História Into You - Capítulo 01.

20 de Agosto de 2017. Seattle - Washington.

Hoje era domingo. O domingo em que comemoraríamos meu aniversario todos em família. Chris iria vim de Ottawa para poder ficar perto de mim e dos nossos pais durante dois dias. Por mais que nós dois estivessem sempre em contato, fazia quatro anos que não nos víamos pessoalmente e planejar essa viajem custou quase um ano de conversa com nossas pais e até mesmo com ele. Eu estava com saudades e queria ter a chance de poder ver minha família única outra vez.

Quando fosse meio dia eu e minha mãe iríamos buscar ele no aeroporto e depois voltaríamos para casa para almoçarmos, logo depois ele descansaria um pouco – Porque provavelmente Chris estaria cansado da viajem. A gente iríamos jantar no meu restaurante favorito, o SkyCity. Tudo já estava planejado há meses.

Nada podia dar errado. Nao tinha como nenhum imprevisto acontecer.

Eu estava respondendo algumas mensagens de Bianca no Skype quando minha mãe abriu a porta do meu quarto.

— Está pronta? — Ela perguntou. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo muito bem feito e seu vestido branco escondia perfeitamente suas curvas.

— Oi Mary! — Bianca cumprimentou minha mãe, mesmo que não pudesse vê-la.

— Oi Bianca. — Ela respondeu formalmente.

— Sim. — Digo me levantando. — Tchau Bi, eu te mandarei mensagem depois... beijos amiga. — Digo rapidamente.

— Tchau Li. Feliz Aniversário! — Ela disse sorridente, pela décima vez já. Eu sorri de volta e em seguida desliguei a chamada e larguei meu notebook na cama.

Assim que nós chegamos ao aeroporto, eu e minha mãe ficamos meia hora esperando o avião onde Chris estava chegar, mas o voo estava atrasado. Eu estava tão animada para o rever que meu estômago estava embrulhado demais e uma vontade de vomitar me dominava naquele instante. Um frio percorria por todo meu corpo o que só me deixava ainda mais ansiosa para rever meu irmão. Quando a tela enorme mostrou que o avião onde ele estava havia aterrissado eu saltei da cadeira toda feliz.

— Mãe ele chegou! — Eu disse empolgada.

— Calma filha, você está parecendo uma doida. — Ela diz ao ver todo o mundo nos olhando por causa do meu escândalo.

— Uma doida que não vê o irmão há de quatro anos. Vamos logo. — Eu a puxei.

Eu estava com as mãos cruzadas e encostadas à frente de minha boca enquanto roía minhas unhas. Quando as pessoas começaram a sair e passarem pelo corredor eu olhei para minha mãe. Muita gente estava vindo, e dentre a multidão bem distante eu o vi. Chris estava com uma camiseta branca e uma jaqueta de couro preta. O cabelo estava com o mesmo corte de anos atrás, mas agora ele estava completamente tatuado e com uma linda corrente de ouro em volta do pescoço.

Ele parecia meio perdido e quando estava se aproximando, mesmo que ainda não tivesse me visto, eu corri para seus braços imediatamente, atravessando as faixas que estavam ali.

Eu estava colada ao meu irmão como um imã, em um abraço apertado. Eu estava com muitas saudades dele! Uma vontade de chorar me percorreu, mas eu a contive. Chris deixou sua mochila preta cair aos seus pés para poder me segurar; ele me soltou e por um segundo pareceu analisar meu rosto enquanto eu analisava o seu. Ele não estava velho como eu esperava... Na aparência, pelo menos, pois com apenas vinte e cinco anos ele estava muito bem cuidado - muito mesmo. Eu me abaixei e peguei sua mochila colocando-a atrás de minhas costas e em seguida puxei meu irmão pelo braço até a direção da minha mãe.

— Calma aí! — Chris disse rindo enquanto me puxava de volta para os seus braços. — Parabéns Leslie, eu te amo. — Chris sussurrou em meu ouvido.

— Obrigada. Eu te amo também, Chris. — Eu disse retribuindo o abraço.

— Olá querido. — Minha mãe disse a poucos metros atrás de nós.

Eu me separei de Chris e o deixei ver nossa mãe.

— Oi, mãe. — Ele disse simples. Estava muito envergonhado, mas ainda assim não tirou o olhar dela por um segundo.

— O que é isso Christian? Venha aqui. — Ela o mandou ir até ela e ele foi. Os dois se abraçaram e meus olhos se encheram de lágrimas. Eu estava muito feliz que a raiva dela havia passado e que ela havia deixado tudo para trás, mas lá no fundo não era com minha mãe que eu estava preocupada, era com meu pai.

— Eu senti saudades mãe... — Ele falou rapidamente.

— Eu sei filho, eu também senti. — Ela disse limpando a lágrima que acabara de cair em seu rosto. — Eu também... — Ela falou outra vez.

~(...)~

Depois da chegada de Chris, nós fomos para casa. Eu o deixei no antigo quarto dele e depois de um tempo de enrolamento, só porque eu queria ficar de olho para ver se ele não iria para longe de mim de novo, eu saí de seu quarto para ele descansar um pouco. Quando deu 18h00m eu fui para o meu quarto pra começar a me arrumar. Depois de um banho breve eu fui pegar a roupa que eu tinha comprado semana passada para poder vestir hoje. Eu peguei o vestido branco, que mamãe tinha me dado de presente, especialmente para hoje e coloquei em cima da cama. Oh coisinha séria! O vestido ia até um pouco abaixo de meus joelhos e o único detalhe que ele tinha era um pequeno corte do lado esquerdo. Coloquei meus saltos claros do lado da cama e suspirei olhando minha roupa. No momento em que iria começar arrumar meu cabelo eu fui interrompida por uma leve batida na porta.

— Entra! — Eu quase gritei. Não tinha mania de perguntar quem era, pois sabia quem seria, e nesse caso era minha mãe, ou Chris ou a Bianca e qualquer um que entrasse ali eu ficaria feliz em pedir ajuda, exceto por Chris que só iria me atrapalhar.

— Amiga, cheguei. — Bi disse entrando. Eu sorri aliviando os ombros.

— Me ajuda a arrumar meu cabelo? — Pedi desesperada.

— Claro! Serviços Bianca vai começar. — Ela disse animada, me fazendo rir. — Mas, antes... Meu presente. — Bianca ergueu uma sacola rosa choque. — É uma lingerie muito sexy que eu espero que você use com um cara gostoso pra porra! — Ela falou contente. Eu a olhei seriamente e logo revirei os olhos enquanto pagava a sacola.

— Obrigada. — Disse baixinho. Eu coloquei a sacola em cima da cama com carinho.

Bi não demorou nem uma hora para fazer meu cabelo e minha maquiagem. Ela tinha feito um coque lindo, deixando solto apenas alguns fios que ela enrolou com o babyliss. A maquiagem tinha ficado boa, dessa vez sem exagero - graças a Deus. Em seguida, eu comecei a me trocar e quando estava pondo o salto mais uma batida na porta me fez parar o que eu estava fazendo. Bianca foi abrir a porta para mim enquanto eu terminava de me arrumar.

Chris.

— Estou atrapalhando alguma coisa? — Ele pergunta adentrando.

— Não. — Eu e Bianca respondemos juntas. Ele olhou para ela e ficou a encarando por alguns segundos.

— Bianca. — Ele disse analisando ela. Eu rapidamente olhei minha amiga. — Você era aquela garota que era apaixonada por mim, não é? — Chris pergunta fazendo Bianca o encarar com raiva. Acho que estava fazendo isso de propósito, pois sempre que nos falávamos por ligação a última coisa antes de desligar... Questionava sobre ela.

Mas, era verdade. Bianca era completamente apaixonada por Chris. Sempre foi e sempre vai ser, eu sabia, ela só se negava a admitir isso em voz alta outra vez.

— E Você continua o mesmo arrogante de sempre. — Ela respondeu ríspida cruzando os braços.

— Certo... — Chris riu de novo.

— Aliás, o tempo não te fez bem. — Ela disse e ele apenas sorriu. — Vou deixar vocês a sós. — Bianca disse baixinho.

— Mas, parece que pra você o tempo foi ótimo. — Chris disse sorrindo. Ele deixou Bianca completamente corada.

— Vou procurar sua mãe. — Ela disse antes de retirar.

Chris veio até mim, se sentou do meu lado e passou as mãos pelos joelhos. Ele estava nervoso e eu não sabia o porquê. Mas, nessa história toda estava feliz por poder rever Chris vestir outra vez um terno.

— Sabe por que eu voltei? — Ele perguntou segurando com carinho minha mão.

— Acho que foi para o meu aniversário... Ou eu estou errada? — Eu pergunto sorrindo.

— Essa é uma das razões. — Ele avisa.

— E têm quantas? — Pergunto decepcionada.

— Mais duas. — Chris respondeu-me brevemente.

— E quais são as duas últimas? — Eu pergunto impaciente. Ele se levantou e me puxou com carinho para fazer o mesmo.

— A segunda é porque eu queria te entregar seu presente de aniversário pessoalmente, porque senão não teria o mesmo efeito se eu te mandasse por correio. — Ele disse colocando a mão no bolso. Eu abri um grande sorriso ansioso. Era um colar de ouro branco com um pequeno diamante como pingente. Ele era maravilhoso. Era lindo... Totalmente perfeito! Eu sorrir ainda mais. Chris se caminhou até atrás de mim e afastou meu cabelo para apenas um lado do meu corpo, com muito carinho. Ele esticou o colar para a frente para poder colocá-lo em mim.

— Chris é lindo... — Eu disse assim que senti o colar tocar minha pele. Eu toquei no pequeno diamante. — Obrigado. Eu amei. Ele é perfeito. — Eu falei me virando para ele rapidamente.

— A terceira razão é que... — Ele começou a falar, mas parou e me olhou com atenção. — Eu quero que você venha morar comigo, Leslie. Quero que você vá comigo para Ottawa. — Chris disse calmamente.

Meu sorriso desapareceu. Eu estava encarando meu irmão sem entender absolutamente nada. O que ele estava querendo dizer com “eu quero que você venha morar comigo?” Era inacreditável. Não era como eu imaginei que seria. Eu esperei isso por quatro anos. Quatro malditos anos e agora não tinha todo o impacto que eu achei que teria.

Eu o abracei e deixei uma lágrima cair.

— Sim... — Eu respondi. — Eu quero muito ir morar com você. — Falei. A verdade era que eu queria muito sair daqui também!

Eu disse alegremente. Era verdade, eu queria mesmo. Eu não estava mais aguentando as coisas aqui, e meu irmão voltou para me buscar como havia prometido. Chris havia me levado até a cama e pediu para eu me sentar, e assim eu fiz. Meu irmão estava bem a minha frente, com as mãos coladas nas minhas.

— Você está fazendo dezoito anos hoje, Leslie. Eu prometi para você há quatro anos que eu voltaria para te buscar, e aqui estou eu. Eles não sabem da verdade, mas espero que um dia eles descubram. Eu e você sabemos o que aconteceu e por mais que ninguém acredite em nós, a gente não ficará mais longe um do outro. Eu prometo. — Ele avisou pensativo. — Eu juro que ninguém nunca mais vai nos separar. — Ele garantiu.

— Tudo bem Chris, eu confio em você. — Eu disse sorrindo.

— Quando voltarmos do jantar, você deve começar a arrumar suas coisas. Pede ajudar para Bianca. A gente amanhã de noite. Agora, falando nela... Acho bem provável ela estar escutando atrás da porta. — Chris disse me fazendo olhar para assombra de Bianca atrás da porta. Eu soltei uma gargalhada fraquinha.

— Ok. — Eu concordo feliz.

— Leslie? — Chris sussurrou.

— Sim? — Eu estava tão contente que não conseguia tirar o meu sorriso do rosto.

— Eu não podia voltar antes... eles não deixariam você ir comigo, mas agora eles não mandam mais em você. Perdoe-me pela demora. — Meu irmão pediu tentando evitar chorar. Eu o abracei.

— Chris, você está aqui agora, e veio para me levar embora e eu te amo ainda mais por isso! — Eu disse sincera.

— É, Li... Eu estou aqui agora. — Chris disse baixinho.

— Sim, você está aqui. — Concordo.

— Vamos, eles devem estar esperando. — Chris sussurrou em meu ouvido.

Ele ainda não conseguia receber carinho por mais de quinze segundos sem ficar na retaguarda, isso era até engraçado. Nós nos levantamos e caminhamos até a porta calmamente. Ele abriu a porta e Bianca quase caiu de cara no chão.

— Eu vim pegar meu celular. — Ela disse. Bianca estava vermelha de vergonha. Chris me olhou e revirou os olhos.

Eu ri da minha amiga e cruzei meu braço no dela. Nós descemos as escadas, encontrando minha mãe, meu pai e James sentados em um dos sofás. Chris trocou olhares com eles e me puxou pelo braço para mais perto de si.

— Como é estar em casa? — Pergunto baixinho.

— Aqui não é nossa casa. — Ele falou rapidamente. Bianca o olhou no mesmo instante, mas logo desviou o olhar para frente. Chris estava certo. Aqui não era nossa casa, mas eles eram nossa família mesmo que não quiséssemos.