa e calma durante as manhãs.

– Eu adoraria. – respondeu Emma, virando-se de costas para não demostrar sua decepção. A mulher de sua vida chamava por sua companhia numa manhã ensolarada, mas jamais poderia aceitar. – No entanto, espero que me entenda... – virou-se e sentiu seu coração virar pó ao notar que os olhos castanhos brilhavam esperançosos. –... Tenho ocupações durante o dia. – mentiu. – Fico à sua disposição durante a noite.

– Entendo. – suspirou. – Mesmo assim, caso algum dia não esteja ocupada, lembre-se que sempre estarei na praça... – mesmo sabendo que, de alguma forma, suas palavras haviam causado certo incomodo em sua companheira, ela sorria e encorajava-se para dar um abraço antes de sair por aquela sala.

– Lembrar-me-ei disso, Roni. – respondeu com um sorriso, pois aguardaria Whale para apressa-lo em seu soro. – Diga-me, o que lhe atrai na praça central? Pensei que teus encantos fossem apenas a biblioteca e o teatro.

– Oh, sim... Os lugares em que costumo passar meu tempo realmente são a biblioteca e o teatro. Tu sabes como arte me fascina, e a praça é um lugar inspirador. – Emma arqueou a sobrancelha, parecendo entregar toda a atenção para a morena. – Parece que não fostes lá. É um lugar enorme, onde poucos ciclistas circulam e há bancos em frente a uma pequena fonte, onde as aves se banham e alimentam sua sede. Deveria ver pessoalmente... É muito mais belo.

Emma fechou os olhos e sorriu ao imaginar a cena que Roni descrevia. Imaginava estar presente sentada em um dos banquinhos ao lado da morena, enquanto atirava farelos ao chão de terra a fim de alimentar as pequenas e graciosas aves. Imaginava como as órbitas castanhas receberiam os reflexos das folhas e flores das árvores, ou como o doce aroma das flores se tornariam a combinação perfeita ao mesclar-se ao inebriante perfume de Roni. De fato, imaginar tudo aquilo fez com que ela se sentisse entorpecer e desejar fazer-se presente naquela cena.

– Tens razão. – inalou o aroma das flores aos altos das árvores que fantasiou em sua mente. – Eu deveria conhecer tal lugar... Tentei imaginar fielmente a cada detalhe dito, e concordo em dizer que realmente me parece muito belo. – respondeu Emma, abrindo seus olhos outra vez, dando de cara com a face admirada de Roni. – Romênia tem o dom de nos oferecer uma inspiração fascinante. Conheces algum outro local de inspiração?

– A praça central é o único lugar que vem em minha mente no momento. – respondeu após muito refletir. Ninguém jamais mencionara outro lugar belo, que lhe causasse paz. No entanto, era de se esperar, já que a cidade era cercada por bosques, sendo assim, os simples moradores se recusavam a se colocar em perigo em explorar as matas, tampouco a região próxima ao Castelo de Bran. – Lembro-me de dizer que retornaste recentemente à Romênia. A população, como o habitual, recusam-se a visitar campos mais afastados da cidade, se é que ainda existam. Muitos temem aproximar-se ao Castelo abandonado às profundidades da floresta. Outros temem o desconhecido, então, por não conhecer as estradas de terra que percorrem as matas, preferem se isolar nessa cidade.

A vampira ergueu a cabeça, pensando em algo que jamais passara em sua mente. Os campos que cercavam as redondezas de seu antigo lar não poderiam estar secos. Clamou por sua liberdade daquela terrível e solitária maldição eterna para que, algum dia, pudesse levar Roni aos campos floridos, certamente mais belos que aquela fascinante praça.

– Amedrontam-se ao se aproximar do magnifico Castelo de Bran? Por qual motivo? – perguntou curiosa, sabendo que, talvez, Roni soubesse o motivo.

– Temor por lendas antigas. – respondeu prontamente, sentando-se ao piso emadeirado observando a loura sentar-se em uma poltrona à sua frente. Emma notou o quão fascinante aquelas lendas pareciam ser aos olhos de sua amada. – Tão antigas que mal me recordo quando começaram. No entanto sei que se iniciaram em séculos passados. Não creio cem por cento em lendas, pois sempre contam da forma que bem entendem. – deu de ombros e continuou a contar tudo o que sabia. – Uma família habitava aquele castelo. Reza a lenda que a decadência abateu-se àquela família quando o mais poderoso e temível soldado foi dado como morto em uma das batalhas contra os turcos. – disse afobada, deixando seus olhos brilharem.

– O que houve com esse soldado, afinal? – perguntou Emma, apertando o acolchoado da poltrona com uma de suas mãos, escondendo sua ira por todas as falsas lendas criadas.

– Tudo não passava de murmúrios enganosos. – respondeu com ar entristecido em seu tom de voz. – Sua esposa, ao escutar tais murmúrios, atirou-se do mais alto das torres do castelo.

– Uma bela e triste história de amor, eu pressuponho.

– Certamente. Inicialmente era uma bela história de amor... Os turcos levaram tudo do pobre soldado: uma pequena criança e, consequentemente, a vida de sua esposa. Jamais foi citado nada sobre a filha do casal. Porém, ao retornar da batalha e ver que a bela princesa havia tirado a própria vida, o soldado enlouqueceu. – Roni, então, percebera o olhar confuso de Emma, como se negasse que aquilo tivesse acontecido. – Estou lhe dizendo tudo o que sei. O homem, batizado por Drácula, enlouqueceu e iniciou uma série de assassinatos sangrentos durante batalhas noturnas. Dizem que, ele empalava suas vitimas e bebia o sangue de todas elas... Todos o temiam. Todos o amaldiçoavam. No entanto, as pessoas pretendiam se livrar do mal que habitava em nossa cidade e o levaram. O mataram. E suas ultimas palavras foram as que um dia iria retornar e se vingar por tudo o que fizeram com ele e a esposa.

Emma, pela primeira vez, escutara verdade na história que criaram sobre ela. Sim, seu período de loucura era verdade. Mas, o que ninguém entendia era que, ela havia sido amaldiçoada e necessitava de sangue humano para viver, então, por que não saciar a sede no campo de batalha destroçando seus inimigos?

– Foi a partir dessa história que surgiu a lenda sobre o demônio da noite... – continuou Roni. –... Drácula tornou-se um imortal, que, antes de sua morte, transformou pessoas em imortais também. Então, surgem diversas teorias. Uma delas diz que, ao morrer fez um pacto com o próprio diabo, sendo assim, tornou-se imortal para cumprir as ultimas palavras que disse em sua cena de morte. Outra delas diz que, ao ver sua esposa morta rebelou-se contra a igreja, sendo assim, foi amaldiçoado. Isso explica suas loucuras nos campos de batalha. Então ele não está morto, de qualquer forma. – sorriu. Aquela era a parte mais bela do romance. – Se ele era um imortal, os humanos pensaram que o mataram... E até hoje o monstro procura por se juntar à amada. Até hoje busca a vingança de todos aqueles que lhes fizeram mal.

– Seria tolice se ele ainda habitasse escondido por de trás dos muros do Castelo. – comentou.

– De qualquer forma, ninguém se atreve a chegar perto. Já esteve à venda, mas acabou por ser desistido. Nenhuma pessoa teve coragem de compra-lo. – disse levantando-se para ir embora.

Emma repetiu os mesmos passos, levantando-se e entristecendo-se por não poder acompanha-la.

– Disseste-me sobre a opinião das pessoas para com esta lenda. – Emma mantinha sua postura, sempre elegante e exemplar, trazendo agora uma tranquilidade apenas ao cogitar que Roni não temia a antiga lenda. – O que quero saber é se tu também temes à figura do monstro que habita escondido aqui, na Romênia.

Roni não o temia. Desde sua infância, por mais que seus pais lhes dissessem que o sanguinário Drácula era um monstro que deveria ser parado, algo a fazia crer que não era. Algo a dizia que ele era alguém perdido, que precisava de ajuda.

– Nunca o temi, Emma. Ninguém é um monstro por natureza. – respondeu sorrindo, confiante daquilo que sempre soube: a vida cria monstros. A humanidade cria monstros. – Eu não o temo por mais que digam as atrocidades que já cometeu. Assim como quando dizes que és um monstro. – aproximou-se a fim de sentir a pele gélida de Emma e enxergar de perto as órbitas esverdeadas. – Tu não és um monstro. Vejo isso em teus olhos. Assim como creio que Drácula não é um monstro... Acho apenas que está despedaçado e perdido.

– É admirável como dizes isso com tamanha certeza.

– Não tenho a mínima ideia do que acontecera contigo, mas sei que possui um bom coração. Drácula, por sua vez, eu percebo em lendas o quanto sofreu... Como as pessoas destruíram sua felicidade. E, como eu disse, em lendas algumas coisas são omitidas. É citado apenas o que querem contar.

Roni, de fato, é diferente de todas as outras pessoas. Possui uma amabilidade, assim como uma inteligência e um modo de raciocínio incrível. Seu modo de pensar sobre os monstros citados em lendas é uma prova de como é pura. De como é diferente em todos os aspectos. – pensou.

– Estou aqui sempre para ajudar. Caso algum dia queira me contar tua história... Tudo o que acontecera contigo para que se denomine um monstro, saibas que estarei aqui para ouvi-la. – Emma permaneceu estática. Roni tomou a coragem que procurava, abraçando a vampira sem ao menos dar espaço para os braços da loura envolver seu pequeno corpo e retribuir o enlace. – Bom... Agora eu preciso ir.

Aos poucos, Roni foi se afastando para se retirar, porém, sem ter soltado as mãos frigidas da vampira. Sendo assim, o toque de suas mãos e seus dedos foi se desvencilhando aos poucos, como se não quisessem partir. Durante algumas vezes, Roni virava seu rosto para trás e encontrava novamente as órbitas verdes encarando-a, e um leve sorriso moldurando os lábios pálidos de Emma Swan.

– Até a próxima vez, Emma. – disse Roni, retirando-se de uma vez.

– Espere! – a vampira exclamou, praguejando a si mesma por ter de fazer aquela promessa. – Talvez eu apareça para te fazer companhia na praça. – pôde enxergar um sorriso aberto formando nos lábios da morena, fazendo com que seu parado coração se sentisse aquecido.

– Esperarei ansiosamente por esse dia.

A jovem deixara para Emma apenas as recordações de uma noite e de uma conversa incrível, fazendo-a suspirar e desejar para um próximo encontro.


Notas Finais


Preparem-se que, dou um spoilerzinho aqui, dizendo-lhes que no próximo capítulo teremos a primeira tentativa de Whale com o soro!

Comentem o que acharam do capítulo!


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