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História Into The Woods - Harmione (Harry e Hermione) - O Caso de Ali Sayid


Escrita por: Kathy_Lyn

Notas do Autor


Boa noite amores. Passei muito rápido para deixar mais esse capítulo. Ele é bem grande, por isso teremos de dividi-lo em mais partes. Trarei o restante assim que possível.
Agradeço a todos pelos comentários e favoritos, ainda não tive tempo de respondê-los, mas o farei logo.

Espero que gostem. Boa leitura a todos (✷‿✷)

Capítulo 20 - O Caso de Ali Sayid


Sinan cruzou os braços e fixou seu olhar no rapaz sentado em sua frente. Esperou o garçom servisse-lhes duas xícaras de chá e retirar-se. Harry agarrou o recipiente entre as mãos e deu um pequeno sorvo.

—Certo, Potter… Agora pode me dizer o que quer comigo? — O turco indagou diretamente, já preocupado pelos motivos que o teriam levado até ali.

—Quero falar sobre Hermione! — Contestou sem rodeios — Mais bem dizendo, quero perguntar sobre algo que descobri recentemente.

—Não é sobre o filho de Hermione novamente, não é? Porque se for, já te disse que não vou falar nada. Se quiser saber, pergunte para ela!

—Não, é sobre outra coisa — Interrompeu, calmamente — Na verdade, é algo relacionado a um caso que estamos lidando no Ministério, mas não posso entrar em detalhes com você… Só que, apesar de tudo, sei o quanto se preocupa com Hermione e temo que ela esteja em perigo. Por isso preciso de você para me ajudar a entender isso — Ele retirou o informe jornalístico de dentro do bolso e depositou sobre a mesa. Sinan lançou-lhe um olhar impaciente, no mesmo instante.

—Potter… De onde tirou isto? — Reclamou em tom ríspido.

—Isso é o de menos. O importante é que estou aqui porque preciso saber o que realmente aconteceu neste caso.

O outro deu uma risada irônica e revirou os olhos, desacreditado.

—E por que acha que eu vou te contar qualquer coisa? Se Hermione não te contou, deve ter seus motivos!

—Sim, deve ter e você sabe bem quais são. Mas não se trata de um jogo, Yasin. Preciso que me ajude por questões sérias!

—Nem tente, Potter. Eu não sou um dos seus Aurores para tentar me fazer de subordinado. E muito menos um suspeito para que venha me interrogar!

—E não é isso que quero! Já te disse que são questões sérias e que Hermione pode estar em perigo.

—E por que estaria? Se você me disser, talvez resolva te ajudar…

—Não posso dizer nada, são assuntos do Ministério, você entende que existe um sigilo e sabe que não posso falar! Eu não disse nem mesmo para Hermione porque não quero preocupá-la. Mas realmente preciso entender esse caso para saber com o que estamos lidando e se você não me ajudar, terei de ir perguntar diretamente para ela…

—Nem pense nisso, Potter! Não vá importunar Hermione com esse assunto! Ela ainda está abalada demais com tudo que aconteceu.

—Imagino. E realmente não quero ter que fazê-la tocar no assunto e muito menos ter que dizer os motivos de estar perguntando sobre isso. Mas se não me ajudar, terei de fazê-lo — Contestou fitando-o duramente — Eu não mentiria sobre uma coisa destas, Yasin. Se estou te dizendo que a vida de Hermione pode estar em risco, é porque tenho sérios motivos para acreditar nisto!

O turco silenciou-se por uns instantes e tomou um gole de seu chá, pensativo no que o outro dissera. Harry era um grande amigo de Hermione, apesar de acreditá-lo um imbecil. Ele não seria capaz de inventar uma desculpa destas. Se estava dizendo que Hermione poderia estar em perigo, deveria levar em consideração. Mas o que estaria acontecendo? Não conseguia, ao menos, imaginar o que havia sucedido no Ministério Britânico que pudesse dar envolvimento ao caso que eles haviam tratado em Gürsu.

—Tudo bem, vou ajudá-lo! — Acabou concordando, por fim. Harry pareceu satisfeito — Diga logo, o que é que você quer saber?

—Bom, primeiramente quero tentar entender como sucedeu esse desfortunio que se passou com Hermione e Öykü. Quem é esse homem que as sequestrou e por quê?

Sinan torceu os lábios e deixou sua xícara sobre a mesa. Em seguida, desviou o olhar, exprimindo uma feição de desalento. Não era doloroso apenas para Hermione ter de lidar com esse assunto. Amando-a como sempre havia amado, também era imensamente difícil recordar tais acontecimentos e não entristecer-se.

Küreklidere Şelalesi, Yıldırım, Inverno, 23 de dezembro de 2006.

Dia 08

"Um vento pujante rugia do lado de fora da pequena cabana, desferindo-se contra as frágeis janelas de madeira e espargindo os pequenos flocos de gelo pelo ar. Öykü grudou o rostinho meigo na parede e fitou o cenário esbranquiçado do lado de fora, observando como os enormes vidoeiros e cedros pendiam-se para um lado, como se fossem se derrubar a qualquer instante.

Afogou um grunhido de pavor e virou-se para Hermione, alisando os pequenos bracinhos, simultâneamente, afim se aquecê-los do rigoroso frio.

—Hadi... Vem aqui! — A moça sentou-se na cama e a chamou. Öykü correu de encontro aos seus braços e aferrou-se nela, confortada pelo calor e pela segurança que lhe transmitia — Vou te aquecer, Küçük kiz — Abraçou-a e cobriu-as com a única manta que tinham disponível.

—Está tão frio, Mione...

—Você tem medo das tempestades? — Perguntou-lhe, admirando seus olhinhos verdes. A pequena assentiu, veemente.

—Evet. Principalmente quando as árvores se balançam assim, como se fossem cair sobre nós — Confessou, encolhendo-se mais.

—Endişelenme! Não se preocupe, meu amor. As árvores das montanhas são fortes o suficiente para suportarem qualquer afoito da natureza.

—Mesmo?

—Uhum! — Ela confirmou, tocando seu pequeno narizinho vermelho e gelado pelo frio.

As duas permaneceram em silêncio por alguns segundos, até que escutaram alguns ruídos provindos do interior da casa. Öykü olhou-a novamente.

—Mione… Você não está mais cansada? Não consegue fazer um feitiço para irmos embora?

Hermione fitou-a com certa lástima. Pobre Öykü… Era tão pequena, não compreendia absolutamente nada do que estava acontecendo. Admirava sua inocência de criança. Em sua cabecinha, imaginava que a magia era algo tão simples como respirar e que bastava um desejo para que desaparecessem dali. Queria que fosse realmente assim, tão fácil como um simples desejo. Mas não era. Há dias que não conseguia realizar um feitiço sequer, por mais singelo que fosse... Começava a descobrir que, as drogas que Sayid lhe injetava possuíam reações adversas muito duradouras. E mesmo que já não estivesse tão dopada quanto permanecera nos primeiros dias, não conseguia conjurar, nem mesmo, luz aos lampiões dependurados no alto das paredes.

O infeliz parecia haver percebido isso também, já que não lhe aplicava com tanta frequência como no começo. Esperava passar todo o efeito do entorpecente, antes de aplicar outra dose. Nesse meio tempo, enquanto estava mais lúcida, tentava puxar conversa com ela e convencê-la a permanecer ali por vontade própria. "Um completo insano…"

—Öykü... Eu queria muito fazer isso, canım. Mas não é nada fácil. Um bruxo precisa de muita energia para realizar feitiços, assim como as crianças precisam de energia para brincar e fazer as lições de casa — A menina expressou um semblante de lástima — E eu não posso te levar comigo quando aparatar porque pode ser muito, muito perigoso para você. Não quero te machucar…

—E então, o que vamos fazer? — Ela cochichou, notando que Sayid se aproximava.

—Shi…

Ele estagnou na porta, lançando-lhes um olhar duvidoso.

—O que estão cochichando?

—Hiçbir şey… — A pequena Öykü negou, meneando a cabeça.

—Nada… Estou de olho em vocês duas! — Aproximou-se, ameaçador — Está na hora do seu remedinho, querida prisioneira — Avisou-a, levantando a seringa em uma das mãos. Hermione alçou a vista para ele, sem intenção de fazer mais protestos — Estenda o braço! — Ordenou, puxando-o para o seu lado. Massageou o antebraço, procurando por uma boa veia que pudesse injetar. Após terminar, cuidou de colocar um pequeno esparadrapo em cima da lesão — Mais rápido para que não tenham muito tempo de matutar seus planos contra mim! — Confessou, sorrindo com perspicácia.

Ela já sabia, mas decidiu que não relutaria mais contra suas decisões. Sayid era muito estranho. Encarnava duas personalidades diferentes. Algumas vezes muito afável e preocupado. Outras vezes, duro e astuto. Mas, em ambas, sempre reluzia o aspecto primordial que as mantinham aprisionadas: a agressividade. E Hermione jurava que essa agressividade era pior quando encarnava a pose de bom moço... Quando dizia que queria-as para ele e tentava convencê-la a ficar para sempre. Nessas horas, tinha mais medo dele do que quando se mantinha distante e frio.

Ele levantou-se, segundos depois e deixou o quarto, silenciosamente.

Hermione deitou-se na cama, sentindo a cabeça girar intensamente. E Öykü a abraçou.

—Mione… Não durma! — Pediu, chorosa.

A moça virou-se para ela e segurou sua pequena mãozinha.

—Consegue fazer o que nós combinamos?

A menina assentiu de imediato, arregalando os olhinhos.

—Confio em você, Öykü... Tenha cuidado! — Sibilou, debilmente.

Horas mais tarde, quando a noite já havia caído, ela abriu os olhos novamente, divisando o semblante preocupado da menina.

—Mione, acorda! — A pequena chamou-a uma vez mais, sacudindo-a.

—O que aconteceu? — Ela sentou-se na cama, completamente aturdida.

—Eu fiz o que me pediu… — Öykü contestou, apressada — Peguei a chave da porta dos fundos!

—Sério? — Hermione alarmou-se – Tem certeza de que ele não percebeu-se de nada?

Öykü confirmou, meneando a cabeça.

—Ótimo! Isso é ótimo… Muito bem, Öykü! Boa menina.

—Ele saiu, Mione. Não sei onde está, mas disse que iria até a cidade!

—Então não podemos esperar mais! Tenho que tentar escapar agora, Öykü.

—Agora? — A menina pareceu extremamente preocupada.

—Não podemos esperar outra oportunidade... Talvez não tenhamos outra chance como esta!

Ela levantou-se rapidamente, apoiando-se na parede. Quase caiu quando pôs os pés no chão. Sentia-se terrivelmente débil e fatigada. Ponderou que deveria ter se passado em torno de três horas desde a última dose da injeção. Ainda demorariam-se algumas outras mais para que cessassem totalmente os efeitos. Como escaparia em meio à uma floresta, sem nem mesmo saber onde estava? Com todo aquele frio, era todavia mais difícil. Mas precisava tentar. Era a chance de sair dali e salvar Öykü…

A menina aproximou-se dela, abraçando-a pela cintura.

—Mione, quero ir com você!

—Hayır, Öykü… Não posso te levar, pequena. Está muito frio, lá fora. Eu não vou conseguir cuidar de você! Precisa ficar aqui.

—Mas eu tenho medo. Não quero ficar sozinha com Sayid… — Ela resmungou, choramingando. Hermione sentiu seu coração se afundar. Sim, sabia que a pequena teria medo de esperar sozinha. Entretanto, não podia levá-la. Não podia submetê-la ao terrível frio da noite, no meio daquela floresta, em um local desconhecido. Era impossível…

—Öykü… Você é muito forte, canım. Foi capaz de me ajudar a enganar Sayid e roubar as chaves dele. Eu sei que pode esperar aqui sozinha… Vai ser rápido, eu prometo! Não vou te abandonar! Você confia em mim? — Ela Indagou, fitando os olhos verdes e cristalinos da menina. Öykü assentiu, imediatamente — Muito bem, küçük kiz! Sayid não te machucará. Ele nunca fez isso, certo?

—Hayır. Ele nunca me machucou.

—Então não tenha medo. Tamam?

—Tamam, Mione. Não terei medo. Te esperarei aqui!

—Assim se diz! — Sorriu para ela, abotoando o seu casaco. No mesmo instante, Öykü lhe estendeu um gorro vermelho, tecido em tricô. Ela o recolheu e colocou-o na cabeça, dedicando um doce sorriso de agradecimento à menina.

Em seguida, saiu do quarto, lentamente. Girou o olhar pela pequena sala da cabana, observando o silêncio aterrador que fazia. Quando abriu a porta dos fundos, um gélido vento adentrou o recinto, esvoaçando as cortinas. Ela pisou os pés na neve fofa que cobria a ramagem baixa, notando como a lua brilhava com grande intensidade naquela noite. A rigorosa tempestade havia cessado por completo, para sua sorte. Virou-se para Öykü.

—Fique quietinha no quarto. Está bem? Vou trazer ajuda para te resgatar! — Fitou-a firmemente, selando uma promessa. E Öykü confirmou, confiante nas atitudes da moça, ainda que tivesse muito medo do que ia suceder.

Ela estagnou quando alcançou o alto do morro, muito tempo mais tarde. Escorou-se em uma árvore, ofegante e exausta. Não fazia ideia de quanto havia caminhado. Sequer fazia ideia de onde estava. Talvez pudesse estar adentrando ainda mais a mata densa. Talvez pudesse estar andando em círculos. Não conseguia raciocinar bem para concluir algo sobre isso.

Deslizou as costas pelo caule largo da árvore e deixou-se cair sentada no chão, desorientada. Sentia cansaço, medo e um frio extremo que adormecia suas mãos descobertas. Estava dividida pela confusão que o entorpecente lhe causava e pelo anseio de fugir daquele lugar. Mas, para onde iria? Qual caminho deveria seguir? O Küreklidere era uma região imensa, muito grande. Florestas extensas tomavam todas aquelas montanhas, por quilômetros afora.

Olhou à sua volta, várias vezes. O único que enxergava eram árvores e mais árvores, rodeando-a por todos os lados.

Foi quando escutou um grunhido… Parecia um sibilo, algo distante. Volteou-se, alarmada, pelejando para divisar alguma coisa em meio à baixa claridade do ambiente. E o suave ruído foi ganhando intensidade, até conseguir compreender que era uma voz e chamava seu nome.

Levantou-se, pondo atenção ao que ouvia. Uma voz a chamava! E aproximava-se, cada vez mais. Parecia a voz de Sinan. "Merlin, é a voz de Sinan!". Estariam procurando-as?

Estaria alucinando? Indagou-se, segundos mais tarde, detendo a rápida empolgação. Quais as chances de uma equipe de buscar estar até àquelas horas no meio daquela floresta, com um frio tão intenso? "Impossível…".

De repente, seus pensamentos foram interrompidos pela claridade de uma lanterna iluminando por entre os pinheiros. Arregalou os olhos, preocupada. Não soube por quais motivos, mas estava convicta de que era Sayid. Avistou seu vulto a uns quantos metros de distância… E ele estagnou, focando a luz da lanterna em sua direção."

—O infeliz se chamava Ali Sayid... Era vizinho de Raif Aslan, um de nossos companheiros do Ministério. Tudo começou quando Raif nos pediu ajuda para encontrar Öykü. A menina e também sua esposa, são trouxas, por isso o caso caiu nas mãos da polícia de Gürsu. Mas como Raif não fazia ideia do que havia ocorrido, imaginou que talvez o desaparecimento da pequena pudesse ter algo a ver com o mundo bruxo. Talvez uma vingança contra ele pelo trabalho no Ministério, já que era subsecretário da Corte. Então Emin, nosso chefe, deu permissão para que os Aurores ajudassem na investigação do caso. Foi assim que Hermione e eu começamos a ajudar a polícia trouxa, disfarçados como investigadores particulares, é claro. Öykü desapareceu no dia vinte de novembro daquele ano e no final do mês, começamos a fazer parte das buscas. Logo nos primeiros dias, Ali Sayid se apresentou como voluntário para ajudar na procura. Participava das equipes de buscas, deu alguns depoimentos dizendo que avistara um sujeito estranho rondando a região. Passamos três semanas procurando pela menina e nenhum pedido de resgate havia sido feito, até então. Foi quando Raif soube da participação de Sayid e acabou nos revelando que não confiava no vizinho porque, anos antes, ele havia sido responsável pela morte de Eylül, filha de Sayid. Foi apenas um acidente, mas que originou todo esse martírio…

Harry escutava atentamente, tentando assimilar e imaginar tudo que o turco contava.

—Então Sayid sequestrou Öykü para vingar-se… — Ele deduziu.

—Sim. Assim foi. Essa revelação de Raif foi feita um dia antes de esse louco nos enganar. Por isso Hermione e eu sequer, tivemos tempo para investigá-lo. Era meados do mês de dezembro e passara-se quase um mês do desaparecimento da pequena filha de Raif. Na verdade, já quase nem tínhamos esperanças de encontrá-la com vida. E justo após Raif nos contar sobre o acidente em que matou a filha de seu vizinho, Sayid ligou para Hermione para, supostamente, fazer uma denúncia. Disse que havia visto um homem sair com Öykü de uma casa numa região residencial de Kestel. Afirmou com veemência que era Öykü e disse também que estava seguindo esse suposto homem em seu carro. Claro que, depois do que Raif nos contou, ficamos na dúvida se deveríamos ou não acreditar no que dizia. Tampouco confiavamos nele porque nos parecia um pouco estranho. Por isso decidimos que deveríamos ter cuidado com qualquer informação que ele nos passasse, embora também não pudéssemos descartar uma possível verdade em suas palavras pois se tratava da vida de uma criança. Poucos minutos depois ele mandou uma mensagem com informações de onde estava indo e pediu que fossemos até ele para ajudar...

Ele fez uma breve pausa, todavia mantendo o olhar baixo. Aspirou o ar com força, muito ressentido com aquelas lembranças.

—Foi quando eu tive a maldita ideia de ir atrás dele… Se eu não tivesse feito isso, Hermione não teria passado pelo que passou… — Ele meneou a cabeça, lamentando imensamente aquele fato — Eu estava crente de que não havia perigo algum por se tratar de um trouxa. Era apenas um trouxa… O que ele poderia fazer contra mim, caso estivesse mentindo? E foi então que eu descobri que os trouxas também podem tirar vantagens de artimanhas que nós bruxos desconhecemos e não apenas o contrário!

—O que ele fez com você? — Harry perguntou após uma breve pausa do rapaz.

—Quando cheguei onde ele estava, o segui até uma região afastada dos arredores da cidade. Ele simulou um pequeno acidente com seu carro e quando eu desci do meu para tentar ajudá-lo, me atacou de surpresa, antes que eu pudesse reagir. Fiquei desacordado por várias horas, na beira da estrada. E enquanto isso, ele pegou meu carro e meu celular. Aproveitou-se para tentar enganar Hermione, enviando uma mensagem se passando por mim, dizendo que realmente estávamos seguindo um suspeito e que ele havia mudado o trajeto. Enviou a localização para que ela viesse até "nós".

—E Hermione acreditou? — Harry voltou a indagar, estupefato.

—Não, claro que não. Primeiro porque Mione e eu sempre trocávamos mensagens em inglês. E assim que recebeu a mensagem em turco, estranhou. Segundo porque ela sabe que eu jamais pediria para ela ir de encontro comigo sozinha, se estivéssemos em uma abordagem criminal. Só que, mesmo desconfiando de Sayid, ela foi porque soube, igualmente, que ele havia feito qualquer coisa comigo.

—E então foi quando a pegou…

—Exatamente. Acertou-a com um golpe na cabeça, no justo momento em que ela o atacaria. Depois a levou para uma cabana que tinha entre as montanhas do Küleklidere, exatamente onde estava Öykü.

—Por quê? Qual o motivo de levá-la também?

—Porque era um completo louco! Quem é que vai saber? Acho que ele estava obcecado com Hermione. Dizia que tudo era uma determinação do destino para que ficassem juntos. Estava obcecado pela ideia de que Hermione se parecesse tanto à sua falecida esposa.

—E como descobriram onde elas estavam?

—A polícia trouxa conseguiu rastrear a última localização dos nossos telefones, tanto meu quanto o de Hermione. E ambos os sinais apontaram para um determinado local, perto de onde elas realmente estavam. Foram vários dias de buscas, até que eu finalmente consegui encontrá-las.

—Mas como Sayid conseguiu imobilizar Hermione por tanto tempo? Não entendo… A ameaçou ou algo assim?

—Ele a dopava com drogas injetáveis e não permitia que ficasse consciente por muito tempo. Sayid sabia sobre o mundo bruxo… — Revelou e Harry pareceu todavia mais surpreso.

—Sabia sobre o mundo bruxo? Como?

—Ao que parece, seu avô era bruxo e por isso ele aprendeu bastante sobre como funcionava a magia. Se desfez da varinha de Hermione e depois a manteve dopada para que não pudesse conjurar nenhum feitiço contra ele.

—Muito astuto… — Ele balbuciou, impressionado. No mesmo instante, várias suposições se passaram por sua cabeça. Mas não ousou abordar nenhuma delas com Sinan, obviamente — Então você matou Sayid naquele dia em que as encontrou?

—Sim, tive de fazê-lo porque… — O jovem voltou a divagar o olhar, perdendo-se em suas próprias lembranças. Aquele havia sido um dos dias mais difíceis de sua vida — Ele as agrediu… As duas. Com golpes de faca.

—Por quê? — Indagou em um tom muito encabulado.

—Por que ele estava fora de si… Queria forçar Hermione a ter relações com ele. E como ela oferecia muita resistência, a esfaqueou enquanto estava em um ataque de fúria. Depois, totalmente descontrolado, ele revoltou-se também contra Öykü e esfaqueou a pequena… — Sinan suspirou profundamente, imaginando que falar sobre aquilo era muito mais difícil do que havia imaginado — Aquele havia sido um dia de buscas incessantes pelas florestas do Küreklidere. E se não fossem pelos gritos desesperados de Hermione ao tentar fazer com que Sayid deixasse de agredir Öykü, talvez nunca tivéssemos as encontrado com vida... Não sei se foi sorte ou uma destinação divina que estivéssemos muito perto da cabana naquele justo dia, naquela justa hora… Eu fui o primeiro a chegar onde estavam e por isso ataquei Sayid para que ele parasse de machucar Öykü. Tive de matar aquele infeliz…

Harry permaneceu calado por diversos instantes, notando como um certo tremor se apoderava de seu corpo com apenas imaginar aqueles últimos momentos relatados por Sinan. Quanto horror as duas haviam vivenciado naquelas semanas… Se antes já compreendia o ressentimento de Hermione com aquela situação, agora muito mais.

—Você fez o certo. Com certeza eu teria feito o mesmo… — Ele revelou, longo tempo depois. Sinan assentiu, deixando-o saber que jamais se arrependera dessa atitude.

—Sayid era um completo louco. Não estava com a cabeça no lugar, obviamente. Se não estivéssemos no lugar certo, na hora certa, provavelmente as duas teriam morrido com hemorragia em consequência dos golpes que sofreram.

—Deve ter sido horrível, Yasin. Não posso calcular o quanto, mas… Imagino que foi terrível para elas passar por uma experiência assim.

—Com certeza. Por isso te peço, não fique importunando Hermione com esse assunto. Foi muito, muito traumatizante. Ele a torturou bastante nas semanas que esteve em cárcere. Quase a matou quando a esfaqueou. Mas, o pior de tudo para ela, foi presenciar a agressão contra Öykü sem poder fazer nada para ajudar porque estava acorrentada, totalmente privada até mesmo de seus poderes mágicos. Você já deve imaginar que, para alguém como Hermione, sempre tão forte e determinada, ter sido dominada assim por um trouxa, foi a pior coisa que já lhe aconteceu — Tornou a explicar e Harry assentiu — Por isso te peço, não a faça tocar nesse assunto. Não agora que ela está se recuperando, vivendo mais tranquilamente depois que o imbecil do Weasley foi embora.

Harry arqueou as sobrancelhas, meneando a cabeça. Finalmente havia algo no qual concordava com Sinan. Ele também pensava o mesmo de Ron.

—Mas é isso que não entendo! Como Ron foi capaz de ir embora em um momento tão delicado? E não entendo por qual razão…

—Pela mesma razão que você discutiu com Hermione dias atrás — Ele pontuou, convicto do que dizia — Não aceitou que ela teria um filho de outro… Ou mais bem dizendo, não se achou na capacidade de apoiá-la nesse momento difícil.

Harry voltou a paralisar-se diante àquela resposta. De repente, um outro lampejo lhe passou pela cabeça, trazendo uma dedução à qual não havia chegado antes. Entre abriu a boca, meio encabulado.

—Yasin… Você é mesmo o pai desse bebê?

O turco calou-se. Agarrou novamente a sua xícara e tomou o restante do seu chá, já gelado pelo longo tempo de espera. Harry o encarou firmemente, determinado a fazê-lo dizer a verdade desta vez.

—Sim ou não?

Sinan também o encarou, completamente perdido em seus próprios pensamentos.

Kadıköy, Inverno, Fevereiro de 2007.

"Era a penúltima semana daquele difícil mês. Finalmente o frio começava a amenizar-se, findando um dos piores invernos que já havia vivenciado.

O rapaz tocou a campainha pela segunda vez, inquieto com a incerteza do que estaria acontecendo. Hermione havia telefonado há alguns minutos, pedindo para que fosse até sua casa. Como em tantas vezes naquelas últimas semanas, escutou sua voz embargada, refletindo certo desalento que só mesmo ele, conhecendo-a tão bem como fazia, conseguiria notar. Contudo, desta vez, ela soava muito mais aflita. E mesmo que ela nada adiantasse, pressentia que algo ruim estaria acontecendo.

Segundos mais tarde, ela abriu a porta para que entrasse. Mas não teve tempo, sequer, de lhe dedicar um cumprimento. A amiga se jogou em seus braços, chorando com uma intensidade que só a havia visto tomar uma vez na vida.

Retribuiu o abraço, apertando-a com força, completamente surpreso com a sua reação.

—Mione, o que está acontecendo? — Tratou de entender logo, puxando-a para dentro do apartamento e fechando a porta.

Ela não respondeu de imediato. Afogou o rosto em seu peito e desmoronou-se em seus braços, como se fosse impossível manter-se de pé. Ele a sustentou firmemente, sentando-se com ela no chão, logo em seguida, afim de mantê-la mais confortável. Ela apenas chorou, por longos minutos, de uma maneira tão dolorosa que Sinan quase não suportou presenciar. Soube que, fosse o que houvesse passado, ela necessitava desabafar, antes de qualquer coisa. Então apenas acalentou-a, até que sentiu-a um pouco mais tranquila.

—Mione, pelo amor de Merlin, diga o que aconteceu ou vai me matar de preocupação! — Pediu, algum tempo depois. Ela levantou o olhar para ele novamente, fitando seus aflitos olhos azuis — O Weasley te fez alguma coisa? O que esse imbecil aprontou desta vez?

Ela meneou a cabeça, várias vezes e aspirou profundamente, tentando se acalmar.

—Ron foi embora, Sinan! Ele foi embora…

—Por quê? — Questionou, muito encabulado. Que o Weasley fosse embora não era nenhuma novidade. Mas o desespero no qual ela se encontrava, fê-lo saber que a motivação não era simples.

Hermione havia sido sempre uma mulher extremamente forte. Não se deixava abater facilmente, nem mesmo pelas causas amorosas. E mesmo que ela estivesse muito frágil naquelas semanas, soube que havia algo grave acontecendo.

—O que aconteceu desta vez? Mione… A única vez que te vi tão desesperada foi… — Fez uma breve pausa, observando como os seus olhos castanhos brilhavam em uma proporção totalmente diferente, tão somente cogitava tocar naquele assunto. Discorreu uma mão por seus cabelos compridos, acariciando-os — O Weasley fez algo ruim para você?

—Não, não é isso… — Ela hesitou, um tanto confusa — Na verdade, aconteceu algo totalmente inesperado! Não sei nem o que dizer, Sinan. Não sei como te dizer isso… — Esfregou as mãos pelo rosto, muito desnorteada. O amigo afligiu-se todavia mais, fixando seu semblante de exasperação.

—Mione, você pode me contar qualquer coisa. Somos melhores amigos, não somos?

Ela somente assentiu, confirmando.

—Eu estou grávida! — Confessou, de uma vez, sem pretensão de delongar aquele assunto — Fui ao médico hoje de manhã e ele me disse que estou grávida, Sinan! Dá para imaginar como estou me sentindo?

O turco arregalou os olhos, incrédulo com aquela notícia. Deteve-se por longos segundos, demorando a assimilar o que ela havia dito.

—Como assim? Você está grávida e o Weasley foi embora por causa disso? — Indagou em um tom de pura indignação — Como ele pode ir-se em um momento como esse?

—Ele me disse que… Não está preparado para passar por algo assim. Que não conseguiria me apoiar… — Contou ao mesmo tempo em que desatava a chorar, outra vez. Sinan permanecia atônito, sem compreender como Ron podia ser tão inconsequente.

—Sempre soube que ele era um estúpido, mas nunca achei que ele pudesse te dar as costas em um momento assim! — Contestou, enfadado. Em seguida, estreitou os lábios, talvez muito desgostoso com a situação — Mione… Por que não se cuidou? Como deixou isso acontecer?

A moça levantou o olhar para ele novamente, meneando a cabeça.

—Não seja tolo! Não se deu conta do que eu estou te dizendo? — Yasin continuou a fitá-la com um semblante incompreensível — Estou grávida de dois meses! Dois meses, Sinan…

Somente então ele foi tomado por uma percepção repentina... E, somente então, entendeu o porquê de a amiga estar tão desconsolada.

—Não, Mione… Não pode ser! Aquele homem… Chegou a te tocar? Não acredito nisso!

Ela assentiu, veemente e diversas vezes, deixando com que as lágrimas caíssem livremente. Não tinha mais vontade de impedi-las. Havia feito isso durante largos dias, buscando ser forte e otimista, tentando convencer a si mesma de que superaria aquele terrível pesadelo vivenciado com Ali Sayid. Contudo, agora, admitia não ter mais forças para manter o equilíbrio. A notícia daquela manhã a destroçara completamente, arrebatando até o último resquício de lucidez que resguardava.

Sinan segurou as mãos dela, convertendo sua expressão de espanto para uma de tristeza. Seus olhos também se cristalizaram, imediatamente.

—Mione… Por que nunca me disse nada? Como aconteceu isso?

—Foi naquela noite em que tentei escapar… Ele estava descontrolado…

—Isso só pode ser um pesadelo! Você tem certeza, Mione? Tem certeza de que o bebê é fruto dessa violência?

—Absoluta. Foi a única vez que não me protegi, Sinan. Porque estava impossibilitada…

—Ah… Allah! Dá-nos forças!

Ela riu-se ironicamente. Em seguida, levantou-se do chão, dando as costas para o amigo.

—Allah só pode me odiar! — Fez uma breve pausa, observando-o, de esguelha, ele levantar-se também e aproximar-se — Por que isso agora, Sinan? Me diz, por quê?

Ele acolheu-a novamente em seus braços, agora chorando junto com ela, deliberadamente. Se antes já sofria por saber que ela havia sido sequestrada e torturada naquele cativeiro, agora sofreria muito mais. Hermione não merecia passar por aquela situação. Não merecia…

—Canım, tranquilize-se. Você vai se sentir mal com tanta tensão — Pediu, carinhosamente.

—É impossível, Sinan. É impossível! O que eu vou fazer agora? O que vou fazer com esse bebê?

—Mione, precisa se acalmar primeiro. Você não está pensando com clareza. Para tudo se tem uma solução. E você sempre foi a mulher mais corajosa e mais independente que já conheci na vida. Tenho certeza de que sairá adiante, mesmo sem o Weasley. Até porque aquele imbecil não soma em nada!

—Não estou preocupada em não tê-lo ao meu lado. Nunca dependí de Ron para nada. Só que… Eu não sei se estou preparada para ter um bebê nessas circunstâncias. Um filho cujo pai é o pior monstro conheci…"


Notas Finais


Obrigada por ler este capítulo.
Gostou? Deixe sua opinião aqui embaixo. É muito importante para mim (◠‿◕)


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