1. Spirit Fanfics >
  2. Into The Woods - Harmione (Harry e Hermione) >
  3. A Identidade de Uma Vítima Fantasma

História Into The Woods - Harmione (Harry e Hermione) - A Identidade de Uma Vítima Fantasma


Escrita por: Kathy_Lyn

Notas do Autor


Oi amores. Tudo bem com todos?
Muito obrigada mais uma vez.
Passei muito rápido só pra deixar mais esse capítulo.
Estou tentando postar com mais frequência porque esses capítulos estão cheios de conteúdos do passado da Mione. Não dá somente para jogar a história sem explicar como se sucederam as coisas. Ponham atenção nos detalhes porque muita informação importante para a compreensão da história está sendo transmitida nas entrelinhas.

Aqui começamos uma fase muito importante da história que é a chegada dessa nova personagem que estará sendo introduzida. Ela é uma peça chave. Mas não vou dar spoilers (◔‿◔)

Espero que gostem do capítulo. Beijos grandes

Capítulo 19 - A Identidade de Uma Vítima Fantasma


Havia uma movimentação bem estranha quando Harry chegou ao Ministério da Magia no dia seguinte. Logo no Átrio, avistou uma porção de repórteres dos principais jornais bruxos do Reino Unido. Passou por eles com um semblante nada amigável, ignorando completamente os pedidos para que se manifestasse sobre o desaparecimento de alguém. Sequer sabia do que estavam tratando, mas não se importou. Dirigiu-se rapidamente para o segundo piso do Ministério, perguntando-se que algazarra seria aquela.

Quando pôs os pés no corredor do Departamento de Aurores, avistou Thompson parado na porta de sua sala, juntamente a um casal que parecia lamentar algo. O amigo lhe lançou um olhar de desgosto.

—O que aconteceu? — Indagou antes de qualquer coisa.

—Harry, eles são Alice e David Austin — Apresentou brevemente o casal e Harry fitou de imediato os olhos transtornados da pobre mulher — Vieram para reportar o desaparecimento de sua filha.

—Ah! — Ele exclamou em tom surpreso, imaginando se esse fato teria envolvimento com a possível vítima da residência de Khalil Hashid — Vamos entrar! — Abriu a porta para eles, logo em seguida.

Os três passaram e tomaram assento, discorrendo o olhar pela sala do Chefe dos Aurores. E Harry fitou-os com exatidão, perquiridor.

Alice tinha, todavia, uma aparência jovem, não deveria ter muito mais que quarenta. Cabelos curtos e muito encaracolados, vermelhos como fogo.

David também era jovem, mas já apresentava uma boa quantidade de cabelos grisalhos. Tinha uma estatura grande e muito forte. Sentiu-se pequeno perto do homem. Apesar disso, denotava um semblante passivo, abraçando sua esposa com um enternecimento apreciável.

Thompson pigarreou, tencionando iniciar o relatório daquele mais novo caso.

—Há uma grande preocupação neste caso, Harry… — Ele informou, muito descontente — Por isso os trouxe pessoalmente para que lhe contem com detalhes tudo que sabem. A mocinha tem apenas quinze anos de idade.

—Quinze anos? — Indagou, não evitando uma expressão de surpresa.

—Minha filha se chama Amanda, senhor Potter. Ela apenas completou quinze no último inverno e não temos nenhuma informação dela desde semana passada — Alice contou.

—E por que somente agora estão comunicando o desaparecimento?

—Ela estuda em Hogwarts, mas aparentemente, ninguém sentiu a falta dela até ontem à noite — A mulher explicou. Em seguida, retirou uma fotografia da jovem de dentro de sua bolsa, entregando-a a Harry.

—Amanda estava se tornando uma jovenzinha muito insurgente, senhor Potter — David prosseguiu com o relatório — Já fugiu da Escola algumas vezes e por isso acreditamos que tenha acontecido o mesmo desta vez.

—Sim, mas ela sempre retornou no mesmo dia. Amanda me enviava cartas todas as semanas e agora já não o faz.

—E vocês não têm a noção de quando ela deve ter saído de Hogwarts?

—Um colega diz ter visto ela indo em direção à Hogsmead, no último domingo...

—Não entendo como um aluno foge de Hogwarts assim! — Thompson exclamou, encabulado.

—Bom, de fato não há muito segredo nisso… — Respondeu, lembrando-se de quantas vezes ele e seus amigos fizeram o mesmo — O que me deixa intrigado é que tenham demorado tanto para se dar conta de sua ausência! Ninguém deu por falta dela nas aulas?

—O diretor Burck Lewis é muito duro. Disse já estar cansado da teimosia de Amanda. Na verdade, quem nos informou de seu desaparecimento foi um dos professores.

—Oh! Merlin…

—Mas eu tenho certeza de que minha filha não está escondida em nenhum lugar, senhor Potter! Aconteceu algo com minha Amanda, senão ela já teria retornado para casa! — Alice garantiu, perdendo completamente a postura e desabando-se em lágrimas, num pranto copioso — Por favor… Encontre minha filha. Estamos desesperados com a possibilidade de que ela seja mais uma vítima desse assassino em série!

Harry olhou-a, longamente. Era sempre comovente presenciar o desespero de algum familiar. Mormente quando esses familiares eram os pais da vítima. Não tinha palavras suficientes para confortá-los. Apenas podia limitar-se a dizer que faria seu melhor, já que nem mesmo podia garantir uma solução para a dor que os afligia. Queria fazer isso, verdadeiramente. Mas… E se não chegassem a encontrar a jovem Amanda?

Quando todos deixaram a sua sala, quase uma hora mais tarde, tomou todo o depoimento por escrito entre as mãos e deixou-se devanear.

De fato, já esperavam a reportação do desaparecimento de alguma mulher, levando em consideração a possível próxima vítima de Sir Jhones. Não obstante, jamais esperava que essa possível vítima fosse uma menina de apenas quinze anos.

Amanda seria a pessoa que estava em cárcere na residência de Hashid?

O assassino nunca havia escolhido alguém tão jovem, embora tivesse que considerar, igualmente, que Paul McCartenn tinha apenas dezoito anos. Não muito mais velho que Amanda…

Além de tudo, não haviam recebido a denúncia de mais nenhum desaparecimento. Aquelas não eram situações comuns no mundo bruxo. Não era muito natural que um bruxo desaparecesse. Tanto que, nos últimos anos, os únicos casos reportados eram os das vítimas de Sir Jhones. Lidar com uma diligência como aquela, neste momento, seria um imenso desafio. Não tinha equipe suficiente para tratar tantos casos. Contudo, como já imaginava antes, era impossível postergar a situação. Todavia mais em se tratando de uma menor de idade. Precisariam dividir os trabalhos e começar a investigar o paradeiro de Amanda, inevitavelmente. Como fariam isso?

Hermione foi a primeira pessoa que lhe veio à mente. Se não era comum para os Aurores ter de lidar com investigações sobre pessoas desaparecidas, a polícia trouxa, pelo contrário, lidava constantemente com isso. E Hermione havia trabalhado num caso exatamente igual. Não tinha dúvidas de que, além de toda a sagacidade que ela sempre possuiu, também havia adquirido experiência suficiente com aquela trágica situação na Turquia. Quiçá fosse a pessoa ideal para liderar aquelas buscas.

Olhou o relógio de ponteiros sobre sua mesa, afim de conferir as horas. Ainda era bem cedo, provavelmente ninguém da equipe havia chegado, todavia. Falaria com ela assim que chegasse, estava decidido. Além de ser um ponto extremamente positivo ter alguém com sua experiência à frente do caso de Amanda Austin, também teria uma excelente desculpa para afastá-la do caso de Khalil Hashid...

O jovem parou debaixo do umbral da porta de sua sala e abriu um sorriso doce. Ela abandonou a pena que tinha na destra, jogando-a dentro do tinteiro. Devolveu o sorriso, assistindo-o entrar e aproximar-se de sua mesa.

Hoşgeldin! — Cumprimentou-o com gentileza, recebendo uma resposta de agradecimento, logo em seguida.

O amigo, sempre destemido, sentou-se antes mesmo de ser convidado, estendendo para ela um dos copos que levava nas mãos.

Türk Çayi… Para que não se esqueça das coisas que costumávamos fazer no TSB! — Explicou, num largo sorriso. Hermione recolheu o copo e revirou os olhos.

—Nunca vou me esquecer, não se preocupe. Mas obrigada, mesmo assim. Confesso que já estava com saudades do seu chá.

—Eu sei. Você dizia que não era exatamente bom, mas sempre tomava, ainda assim — Brincou e ela assentiu, rindo-se.

—Acho que o que mais me faz falta, são os longos minutos que passávamos conversando e tomando chá, antes do trabalho.

—Não diga essas coisas, Mione. Assim me fará pensar que não está feliz aqui!

Ela suspirou profundamente e desviou o olhar para os papéis que tinha sobre a sua mesa.

—Claro que estou, Sinan. Apenas o digo porque… Não sei. No momento temos tantas responsabilidades que mal nos sobra tempo para respirar! — Explicou-lhe, afastando a ideia de que estivesse desgostosa com a turbulência de seu relacionamento com Harry. Estranhamente, doía lembrar-se de como estava feliz com ele, apenas uma semana antes. E era, todavia mais estranho, pensar em como sentia falta dele, mais do que como amigo.

Mas não era preciso dizer nada… Sinan interpretou muito bem o que ela quisera dizer. Contudo, tampouco queria adentrar aquele tema.

Harry avistou a porta entre aberta, mas estagnou quando ouviu a voz do turco. Colocou, na face, um semblante impaciente. Deveria proibí-lo de pisar no seu Departamento? Indagou-se. Tinha urgência em falar com Hermione sobre as novas pendências. Contudo, uma certa curiosidade o instigou a escutá-los, antes de entrar. Escorou-se na parede, preocupado em ouvir Yasin falar sobre o caso The Woods.

—Não é para menos, aşkım! Investigar uma série de assassinatos não é brincadeira.

—Você não faz ideia... Não temos tido sossêgo nesse caso. É uma intercorrência atrás da outra. Às vezes é difícil nos situarmos — Ela reclamou.

—Posso imaginar, Mione. E na verdade, isso me preocupa muito. Sei bem o quanto a senhorita se distrai com o trabalho ao ponto de esquecer de cuidar de si mesma! E se me permite um conselho, minha linda, trabalhar excessivamente não te fará esquecer as dores da alma!

Ela alçou as sobrancelhas para ele, tomando um gole de seu chá. Sempre se perguntava como Sinan podia conhecê-la tão bem. O amigo era capaz de adivinhar até mesmo as entrevias de seus comportamentos, ainda que tivesse a mais perfeita desculpa para cada um deles.

—Não precisa se esforçar para me convencer disto... Já me dei conta, há muito tempo — Confessou, desanimada. Em seguida, meneou a cabeça — Mas não vamos falar disto. Me diga… Pretende voltar para Istambul na próxima semana?

—Evet! Acredito que sim. Preciso aproveitar o restante das férias para organizar um bocado de coisas pendentes na vida pessoal... Mas eu realmente não quero ir embora e te deixar assim, Mione...

—Assim como?

—Não se faça de desentendida! — Encurvou os lábios para ela, muito astuto — Quando cheguei aqui, pensei que encontraria uma Hermione muito mais forte e decidida! Você saiu da Turquia me dizendo que apenas precisava estar em casa, perto de seus amigos, de sua família. Em contrapartida, chego aqui e vejo todo o contrário…

—Não seja exagerado, Sinan. Eu estou perfeitamente bem. E já te disse que muito feliz também, apesar de preocupada com toda essa situação do caso The Woods.

Elbette… E ignorando completamente o seu próprio filho!

Ela o fitou com um olhar de reprovação, meneando a cabeça.

—Mione, você sabe que eu te admiro muito por sua força. Mas se pretende ter esse bebê, precisa começar a pensar em como vai fazer isso.

—Sinan…

Ele levantou a mão, interrompendo-a, no mesmo instante.

—E não adianta me dizer que está fazendo isso, porque sei muito bem que você não tem tido um mínimo pensamento para esse bebê, seja de amor ou de reprovação!

—Ah! E como sabe disso, senhor sabe tudo? Por acaso é um legilimente, agora? — Ironizou.

Yok! Basta deduzir pelas suas atitudes… Você e o Potter estavam ficando juntos e não foi capaz de conversar com ele sobre sua gravidez, uma única vez — Explicou, fazendo-a enrubescer.

Harry abaixou a cabeça, consternado. Yasin tinha razão. Ela, em nenhum momento havia dito nada a ele, sobre nenhum dos problemas que vinha enfrentando nos últimos tempos. Significava que já não confiava nele?

Em contrapartida, conversava abertamente com o turco. Pensou ir embora e retornar mais tarde. Contudo, a resposta dela fê-lo se deter.

—Não me acuse disto! É claro que eu tentei falar com Harry, mas aconteceram muitas coisas que nos impediram de ter uma conversa digna. Quase não temos tido tempo para falar sobre os assuntos pessoais! São tantas coisas no trabalho, tantas pendências que não nos sobra tempo! — Explicou, muito convicta de que aquela era a razão do pequeno desentendimento que haviam tido.

—Com certeza, Mione. E é esse o problema... Você faz milhares de rodeios para falar sobre um assunto que deveria surgir naturalmente… — Sinan interpôs — Não gosta de falar sobre a sua gravidez, nem mesmo comigo que tenho te apoiado durante todo este tempo.

—Tudo bem. Tem razão… — Admitiu, por fim, decidindo que seria melhor concordar com o que o amigo dizia, afim de não dar cabo àquela pequena discussão — Tem toda razão, Sinan! O que eu posso dizer? É exatamente assim que acontecem as coisas…

—Mione… — Ele estendeu uma mão, segurando a dela por sobre a mesa e fitando-a com afabilidade — Desculpe te chatear tanto com esse assunto. Mas você sabe que apenas quero te ver bem.

—Eu sei, arkadaş. Você já me disse mil vezes…

—E não acha que está na hora de começar a ouvir meus conselhos? Começar a olhar para seu filho como o que ele é… Seu bebê!

Ela nada contestou, apenas continuou fitando-o, serenamente, como quem aprecia valiosas recomendações.

—Precisa começar a preparar-se para a chegada dele. Dar a ele a primeira roupinha, o primeiro sapatinho… Montar seu quartinho... Até quando vai esperar? Até que ele nasça para se dar conta de que é você mesma que terá de cuidar dele?

Era exatamente isso que a apavorava e ele sabia bem. Imaginar que aquele bebê dependeria totalmente dela, a deixava aturdida. Como poderia cuidar de um pequeno ser tão indefeso? Resguardava o medo de não ser capaz. Da mesma forma que não havia sido capaz, nem mesmo, de proteger a pequena Öykü do ataque monstruoso de Ali Sayid.

—Mione… Não foi sua culpa o que aconteceu com Öykü! — Ele murmurou por último, estarrecido por jamais conseguir convencê-la do contrário.

Harry recolheu o recorte do jornal de dentro do bolso e desdobrou-o, discorrendo o olhar pelas fotografias delas.

Apenas Hermione conseguia ocupar sua mente mais do que todo aquele tormentoso caso que do serial killer.

Não lhe saía da cabeça, o semblante de tristeza que ela havia expressado no dia anterior, quando falara sobre seu sequestro. Obviamente que, uma situação como aquela seria para sempre marcante, para qualquer um. Mas não havia deixado de notar o quanto mexia com ela. Tanto, ao ponto de fazê-la calar-se. Exatamente como agora, quando o próprio amigo turco havia tocado na questão.

E era por essa mesma razão que se preocupava. Hermione não era o tipo de pessoa que escondia seus sentimentos ou que deixava de falar sobre seus temores. Nunca havia sido. Muito pelo contrário. Em contraste com seu caráter forte e austero, era também muito sincera e destemida, sem receio de expôr suas fraquezas. A admirava imensamente por essa personalidade única que possuía. Não obstante… Por duas vezes se calara diante de assuntos tão importantes. Não falava sobre sua gravidez e tampouco queria falar sobre o atentado que havia sofrido. Não a reconhecia. Aquela não era a mesma Hermione com a qual convivera durante longos anos de amizade e cumplicidade. De fato, muitas coisas haviam mudado nela e já havia percebido desde que se reencontraram. Claro que, o grande período que passaram distantes, contribuiu para que o relacionamento entre eles também mudasse. Mas ela já não era tão confidente quanto antes e isso lhe incomodava enormemente. Agora, todavia mais… Precisava entender como o assassino havia dado com aquela informação do atentado que sofrera meses antes. O que é que saíra tão mal naquele caso? Como ela pudera deixar-se ser coagida por um trouxa? Justamente ela que havia sido sempre tão sagaz e astuta em todas as atitudes que tomava... Por que o assassino havia enviado aquele folheto de jornal junto de sua foto?

Afastou-se da porta de sua sala, caminhando até a outra extremidade do corredor. Suspirou profundo, escorando-se na janela que dava vista ao Átrio.

Sabia que necessitava conversar com ela para compreender. Contudo, entrar nesse tema a faria questionar, incessantemente, suas razões de querer saber, principalmente agora que estavam tão afastados. Não queria preocupá-la com mais aquele mistério das fotos. O que faria?

Virou o olhar e avistou Sinan saindo da sala dela, quase no mesmo instante.

Sabia que, apesar de sua resistência, Yasin tinha total conhecimento de todos os detalhes daquele infortúnio. Ele havia participado das investigações do sequestro de Öykü, junto dela. Não seria coerente buscar informações pelas costas de sua amiga. Mas a incerteza do que aquele caso representava para o serial killer, motivava-o a tomar aquela decisão. Se Yasin era intrometido o suficiente para não deixá-la em paz, nada mais justo que lhe ajudasse a desvendar aquele mistério!

—Yasin! — Interceptou-o antes que ele sumisse pelo corredor. O turco virou-se rapidamente, num semblante inquiridor.

—Potter... Bom dia!

Harry apenas assentiu, sem intenção de delongar qualquer cumprimento.

—Precisamos conversar… Te encontrarei no hotel onde está hospedado, hoje à noite, após o fim do meu expediente — Anunciou, muito categórico e autoritário. Retirou-se, logo em seguida, deixando para trás um Sinan totalmente confuso.

Küreklidere Şelalesi, Yıldırım, Outono, 20 de dezembro de 2006.

Dia 05

Sayid abriu os braços e deixou cair, no chão, uma pequena quantidade de tábuas de amieiro, recém cortadas. Lançou um olhar rápido em direção ao quarto e volteou-se para o velho aquecedor de ambiente, tomando-o pela taramela e arrastando até a pequena habitação onde suas prisioneiras passavam a noite.

Öykü desceu da cama onde antes estivera deitada e correu para o canto de uma parede, escondendo-se dele, assim que abriu a porta.

—Por que se esconde? — Foi o primeiro que ele perguntou, ao mesmo tempo em que abria a portinhola do aparato e e atirava os pequenos pedaços de lenha dentro do recipiente de ferro.

Hermione abriu os olhos e alçou a vista, parecendo acordar de um breve sono. Sentiu-se mais situada que horas antes. Certamente, o efeito do entorpecente que ele lhe aplicou estava cessando.

Observou como ele colocava a lenha no aquecedor, inebriando-se pelo odor acre que os ramos de amieiro exalavam.

—Trouxe para que se aqueçam do frio da noite! — Ele explicou perante os olhares incessantes das duas — Para que vejam que não quero machucá-las…

Conectou a saída de vapor à chaminé improvisada perto da janela. Depois, recolheu uma caixa de fósforos do bolso e acendeu um palito, atirando-o dentro do recipiente. Em seguida, fechou a portinhola e assistiu como algumas chamas avermelhadas crepitavam pelo embaçado visor de vidro.

Segundos mais tarde, todavia em silêncio, acercou-se de Hermione e desatou o nó das cordas que prendiam seus braços.

—Anlamıyorum… — Escutou-a pronunciar — Não entendo… Por que está nos mantendo aqui? Se não quer dinheiro, então o que quer?

Sayid puxou o restante das cordas e liberou-a, completamente. Ela jogou seus braços sob as pernas, sentindo-os adormecidos pelo grande tempo que passaram em uma única posição. Massageou os pulsos doloridos e marcados pelas apertadas amarras que a mantinham presa.

—Não quero dinheiro, não preciso — Foi o que ele respondeu. Paralisou-se por alguns instantes, fitando seus olhos castanhos. E Hermione o encarou. Sayid era um homem muito atraente, apesar de enigmático. Seus olhos claros revelavam uma expressividade tão profunda, raramente presenciada em outras pessoas. Quase podia lê-lo, com tão somente fitá-lo nos olhos. O rosto sempre sereno, de traços simétricos, conferiam-lhe uma beleza única e inusual. Não lhe atraia, obviamente. Antes, inspirava um certo temor, justamente por sua capacidade de parecer condescendente, mesmo não o sendo.

—Quando sequestrei Öykü, foi unicamente por motivos de vingança! — Ele decidiu revelar, falando em um tom ameno. Sentou-se no chão, defronte ela, como quem se senta para prosear com um amigo — Eylül era toda minha vida. Minha princesa, minha razão de viver. Éramos tão felizes… Uma felicidade que eu pensei que nunca desvaneceria. Mas que Aslan tratou de dar fim de uma maneira torpe.

Hermione girou o olhar e encontrou-se com Öykü, todavia sentada em um canto do quarto.

—Por favor... Não diga essas coisas na frente dela — Pediu, calmamente. No entanto, Sayid parecia não havê-la escutado. Estava absorto em seus próprios pensamentos e lembranças.

—Em um só golpe eu perdi tudo! Minha Eylül… Minha esposa que não aguentou passar por essa perda tão terrível e se suicidou, menos de um ano depois. E eu decidi que faria Raif pagar por isso.

Alguns burbúrios ressonaram na habitação. Sayid olhou para Öykü, brevemente e viu-a choramingar. Não obstante, ignorou-a, prosseguindo em suas próprias lamentações.

Sequestrei Öykü com a única intenção de fazê-lo sofrer! Queria que ele sofresse pela ausência dela, assim como eu sofri pela ausência da minha menina! — Ele virou-se novamente para Hermione, acariciando o seu rosto — E então eu te vi pela primeira vez naquela investigação! Foi como se uma luz iluminasse minha mente e eu descobrisse que essa atitude que tomei não foi uma decisão compulsória! Foi algo determinado! Um determinismo do destino que me empurrou para fazê-lo. Porque você é muito, muito parecida com Melek… — Hermione franziu o cenho, totalmente confusa, todavia mais pela maneira com que ele estava falando. O que estava acontecendo com Sayid?

—Quem é Melek?

Minha falecida esposa! E agora ela é realmente um anjo que foi para o céu junto de minha filha… — Ele sorriu. Parecia alucinado, Hermione não soube precisar bem — Mas a vida me deu vocês duas… Você e Öykü para que estejamos juntos e sejamos uma família!

Hermione fitou novamente a menina, reparando em seus olhinhos inchados. Pobre Öykü… Não estaria compreendendo nada de tudo aquilo.

—Sayid… Por favor! A vida está te dando outra oportunidade de repensar e acabar com esse martírio! Por favor… Deixe Öykü voltar para casa.

—Jamais. Jamais… Eu não deixaria que me tirassem a minha filha novamente! Öykü agora será minha. E você também. Precisa começar a aceitar isso! — Ele levantou-se, parecendo meio desnorteado. Recorreu o olhar pela habitação, repetindo o último que dissera, várias vezes. Até que se calou. Estagnou e fixou o olhar nela novamente, agora com um semblante transformado. Como se houvesse entrado em um pequeno estado de transe e acabasse de sair dele.

—Sayid… Não faça isso com Öykü, por favor… — Ela voltou a pedir, tentando levantar-se, dificultosamente. Sayid aproximou-se e a deteve.

—Fique aí! — Ordenou, adotando o tom mais ríspido que sempre utilizava com elas. Tomou as cordas novamente e, com uma das mãos, juntou os pulsos dela, amarrando-os com o auxílio da outra mão livre. Fechou um nó apertado, como garantia de que ela não se soltaria — Preciso te injetar outra vez. Já está passando o efeito da última dose!

Disse e levantou-se, saindo do quarto, ofegante. Em menos de um minuto, retornou com uma seringa já preenchida de um líquido claro.

—Por favor, não faça mais isso... Eu prometo que não vou te atacar, prometo… — Ela implorou, tentando ao máximo, conter a exasperação, afim de não assustar Öykü.

Desculpe, querida, mas não posso me arriscar! — Segurou-a firme, injetando a substância na região do músculo deltóide. Não se demoraria muito a começar o efeito, assim que não se preocupou em prendê-la junto a um móvel para que não tentasse escapar. Levantou-se, fitando-a com um olhar superior. E ela lhe devolveu um olhar de aversão.

—Que porcaria é essa? Pelo menos pode me dizer? — Indagou pela primeira vez, referindo-se ao entorpecente. Sayid abriu um sorrisinho sagaz.

—Apenas um pouquinho de Diacetato de Morfina misturada à um tipo de Benzodiazepina — Contestou com sinceridade, deixando-a saber que não estava brincando.

—Filha de uma… — Ela resmungou, desacreditada. Sua vasta experiência no mundo trouxa lhe conferira conhecimento suficiente para saber a que tipos de drogas ele se referia.

Sayid apenas abriu um sorriso maior, sem nada mais a dizer. Deu-lhes as costas e deixou a habitação, trancando a porta com chave.

Hermione deixou-se escorar na parede, sem conter uma lágrima. Havia tratado de ser forte, todos aqueles dias, por Öykü. Mas não estava sendo fácil. Nada fácil… Não tinha muitas horas de lucidez, porque ele não permitia. Sayid estava complemente louco... "E ainda diz que não quer nos machucar!", bravejou, mentalmente.

Öykü, finalmente saiu de onde estava e juntou-se à moça, acolhendo-a com um abraço apertado.

—Nasılsın? Você está bem, Mione?

—Iyiyim! Estou bem, canım. Não se preocupe…

—Ele te machucou? — A pequena todavia choramingava, muito assustada com toda aquela cena.

—Não, ele não me machucou, princesa. Eu estou bem! — Tratou de tranquilizá-la. Sentia seu coração se afundar de lástima por Öykü. Era tão pequenina para vivenciar tudo aquilo.

—Teyze… Ele te aplica essa injeção para que você não possa fazer magia?

–Evet, Öykü. Você é uma menina muito esperta!

—Então, se ele não te aplicar esse remédio, você pode fazer magia para sairmos daqui?

Hermione franziu o cenho e a fitou, cheia de dúvidas.

—Belki… Talvez eu consiga fazer algo! — Ela tentou imaginar o que pudesse fazer. Se conseguisse permanecer um longo período sem aquela droga, talvez pudesse aparatar. Contudo, teria de levar Öykü consigo. Não… Ela era muito pequena para aparatar. Ademais, não era bruxa. Como poderia submetê-la a isso? Poderia ter riscos para a sua vida. Jamais poderia colocá-la em risco.

Não, precisava pensar em outra maneira de sair dali… Como poderia atacar Sayid e imobilizá-lo? Precisava de um feitiço mais simples, que não exigisse tanto esforço físico ou mental e que conseguisse conjurar com precisão. Qual? Indagou-se, continuamente. Seria muito simples responder à essa questão, em circunstâncias diferentes. Mas sua mente já começava a confundir-se entre a exaustão e o estado de alerta. Os terríveis efeitos das drogas de Sayid, começavam a pesar, deixando-a um tanto desorientada. Era exatamente esse o efeito que ele desejava atingir: deixá-la confusa o suficiente para não conseguir raciocinar e planejar uma fuga.

—Öykü… — Pelejou para dizer — Tente descobrir onde Sayid guarda as chaves da casa, tamam?

—Por quê? — Ela quis saber, um tanto assustada com aquele pedido.

—Eu tenho um plano… Pode fazer isso? Acha que pode?

Tamam, Mione! Eu posso fazer isso! — Ela contestou, agora mais animada. Hermione assentiu e deixou-se deitar no chão, sentindo aquele torpor estranho invadí-la.

—Não o deixe saber… Tenha cuidado. Tenha cuidado… — Sussurrou por último, fechando os olhos e rendendo-se ao sono profundo que recaiu sobre si.

Öykü olhou-a por alguns instantes, apenada. Levantou-se e recolheu uma manta de cima da cama, jogando-a sobre a moça.

De repente, seu olhar pequeno e preocupado recorreu pelo ambiente, meio indecisa sobre o que faria. Tinha muito medo de Sayid. Mas, mesmo em sua tenra idade, compreendeu que precisava ajudar Hermione. Caso contrário, talvez nunca saíssem daquele lugar."


Notas Finais


Obrigada por ler este capítulo. Deixe sua opinião aqui embaixo. É muito importante para mim (◍•ᴗ•◍)❤


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...